Eu moro bem ao lado do mercado da minha família, que, como já disse, tem mais de 40 anos.
Graças a diversos fatores, a venda aumentou muito e estamos em vias de fazer uma pequena mudança, aumentar. Temos um terreno nos fundos muito bom e isso - o aumento - será inevitável.
Tenho grande apego a esse terreno, pois lá temos pés de frutas que meu pai plantou. Mangueira, bananeiras, limão cravo, pitangueira. Tudo plantado desordenadamente, mas teve as mãos dele e isso me comove.
A mangueira está muito frondosa e linda. É uma das únicas árvores grandes e frutíferas no bairro, portanto tornou-se ponto de passagem e alimentação para diversos pássaros, assim como a pitangueira.
Despedir-me dessas árvores é inevitável, assim como será inevitável meu sofrimento por não ver mais os pássaros que tanto aprendi a amar. Por antecipação já me encontro agoniada, entro lá e fico olhando, tirando fotos para guardar - e muitas vezes as lágrimas surgem. Sou assim mesmo, apegada às plantas e animais.
Todas as manhãs coloco comidinha (milho e quirera) para as rolinhas, que vem aos montes. Também aparecem sabiás, pássaro preto, bem-te-vi e beija-flor (que adora o néctar da trepadeira lágrimas de cristo). Eu os chamo de "pepolinos" e eles já sabem quando coloco as comidinhas, ficam de plantão.
Vejam as fotos e imaginem a dor que sinto ao pensar em derrubar essas árvores...
Meu pé de manga, que está carregadinho para nos presentear:
Pitangueira (em casa) e pé de manga, ao fundo:
"Pepolinos" aos montes tomando café da manhã (perdo delas, o limão cravo)
Maritaca encantadora furtando nossas pitangas deliciosas e docinhas. Foto tirada hoje, num desses momentos de muita sorte:
Casal de maritacas se preparando para mais uma refeição na pitangueira:
Tristeza é pouco para o que está por vir. O que será desses doces pepolinos?
Nós todos crescemos e os empurramos cada vez para bem longe. Nós os expulsamos...
Beijooo