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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Honrando o Espírito de Criança - Capítulo 16 - Último Capítulo - " Dia Mundial das Crianças e Jantares em Família "




Nota: 

Tradução livre para divulgação de conteúdo sem fins lucrativos.

Destinada apenas para apreciação de fãs.



Sem Fins Lucrativos



HONRANDO O ESPÍRITO DE CRIANÇA

SHMULEY BOTEACH

Em conversas com MICHAEL JACKSON





DIA MUNDIAL DAS CRIANÇAS E JANTARES EM FAMÍLIA


“Seria o amor da minha vida ter um Dia Mundial das Crianças.”


SB: Uma das coisas que você me disse que deseja criar é um Dia Mundial das Crianças, que seria um dia internacional, onde todos os pais largariam o trabalho só para estarem com seus filhos.

MJ: As crianças não têm voz na sociedade e não têm um líder ou alguém para falar por elas e seus direitos e para protegê-las, e isso é muito triste, não é? Isso me mata. Eu não consegui reunir artistas quando essa coisa aconteceu em Kosovo, porque as pessoas não se importaram da maneira que eu me importei. Eles diziam: "É?" Eu dizia: "Você não vê o que está acontecendo com todas essas crianças?" E eles não se importavam o suficiente para quererem fazer alguma coisa. Eu não entendo isso. Sentei-me no meu quarto e chorei. Parei de gravar meu álbum por vários dias porque fiquei muito chateado com isso.

Precisamos fazer deste um feriado mundial. . . no mundo inteiro, desta forma, tomamos o dia de folga.  Não pode ser no verão, não pode ser um fim de semana. Terá que ser um dia em que as pessoas parem e digam: "Oh, sim, não podemos ir ao trabalho ou à escola amanhã, porque tenho que estar com os meus filhos e dar-lhes o dia todo sem interrupção." Teria que ser assim ou então não seria importante. Seria o amor da minha vida ter um Dia Mundial das Crianças.

[O discurso na Universidade de Oxford] será importante, porque posso realmente falar da minha alma e dizer como realmente me sinto sobre estas questões. Meu sonho é ter crianças dizendo: "Não faz nenhuma diferença se você é preto ou branco." Eu sempre quis ouvir as crianças dizerem isso. Ou "Curar o Mundo".
Não falamos sobre [anexar uma música com o dia] que eu possa escrever e possamos trazer todas as celebridades, levantar muito dinheiro, como "We Are the World". Mas vincular uma canção nele, assim em todos os países cantariam a mesma canção, embora em seu idioma.

Necessitamos seriamente deste feriado, este é o meu sonho. Devemos mencioná-lo a ONU. [Michael estava esforçando-se duramente no momento para tornar-se um Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas para as crianças. Tivemos uma série de reuniões com alguns funcionários da ONU, mas isto não se concretizou.]
Para mim, é crime não reconhecer as crianças. Nosso bem maior... Se existisse o dia das crianças quando eu era pequeno, expressaria ao meu pai: "Tudo bem, papai, Joseph, o que faremos hoje?" Sabe o que isso significaria para mim? Ele diria, "Bem, você quer ir ao cinema?" Isso teria significado muito para mim. . . Você só precisa de um momento de atenção, eu acho, você não acha?

SB: Sim, absolutamente.

MJ: Desejo muito isso, Shmuley. Esse é o meu sonho.

SB: Sabe de uma coisa. Quando nos encontrarmos com o presidente Clinton amanhã, devemos dizer-lhe isso. Imagine se convencermos o presidente Clinton que esta deveria ser a última coisa grandiosa que ele pode fazer em sua presidência? [Clinton, na época, tinha seis semanas restantes para deixar o cargo.] Para simplesmente tentar estabelecer além do Dia das Mães e Dia dos Pais - o Dia da Criança, onde os pais passariam um dia ininterrupto com seus filhos. Clinton nunca conheceu seu próprio pai. Isto poderia ser muito significativo para ele.

MJ: Isso seria lindo. Eu adoraria isso, homem.

SB: Agora que você me explicou, entendi isso. Você está certo. Neste momento, os pais teriam suas crianças vindo até eles e dizendo: "Ei, Pai. É o meu dia. O que faremos?"

MJ: Sim! E quando se tornarem adultos, completarão o círculo e cuidarão de seu pai e sua mãe, devidamente como foram tratados quando eram jovens. Veja, o que pode ser mais belo do que isso? Sabe, acho isso lindo. Precisamos trazer de volta a família.
Por isso quero o dia da criança, o dia das crianças, para fazer isso. Temos de reconhecer que temos crianças e dar-lhes o amor. Seria tanto para o futuro dessas crianças e seus pais e filhos dessas crianças.
Se eu tivesse tido um dia assim com o meu pai, nosso relacionamento seria totalmente diferente agora. Eu teria lembranças maravilhosas de quando ele me levava ao parque, a uma loja de brinquedo ou ao cinema toda vez que chegasse o dia das crianças. Tenho somente aquela única lembrança dele me colocando naquele pônei.

SB: E você repete muito essa memória em sua mente?

MJ: É tudo que tenho, não posso pensar de nenhum outro momento. Nenhum jogo, nenhum divertimento, nada.




FIM.


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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Honrando o Espírito de Criança - Capítulo 15 - "Segurança"




Nota: 

Tradução livre para divulgação de conteúdo sem fins lucrativos.

Destinada apenas para apreciação de fãs.



Sem Fins Lucrativos



HONRANDO O ESPÍRITO DE CRIANÇA

SHMULEY BOTEACH

Em conversas com MICHAEL JACKSON






SEGURANÇA


“[As crianças] são mais seguras porque... suas mentes, seus corações e seus sentimentos estão no lugar certo.”



