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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Capote A Sangue Frio


Truman Capote em 1959
Um ano antes de conhecer Perry Smith




Olá Fofas de Plantão e de Férias!  :O)

Saudades de todas vocês!

Descansei alguns dias, afinal o trampo no supermercado no final do ano foi punk e eu fiquei morta com farofa....hahaha

Bom, mas passou e já dei uma arribada o suficiente para retornar ao blog!

Ano novo, vida nova - ao menos é o que dizem... Mas aqui os problemas são os mesmos do ano passado: pagar contas em supermercado rende tanto quanto enxugar gelo. E não adianta reclamar, pois as duplicatas chegam com uma rapidez assustadora...hahaha

Mas mudando o rumo da prosa e indo ao encontro do ano novo, lembrei-me que em dezembro assisti a um filme lindo na Tv a cabo: Confidencial.

O filme conta a história da criação de um livro de Truman Capote. Capote é um escritor controverso e o livro A Sangue Frio é sua maior obra prima. Um livro lindo e repleto de grandes descobertas sobre os norte americanos, além de ser o precursor num dos tipos de literaturas mais lidos do mundo atualmente: Capote deu início a última revolução importante na literatura e no jornalismo do século 20,  o “romance verídico, de não-ficção” (hoje chamado de Novo Jornalismo).

O raciocínio dos críticos da época que discordaram era o seguinte: como é que um romance, que lida com a ficção, podia ser classificado de não-ficção? É justamente aí que está a inovação e a surpresa de Capote: ele escreveu uma reportagem que pode ser lida perfeitamente como ficção. No caso, um romance com boa dose de suspense e narrativa cinematográfica.

Isso mesmo: um romance baseado em fatos reais que, até 1965, não existia. Portanto queridas, corram para ler ou para ver o filme, pois ambos são monumentais do ponto vista tanto histórico quanto literário. Todos os filmes que vimos e livros que lemos após 1965 com essa narrativa diferenciada se deve a Truman Capote.


O filme se baseia na decisão de Capote, até então jornalista de periódicos do New Yorker, de ir a uma pequena cidade do Kansas tentar saber mais sobre um brutal assassinato: dois rapazes matam a sangue frio uma família de 4 membros (pai, mãe e 2 filhos adolescentes).


Após saber mais a respeito do crime, Capote decide que a história poderia dar um belo romance. Contra tudo e todos, ele parte em busca desse furo que celebraria a descoberta de uma nova literatura.


Mas o filme em si, que poderia ser enfadonho, cresce surpreendentemente com a história de amizade e intimidade que nasce entre ele e um dos assassinos e com a relação de Capote com os habitantes da pequena cidade de Holcomb, que tem apenas 270 habitantes.


Homossexual assumido, afetado, baixinho (media 1,58), com uma voz fininha de garoto, Capote se sentiu extremamente desconfortável naquele ambiente de “faroeste”. Virou a atração principal da cidade. Os moradores da cidadezinha imitavam os seus trejeitos e a sua voz, mas duas semanas depois era Capote quem os ridicularizava.


O assassino Perry Smith, que se mostra de infânica a mais dura e sofrida que se possa imaginar, mas de grande delicadeza e inteligência, cativa Capote a ponto surgir entre eles muito mais que amizade. E Capote faz de Perry um dos maiores personagens da literatura americana. Tanto Capote quanto Perry tiveram uma infância semelhante e o escritor se questionava da sorte de ter seguido um outro caminho. Por saber das dores de Perry, não o culpava da mesma maneira como tantos outros.


A história de amizade e de amor entre esses dois homens tão diferentes e tão semelhantes é cativante, delicada, apaixonante e arrebatadora.


Quando o filme termina e você se vê entre muitos sentimentos banhados por lágrimas, sabe que a história é verdadeira, que o sentimento existiu e que, enfim, você é mais um refém das tramas do brilhante Capote.


Não há como não se emocionar com esse filme, como não ver que qualquer que seja o caminho da criminalidade, lá pode se esconder alguém de imensa sensibilidade e, por mais paradoxal que seja, de imensa pureza.


Capote, com seu egocentrismo e fixação em terminar o romance, cometeu muitos erros com os 2 assassinos e isso o acompanhou até a morte: depois de “A Sangue Frio”, Capote nunca mais foi o mesmo. Como artista, entrou em decadência irreversível, até morrer em agosto de 1984, um mês e pouco antes de completar 60 anos, vítima da depressão, do álcool e das drogas pesadas.


O seu romance-reportagem entra para a história não só como um dos principais marcos da literatura e do jornalismo do século 20, mas também como um dos relacionamentos mais tensos, neuróticos e complexos de que se tem notícia entre um autor e sua obra.


