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Diga alguma coisa!

Imagem - Acis e Galatea, de Auguste-Louis-Marie Ottin


Mas dizer o quê?
que amo e quero
e sonho acordado com você?
Isso já disse. Que ainda espero
mas não sei bem o quê, nem porquê?

Que a respiração pode ser quente
mas meu olhar, distante e frio
como aquela tarde de inverno...
Que minhas mãos errantes, tateiam no vazio,
em busca da sua rosa, de uma pétala ao menos,
mas a flor caiu no rio que leva os amores plenos

Que a minha inspiração vazou,
os pensamentos fugiram,
os neurônios, desmaiaram
mas meus demônios não dormiram?

Que enquanto minha saudade
fita o distante presente
como um pesadelo silente,
minha língua, o sabor doce do seu beijo, ainda sente?

Que o vento gelado me contou,
me assoprou no ouvido uma lenda
ao cortar minha carne macia,
de mim, de você, da gente

Não quero mais parte,
nem a metade aceito.
Se o todo é impossível, ai de mim,
como pode meia chama arder no peito?

Deixo assim, em desespero profundo,
no velho vento, a saudade
de tudo neste mundo
que não chegou a ser,
pra certamente, mais tarde,
voltar a me arrepender.

Amo, quero, preciso, espero.


Corredor de ventania

Symphony, de Simon Bull


Certa vez você disse que fez
e mandou pela net, para mim,
Linda poesia escrita em inglês,
Cujo final era assim:
“And I realize that you'll always love me!“

Estava certa, madame…
Na hora não percebi o quanto
De encantamento havia nas palavras
Que cativaram o meu canto.

Tanto, que dia a dia leio e releio,
Tentando descobrir o quê, de fato
Provocou tamanho efeito,
No meu espírito insensato.

Seu amor bateu como brisa fresca,
Acalmou meu coração escaldado,
Arejou meu pensamento conturbado
E passou por mim, de passagem,
Sem parar, seguiu viagem...
Deixando para trás um desejo abafado.

E eu...
-- que um dia, cheguei a sonhar
Ser seu oásis, seu nirvana,
Seu palco iluminado,
Em quem você mataria a sede,
A sua fome e a minha solidão insana --

Eu,
descobri tarde demais,
Ser apenas uma passagem,
Corredor de ventania,
Um prelúdio para a sua sinfonia.

Você ensaiou em mim
Seu Concerto de Aranjuez,
Um arranjo para quarteto de cordas,
Melodia inacabada,
Mas foi fazer seu show em outros palcos.

Deixou para trás um maluco ferido,
Que dias e noites, ensandecido,
Canta pro céu, olhando as nuvens,
Enxergando seu rosto até nas estrelas,
Esperando ver o seu olhar colorido...

Em terra de gigantes poderosos,
O que um Quixote rouco e deserto
Pode fazer, mas sangrar seus azuis
Contra os moinhos do tempo,
Se você nem está por perto?

O que um menestrel sem maldade,
Amoroso, mas pouco esperto,
(Como explicou Zimmerman)
costuma fazer a essa hora da manhã?
Eu, tento inventar um acorde,
Que adormeça depressa
A dor da minha saudade.