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14.4.11

(in)Segurança em posse: os destaques da Liga

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O tema não é novo para quem acompanha as análises que venho fazendo aos jogos dos 3 “grandes”, desde o inicio do campeonato: a segurança em posse, ou, talvez mais correctamente, a frequência com que jogadores e equipas cometem erros em posse, que abrem uma oportunidade de desequilíbrio ao adversário. Para que a leitura seja clara, a métrica que usei contempla o número de passes que, em média, cada jogador precisa de fazer para que uma perda comprometedora aconteça. Os dados, dizem respeito a todos os minutos do campeonato até ao momento.
 

Javi, o corredor central e Benfica, os líderes da insegurança
Para quem tanto procurou os motivos das oscilações do Benfica, aqui tem a resposta. Os dados e a preponderância encarnada neles revelada é clara. O problema da transição defensiva não está, nem nunca esteve, na recuperação dos médios ou na incapacidade de controlo dos defensores. Está, e sempre esteve, sim, nos erros que a sua zona de construção repetiu.


O primeiro ponto a perceber nestes dados é que a “mancha” vermelha é de tal forma abrangente que será pouco perspicaz colocar o foco numa incapacidade individual. Ou seja, mesmo se Javi e Airton podem não ser as soluções mais fortes para o momento de construção, a verdade é que parece haver, sobretudo, uma escassez de preocupação e enfoque no critério que a equipa e os jogadores devem dar às suas decisões. Daí, o problema estender-se a um número muito elevado de jogadores.
 

Depois, há claramente uma zona critica para este tipo de erros: o corredor central. A zona do “pivot” é, sem dúvida, a mais afectada pelo risco, dado o elevado envolvimento no jogo e o seu posicionamento, habitualmente bem dentro da zona de pressão do adversário. Mas também a zona mais criativa e os centrais podem ter uma exposição relevante a este tipo de risco, dependendo da envolvência destes jogadores na construção da equipa.

Segurança: os bons exemplos Se análise teve, até aqui, um enfoque no erro e naqueles que mais nele incidem, há também margem para olhar para o outro lado, e para aqueles que se destacam pela positiva neste aspecto. Eis alguns exemplos:


Luisão – Impressionante como, actuando numa equipa com tantas dificuldades a este nível, Luisão consegue fazer uma época fantástica. (1 perda p/280 passes)
Rolando – Maicon e Otamendi não são propriamente exemplos de segurança e se há aspecto onde Rolando justifica a titularidade, é precisamente na sua qualidade e segurança em construção. (1 perda p/170 passes)
Sapunaru – Outro jogador que se destaca pela fiabilidade a este nível. Pode não ser um primor técnico nem uma mais valia na dinâmica que oferece ao corredor, mas ninguém pode acusar Sapunaru de comprometer a segurança da equipa, com bola. (1 perda p/550 passes)
Pedro Mendes – Tem pouco de utilização, a sua fiabilidade vê-se bem para quem joga na posição que normalmente mais problemas sente a este nível. Aliás, é bom que se note que o Sporting tem um excelente registo na segurança dos seus médios defensivos, quando comparando com os rivais. (1 perda p/340 passes)
Carlos Martins – É a excepção do corredor central do Benfica. Se Javi Garcia, Airton e Aimar estão no “top 5” dos mais inseguros, Carlos Martins – o outro elemento habitualmente usado no corredor central encarnado – está a milhas desse nível de rendimento. Aliás, os números indicam quase o dobro da segurança em relação aos registos de Aimar. (1 perda p/107 passes)
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5.4.11

Benfica - Porto: estatística e notas individuais (Benfica)

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Luisão – Voltou a ser o melhor e mais consistente jogador da sua equipa. Numa defesa que erra com uma frequência tão vertiginosa como a velocidade que tenta imprimir, é tão somente brilhante que Luisão consiga os níveis de consistência que tem revelado ao longo de toda a época.

Coentrão – Voltou a mostrar porque é um dos melhores laterais esquerdos da actualidade. A sua intensidade é o reflexo da própria filosofia da equipa. Aliás, nessa personificação de uma identidade colectiva, Coentrão partilhou também os defeitos da equipa. Faltou-lhe critério em certas situações e isso valeu-lhe alguns erros que poderia evitar.

