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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

TOTEM - 25 ANOS



Oficina Corpo Ritual – Grupo Totem



Dentro das ações comemorativas pelos seus 25 anos, o Grupo Totem visando compartilhar sua linguagem híbrida, ritualística, irá ministrar a oficina Corpo Ritual, tomando como base o trabalho corporal, um dos pilares de sua pesquisa continuada de linguagem, desenvolvida em suas performances, encenações performáticas e outras atividades. Os integrantes do Totem partilharão suas experiências tomando o corpo como o sujeito e o objeto da arte, investindo na construção do corpo performático, através do qual ocorrem as emergências, os fluxos. Um corpo criador à procura da retomada de contato com elementos cosmológicos, que busca materializar a metafísica através da performance, o ritual contemporâneo.

A oficina se desenvolverá em seis encontros divididos em duas estações, a primeira se dará em um espaço fechado, a Peligro, onde serão realizadas investigações teórico/práticas de autopoiesis, de presença, de ritualidade, a fim de adotar o corpo como motor da obra, como lugar de criação: performance. O trabalho estará apoiado nos conceitos de persona, desterritorialidade, memória sensorial, mandalas de energia, pintura corporal e interpenetração de linguagens teatro/ritual/performance. A segunda estação será vivenciada em ambiente natural, em Aldeia, na Mata Atlântica, a fim de deixar o corpo acessível às influências do lugar (espaço), visando atingir o eu-ritual, o topos mítico. 
A oficina culminará com a criação de trabalhos híbridos de performance + fotografia, ‘foto-performances’, as quais serão performadas em ambiente natural sem a presença de público/plateia, estando presentes apenas os oficineiros, os participantes e os fotógrafos do projeto. 
A oficina está voltada para performers, atores, dançarinos, estudantes de artes cênicas, arte educadores, arte terapeutas, e demais pessoas interessadas em trabalhos corporais. 

Coordenação: Fred Nascimento e Lau Veríssimo
Ministrantes: Fred Nascimento, Gabi Cabral, Juliana Nardin, Lau Veríssimo, Tatiana Pedrosa e Taína Veríssimo. 
Fotógrafos: Camilla Rocha, Elizabeth Leal, Elizabeth Moreira, Fernando Figueirôa e Renata Pires.

PERÍODO: dias 10, 17, 24 e 30 de agosto; dias 14 e 21 / setembro / 2013
HORÁRIO: 14:00 às 18:00
LOCAL: PELIGRO - Rua Dona Ada Vieira, 112, Casa Forte e Aldeia/Camaragibe (Mata Atlântica)
INVESTIMENTO: 150,00 via depósito bancário. Banco do Brasil, agência nº 3242-5 Conta nº 5020-2 
Informações: e-mail grupototem@hotmail.com
(81) 87324678 (Taína); (81) 88679316 (Lau)
(Fonte: Grupo Totem)