E, adianto logo, esse filme é muito superior a Capote, com Philip Seymour Hoffman. Muito superior mesmo!

E se nada disso a animou a assistir ao filme, adianto também que o papel de Perry Smith coube ao belíssimo e talentosíssimo Daniel Craig (o novo 007), que no filme está.... moreno!...  :O)


Daniel Craig caracterizado de Perry Smith





Fotos do verdadeiro Perry Smith


Leia mais sobre o filme aqui.

Trailer do filme:







Capa do livro A Sangue Frio


Minha dica de hoje é essa: que o amor, o respeito e a sensibilidade podem surgir das mais diferentes relações, seja qual for a diferença social existente.

E que em 2010 deixemos aflorar esse amor intenso de Truman Capote em todos nós.

Boa leitura e bom filme!


Beijooooooo



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vamos comemorar: hoje é o Dia Nacional do Livro!

Olá Queridas!  :O)

Hoje é o Dia Nacional do Livro!

E tudo começou em 29/10/1810, quando a Corte portuguesa encontrava-se no Brasil fugindo da guerra imperialista de Napoleão Bonaparte e registrou-se a transferência da Real Biblioteca para o Rio de Janeiro.

Com essa decisão a vida do Brasil mudou de rumo, pois os livros tem o poder de mudar a história ao preservar memórias, transmitir conhecimento, formar consciências e garantir aos cidadãos o direito essencial da liberdade de expressão, do pensamento e da formação de juízo de valores. Por isso é importante comemorar cada aniversário da chegada da Biblioteca Real ao Brasil.

Apesar de muitas vezes eu me desanimar com a falta de leitura dos brasileiros, saiu uma estatística que aponta que, no ano de 2008, foram lançados no Brasil 57 mil novos títulos e impressos mais de um bilhão de exemplares. O estudo, que também aponta significativa queda de preços, evidencia os esforços das editoras, livrarias, distribuidores e do segmento de venda porta-a-porta para que a leitura seja cada vez mais parceira do desenvolvimento (como eu disse aqui, bons livros podem ser comprados até pelo catálogo da Avon!).

A antiga desculpa de que "não leio porque os livros são caros", não cola mais. Há livros para todos os gostos e todos os bolsos, com ou sem parcelamento. Pode-se comprar por catálogos, em livrarias, em sites de livros novos e usados, em sebos. Quando era universitária e a grana era curta, descobri preciosidades em sebos! É uma questão de querer e correr atrás.

Também há iniciativas privadas que muito tem contribuído para a divulgação da leitura como, por exemplo, Bienal do Livro, prêmio Jabuti, assim como a ampliação das ações federais (como o Programa Nacional do Livro Didático — PNLD e Programa Nacional Biblioteca da Escola). Ainda é muito pouco ou quase nada num universo de milhões de habitantes. 

Sem contar que temos de fazer a nossa parte e transmitir o gosto pela leitura aos pequenos em formação. Quando uma criança vê o adulto genitor lendo diariamente, fatalmente ficará curioso e o gosto se despertará. Quando for a um shopping, não leve seu filho apenas para comer e comprar roupas: aproveite a oportunidade para levá-o a uma livraria!

É um desafio gigantesco converter alguns brasileiros em leitores, mas não devemos desistir. Com a leitura e o discernimento faremos do Brasil um país mais livre e mais justo!

Vamos espalhar essa semente!


“A palavra é o meu domínio sobre o mundo"
Clarice Lispector



Tenham todas uma boa noite!

Beijooo

*************


Curiosidade:

Vocês sabem qual é a cidade que mais lê no Brasil?

É a cidade de Lençóis Paulista (fica em SP e tem cerca de 60 mil habitantes), que tem 1 livro para cada 2 habitantes. E o reponsável por isso é ninguém menos que um conterrâneo famoso que incutiu o hábito da leitura nos habitantes há muito tempo atrás.

O nome dele era Orígenes Lessa, que escreveu maravilhas como O Feijão e O Sonho. Mas sua especialidade era mesmo a literatura infantil. Há muitos livros dele que poderão dar aos seus filhos para incutir desde já a leitura nos pequenos: Memórias de um Cabo de Vassouras, Arca de Noé, Cabeça de Medusa, Edifício Fantasma e muitos outros!  :O)

Beijooo



segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Rosquinha de laranja com refrigerante e leitura!

Olá Fofas!