Saviola – Não foi uma exibição soberba, mas voltou a ser um elemento influente nos desequilíbrios da equipa e também com uma participação mais inspirada do que em jogos recentes.

Peixoto – Entrou bem no jogo, com grande atitude e intensidade. Tem-se revelado bem mais consistente em posições interiores, embora a sua irregularidade não dê para que se retirem grandes conclusões de tão curta amostra.

Sidnei – Quase se tornou o salvador, já no final do jogo. Aliás, quer como lateral, quer em situações ofensivas, foi quando a sua produtividade subiu. Sidnei pode ter ganho pontos em relação a Airton como alternativa aos laterais, mas, realmente, tem de se questionar o seu rendimento na posição em que se pretende afirmar. Como sempre alertei, não é um jogador que erre ou arrisque menos do que David Luiz, mas não tem comparação com o actual central do Chelsea em muitas características. Enfim, nesta altura, e embora Jardel tenha pouco tempo de utilização, não se veem grandes motivos para que possa ser considerado como o “dono” do lugar.

Airton – Muito fraca a sua prestação como lateral. Pareceu particularmente nervoso sempre que a bola passou por ele, dando pouca sequência aos lances que por si passaram. De facto, apenas no choque e jogo aéreo se conseguiu impor. Provavelmente, uma experiência para não repetir...

Javi Garcia – Venho alertando para a sua vulnerabilidade em posse desde os primórdios da temporada. Nem sempre o preço foi tão elevado, mas a frequência dos seus erros é enorme, sendo que provavelmente não teria aguentado o lugar se tivesse este tipo de rendimento com bola numa liga mais competitiva. Javi tem aspectos onde é uma mais valia, sem dúvida, mas as suas vulnerabilidades são também incontornáveis...

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19.1.11

Académica - Benfica: Análise e números

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Foi, começo por dizer, um jogo algo atípico em termos de eficácia. Atípico e pela negativa, porque foram criadas muitas oportunidades para o magro golo concretizado. A consequência desta situação é que para ambas as equipas terá ficado a sensação de um jogo mal aproveitado. A verdade, porém, é que a vitória assenta bem ao Benfica, justificando-se, a meu ver, tanto os 3 pontos como a margem mínima. Uma opinião que não invalida uma outra, mais critica em relação a alguns aspectos da exibição benfiquista.

Notas colectivas
Com a expulsão, a coisa acentuou-se ainda mais, mas foi sempre um jogo muito confortável para o Benfica em termos de primeira fase de organização. Isto, porque a Académica teve como estratégia dar alguma liberdade ao papel do trio formado pelos centrais e Airton na saída de bola, mas bloqueando sempre a saída pelos corredores e – mais importante ainda – muito bem os espaços em zonas próximas da área, onde habitualmente surge a solução Saviola. A neutralização do papel do “Conejo”, aliás, parece-me ter sido a grande virtude de uma estratégia estudante, que, parcialmente, obteve bons resultados. Parcialmente, reforço.

Perante isto – e aqui surge a primeira critica ao Benfica – a equipa da Luz não teve grande capacidade de resposta. Não conseguiu encontrar Saviola, não conseguiu descobrir algumas das suas habituais combinações nas alas e faltou-lhe muitas vezes o arrojo para inventar algo de novo, em ataque posicional.

Só que, e apesar disto, o Benfica foi beneficiando do amplo domínio que ia tendo e, em situações circunstanciais mas frequentes, foi-se aproximando de forma assinalável do golo, acabando por justificar a vantagem que conseguiu ao intervalo. Por exemplo, algumas das melhores jogadas encarnadas resultaram de combinações após lançamentos laterais à esquerda, uma situação que normalmente dá vantagem a quem defende e que, como é óbvio, merece revisão por parte da Académica.