Totem – 25 anos

Trajetória

O Totem é um grupo de teatro do Recife, uma cidade com todas as contradições sociais e econômicas que possam existir numa metrópole miscigenada culturalmente, um mosaico de manifestações culturais da tradição, misturadas com a cultura de massa que nos chega via satélite. Digo isso, pois, as grandes festas de rua como o ciclo junino, com todo o seu burburinho e luminosidade, e o carnaval, convivem com a cultura pop, planetária, urbana. O Grupo Totem surgiu em 1988 com a finalidade de desenvolver um trabalho de pesquisa/investigação cênica, com um projeto de mistura de linguagens artísticas investindo na construção de uma poética própria.
Baseado em nomes como Antonin Artaud, Bod Wilson, Pina Bausch, Peter Brook, Renato Cohen e Rudolf Laban, com aportes na filosofia, antropologia e psicologia analítica, o grupo se permite dar continuidade a pesquisas que possam ser instrumentos para seu espaço criador. O trabalho artístico do Totem integra variadas técnicas das artes cênicas (teatro e dança) e de outras linguagens artísticas, abrangendo a música, as artes visuais e a performance. Desde sua fundação, o grupo dedica-se a um trabalho de pesquisa de linguagem, tomando o teatro como base, mas deixando-se infectar pela performance. Essa contaminação é a fórmula de sua poética na busca de criar uma encenação performática enquanto texto, construção que se dá num sistema aberto de cocriação.
Nas suas performances e espetáculos, o grupo procura a diluição das fronteiras entre as linguagens. Na construção de seus trabalhos, o corpo é tomado como motor da obra, seus performers são cocriadores de seus espetáculos, cujas criações, performances individuais, são amarradas pela encenação, criando uma obra coletiva. Durante todos esses anos o Totem vem construindo uma trajetória singular marcada fortemente pela experimentação, pela investigação, cujos resultados são de trabalhos híbridos, miscigenados.
As criações do Totem se concretizam a partir da tessitura de uma malha de linguagens, levando à construção de performances e encenações performáticas de estrutura narrativa distanciada da linearidade aristotélica, que se estrutura a partir de uma forma de pensar via performance, misturando códigos do teatro contemporâneo, da dança, das artes visuais, da música instrumental. 
No seu percurso, o grupo conta com mais de trinta trabalhos divididos entre encenações performáticas e performances, que se subdividem em três principais tipos: 1- Encenações de Teatro Performático, criadas para palco italiano, semi-arena e alternativo; 2- Performances híbridas, criadas para espaços alternativos fechados ou abertos; 3- Performances/intervenções urbanas, de forte interação cênico/visual. 
O Totem mantém uma constante atividade, que vai além da produção de trabalhos/montagens, e que se mantém ao longo do tempo, é a formação de artistas, que acontece sem financiamentos, sem o suporte financeiro de governos ou empresas. É o tipo de grupo de teatro formado por artistas que trabalham juntos por razões que vão além das questões financeiras, pois algo mais os movem, compartilhando visões artísticas e estéticas. Uma postura oposta ao conceito neoliberal que domina o mercado. Não estar vinculado a governos ou empresas, propicia a liberdade de criação e atuação, vinculadas à filosofia de trabalho do grupo.
O grupo continuamente se assumiu como seu próprio produtor cultural, assim tem total controle sobre sua própria produção, o que o caracteriza como independente. Se o capital está por trás de tudo, torna-se fácil imaginar as dificuldades de produção encontradas na sua trajetória. Hoje, depois de vinte e quatro anos, o grupo tem consciência de nunca ter feito nenhum tipo de concessão, de não ter aberto mão de seus princípios, a fim de ocupar espaços no mercado de arte. Essa postura lhe conferiu uma ampla liberdade de criação poética, fruto da obstinação de seus integrantes.  


 O Ator-performer 

Um ponto importante deve ser destacado, é a busca do ator-performer, um ator criador, um ator-autor. Um ator que além de usar bem a palavra tenha um pouco do dançarino, que usa mais o corpo que as palavras. Uma das principais características desse ator-performer é a atuação performática. Sem esquecer que a linguagem do grupo é uma mixagem de diversas falas, entre elas a do ator-performer. Por outro lado, está presente a busca por uma ‘presença’ do ator-performer.  
Nos laboratórios do grupo tanto são utilizados exercícios teatrais quanto da dança contemporânea, criando uma zona de não-definição de fronteiras no trabalho corporal, ficando difícil classificar se as partituras corporais criadas para as performances são de teatro ou de dança. Alguns dos principais elementos da dança contemporânea, da qual o grupo se apropriou, foram as dinâmicas de movimento, dinâmicas de espaço, a partir de laboratórios corporais conduzidos, principalmente, por Lau Veríssimo, preparadora corpórea do Totem. A ênfase na expressão do corpo foi incorporada ao longo do tempo. 
A inclusão de práticas e conceitos ligados a área da performance como presença, mitologia pessoal, topos mítico, construção de personas, memória sensorial, é essencial para o desenvolvimento da poética do ator-performer, numa profunda investigação que visa uma experiência visceral. Desse modo, a performance e a dança, aos poucos foram atribuindo ao corpo um papel fundamental na construção dos trabalhos dos componentes do Totem, ampliando o discurso do corpo. 


