Certa vez você disse que fez
e mandou pela net, para mim,
Linda poesia escrita em inglês,
Cujo final era assim:
“And I realize that you'll always love me!“
Estava certa, madame…
Na hora não percebi o quanto
De encantamento havia nas palavras
Que cativaram o meu canto.
Tanto, que dia a dia leio e releio,
Tentando descobrir o quê, de fato
Provocou tamanho efeito,
No meu espírito insensato.
Seu amor bateu como brisa fresca,
Acalmou meu coração escaldado,
Arejou meu pensamento conturbado
E passou por mim, de passagem,
Sem parar, seguiu viagem...
Deixando para trás um desejo abafado.
E eu...
-- que um dia, cheguei a sonhar
Ser seu oásis, seu nirvana,
Seu palco iluminado,
Em quem você mataria a sede,
A sua fome e a minha solidão insana --
Eu,
descobri tarde demais,
Ser apenas uma passagem,
Corredor de ventania,
Um prelúdio para a sua sinfonia.
Você ensaiou em mim
Seu Concerto de Aranjuez,
Um arranjo para quarteto de cordas,
Melodia inacabada,
Mas foi fazer seu show em outros palcos.
Deixou para trás um maluco ferido,
Que dias e noites, ensandecido,
Canta pro céu, olhando as nuvens,
Enxergando seu rosto até nas estrelas,
Esperando ver o seu olhar colorido...
Em terra de gigantes poderosos,
O que um Quixote rouco e deserto
Pode fazer, mas sangrar seus azuis
Contra os moinhos do tempo,
Se você nem está por perto?
O que um menestrel sem maldade,
Amoroso, mas pouco esperto,
(Como explicou Zimmerman)
costuma fazer a essa hora da manhã?
Eu, tento inventar um acorde,
Que adormeça depressa
A dor da minha saudade.