A outra critica que há a fazer ao Benfica é mais óbvia e tem a ver com a segunda parte. Jesus falou do desgaste físico provocado pela sobrecarga de jogos, mas acho difícil que a parte física seja realmente o problema de uma equipa que jogou em superioridade numérica e que não teve de travar grandes duelos em termos físicos. Na verdade, acho possível que se recorra ao desgaste como justificação, mas terá sempre de ser um desgaste mental, responsável por uma menor capacidade de decisão e criatividade no último terço, e que explique, assim, tanto domínio e tão poucas situações de finalização. Seja como for, não me parece que se deva aceitar o desgaste como desculpa, seja ele mental ou físico, parecendo-me que houve – isso sim – algum relaxamento imprudente para um jogo que, parecendo resolvido, não o estava.

Nota sobre a Académica para assinalar que a equipa deve estar contente com muito do que fez. Não discutiu nunca o jogo em termos de domínio, mas também nunca o pareceu querer fazer. Tinha, isso sim, uma estratégia centrada no controlo dos espaços considerados mais importantes e numa transição que conseguisse aproveitar a característica e largura do seu trio ofensivo. Isso foi, em alguns casos, muito bem conseguido, mas faltaram detalhes que acabaram por dar ao Benfica as brechas que precisava. Seja como for, a expulsão penalizou muito a equipa e é possível pensar que em igualdade numérica pudesse ter causado mais dificuldades na segunda parte.

Notas individuais
Ruben Amorim – A lateral era outra alternativa para ele, conseguindo um nível idêntico – em alguns aspectos superior – ao de Maxi. É pena, para ele e para o Benfica, que se tenha lesionado.

Coentrão – Grande jogo, outra vez. Está de volta às grandes exibições, recuperando do mau período iniciado na traumática derrocada do Dragão. Agora, ainda por cima, parece ter um entendimento muito maior com Gaitan, o que ainda o beneficia mais. Apenas realçar que Coentrão não é um dos melhores do mundo apenas pelo que faz ofensivamente. Defensivamente também é, invariavelmente, o dono do seu corredor.

Airton – Tinha falado, durante a semana, da falta de presença de Javi Garcia em posse. Pois bem, Airton fez 77 passes completados no jogo! É certo que o jogo permitiu-lhe aparecer mais, é certo, também, que não é um jogador forte na capacidade de passe, mas é também um dado adquirido que é um jogador que privilegia a segurança e que tem muito mais presença do que Javi Garcia nessa função (Javi nunca chegou sequer perto destes números em qualquer jogo). Em termos de domínio da sua zona também ganha em relação ao espanhol, ficando apenas a dúvida em alguns pormenores posicionais que podem ser importantes e onde Garcia é mais forte. Aspectos que podem ser corrigidos e que não impedem que se justifique uma aposta mais séria neste brasileiro.

Gaitan – Posicionalmente voltou a cumprir o seu papel, talvez até melhor do que noutras ocasiões, sendo um jogador útil nos momentos defensivos e entendendo-se cada vez melhor em termos posicionais com Coentrão. O problema foi no capítulo técnico. Vários pormenores que revelam o seu enorme talento, várias aparições, mas poucas consequências práticas. Denota sempre alguma displicência quando os jogos estão resolvidos e este pareceu-lhe resolvido cedo de mais.

Carlos Martins – Em parte foi um dos responsáveis pelas dificuldades da equipa em ataque posicional. Mas, por outro lado, foi dos elementos mais presentes nas principais jogadas da equipa, o que compensa claramente a primeira critica. Compensa, mas não a apaga.

Saviola – Foi a grande vitima do bom jogo posicional da Académica e, já agora, da incapacidade da própria equipa em alguns aspectos. A sua preponderância não foi a habitual e, por isso, não tenho desta vez quaisquer elogios a fazer-lhe. Aliás, reavivo uma critica: Saviola, com Cardozo, produz muito pouco para uma pressão defensiva que se pretende agressiva e potenciadora de erros na posse adversária.



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16.11.10

Benfica - Naval: Análise e números

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“Foi um bom espectáculo”. A frase é empregue frequentemente mas nem sempre com a justiça com que este jogo a mereceu. Um “bom espectáculo” não quer dizer forçosamente que tenha sido um “bom jogo”, ou que o seu interesse tenha sido por aí além. Enfim, será mais uma questão de gosto do que outra coisa. A mim, pessoalmente, interessa-me mais o critério, a estratégia e racionalidade colectiva. Também gosto mais do espectáculo, claro, mas quando este resulta do mérito e não tanto de algum desleixo na abordagem que é feita ao jogo. E esse foi, a meu ver, um pouco o caso deste Benfica-Naval. Um “bom espectáculo”, muito mais do que um “bom jogo”. No fim, ganhou o Benfica e por larga diferença. Uma diferença que se justifica pelo volume ofensivo, mas que poderia ter sido atenuada com um golo que a Naval também não deixou de justificar.