SB: As crianças, pelo menos inicialmente, são totalmente livres da pressão de grupo. É claro que, mais tarde, a pressão dos colegas torna-se uma das coisas mais difíceis em suas vidas. Mas quando elas são muito jovens, não se importam com o que as pessoas pensam. Porque não se importam com o que as pessoas pensam sobre elas? Todos nos importamos com o que as pessoas pensam sobre nós. Mas as crianças não se importam tanto. Elas não são conscientes da imagem até que se tornem mais velhas.

MJ: Elas são ensinadas.

SB: Por que nos importamos com o que as outras pessoas pensam sobre nós? Porque crescemos mais inseguros à medida que envelhecemos, queremos que as pessoas nos aprovem? Por que as crianças são mais seguras do que os adultos?

MJ: Basicamente, são mais seguras, porque elas vêm deste lugar Divino, este outro sistema solar, onde suas mentes, seus corações e seus sentimentos estão no lugar certo.

SB: Então são seguras porque estão ligadas à fonte. E como você se torna mais e mais distante, sentimos a qualidade da luz diminuir dentro de nós e assim sendo precisamos de outras pessoas para brilhar a sua luz em nós.

MJ: É verdade. Tenho que me vigiar algumas vezes, porque vejo que às vezes, posso infligir meus sentimentos sobre Prince e Paris, porque tenho pavor de cães e me sentia mal fazendo isso a eles, então comprei um golden retriever.
As pessoas diziam assim: "Não, eu não posso acreditar que você está fazendo isso." Eu dizia: "Eu sei, mas eles precisam dele." Parentes, amigos, minha mãe. Eles ficaram chocados porque há esse mantra sobre os cães. Não quero nenhum por causa da minha má experiência. Essa é uma das formas de racismo e preconceito. Mas seria errado da minha parte aliená-los dessa forma. Eu quero que eles descubram isso por eles mesmos. Eu digo a Prince, "Não confiamos nos cães de outras pessoas, mas confiamos neste cão."
Estive em casos em que um cão comeu o fígado de uma menina, comeram o pulmão dela, morderam toda a lateral do rosto de um menino, portanto, eles são assim. . . Prince e Paris pensam que podem ir até qualquer cão e fazer "Grrrr" para eles. Eu digo: "Não, não, não, volte. Não faça" Grrrr "para eles."

SB: Você decidiu que não queria infligir seus medos sobre às crianças.

MJ: Isto não ocorre no cão e a criança como uma hipótese ou um teste, mas em tantas outras áreas. Fazemos isso e não nos damos conta que estamos fazendo. Os pais precisam procurar dentro de si e perceberem [levanta a voz] o quanto estão fazendo seus filhos exatamente como eles e eles não têm que fazer isso. Devem deixá-los ser quem são, deixá-los encontrar o seu lugar. Podemos oferecer-lhes os erros e acertos, mas só porque você teve uma infância ou uma vida bagunçada não significa que eles tenham que ter.

SB: Isso passa muito por sua cabeça, que você compara a sua infância e diz que isso não vai acontecer a Prince e Paris. Você usa sua infância como um teste decisivo?

MJ: Absolutamente. "decisivo" é uma boa palavra para usar. Sei que nunca irão caminhar através do fogo da maneira que já passei por isso. Sei que eles nunca saberão o que é trabalhar muito, muito duro. Embora estejam indo  para trabalhar, ter  responsabilidades, vou começar a treinar Prince e logo depois Paris. Mas eles nunca vão passar pelo que passei. Não quero condená-los por isso ou fazê-los sofrer por isso. Tenho que ter cuidado.

SB: Mas a principal coisa que você quer que eles saibam é que eles têm um pai que os ama?

MJ: Se eu posso ser, e esta é a minha meta mais importante, ser um pai maravilhoso. Isso é o que quero mais que tudo. Quero ser, um pai maravilhoso, maravilhoso. Eles serão perguntados, por pessoas que escrevem livros e outras coisas, então vão poder dizer: "Ele é apenas um pai maravilhoso. Sempre esteve lá por nós quando não tinha que estar e realmente nos amou." Só quero que eles sintam em seu coração dessa forma. Se puderem sair no mundo e compartilhar seus talentos com a humanidade, chorarei lágrimas de felicidade. 

Eu adoraria isso. Todos nós queremos isso para os nossos filhos.

SB: Mas a principal coisa que você quer que eles saibam é que seu pai os amou e que sempre foi um bom pai para eles?

MJ: Mais do que qualquer coisa.




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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Honrando o Espírito de Criança - Capítulo 14 - "Abertura e Vulnerabilidade "




Nota: 

Tradução livre para divulgação de conteúdo sem fins lucrativos.

Destinada apenas para apreciação de fãs.



Sem Fins Lucrativos



HONRANDO O ESPÍRITO DE CRIANÇA

SHMULEY BOTEACH

Em conversas com MICHAEL JACKSON





ABERTURA E VULNERABILIDADE


“Eu amo como uma criança é tão honesta.”



SB: O que você parece estar descrevendo-me é que a criatividade envolve a liberdade. Ao contrário dos adultos, que têm de submeter-se a pressão, as crianças são realmente livres. Elas dizem o que querem. Fazem o que querem e não se intimidam. Os adultos são quase como prisioneiros. Encarceram-se nas restrições e expectativas sociais que lhes são impostas.

MJ: Sim, eles estão tentando ser o que a sociedade espera deles, e as crianças são apenas felizes, caprichosas e amam o divertimento.
Elas têm essa excitação, esse brilho em seus olhos. Já estive em situações em reuniões com grupo de advogados e às vezes, uma criança entraria na sala e eles continuariam falando. Fiz com que todos parassem e falassem: "Olá", ou mostrassem respeito, para fazer a criança se sentir especial. E os advogados não entendiam isso. Para mim, Deus exatamente entrava na sala e tínhamos que mostrar respeito.
Eu amo como uma criança é tão honesta. Se elas estão enciumadas, elas lhe dirão. Se elas estão zangadas com você, elas vão te dizer. . . "Você gosta dele mais do que de mim." Adultos não dirão isso. Eles vão ser vingativos e encontrar outra maneira de feri-lo por causa de seu ciúme.