Adoro biscoitos e rosquinhas, mas com um agravante: não curto os industrializados de jeito nenhum! De que tipo for, não aprecio. Eu comi tanto, mas tanto!, quando fazia faculdade fora, que hoje não posso nem ver! O mesmo acontece com o miojo. Peguei nojo...rs

E vejam: a minha cidade é considerada a maior produtora de biscoitos do Brasil! Aqui temos as maiores e melhores fábricas do país. Quando estão assando o biscoito Passatempo, da Nestlè, a cidade fica com aquele cheiro delicioso no ar. Geralmente eles assam de madrugada, o que os deixa ainda mais apetitosos e com vontade de provar.

Isso pode ocorrer com a maioria, menos comigo - que odeio biscoitos e rosquinhas de indústria...rs. Não tem jeito!  :O(

E, para saciar minha vontade, costumo fazê-los. A vontade da vez foi uma Rosquinha de Laranja, cuja receita achei na internet, fuçando aqui e ali. Fica uma delícia.

A única diferença é que não passei minhas rosquinhas na farinha de milho, preferi envolvê-las com glacê feito com açúcar de confeiteiro (a mamis que fez o glacê, pois o meu desandou...rs). O resultado foi ótimo!

Mas as rosquinhas foram desculpas para falar de um livro muito interessante.

O autor da vez é considerado um clássico, um gênio: Henry James. E o livro é A Outra Volta do Parafuso.

Henry James sabe amarrar bem a narrativa, com personagens sólidos mas que nos escapam a uma análise mais precisa. Você pode até achar que os conhece, mas sempre se engana. E isso é o que nos cativa nesse escritor único!

Trata-se de um livro muito curtinho, para quem aprecia leituras bem rápidas (se for ligeira lê em uma noite). Um livro que contém DUAS histórias, mas falarei de apenas uma delas.

A história é de terror, mas nos dias de hoje, com a demanda que temos no cinema de horrores de gosto duvidosíssimo, esse livro é bem light.

A Outra Volta do Parafuso conta a história de uma governanta, no interior da Inglaterra do século XIX, que chega para trabalhar em uma mansão que trem duas crianças, Flora e Miles. Com o passar do tempo ela nota que essas crianças sofrem a influência dos espíritos de dois empregados falecidos no local.

Porém, uma dúvida nos incita a perguntar: é verdade o que a governanta vê? Ou seria uma invenção para chamar a atenção e para punir as crianças?

Como o livro é narrado pela própria governanta, devemos permanecer atentos a todos os detalhes da narrativa, pois podemos cair em emboscadas como as feitas por Bentinho em Dom Casmurro.

O final é surpreendente e guarda uma amargura. Qual?

Leia e descubra, pois vale a pena!


















Detalhes extras:

 - A toalha feita por mim com uso de estêncil  :O)

 - O copo é de um conjunto de sucos da minha mãe. Ganhou de presente de casamento em 1956!  O conjunto, por incrível que pareça, está completo até hoje: a jarra e 6 copos! \o/

Espero que tenham gostado da dica!

Beijoooooo



PS:  Revelação sobre o porquê do nome do livro: ao contar uma história de fantasmas, na qual a criança é visitada por espectros, dá a narrativa “uma volta do parafuso” e, ao falar para duas crianças, dá ao parafuso “duas voltas”.



terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os Livros Mais Vendidos ou Best Sellers



Para quem aprecia um bom livro, lidar com "best sellers" é muito complicado.

Livros campeões de vendas são sempre taxados de péssima qualidade - e, na maioria das vezes, fazem jus a essa fama ruim.

Mesmo assim estou sempre comprando alguns desses livros para saber se houve melhora na qualidade deles, se o mundo tem evoluído na literatura para o grande público. Geralmente compro pela intenert ou até por catálogos da Avon (acreditem, estão à venda por lá!). Nem me dou ao trabalho de comprar esse tipo de literatura em livrarias.

Muitas vezes me deparo com algumas surpresas muito boas, noutras vezes a má impressão é reforçada.

Citarei hoje 2 casos que, ao meu ver, surpreendem positivamente. Em um outro caso, permanece o desgosto de ler algo tão banal.

Começarei, de cara, com um livro que me decepcionou profundamente:

"A Cabana", do escritor americano William P. Yong.

O livro começa com uma história instigante de um pai que sofre as consequências de ter uma filha pré-adolescente que desaparece misteriosamente, deixando como pista somente uma cabana onde pode ter estado pela última vez.

Anos depois o pai da menina, que vive assombrado pela perda, é chamado para ir à Cabana para conversar com "Deus" (o pobre homem recebe um bilhete assinado por Deus). Lá permanece alguns dias falando com o próprio, com o Espírito Santo e outros. Volta então "transformado", modificado.