Notas colectivas
Como se explica então o ritmo de parada e resposta que se viu durante muito tempo, nomeadamente na primeira parte? Sem tirar mérito – que o houve – às acções ofensivas, há que falar daquilo que as defensas não fizeram. Isto porque, se a Naval tem aspirações de retirar pontos a um “grande”, não pode cometer tantos erros na sua linha mais recuada e, por outro lado, o próprio Benfica não pode esperar deixar de passar por sobressaltos se não se acautelar melhor defensivamente.

Em relação ao Benfica, já acontecera a mesma situação com o Paços, que também conseguira um número de finalizações elevadíssimo na Luz. Desta vez a origem não é exactamente a mesma, porque o Paços conseguira impedir o Benfica de sair a jogar através de um pressing mais alto que forçou o Benfica a bater bolas longas e a disputar um jogo mais físico no meio campo. Desta vez, a origem não se repetiu mas o “meio” foi o mesmo.

Ou seja, o Benfica foi, é e continuará a ser uma tacticamente forte. Muito forte, mesmo. Posiciona-se muito bem em todos os momentos e reage rapidamente a todas as mudanças de situação no jogo. O problema é que o modelo de Jesus é bastante exigente porque arrisca sempre muito quando em posse da bola. Opta por uma circulação muito vertical e não hesita em colocar muita gente nos processos ofensivos. Neste sentido, o maior problema desta época – como várias, e várias vezes tentei explicar – está na segurança do passe na zona de construção. Ou seja, perdendo a bola em zona não muito alta, torna-se muito difícil lidar com a transição ataque-defesa, mesmo se a reacção colectiva me parece francamente boa após a perda. Foi isso que custou derrotas como as da Supertaça, de Guimarães, frente a Schalke ou Lyon.

Contra a Naval isso não aconteceu com especial frequência ou gravidade, mas houve alguma displicência na forma como a equipa defendeu, empregando pouca agressividade em duelos individuais que, sendo sucessivamente perdidos, abriram caminho às ocasiões que todos observamos na primeira parte do jogo.

Quanto à Naval, para além de ter permitido muitas ocasiões por parte do Benfica – normalmente uma goleada resulta de uma eficácia assinalável, mas este nem foi um desses casos – permitiu também que essas ocasiões fossem bastante claras. Para comprová-lo basta atentar a este dado: enquanto que no campeonato, o Benfica leva apenas, e média, 40% das suas finalizações à baliza, neste jogo 15 em 20 (75%) tiveram esse desfecho. De assinalar os inúmeros erros que a equipa cometeu no seu último terço, em particular na sua última linha defensiva.

Notas individuais
Coentrão – Não se pode dizer que tenha jogado mal, mas foi uma actuação francamente modesta e discreta para as suas potencialidades, e num jogo que tinha tudo para conseguir outro protagonismo. Pode ser coincidência, mas é impossível deixar de constatar que tal acontece no primeiro jogo após a hecatombe do Dragão.

David Luiz – Ao contrário do que aconteceu no Dragão, creio que a sua actuação deve ser censurada. A forma como abordou os duelos com Fábio Junior foi displicente e custou-lhe a perda de algumas situações proibidas e desnecessárias. Parece desleixo, e parece também estranho porque o aviso sobre a qualidade de Fábio Júnior já vinha do ano anterior.