SB: Eles de modo evidente escondem ou mascaram seu ciúme.

MJ: Sim. Sim. Simplesmente amo crianças, porque existe uma Divindade natural sobre elas. Elas adoram estar juntas. Uma criança que nunca conheceu a outra antes  será amiga em dois segundos e começarão a falar uma com a outra. Não se consegue adultos que façam isso. Se você pegar os bebês e colocá-los em uma cama e espalhá-los quando eles estão dormindo, dentro de uma hora, inconscientemente, em estado alfa, ou algo assim, eles vão encontrar uma maneira de se amontoarem. Filhotes fazem isto, gatinhos fazem isso e as crianças fazem isso. Elas encontram uma maneira. Elas acabam bem próximas umas das outras e isso é tão doce. Elas encontram umas as outras em seu sono. Mas nós, estamos ocupados tentando estabelecer barreiras e barricadas. "Você sente-se ali, e você sente-se lá." Essa é a parte triste, não é?

SB: As crianças não têm nenhum desses preconceitos, nenhuma dessas barreiras. Então, quando você encontra uma criança, você está dizendo, existe familiaridade imediata. Você não tem que trabalhar em amizade ou parentesco. Enquanto que com os adultos, inicialmente há um pouco de constrangimento e tem que começar a confiar um no outro porque o estado natural é a desconfiança.

MJ: As crianças simplesmente se abrem comigo.

SB: Mas e se alguém lhe dissesse que isso não é real, que o mundo é um lugar horrível e você tem que sair ou porque Neverland é uma ilusão, um mundo de fantasia? E se alguém dissesse: "Michael, eu concordo com tudo que você diz sobre as crianças, mas isto simplesmente não é real. Depois de um tempo você só tem que se acostumar com o fato de que o mundo é horrível e as pessoas são más. E se você é uma criança, isso significa que está muito mais vulnerável e desprotegido e somente estará se abrindo para a possibilidade de dor,  ataques e ferimentos." Você lamenta o estado pueril que conservou? Um cara que cresce, torna-se um guerreiro, ele se protege, se arma. Mas você decidiu não fazer isso. Você decidiu estar em torno de crianças e você decidiu proteger a sua criança interior. Você se arrepende por isso?

MJ: Eu me arrepender de ser do jeito que sou? Não, jamais poderia.

SB: Ainda que diga que é mal interpretado por isso? Apesar das pessoas poderem pensar que você é estranho?

MJ: Há tanta beleza e glória. Vejo isso em minha criação, no que faço. Todas as ideias começam a fluir para a minha música e evocam grandes pensamentos e tudo isso vem disso.

SB: Você diz: "Eu preciso das crianças. Antes de um show, preciso das crianças.". Você não fica receoso ao usar a palavra "necessidade". Porém, "necessidade" é uma expressão de quatro cartas para a maioria das pessoas, porque para a maioria dos adultos isso expressa deficiência. O que você quer dizer com: “eu preciso?"

MJ: Acho que os adultos mascaram suas necessidades. Porque eles precisam de amor e têm seus companheiros na cama à noite. Mas condicionam-se a colocar barricadas e usam a psicologia, como: "Eu não preciso de você." Mas, na verdade estão fingindo, eles jogam. É tudo o que falamos antes. Eles colocaram todas essas barricadas mentais, fingindo não precisar. . . é uma guerra psicológica.

SB: Apreciamos a nossa independência. Mas as crianças não têm receio de agarrarem o vestido da mamãe e se agarrarem a ela, elas não têm medo de mostrar carência. Podemos aprender a carência das crianças? Você acha que as crianças ensinam os adultos a não ter receio de estar carente?

MJ: É claro que elas ensinam.

SB: Agora, o amor e o medo são opostos. A postura fundamental do amor é estender-se, para expor seu ponto fraco. Quando você abraça alguém, literalmente cria um espaço dentro de si mesmo para alguém existir. Você tornar-se vulnerável. Mas a postura fundamental do medo é o oposto. Deve puxar suas extremidades, para trazer seus braços e suas pernas para protegerem o seu tronco. Com amor você se expande, mas com medo você se contrai e volta a um estado embrionário.
Como você ensinará a Prince e a Paris a aceitação, quando também tem que ensiná-los a ser cautelosos?

MJ: Há um certo equilíbrio. Mas não quero ensiná-los a julgar as pessoas, "Oh, parece que ele vai me machucar." É difícil. Quero que eles sejam espertos. Acho que é minha tarefa julgar por eles. Minha tarefa.

SB: Uma das responsabilidades paternais para garantir que não prejudiquem seus filhos é protegê-los de modo que eles não tenham de se proteger. Você pode fazer isso por eles. Mas só por um tempo. Mais tarde, eles vão ter que aprender a protegerem-se. A maioria dos pais ensinaria a criança: "Se você vir este tipo de pessoa deverá ficar longe delas." Você decidiu deixá-los amar a todos e é seu trabalho de protegê-los.

MJ: Absolutamente. Acredito nisso.

SB: Essa é uma lição muito importante para todos os pais, Michael. Eu também não quero ensinar aos meus filhos o medo.

MJ: Isso é o que tem prejudicado muito as nossas crianças, colocando-as em uma situação onde começam a ficar críticas ou preconceituosas sobre a forma como se vestem ou têm seus cabelos, e isso não é genuíno. Os pais não deveriam fazer-lhes isso, deveriam deixá-las apenas verem o que acontece. . . . Quando as crianças surgem, tenho visto as mais difíceis, as pessoas mais duras humilharem seus guarda costas porque a luz entrou na sala.