A encenação performática

Os trabalhos do Totem são criados a partir de procedimentos que sempre contemplam as múltiplas contribuições de todos os artistas envolvidos no processo, coautores de um texto polifônico regido pelo encenador. Podemos elencar algumas características como a ausência de textos dramáticos, o distanciamento da narração de uma história com começo meio e fim, a ausência de uma ficção, de conflitos psicológicos, de personagens. A constante presença de narrativas não lineares, a utilização da colagem de performances e mídias, acaba por criar uma autonomia do ‘texto teatral’ em relação às convenções. 
Quanto à estrutura das encenações do Totem, são constituídas por cenas independentes e móveis, cuja ordem pode ser alterada sem prejuízo para o espetáculo. O texto pronunciado, quando entra no espetáculo, é mais um elemento da construção, não o principal, e entram como textos móveis, tal quais as cenas. 
A opção de trabalhar outra relação de hierarquia entre as linguagens também se reflete na criação dentro do grupo, resultando numa horizontalização, onde todos são coautores de uma cena múltipla, polifônica, uma colagem de mídias construída de maneira risomática, apontando para a construção de uma poética própria. Os trabalhos são criados em work in process, numa verdadeira rede de criação, pois além dos atores-performers, os músicos, os artistas visuais e outros artistas participantes da construção do trabalho, tem total liberdade de criação e de opinar sobre os processos criativos. O Totem habita territórios bastardos, miscigenados, de ruptura, de cena processual e pós-dramática.
No Totem há uma fusão do espaço dramático com o espaço da performance, pois ao fundir teatro com performance, o grupo coloca aos olhos do público, procedimentos do campo da performance imbricados com procedimentos comuns ao teatro contemporâneo, como o uso de projeções, simultaneidades e uma dramaturgia construída a partir de fragmentos de textos. Ao mesmo tempo, insere a performance no espaço da dramaticidade, caracterizando uma obra que está sempre em gestação. Quando falamos de encenação performática, nos referimos principalmente à maneira como o texto espetacular é criado. Acaba se constituindo uma não-delimitação de território entre as duas linguagens, o teatro e a performance. 
A encenação performática e antropofágica abre-se à contaminação, sempre em estado de expansão, o que tem proporcionado o amadurecimento da linguagem do grupo. Mesmo nos espetáculos que têm uma narrativa mais linear, deixamos o vírus da performance se instalar e contaminá-lo. Mas sempre buscando criar imagens que remetem ao imaginário, ao mítico, permeando a cena com um nível de realidade e um nível de simbolização.
Durante sua trajetória o Totem conta com mais de 50 (cinquenta) trabalhos no seu histórico, dois dos quais, Ita (1991/2003) e Caosmopolita (2005/2009), serviram de pesquisa para a dissertação de mestrado de Fred Nascimento, diretor do grupo, intitulada Grupo Totem: a infecção pela performance e a encenação performática, na UFRN. Na qual traça um panorama da infecção pela performance sofrida pelo grupo, a influência de Antonin Artaud, o corpo ancestral/aminal trabalhado em Ita, e o corpo urbano, cosmopolitano presente em Caosmopolita.