Airton – Foi o jogador com mais passes completados, com mais intercepções e com maior % de passe da equipa. Um feito que Javi Garcia, nas 10 utilizações como titular nunca havia conseguido. Aliás, Garcia só por 2 vezes fez mais passes do que Airton neste jogo, e em nenhuma ocasião conseguiu tantas intercepções. O espanhol entenderá melhor o modelo e terá uma melhor noção posicional, mas não é, nem tão reactivo, nem tão forte nos duelos individuais, nem tão pouco tão certo no passe como Airton (apesar deste ter cometido 2 erros a este nível). Não digo que Airton só tenha vantagens, ou que o Benfica esteja mal servido com Javi, mas creio – já de há algum tempo, e com sucessivo reforço dessa ideia – que é o brasileiro quem garante melhor rendimento no desempenho do lugar.

Aimar – Fez provavelmente o seu melhor jogo no campeonato. Isto, porque o número de desequilíbrios que criou é incomparável com qualquer outra actuação na prova, ficando a dever a si próprio pelo menos 1 golo, que só por manifesta infelicidade não aconteceu. Ainda assim tenho uma critica a apontar-lhe. 60% de sequência em todas as posses que teve é muito pouco para quem joga ao longo de todo o corredor central. Aimar pode e deve trabalhar melhor o critério quando baixa para zonas onde o risco deve ser menor. E isso, assinale-se, já lhe custou, a ele e à equipa, alguns dissabores esta época.

Gaitan – Tivesse Gaitan outro nome e outra reputação e teria feito todas as manchetes do dia seguinte. Isto porque a sua exibição foi simplesmente estrondosa. Marcou 2 excelentes golos e ainda participou num total de 6(!) desequilíbrios da equipa. Para além disso, evitou erros que vinha comentendo em posse e teve um desempenho defensivo bastante bom, o melhor dos 5 jogadores mais ofensivos. Aliás, sobre isto importa dizer que Gaitan não é um jogador especialmente agressivo e, por exemplo, não consegue ser muito útil num pressing mais alto. Mas, por outro lado, é um jogador que se posiciona bem tacticamente e que tem esse sentido de responsabilidade colectivo. O seu maior problema, a meu ver, é a decisão em posse em zonas mais atrasadas, onde ainda arrisca demasiado e onde já perdeu demasiadas bolas nesta temporada.

Salvio – É mais agressivo do que Gaitan, está a melhorar claramente, mas sente mais dificuldades em termos tácticos. Porquê? Porque Salvio sempre foi um jogador de último terço, mais avançado do que médio, com menos responsabilidades tácticas e sem a necessidade de decidir com frequência a 50 metros da baliza. Nem na Argentina, nem no pouco tempo em que esteve no Atlético. Mas – repito – dê-se-lhe tempo...

Kardec – Marcou um golo e, mesmo se continuou ausente das dinâmicas da equipa, foi muito útil nas primeiras bolas, onde a Naval sentiu dificuldades. Para fazer o que Cardozo fez no campeonato até à lesão (derbi à parte) chega e sobra. Mas isso também não é propriamente um elogio...



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21.7.10

Guimarães - Benfica: notas colectivas e individuais

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Os últimos anos fizeram deste um clássico de pré época. A versão 2010 terá sido provavelmente a menos interessante de todas. Culpa do Vitória, claro, que só não evitou um enorme embaraço graças à gentileza de Roberto. Antes dos detalhes, porém, quero deixar uma nota introdutória sobre os dados estatísticos que apresento. Há algum tempo que venho acompanhando as minhas análises e observações com a recolha destes números. Não se trata de um mero capricho meu, mas antes de uma tentativa de obter, através de um tratamento coerente desta informação, uma importante ferramenta de análise qualitativa de equipas e jogadores. Para tal, criei uma pontuação ponderada e que apresento pela primeira vez. A ideia será fazer deste um indicador com presença constante, já durante a próxima época...

Benfica (colectivo)
Como se esperava, as férias não serão mais do que uma pausa no Benfica de Jesus. Retomados os trabalhos, e mantida a qualidade do plantel, voltou a qualidade. Para o Benfica, este Vitória foi pouco mais do que manteiga. O seu futebol está, nesta altura, noutra galáxia e nem sequer precisa de despir o pijama. Basta-lhe manter a organização e forçar alguns momentos de intensidade e logo aparecem as transições demolidoras, frutos de um pressing colectivo que é um dos principais alicerces do modelo. E já está. Mesmo com Roberto a complicar.