SB: Então as crianças nos ensinam a aceitação, não só mentalmente, mas experimentalmente.

MJ: Absolutamente.

SB: Você se sente mais livre em volta das crianças? Por exemplo, você disse que sendo uma celebridade, não tem sua vida própria e as pessoas tiram fotos de você e você não pode andar na rua e tem que usar um disfarce. Sente-se mais livre em torno das crianças, mais natural, mais libertado?

MJ: Não somente sinto-me livre, mas sinto que estou em pé na frente de Deus. Sinto-me honrado, que sou um afortunado. Àquele que Deus o abençoou para estar em sua presença e que as outras pessoas não entendem, porque elas tratam-nas como se fossem descartáveis​​. Apenas chego à sala e há essa sensação de êxtase. Posso sentir isto, posso tocar nisso e isto evoca delas, porque isto é consciência, é o que é, a espiritualidade.

SB: É a cura para você?

MJ: Isso salvou a minha vida.

SB: Remove a dor quando você está na presença de crianças?

MJ: Salva a minha vida.

SB: Então, se Deus é luz, para usar a metáfora, enquanto que os adultos constroem essas barreiras que bloqueiam a luz e ficam sombrios, as crianças são translúcidas, sem barreiras conscientes entre elas e a luz. A luz de Deus brilha desobstruída através delas.

MJ: Elas são a luz. Eu dizia a Frank em outro dia, em minha opinião, Gavin representa a luz branca que vemos antes de morrermos, aquela esperança que chega. [Gavin foi o menino acometido de câncer que Michael recebeu, juntamente com sua família, em Neverland. Foi a criança que mais tarde se tornaria o acusador de Michael 2003. Michael foi absolvido de todas as acusações.] Não tenha medo, ele é como um anjo. Como não poderia ser doce e amável em sua alma? Há uma mensagem ali em algum lugar, as crianças têm isto.

SB: Mas você é capaz de ser você mesmo e, nesse sentido, você é mais livre sobre as crianças, como você disse, não se coloca todas essas barreiras.

MJ: Sinto mais liberdade quando estou com elas.

SB: Ok, outra coisa que aprendemos com as crianças é a transparência. Ao contrário dos adultos, as crianças são transparentes. Elas não são cautelosas sobre o que querem. É como se fossem feitas de vidro. Você pode ver através delas.

MJ: Posso ver diretamente através delas. Comunico-me com elas em silêncio. Olhando nos olhos, posso sentir exatamente o que dizem, logo que olham para mim, assim que o nosso contato visual é feito, porque a telepatia é realmente forte com as crianças, você pode sentir isso. São leitoras de berço. Elas podem ver quando você não está feliz. Elas leem expressões olhando em seus olhos. Não temos de dizer muito. Podemos fazer isso por meio da expressão. Mas elas estão em um lugar onde podem sentir emoções muito mais fortes do que os adultos. Muito telepática. Estão muito mais em sintonia com o universo inteiro.

SB: Se você vê o mundo através dos olhos de uma criança, o que diria que parece?

MJ: É um presente embrulhado. É mágico. É maravilha. Isto é maravilhoso e você fica curioso sobre tudo. É fantástico. É magnífico. É inspirador.

SB: Quando você vê esse mundo embrulhado para presente, você vê algumas das feiuras do mundo? Vê coisas que o magoam também? Você vê que muitas pessoas são más. Como você lida com isso?

MJ: Não entendo isso. Não compreendo isso.

SB: E você acha que, enquanto não compreender isso, isso significa que você não tem que modificar-se para adaptar-se a isto? Não é como dizer a si mesmo: "Tenho que ficar na defensiva." Ou melhor, você apenas diz para si mesmo: "Apenas não compreendo... Isso não deve ser." Para você isso ainda é um mistério, e se é um mistério, se isto permanece irracional, então isso não pode invadir a sua própria personalidade. Isso não pode penetrar em sua psique. Isso não pode afetá-lo.

MJ: Sim.

SB: Então, se você encontra alguém que seja mau, como você reage quando olha  através dos olhos de uma criança?

MJ: Dói. Quando eu era pequeno, Bill Cosby costumava me ver no corredor dos estúdios da NBC e dizia [com a voz alta e endurecida]: "Ei, o que vocês crianças estão fazendo aqui? Tirem essas crianças daqui."
Todos ficavam rindo, mas eu pensava que era sério e ficava morrendo de medo e chorava. Fiquei durante anos, na verdade, sem gostar dele. Lembro-me que estive em um clube e houve este homem que disse: "Ei, rapaz! O que você está fazendo aqui?" E ele continuaria até que eu chorasse. Eu não entendia, e isso me faria tanto medo de adultos e pessoas de estatura grande. Ficava intimidado por eles por causa disso. Eles não percebem a dor que estão causando quando tratam as pessoas assim. Isso não é engraçado.
É por isso, que quando vejo crianças sou exatamente o oposto. Sou muito, muito gentil, sensível com elas. Não quero cometer nenhum desses erros, de forma alguma. Meu pai costumava fazer isso às crianças. Ele não faz mais, mas lembro-me quando eu era pequeno [levantava a voz agressivamente]. . . "Qual é o seu nome? Onde você mora?" e elas falavam [voz embargada], "Eu moro na rua de baixo." Eu pensava: "Por que ele gosta de fazê-las chorar? Tenho certeza que isto é muito assustador." Nunca esqueci aquela sensação, nunca.

SB: Mas quando você testemunha isso, sua reação é: "Eu não compreendo isso. Por que você está fazendo isso?"

MJ: Por que está fazendo isso? Por que quer machucar alguém assim? Posso dizer quando uma criança está com medo, você pode ver isso em seus olhos e ouvir isso em sua voz. Você faria algo assim?

SB: Espero que não. O que faz você ouvi-las quando até mesmo seus próprios pais não as ouvem?