O livro foi best seller por meses a fio nos EUA, se manteve na liderança de vendas e sucesso etc. Mas lhes garanto: maior bobeira não há! Não aprofundo a questão religiosa, até porque cada um com sua fé. Mas o livro em si é de uma bobeira atrás da outra, com frases de duplo sentido e provérbios muito batidos. Repleto de chavões que alavancam sucesso, talvez isso justifique suas vendas.

Mas se for pra ler sobre religião, ainda fico com León Tolstói que, muitos não sabem, escrevia muito bem sobre temas dessa natureza religiosa.

Os dois livros que me surpreenderam positivamente foram:

1) A menina Que Roubava Livros, de Markus Zusak - O livro me surpreendeu e fez cair por terra meus preconceitos com best sellers. A frase incial do livro já é de grande impacto: "Quando a Morte conta uma história, vc deve parar para ler"

O enredo é sobre a menina Liesel Meminger, que será adotada juntamente com seu irmão por uma família alemã. No caminho para a adoção o irmãozinho morre e, para esquecer essa dor, a menina rouba seu primeiro livro (ainda não sabia ler). A partir daí ela fascina a Morte e esta passa a acompanhá-la contando a história.

Muita coisa acontece no livro, que se passa durante a 2a. Guerra, mas o interessante é porque a Morte escolhe a história de Liesel para nos contar. Há alguns erros crassos de narrativa que o autor cometeu, como esquecer que a Morte narra a história ou se alongar numa história que nem seria necessária. Mas há acertos na linguagem, que não é apenas de best sellers e de narrativas que te envolvem profundamente.

Compre e leiam, porque vale muito a pena! No catálogo da Avon está custanto R$ 18,90. Um excelente investimento para ler ou presentear.

Vamos ao segundo livro:

2) A Cidade do Sol, de Khaled Housseini: O autor já foi consagrado com O Caçador de Pipas que, confesso, gostei bastante. Mas o livro em questão conta a história de Mariam e Laila, duas mulheres muito diferentes que se encontram durante o caos do Afeganistão e suas cruezas contra as mulheres. O livro é forte e o autor não poupa o leitor de  uma história verdadeira, onde fatos não são floreados.

O livro se divide em duas partes, sendo que na primeira as infâncias são contadas mas sem que se conheçam. Ambas se conhecem e se identificam com os mesmo problemas. Na segunda parte aparecem conflitos, mas a cumplicidade, ao final, permanece forte entre ambas.

O livro é ímpar por nos informar verdadeiramente da barbárie que a sociedade afegã emprega às mulheres. A crueldade impera, os direitos não existem, o respeito desconhecem. Nós, mulheres, somos inferiores até a alguns animas, como o camelo.

O livro vale pela força das personagens, pela amarração da história, pela descoberta de um novo país que - mesmo nos dias atuais - permanece na pré-história.

No catálogo da Avon este livro estava por apenas R$ 19,90. Uma pechincha por um livro dessa qualidade! Excelente dica para presentear no Natal aquele parente que aprecia uma boa leitura!

Um livro que nos faz dar graças a Deus por ter nascido no Brasil!

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Espero que tenham gostado das dicas de hoje!


Beijoooooooo



Fotos dos livros antes da leitura, ainda embalados no plástico, com a etiqueta Avon. E, claro, sendo observados pela curiosa Lola, que não desgruda da mãe humana por nada no mundo!











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domingo, 27 de setembro de 2009

A Montanha Mágica, de Thomas Mann

Apaixonada que sou por literatura, sempre me presenteiam com preciosidades que faz com que me cale por dias numa compenetração total.

E foi num dos meus aniversários, há uns 6 anos, que ganhei de meu querido irmão que mora em SP o livro "A Montanha Mágica", de Thomas Mann.

Lembro-me que sempre admirei Thomas Mann e ainda não havia lido apenas este livro. Fiquei tão empolgada e feliz que nem me lembro se agradeci com a cordialidade que se deve ter quando se ganha um presente muito desejado.

Naquela noite mal dormi e já adentrei a conhecer a vida de Hans Castorp - e já adianto um pouco a vocês. É um jovem de boa formação, porém com limitações, que vai visitar um primo adoecido de tuberculose num lugar distante, numa montanha, em que ficam reclusos todos os que padecem desse mal. A história se passa no período que antecede a primeira guerra, quando ainda não havia cura para a tuberculose: era praticamente uma sentença de morte!

E nesta visita ao primo, Hans Castorp acaba sendo internado, pois os médicos descobrem que ele já tinha a doença embutida em seu organismo. E neste "internato" forçado, processa-se uma grande transformação em Castorp - que passa a dar valores onde não via, que passa a ver a morte com uma frequência desconcertante, que se despede de vidas diariamente.

