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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CARNAVAL NA CADEIA OU O BLOCO DO EU SOZINHO

Li esta manhã que, Arruda, o governador licenciado do DF e atual detento da PF, proibido de utilizar internet, televisão e celulares, recebeu livros de auto-ajuda. Fiquei preocupado pois imaginei tratar-se dos best-seller dos Irmãos Metralha: Como Fugir de sua Cela Utilizando-se da Faca da Cozinha ou o fora de catálogo Como Esconder Dinheiro nas Meias e Cueca sem Chamar Atenção.

Passado o susto, surpreendeu-me saber que quem forneceu os livros foi um tenente da polícia militar do DF. Não sabia que era competência da autoridade policial fornecer livros ou similares para detentos, seja ele quem for. Parece-me desvio de função pois escapa-lhe assim a imparcialidade com que tem de tratar os outros detentos.

Também uma aposentada de Ceilândia veio prestar solidariedade ao detento com orações e uma Bíblia na mão dizendo que "ele fez muita coisa boa pela minha cidade." Imagino que, o que ele fez de bom não foi nada mais que a obrigação dele como governador; imagino também que ele tenha feito muito mais coisas boas em proveito próprio pois os crimes que o Ministério Público imputa-lhe são de constituição de organização criminosa ou quadrilha, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude a licitação, crime eleitoral.

Arruda está passando o carnaval na cadeia, brincando no bloco-do-eu-sozinho, já que seu esquema de corrupção desmoronou. Consta que um dos esquema era receber propinas de 50 mil de 15 em 15 dias, ilícito que já durava desde 2006. São 4 anos e cerca de 104 quinzenas multiplicadas por 50 mil reais. Se a aposentada fizesse estas contas talvez ela entendesse porque o sua minguada aposentadoria tem aumentado tão pouco.

Para que o assunto não se perca na memória das pessoas, acrescento o vídeo exibido pela TV Bandeirantes em 30/11/2009, onde Arruda aparece recebendo uma das tantas propinas.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

HISTÓRIAS QUE NÃO ENSINAM NA ESCOLA: O CALDEIRÃO DE SANTA CRUZ DO DESERTO


Assisti por estes dias dois documentários que me despertaram da inércia (leia-se preguiça) deste início de ano. Foram o Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, de Rosemberg Cariri e o Lutas.doc da TV Brasil, que pretendo comentar em outra postagem.

A respeito do Caldeirão a primeira coisa que me veio na cabeça é de que não se ensina esta história do Brasil nas escolas. Quando crianças e adolescentes, somos educados por alienação. Ensinam-nos a cultura da formalidade: o Descobrimento, a Independência, a Proclamação da República, etc, etc, etc. Ocultam-nos o intrínseco. O cerne da história que nos transformou em quem somos.

A história do Caldeirão é o relato vivo de uma comunidade criada por um negro, o beato Lourenço, sob a proteção de Pe. Cícero em terras cedidas por este no Cariri, em 1926, e que alheio a todas adversidades da região tornou-a próspera e fértil graças aos esforços comuns dos camponeses que a mantinham produtiva, como um oásis dentro de uma região devastada continuamente pela seca e pela miséria, inclusive no socorro a centena de flagelados da grande seca de 1932.

A prosperidade do assentamento tornou-se incômoda para a Igreja e para os coronéis das regiões adjacentes: os salesianos alegavam que dentro do Caldeirão praticavam-se cultos pagãos e os coronéis queixavam-se da perda de produtividade de seus latifúndios na medida em que a mão de obra explorada ficou escassa, pois os trabalhadores optaram pela comunhão trabalho x alimento que encontravam nas terras do beato.

Utilizando-se do poder político, das perseguições a seus inimigos e da manipulação do povo analfabeto, os coronéis e os salesianos buscaram colocar a opinião pública contra aqueles a quem taxaram de fanáticos religiosos e comunistas o que, após a morte de Pe. Cícero permitiu a intervenção policial do Estado na região, com a destruição das benfeitorias do vilarejo e dando início à dispersão da comunidade e a fuga do beato para as matas da Chapada do Araripe que posteriormente foi  invadida por terra e bombardeada pela aviação militar  numa intervenção conjunta do Exército e da Polícia Militar do Ceará, resultando no extermínio de 400 camponeses (números oficiais) incluindo mulheres e crianças.

Cerca de 50 anos após o conflito, durante o documentário, os algozes, alegando outra visão da história, buscavam o paradoxo dos seus vereditos inocentando a si próprios como agentes "cumpridores de ordens superiores".

Sob esta ótica a história estaria repleta de inocentes: não se condenaria a Igreja pelo massacre da Inquisição ou os nazistas pelo extermínio dos judeus nos campos de concentração, por exemplo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

CURATIVO NO OLHO DOS OUTROS É REFRESCO!


Como a maioria dos brasileiros quando está doente e procura uma farmácia ao invés de procurar um médico, a justiça do Paraná levantou um lado da venda que cobre os olhos e tomou uma iniciativa preventiva para punir futuras barbáries nos seus estádios.

É uma medida paliativa. Funciona quase como um curativo de emergência. Primeiro porque só resolve parte do problema e depois é necessário que ela seja posta em prática e não fique apenas ilustrada no papel.

Pelo projeto, os clubes deverão fazer um cadastro no momento da compra dos ingressos, com apresentação de um documento de identidade e a comprovação do endereço. Os integrantes de torcidas organizadas precisarão apresentar ainda certidão de antecedentes criminais.

Os clubes devem colocar monitores de imagem nas catracas dos estádios e instalar equipamentos para fotografar o rosto de cada torcedor que ficará relacionado ao ingresso adquirido. As informações deverão ser preservadas por 30 dias. Caso o clube não cumpra o previsto na legislação as penas são de advertência, multa ou cassação do alvará.

Como comentei em postagem anterior, é necessário que se inclua o banimento pra sempre dos estádios, do torcedor envolvido em pancadarias como aquela do jogo do Coritiba.

Não basta apenas identificar. Tem que punir. Meter na cadeia.

O problema é que continuamos no país da pizza.

Hoje mesmo fiquei sabendo que após filmado recebendo propina e denunciado por corrupção, o governador Arruda, de Brasíla,  somente terá seu processo de impeachment julgado em janeiro. E isso somente será possível porque os parlamentares que irão julgá-los, vão reduzir suas férias ( rá, rá, rá!!! ) para se reunir em sessões extraordinárias ( rá, rá, rá ), recebendo verba extra ( o famigerado jeton ), para analisar o processo.

Se não, só em fevereiro...

E olhe lá, pois em fevereiro tem o carnaval!!!