MJ: Posso sentir as crianças, posso senti-las. Se estão sofrendo, de qualquer forma quero estar lá por elas, onde quer que haja dor.

SB: Você guarda muito disso para si mesmo. Você tem, assim, uma expressão impassível. Quando saímos para jantar, ou quando você vem à nossa casa, as pessoas olham para você e pensam: "O que será que Michael está pensando?" Você guarda tudo isso lá dentro.

MJ: Sim. Mas, não, eu sinto isto. Sinto demais isto. Posso sentir a dor das pessoas.

SB: Você já ficou envergonhado por alguma coisa? As crianças, naturalmente, se sentem envergonhadas.

MJ: Sim, acho que não se deve envergonhar as crianças [provocando-as] a menos que elas possam rir também. Lembro-me de ter sido constrangido tão gravemente. Meu pai fez o pior disso comigo. Ele me batia tão forte quanto podia e, em seguida, empurrava-me para fora na frente dos meus fãs, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Uma coisa é dar disciplina, mas sem envergonhar você.



Próximo Capítulo: Segurança


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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Honrando o Espírito de Criança - Capítulo 13 - "Amor e Orientação "




Nota: 

Tradução livre para divulgação de conteúdo sem fins lucrativos.

Destinada apenas para apreciação de fãs.



Sem Fins Lucrativos



HONRANDO O ESPÍRITO DE CRIANÇA

SHMULEY BOTEACH

Em conversas com MICHAEL JACKSON




AMOR E ORIENTAÇÃO


“Você não pode ter uma overdose de amor.”



SB: Uma das coisas mais poderosas que você me disse é que, no início de todo o conhecimento está o conhecimento de que você é amado. Não importa quem você é ou de onde veio, você tem que saber que é amado. Você diz que a única coisa mais importante para curar o mundo é dar em primeiro lugar as crianças o amor incondicional.

MJ: O amor incondicional é tudo que você tem. Você não pode ter overdose de amor, você nunca pode. É uma coisa linda.

SB: Grandes estudos mostram que as crianças que não experimentam nenhuma sensação tátil carregam cicatrizes emocionais que não cicatrizarão mais tarde na vida. Mesmo se você sobreviveu ao Holocausto, o seu corpo pode se recuperar mais tarde na vida. [Usei esse exemplo porque tinha acabado de apresentar Michael a Elie Wiesel, o laureado Prêmio Nobel da Paz e sobrevivente do Holocausto.] Porém, se não lhe é mostrado o amor na vida, não irá se recuperar. Será cínico, mesmo quando estiver mais velho. Você não será confiável.  Ao pensar sobre o seu próprio amor e paternidade com seus filhos, como você descreveria a relação pai-filho ideal?

MJ: Respeito, honestidade. Devo colocar o amor em primeiro lugar. Amor, respeito e honestidade. Sendo totalmente aberto sobre tudo. Essa é a coisa mais próxima que você pode ter.

SB: Na criação de Prince e Paris, seus cuidados paternais foram com base nesses três princípios: amor, respeito e honestidade? Você nunca mentiu para eles? Você nunca distorceu a verdade? . . . Você sabe que um dos maiores rabinos, o Rebe, Rabi Menachem Schneerson, o meu mentor espiritual, sempre dizia: "Se você mentir para as crianças elas não confiarão novamente em você.”
Mas o que acontece quando você tem que disciplinar as crianças? As crianças nascem com o potencial da bondade, mas os pais devem transmitir valores a elas. Sem um pai amoroso, que também seja estrito na disciplina, mas isso pode não dar certo, como você disciplinou Prince e Paris, porque a criança ainda tem que saber que "não" é "Não!" E há certas coisas que não podem fazer.

MJ: Você tem que discipliná-los, sem raiva. Essa é a primeira coisa importante que eu diria a qualquer pai. Se você fizer isso com raiva, se você machucá-los, você vai dizer para si mesmo: "O que foi que eu fiz?"
Se Prince ou Paris faz algo impertinente ou ruim, tiro algo que eles lamentem profundamente. Mas você tem que discipliná-los. Perguntei a Elizabeth [Taylor] qual era o auge de sua disciplina. Ela disse que falaria com eles asperamente e se eles fizessem algo muito ruim, “Eu os colocaria em meu joelho e daria lhes umas fortes palmadas no traseiro."
Eu não posso fazer isso. Se eu batesse neles e eles chorassem, isso me mataria, sabendo que choraram de dor porque infligi sobre eles. Sou contra bater em crianças. Embora existam crianças na escola que se safam dizendo “f....” para os professores. Algo tem que ser feito, mas não isto. Não posso fazer isso [bater numa criança]. Aguento vê-los chorar por terem que ir para o canto, que é onde são enviados, se são desobedientes.
SB: Um de seus princípios fundamentais como um pai é que nunca quer que seus filhos tenham medo.

MJ: Nunca. Acho que antes de alguém disciplinar seus filhos deveriam parar um segundo, respirar fundo, fazer uma oração silenciosa. Faça isso e depois castigue-os de maneira amorosa como puder. Não faça isto com raiva. Se você fizer com raiva, você ficará triste, dói muito. É a maneira errada de fazer isto.

SB: Você sente que lhe foi mostrado raiva desnecessariamente quando criança?

MJ: Sim. Ahhhaaa. Absolutamente. Meu maior sonho é um dia que Prince e Paris possam dizer a alguém: "Ele foi o melhor pai." Eu simplesmente choraria, simplesmente choraria. Essa seria minha recompensa. Isso é tudo que quero que digam: "Ele foi o melhor pai." Iremos lá, faremos isso. Sabe? Isso é tudo que desejo em retorno.

SB: Quando as pessoas envelhecem, como você disse sobre o seu pai, elas querem estar perto de seus filhos.

MJ: Sim.