Totem contemporâneo

No ano de 2012 o Totem desenvolveu o projeto de pesquisa A Performance do Humano: da pedra ao caos, baseado em rituais de morte, nascimento, passagem, casamento e fertilidade/colheita. Um aprofundamento na interpenetração entre teatro - ritual - performance, um ato de re-ligare com a ancestralidade e a ritualidade, que estão na base do pensamento e da poética do Totem, que busca criar um espaço-tempo ritualístico, pautado pelo afastamento da representação, do ativar forças e intensidades através do corpo e afetar as pessoas, como profetizou Antonin Artaud.
“O teatro é, antes de tudo, ritual e mágico, isto é, ligado a forças, baseado em uma religião, crenças efetivas, e cuja eficácia que se traduz em gestos, está ligada diretamente aos ritos do teatro que são o próprio exercício e a expressão de uma necessidade mágica e espiritual” (Artaud, 1984).
Durante a pesquisa foram criadas quatro grandes performances em work in process, Silência, Rebentum, Ímã e Mita, futuros espetáculos de estrutura risomática que aponta para uma constante metamorfose. Uma linguagem que gera impulsos de energia, fluxos, espasmos, estados emocionais, outra ordenação de signos, que rompe paradigmas e busca colocar a encenação no campo conceitual que trata do que vem a ser ‘texto’ no teatro. 
Todos eles são também, uma reflexão acerca da existência, o grupo Totem promove e assume a valorização da ancestralidade perdida, através da evocação de arquétipos e mitologias pessoais, favorecendo a transformação pessoal e a reorganização interna dos seus artistas e do seu público. Essa é sua performance do humano: da pedra ao caos.


Totem 25 anos – Agenda II semestre de 2013

Em 2013 o Totem está comemorando seus 25 anos com diversas ações ao longo do ano, são palestras, oficinas, apresentações e re-performances. Alguns grupos de Recife e Natal estão preparando re-performances de seus trabalhos.

Em maio o Totem se apresentou com a banda de jazz Mojav Duo, em seguida performou Mixed Totem, uma mixagem de diversas performances retiradas de trabalhos anteriores, na Mostra A Porta Aberta ano 14.1. 

No momento o grupo se prepara para ministrar a oficina Corpo Ritual, durante os meses de agosto e setembro, tomando como base, o trabalho corporal, uma dos pilares de sua pesquisa continuada de linguagem, desenvolvida durante os seus 25 anos de atividades. Um corpo performático, através do qual ocorrem as emergências, os fluxos. Um corpo criador que procura rotas para a retomada de elementos cosmológicos, que busca materializar a metafísica através da performance, o ritual contemporâneo. 

A primeira fase será vivenciada na Peligro, a segunda, de imersão, na Mata Atlântica. Ao final, a oficina Corpo-Ritual culminará com a criação de trabalhos híbridos de performance e fotografia, "foto-performances".

O Totem tem apresentações agendadas no KULTURFORUM do Centro Cultural Brasil Alemanha, no dia 26 de agosto, coma estreia de Nem Tente, um trabalho inédito, performance criada a  partir dá série de performances criadas entre 2006/2010, a partir do universo de Charles Bukowski. 

No dia 20 de setembro, o grupo vai realizar duas performances/intervenções urbanas, a primeira será Core-O-grafia-H, nos arrecifes do Marco Zero. Core-O-grafia-H é uma performance (ideia original) de Daniel Santiago, que já tendo sido performada pelo Totem junto com Daniel, em 2009. 

No dia 27 será a vez de Ato Performance, baseada em Cinco Performances em um Ato, performada no primeiro SPA das Artes em 2003.

Em outubro o Totem será o homenageado da VII Semana de Cênicas da UFPE, que terá a performance e seus desdobramentos como tema principal. Durante os cinco dias do evento, que vai de 14 à 18 de outubro, acontecerão mesas, palestras, debates, oficinas, mostra de vídeos e apresentações de grupos e coletivos, alguns dos quais mostrarão  re-performances de trabalhos do Totem. A participação do totem se dará através de apresentação de performance, debates e oficina. 


O Totem volta a apresentar Nem Tente em novembro, mais precisamente no dia 27, na MostraPE da produtora Nós Pós, no Espaço da cia Compassos. Em dezembro, Nem Tente, fecha a programação da Mostra a Porta Aberta ano 14.2 da EMAJP. (Fonte: Grupo Totem)