No Benfica, apenas uma reserva. Não é Roberto, porque mesmo que se confirme um fiasco, há sempre Julio César para garantir que não será na baliza que a equipa vai perder qualidade em relação ao passado. É sobre Aimar. No ano passado falei repetidamente do tema. Aimar ocupa a posição mais importante do modelo e ninguém garante a sua qualidade em todos os momentos do jogo. Se o argentino fosse fiável fisicamente, não haveria motivos para urgências, mas no meio de tantos milhões continua a fazer-me confusão como não se procura mais afincadamente uma alternativa para um jogador tão importante e que promete progressivamente perder minutos de utilização.

Benfica (individual)
O primeiro destaque individual vai para Kardec. Não pelos golos, embora eles sejam de importância óbvia. O detalhe é que o nível de participação e de qualidade no jogo foi bastante elevado e, sobretudo, bem melhor do que aquilo que Cardozo costuma apresentar. O paraguaio que se cuide.

Sobre Gaitan, nenhuma surpresa. Escrevi-o ainda antes de sequer se sonhar que seria reforço do Benfica. Tem semelhanças com Di Maria, sem lhe ficar em nada a dever na maioria dos aspectos. Pode ainda não ter revelado a mesma explosão, mas decide melhor, joga melhor em espaços interiores, é melhor na zona de finalização e nada inferior tecnicamente. Dificilmente Di Maria será um fantasma na Luz.

Também um jogador que não surpreende é Airton. Não fez uma exibição isenta de erros, mas voltou a confirmar a sua fiabilidade. Já agora, fica a informação porque não está no quadro: Javi Garcia foi o pior do Benfica, pontuando 4,8, consequência de 4 perdas de bola em apenas 45 minutos. Outro titular a precisar de se cuidar...

Menos fulgurantes estiveram Jara e Menezes. O primeiro marcou um grande golo, mas não conseguiu a presença que dele se pode exigir. O segundo jogou simples, mas nem acrescentou nada em termos criativos, nem ficou isento de erros. Assim será difícil...

Guimarães (colectivo)
Que mau! Primeiro fiquei com a sensação de que o Vitória teria recuado para os tempos de Vingada. Isto, pelas semelhanças em termos de elasticidade táctica e ausência de um modelo mais rotinado. Mas não. Com Vingada, nunca foi tão mau. Pela sua filosofia, nunca poderia esperar um crescimento com a chegada de Manuel Machado, e seguramente que só pode melhorar, mas, para já, os indícios não são nada bons para o futuro próximo do “professor”. Há que contar com a qualidade do adversário e considerar ainda que o trabalho está apenas no inicio, é certo, mas parece-me que o melhor é mesmo que o Vitória comece a arrepiar caminho na construção de um verdadeira equipa. Manuel Machado está como a sua filosofia: preso às referências individuais. Parece preocupado em encontrar a qualidade ideal para cada lugar, mas enquanto não o consegue a equipa demonstra um nível raramente baixo de qualidade organizacional, que combinou igualmente com uma boa dose de imprudência decisional. Como disse atrás, valeu Roberto.

Guimarães (individual)
O “caso” chama-se Faouzi. Impressionante qualidade técnica e impressionante eficácia de passe para quem joga na sua posição. O problema, porém, é que Faouzi não parece perceber a importância das zonas para a posse. As poucas bolas que não endossou correctamente resultaram em transições e uma delas esteve na origem de um golo. Alguém queira explicar-lhe melhor estes detalhes e podemos estar perante uma estrela emergente.

À margem de Faouzi – um caso especial – os reforços do Vitória não parecem ser o problema de tantos problemas colectivos. Pereirinha promete afirmar-se finalmente na posição onde tem mais probabilidades de sucesso. Ainda na defesa, mas do outro lado, Anderson Santana esteve bem melhor do que Bruno Teles. Na frente, e já conhecido, Edgar foi presença útil, embora não se perceba que possa ser uma grande mais valia em relação ao que foi Roberto, por exemplo. Nota, finalmente, para Bebe e Maranhão entre os reforços analisados. A confusão em relação a comum e onde devem ser utilizados diz muito sobre o estado de coisas no momento. Bebé parece ter caído nas graças dos adeptos, mas é Maranhão quem merece esperanças mais legítimas de qualidade.