SB: Quero dizer que é um círculo. Você começa como uma criança e termina mais ou menos como uma criança. Você se torna um pouco mais inocente.

MJ: Por que não podem ver isso mais cedo, no entanto?

SB: E depois de tudo o que você passou com seu pai, como você tenta compensar agora com Prince e Paris?

MJ: Compenso amplamente. Se vejo uma mãe em um filme, e está atuando e a vejo  bater em seu filho,  saio do quarto e choro. Não aguento. Já vi situações em que sacodem a criança com gravidade... isto evoca muito do meu passado e minha infância e eu não posso aguentar.

SB: Você deseja dar a Prince e a Paris o amor incondicional que vá garantir que cresçam sabendo o que fazer, que tenham um caráter sólido e um pai que os amava com seu coração e sua alma?

MJ: Oh, eles já sabem. Eles são apenas crianças pequenas e dizem certas coisas que são muito incomuns para crianças pequenas. Eles continuarão me abraçando forte por alguma coisinha que lhes dei a mais de duas semanas atrás, isto é doce. "Obrigado por esse coelhinho que você me deu." Eu digo: "Prince, isso foi há uma semana. De nada." Eles continuam fazendo isso, que é doce. É amor.

SB: Tudo que quero dos meus filhos, sempre lhes digo que quero duas coisas. Quero que amem a Deus e quero que amem seus filhos. É isso aí. Sucesso e tudo o mais são completamente subordinados a essas duas coisas essenciais.  Mas você disse ou não a Prince e Paris duplicarem seu sucesso ou isto é algo que não é importante para você. O que você mais deseja para eles?

MJ: Se forem bem sucedidos estarei muito feliz, sabe, no que fizerem. E eu espero que seja nas artes, mas eles que têm de escolher sua própria profissão. Eu apenas quero que eles... Eu quero ser bem sucedido em ser um grande pai. Quero que eles digam: "Sentimo-nos completamente amados e ele era incrível." Quero representar o que quero que os pais sejam com seus filhos.

SB: Mas você percebe que ao fazer isto, até certo ponto, você pode garantir que eles realmente não tenham sucesso profissionalmente, porque se o Prince se sente amado, cuidado e seguro, ele não terá que provar a si mesmo e para o mundo com a mesma extensão que você teve. Você me disse uma vez que você é um perfeccionista, porque você está sempre tentando provar a si mesmo e para o seu próprio pai.

MJ: Sim.

SB: Se o Prince sente o amor, ele somente estará feliz sendo um advogado ou um contador em algum lugar, e chegará em casa e correrá para seus filhos e sua esposa o amará. Isto estará excelente. Você não precisa de tudo isso, e você está feliz em viver com isso? Você não tem a adoração pública? Os milhares de fãs gritando?

MJ: Se isso for completamente verdadeiro, sim, eu quero que eles sejam pessoas boas. Mas eu gostaria de vê-los ter sucesso em alguma coisa nas artes, sabe?

SB: É o seu grande amor?

MJ: Oh Deus.

SB: Você tenta protegê-los de crescer rápido demais? Nós estávamos falando sobre a corrida das crianças a se tornarem adultos, quase como se tivessem vergonha de ser crianças. Nos círculos judaicos tradicionais, como o nosso, as crianças ficam em casa normalmente até que eles se casam, e se casam jovens. Quando você acha que as crianças devem sair?

MJ: Acho que as crianças saem de casa muito cedo. Fiz uma coisa que foi ruim. Sou um tenor natural, mas eu costumava forçar minha voz para ir mais alto, porque nunca quis crescer. Eu sempre quis soar como uma criança. E quando ganhei o meu Grammy de Thriller, se você me ouviu falar, pareci uma criança, e foi daí que todas as piadas e as provocações começaram e as pessoas me imitaram. Então cheguei ao ponto onde decidi, não, somente vou falar como eu. E quando comecei a falar assim como eu, não podia cantar no tom que costumava cantar, portanto canto mais baixo agora. Somente queria ser uma criança.

SB: Então, mesmo você sendo a maior estrela do mundo e as pessoas estavam dormindo fora da porta dos pais o tempo todo, você ainda estava levando uma vida normal em casa com seus pais, porque você pensava que era apropriado estar em casa?

MJ: Sim, era natural para mim. Não estava pronto para o mundo ainda e era muito ingênuo. Meus pais me queriam por perto. Talvez tenha sido incomum em alguns aspectos. Não jantávamos juntos. Era comer e correr, porque estávamos em trabalhos, família do show-business. Tive cozinheiros especiais, Sikhs de turbante, para fazer comida vegetariana para mim. Mas por outro lado, você sabe, eu assistia muitos desenhos animados. Era uma bela casa grande com três hectares de jardins e uma loja de doces, onde você podia fazer seus próprios sorvetes e uma loja de flores e jardim Inglês Tudor, uma sala de cinema, um estúdio de gravação grande.

SB: E sobre o fato de que as crianças são, por vezes, desagradáveis umas às outras? Às vezes você vê crianças que precisam ser ensinadas a partilhar e que são por vezes, desagradáveis. Bullying é algo que as crianças costumam fazer. Há um garoto no ônibus que intimida uma das minhas filhas tanto e tem sido tão mau com ela. Seus pais têm falado com ele e ele negou o bullying a ela. Ele disse: "Eu nunca faria isso." Queixei-me ao diretor da escola, mas ele ainda faz isso. Minha filha chega em casa e chora.

MJ: Qual a idade da criança que a intimida?

SB: Doze anos, e ela tem onze, uma alma pura. Todas as crianças são puras, mas ela é extremamente pura. Ela é uma alma pura e não sabe como reagir. Pode ser que essas crianças que intimidam não tenham tido amor suficiente. Elas foram corrompidas. Estão exibindo qualidades adultas, mas a sua teoria seria que, se esse garoto que a intimida tivesse sido mostrado o amor incondicional por seus pais, ele não teria necessidade de fazer isso e ele não estaria em tanta dor.

MJ: Acredito que eles fazem isso para chamar a atenção. Acho que você poderia rastrear todos os males nos adultos quando foram crescendo. Temos que ter muito cuidado e amor e estar amando o tempo todo. Você não sabe como os prejudica mais tarde em cada pequeno incidente. Eu leio seus olhos e descubro quem está sofrendo mais e dou-lhe o abraço mais longo, ou escolho o mais gordo ou aparência mais grotesca e as pessoas dirão: "Por que você escolheu esse?" e digo: "Este é aquele que mais precisava." Você pode dizer, porque eles estão olhando triste e não acham que você vai gostar deles. Eles tem medo de olhar para você, às vezes, porque foram muito importunados. Pode dizer... um cão golpeado age de forma diferente.
Tivemos uma cadela, o nome dela era “Black Girl” (menina preta), e ela era meio lobo e meio pastor alemão. Meu pai é um caçador, adora caçar e ama armas. Eu sou o oposto - Odeio a caça e odeio armas. Um dia ele estava polindo seu rifle e o cão ia: "Eh uh, eh” [choramingando ruído], se afastando pra trás assim e ele vai: "Crianças, olhem para isso." Então ele pegou a arma e apontou-a para o cachorro e o cachorro saiu correndo para debaixo da cama e ele ficava se perguntando, como é que o cão sabe? Checamos e descobrimos que o cão tinha sido maltratado, um caçador possuía o cachorro e ele usava disparar sobre ele enquanto estava caçando e o cão sabia o que uma arma parecia e como aquilo soava. Assim, sempre que alguém na vizinhança, como no Ano Novo, estaria disparando sua arma, este pastor alemão iria correr, se esconder e chorar. Percebi que este pastor alemão tinha problemas condicionados e é a mesma coisa com todos nós, não é isto? Certo? Demos a este cão muito amor, abraços e beijos.

SB: Vocês poderiam desfazer o medo?

MJ: Temos certeza que trabalhamos duro, entre Janet e eu, que adorávamos essa cachorra. Demos-lhe muito amor e ela ficou muito melhor. Mas então, haviam aqueles que viriam arruiná-la para nós.

SB: Todo o desprezível que você sentiu, nunca quis odiar as pessoas de volta?

MJ: Não. Como resposta a muitos jornalistas maldosos que só mentem, a tal resposta é não. "Te odeio pelo que escreveu," porém em vez disso:  "Não entendo por que você fez isso comigo e deixarei assim." Dói muito, porque eles acham que você é feito de algum tipo de substância forte e que você pode superar isto o tempo todo. Mas você tenta encontrar uma maneira de manter sua cabeça acima disso e nem sempre é assim, porque realmente dói.

SB: Mas você nunca quis odiar volta?

MJ: Não

SB: Porque perderia essa inocência infantil?

MJ: Sim, nunca quero odiar volta.

SB: Mas o que faz a criança normal Michael? Começa a odiar de volta, entende? Digamos que alguém foi maldoso ao Prince e, em seguida, o Prince gritou com ele. O que você diria a ele? Como você reagiria se o Prince mostrasse raiva de volta? E digamos que o Prince teve razão. Alguém tinha sido cruel com ele. Você ficaria feliz que o Prince tinha aprendido a se defender, ou você se sentiria: "Não, não quero isso de você."

MJ: Eu preferiria que ele conseguisse entender por que a outra pessoa estava ofendendo e tentasse alcançar seu coração, que é o que eu faria. Como Gandhi disse: "Olho por olho e o mundo inteiro fica cego." Você não pode ser assim. Isto é apenas criar mais atrito. Sou muito protetor de todas as crianças. Se vejo alguém magoando uma criança, de qualquer modo, percebo que tenho um problema com isso. Se vejo isso em um filme, sei que estão atuando, mas tenho que sair e dar um bom choro e depois  volto, ou fico muito irritado. Se eu estiver assistindo a um filme e vejo alguém batendo em uma criança duramente e ela chora, realmente não posso suportar isso. Aprendi isso sobre mim mesmo. Isto atinge os nervos e posso relacionar-me a isso, porque aconteceu comigo muito.
Quando meu pai costumava a... ele tinha um jeito horrível de disciplinar você. Ele olhava para você assim e dizia: "Venha aqui", e você sabia o que aquilo significava. Ele lhe esbofetearia forte e suas impressões ficariam em seu rosto, e ele o empurraria e o empurraria na frente dos fãs, chorando, com lágrimas nos olhos. A disciplina e a vergonha são duas coisas diferentes, você não atravessa a linha da vergonha. Isso me machucava muito e eu não sei se ele percebia isso.

SB: Então, se Prince e Paris fizerem algo errado, você iria discipliná-los, mas nunca envergonhá-los?

MJ: Nunca envergonhá-los.

SB: Então você diria: "Príncipe, isso estava errado".

MJ: Você poderia falar sobre isso e fazê-los entender. Você não pode envergonhá-los, de jeito nenhum. Isso é errado.

SB: Você acha que mesmo as crianças têm um senso de sua própria dignidade, e não apenas os adultos?

MJ: Sim. Nunca envergonhe-os na frente de seus amigos. Nunca. Nunca. Nunca. Eles nunca esquecerão se você fizer isso.

SB: Então, com base no que você está dizendo, sente-se de algum modo com medo de ser um adulto no sentido de que os adultos podem infligir dor, que podem mostrar a raiva? É algo que você nunca quis ser? Essa é uma das razões que insiste em permanecer infantil, porque você está preocupado com o desenvolvimento da agressão adulta?

MJ: Nunca quero ser isso. Não tenho orgulho de ser um adulto. Nem gosto de dizer isto. Nunca sequer digo isto.