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3.3.10

A estreia de Airton

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Não foi, obviamente, uma estreia vistosa. Não era isso que se esperava, nem tão pouco é isso que dele se pretende. Airton foi, acima de tudo, eficaz. Quase a 100%, e, por isso, o tempo que esteve em campo credita-lhe nota claramente positiva para a estreia. Um resultado que tenho apenas como altamente previsível face ao que já havia observado do jogador e, por outro lado, ao meu entendimento da função para a qual foi destinado. Falta-lhe confiança, falta-lhe à vontade, mas tem tudo para cumprir à risca com os requisitos exigíveis. Em especial, e para além do aspecto físico, a disciplina com que entende a função. Preocupa-se com equilíbrios, compensações e joga simples. Ao contrário do que chegou a ser sugerido na transmissão, aliás, não leva tempo com a bola nos pés. Apenas não cria, nem tenta acrescentar nada e joga simples, tal como se lhe pede. Falou-se do elevado número de faltas sofridas, mas eu prefiro perguntar se alguém lhe viu alguma perda de bola ou passe errado? Eu não. Para a frente virão desafios bem mais complicados, é certo, mas vale também a pena não esquecer que tem apenas... 20 anos.

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28.12.09

Mercado: As aquisições de Benfica e Sporting

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Quem olha para as contas não consegue perceber, e, por isso, há algo para explicar na origem de toda esta agitação do mercado. O fenómeno que já não é novo na Luz parece agora ter contagiado o outro lado da circular e a crise, subitamente, também acabou em Alvalade. Perceber a parte financeira ou, mais importante ainda, discutir modelos de gestão é algo que justifica um lugar de destaque na agenda, mas, por agora, falemos apenas da parte desportiva...

Benfica – Airton, Kardec, Eder Luis
Sobre Airton já aqui deixei uma opinião mais detalhada. Trata-se de um jogador com todas as características para substituir Javi Garcia e que poderá ser também alternativa para a posição de central.

Mas o Benfica foi também à procura de uma outra solução para a frente de ataque. Alan Kardec foi o escolhido e estou em crer que há da parte do Benfica uma crença de que este jogador possa render mais do que a sua trajectória indica. Isto porque, depois de um inicio promissor em 2007, Kardec ofuscou-se dentro do panorama futebolístico brasileiro, aparecendo apenas no Mundial de sub 20 onde beneficiou das inúmeras ausências no ‘escrete’ para ser titular. Não é um jogador de estatura invulgar, mas tem no jogo aéreo a sua imagem de marca, conseguindo ser muito dominador nesse plano. Será a sombra de Cardozo e é provável que substitua um infeliz Keirrison. A troca percebe-se à luz das dificuldades que o ex-Coritiba vinha revelando, mas há também que dizer que será muito difícil alguém perceber uma troca deste tipo, olhando apenas o rendimento de cada um dos jogadores dentro do futebol brasileiro.

Entretanto, nas últimas horas, vem ganhando força a hipótese de Éder Luis. É um jogador que, tal como Tardelli, teve um crescimento considerável no último ano ao serviço do Atlético Mineiro. Éder Luis é um bom executante, mas é sobretudo pela velocidade que se destaca, ganhando especial protagonismo em situações de transição. Embora esteja a ser encarado como reforço para a linha da frente, estou certo que a sua aquisição, a confirmar-se, terá muito a ver com a sua polivalência. É que se Éder Luis vinha jogando como avançado no Atlético, no São Paulo experimentou muitas outras posições, especialmente junto das laterais.

Sporting – João Pereira e Pongolle
Terá sido a primeira surpresa do mercado. João Pereira foi aposta forte para a direita. Quanto à necessidade de reforçar a posição, há muito que ela é clara. Mesmo urgente, tendo em conta a falta de rendimento das soluções que aí vêm actuando. João Pereira tem tudo para triunfar. Apesar da sua postura por vezes demasiado temperamental, combina todas as qualidades que são necessárias a um bom lateral e muito dificilmente deixará de ser o dono da posição nos próximos anos em Alvalade. É, por isso, uma aposta segura. Há 2 pontos que quero ainda focar neste aspecto. Primeiro o custo. Tem sido algo comentado, mas creio que, atendendo ao contexto da transferência e ao que se pode esperar do jogador, o preço é apenas o justo. Não foi seguramente uma opção visionária do Sporting, mas também não me parece um negócio extraordinário para o Braga. Finalmente, referir que ficou por testar mais declaradamente Pereirinha na posição. É uma pena para o jogador, até porque, muito provavelmente a defesa será, mais tarde ou mais cedo, o seu destino no campo de jogo.