SB: Deixe-me perguntar-lhe isto. Prince e Paris e todas as crianças são, por vezes, desobedientes. E quando as crianças são cruéis e intimidam umas as outras? Em primeiro lugar, de onde vem isso? E em segundo lugar, o que podemos fazer sobre isso?

MJ: Penso que é por falta de amor, atenção e respeito.

SB: O que os pais devem fazer sobre isso, devem repreendê-las ou mostrar-lhes amor extra?

MJ: Dar-lhes mais amor, segurá-los, tocá-los. Olhar em seus olhos e falar com eles. As pessoas não conversam com seus filhos. Ignoram-nos. É por isso que as crianças saem e fazem essas coisas para chamar a atenção, e ferem as outras e não percebem.

SB: Porém você diria que se fosse mostrado às crianças o amor e atenção que elas precisam, elas nunca iriam se comportar dessa maneira? Então, Sigmund Freud, que disse que as crianças são narcisistas, que elas são egoístas e egocêntricas. . .

MJ: Ele estava errado. Errado.

SB: E sobre o fato de que as crianças podem ser possessivas com seus brinquedos? Uma de suas primeiras palavras: "é meu". Mesmo as crianças que são mostradas imensas quantidades de amor dizem "é meu".

MJ: Isso é verdade. Mesmo as que são mostrados muito amor dizem "é meu".

SB: Parece que sim. Você mostra a Prince e Paris uma quantidade imensa de amor. Eles dizem "é meu"?

MJ: Um ao outro, mas não com outras crianças.

SB: Isso é porque você conscientemente ensinou-lhes que não "é meu".

MJ: É importante compartilhar.

SB: E sobre o seu próprio senso de valor e autoestima? Talvez um dos argumentos mais fortes que estamos discutindo é que quando não é mostrado às crianças o amor incondicional, elas começam a desvalorizar-se. Elas sentem que não têm importância. Elas não têm autoestima suficiente. Não acham o suficiente de si mesmas. Você não recebeu todo esse amor. Como você lida com as questões de autoestima?

MJ: Tento pensar sobre onde compensei por muita perda de mim mesmo. Não consigo encontrar isto algumas vezes. Acho que é um dom que tenho, porque  passei por muita coisa e fui capaz de sair disso e tornar-me uma pessoa melhor. É por isso que sinto que sofri e perdi muitos problemas e valores da infância, porque me fez tão sensível às crianças agora. É inacreditável como sou com elas, realmente. É por isso que penso que estava destinado para ser, isso é tudo que posso dizer.

SB: Então, as crianças são a compensação?

MJ: Penso que sim. São meus professores. Eu as observo e aprendo. É importante para nós tentarmos ser como elas e imitá-las. Elas são de ouro.

SB: Você nunca teve a experiência como uma criança de ser aconchegado e amado, de ser mostrado o amor incondicional? Você não teve isso. Mas você teve fãs que mostraram amar você, embora talvez isto estivesse baseado em sua performance, ao invés de sua essência.

MJ: Os fãs me conhecem e conhecem meu coração. Eles têm fotos gigantes de bebês e grandes recortes de crianças de mãos dadas, eles trazem as crianças e sabem que eu as amo. E deram-me prêmios e coisas, reconhecendo-me como uma pessoa diferente de uma celebridade e como se preocupam com as questões com crianças e coisas assim. Oh rapaz. Um dia as pessoas compreenderão. Elas vão entender. Acho que é a maneira que Deus quer que sejamos.

SB: É fácil para você ser inocente, porque mesmo quando as pessoas lhe atacam, você pode retirar-se para este belo rancho que você tem. Então você não tem que restituir. Você é muito bem-sucedido, para que possa dar ao luxo de perdoar as pessoas e permanecer infantil. "Mas e quanto a mim?" alguém pode dizer: "Eu vivo em um trailer. Como posso perdoar as pessoas? A vida é amarga para mim. Deus tem me decepcionado. Não tenho tempo para os meus filhos. Sou uma mãe solteira com dois empregos para sustentar os meus filhos.” O que você diria a alguém que diz: "Por favor, Michael. Isto não é realista! Você quer que eu seja como o Peter Pan? Você quer me levar para essa terra de fantasia, chamado Neverland. Caia na real! Não posso ir para uma terra de fantasia. Tenho filhos para sustentar. Meu marido me bate ". O que você diria para alguém assim?

MJ: Eu acho que eles deveriam tentar descobrir a verdade sobre o poder do amor e da maneira que acho que deveria ser feito, sem soar pretensioso, do modo que descobri que é a verdadeira felicidade. Acho que se eles mesmos se dessem a chance, sentiriam isto.

SB: Existe liberdade onde você está agora? Existe liberdade em defender uma maneira infantil de ser? Você se sente como todos os adultos estão na prisão em algum lugar e você é a única pessoa livre?

MJ: Aha. Sim. Não compreendo como alguém não adoraria isto. É o melhor.

SB: Poderíamos entrar na pintura de Norman Rockwell, esse é o tipo de mundo que você gostaria de habitar? É esse o tipo de mundo que você gostaria de ajudar a criar?

MJ: Oh sim.

SB: Você é um pai solteiro criando seus filhos. A única coisa que as pessoas estão de acordo é a necessidade ideal de ter ambos os pais envolvidos na criação de uma criança. Seus filhos sofrem por ter apenas um pai criando-os? Ou você acredita ser capaz de compensar com amor suficiente por ambos os pais?

MJ: Sim, ou a metade que realmente não os quer. Se você realmente ama-os incondicionalmente com tudo que você tem, você mesmo merece criá-los. Isso é tudo que eles precisam. É amor.

SB: Então você acredita que não é uma questão de números. Uma pessoa pode proporcionar-lhes, desde que o amor seja incondicional.

MJ: Absolutamente.



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