O outro nome, Sinama Pongolle, também representa uma aposta importante. O perfil percebe-se perfeitamente. Pongolle oferece a Carvalhal a possibilidade de utilização, quer como extremo num 4-3-3, quer como avançado em 4-4-2, numa polivalência apenas apresentada por Vukcevic no plantel. Aliás, o montenegrino é quem tem o lugar mais ameaçado com este reforço. Pongolle terá seguramente qualidade suficiente para actuar de leão ao peito, a questão, no entanto, por saber até que ponto será mesmo uma mais valia. Algo que dependerá muito da atitude do francês. O que é certo, por agora, é que o Sporting precisa de mais capacidade no último terço para dar seguimento ao crescimento observado na fase de construção do seu jogo.
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16.12.09

Mercado de Inverno: Airton

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Será, provavelmente, a primeira contratação de um ‘grande’ no mercado de Inverno. Airton dará seguimento à euforia do título conquistado com mais um passo importante na carreira de qualquer jogador sul americano: o "salto" do Atlântico. Do lado do Benfica, a aposta percebe-se facilmente e deixa, ainda, em aberto um cenário provavelmente planeado pela gestão encarnada: a saída de Javi Garcia provavelmente no próximo Verão. É assim que encaixa todo o puzzle.

Começando pelo que mais interessa, a parte técnica. Airton é um protótipo perfeito do jogador idealizado por Jesus para a posição de "pivot". Todos os requisitos base estão garantidos. Ou seja, poder aéreo, disciplina táctica, capacidade defensiva e competência para executar bem quando a bola passa pelos seus pés. Airton tem tudo isto, destacando-se pela forma madura como, com apenas 18 anos se começou a impor no Flamengo, realizando, aos 19, uma época fantástica em termos de competência e regularidade. Quando encosta na marcação é muito difícil de evitar e quando a bola lhe chega aos pés não treme, procurando sempre o passe seguro para dar seguimento à jogada. Convém ainda referir que Airton faz também a posição de defesa central, onde jogou durante praticamente metade da temporada.

A capacidade “bruta” está lá e é mais do que suficiente para que Airton venha cumprir na perfeição a missão táctica, mas o “teenager” carioca tem ainda de ser trabalhado. No Flamengo foi também conhecido por algum excesso de dureza, mas não é esse o principal desafio. Conhecer bem o modelo, a interacção com o posicionamento dos companheiros, o privilegiar das referências zonais e não individuais e ter de lidar com um futebol mais pressionante e capaz de potenciar o erro, são as metas para a integração do jogador. Mas, reforço a ideia, se a capacidade existe, o trabalho táctico não deve ser obstáculo, demore mais ou menos tempo a ser conseguido.

Preparar a venda de Javi Garcia?
Se a avaliação do perfil encaixa perfeitamente na posição pretendida, o investimento, pelos valores falados, torna-se mais difícil de explicar. Apesar da sua polivalência será difícil pensar noutro lugar para Airton que não aquele onde joga Javi Garcia. Por outro lado, por muito jovem que seja o jogador – e é – um investimento tão avultado é difícil de rentabilizar de chuteiras estacionadas no banco de suplentes. Para mais, se fosse apenas para encontrar alternativa ao espanhol, seria bastante fácil encontrar competência para uma função de poucas exigências técnicas por um preço ridiculamente mais barato. Ou seja, tudo somado, só faz sentido pensar numa opção por Airton na perspectiva de uma venda futura de Javi Garcia, provavelmente no final da época. E é bem possível, sabendo-se do poder económico existente no mercado que mais atentamente acompanhará o bom trajecto que o ex-Real Madrid vem conseguindo em Portugal...

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