Quase todo o livro se passa na Montanha Mágica - que é coberta de neve durante todo o ano, pois sabia-se que em climas frios assim o tratamento para os doentes era de melhor resultado. Ir para a Montanha Mágica era receber uma sentença de morte.

Quanto mais Castorp conhece os personagens, mais se processa um aprofundamento psicológico de todos eles - e é aí que está a graça e o encanto do livro. Lá há discussões, questionamentos, descobertas e - o mais interessante - o crescimento de Hans Castorp!

E Castorp se apaixona, mesmo sabendo que em suas condições - na ausência de esperanças ante uma doença quase 100% fatal - este amor não frutificará. E a maneira como lida com este amor fatal (ambos são doentes) é de comover e te prender leitura adentro.

E tudo isto ocorre muito lentamente, pois a vida lá nas montanhas se passa lentamente, os dias se arrastam, o tempo se perde. E não há como ser diferente em um livro de 800 e tantas páginas - mas que te encanta e te prende do início ao fim (já li 4 vezes, com medo de ter esquecido detalhes).

Adianto que não é um livro recomendado para quem deseja uma dinâmica na leitura, com grandes ações e tramas rebuscadas. É mais um livros de conflitos psicológicos diante da morte, mas que mesmo assim encontra brecha para se encantar com o amor, a amizade, a solidariedade, a religião, a dor, a perda...

E a maior das curiosidades:

THOMAS MANN, o autor do livro, é um dos maiores escritores do mundo, sendo que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1929.

O que poucos sabem que é ele é filho de um alemão com uma brasileira: Júlia da Silva Bruhns!

Um fato relevante para muitos que desconhecem este escritor de talento ímpar e um incentivo a mais para se apegar a um de seus livros, pelo menos.

Para quem desejar uma leitura de um livro de Thomas Mann mais repleto de tramas e rapidez, recomento o inigualável Doutor Fausto. Não há dúvidas de que este é um dos melhores livros do mundo, adiante de seu tempo e com citações fartas à sua mãe. Mas este livro é para uma outra postagem...

Beijos em todas!











domingo, 20 de setembro de 2009

Decamerão, de Giovanni Boccaccio

Quando eu cursava a faculdade de Letras (fiz na Unicamp, em Campinas), havia a lista de livros obrigatórios. Não conseguiria se formar sem que fossem lidos. Claro que os li, pois os exames eram tão rigorosos que era impossível passar por eles com "resumos" daqui e dali, que todo universitário esperto consegue.

Mas também havia a lista de livros "sugeridos" - não era necessário saber de fio a pavio, poderia passar por exames com as leituras superficiais dos resumões. No caso, uma lista relativamente extensa. E, confesso, nem todos eu li - apelava mesmo aos resumos. Por diversas razões cometi esse pecado: fazia Direito ao mesmo tempo em que cursava Letras, morava em república, a vida era corrida, batalhava estágio e, o principal, achava os livros muito chatos. Enfim, deixei pra lá.

Anos depois, com a mudança do meu irmão para a Europa, "herdei" dele sua mini biblioteca - muito respeitosa, por sinal.

Qual não foi minha surpresa ao me deparar com grande parte dos livros sugeridos da Unicamp? No mínimo a metade dos livros da listagem estavam em minhas mãos (que suavam de felicidades). Teria de tomar providências: lê-los! 

Resolvi pegar esta antiga lista de sugeridos e seguir à risca sua leitura. E tenho feito isso vagarosamente, intercalando com outras leituras que me apetecem. Eu não os leio: os saboreio...

Tudo isso para lhes dizer que o livro da vez na minha lista é "Decamerão", do escritor italiano Giovanni Boccaccio. Belíssima leitura da Europa que vivia sob o medo da Peste Negra (século XIV), que acabou por dizimar cerca de 50 milhões de pessoas.

É uma coletânea de novelas bem curtas, num total de 20 histórias, que são contadas por 10 jovens (7 mulheres e 3 homens) que se auto-exilam da Peste no campo, nos arredores da cidade grande, enquanto esta fervilha com a morte.

São histórias muito encantadoras e realistas e, se alguém desejar, poderei relatar algumas delas. São adoráveis. Estou terminando o segundo livro e me deliciando.

O livro, em si, é um divisor de águas na literatura mundial, pois iniciou a fase do Realismo - e este levou ao Humanismo, posteriormente.

Descrevo tudo isso para dizer o seguinte: por que será que julguei tão mal esse livro nos meus 20 anos? O que será que nele me desanimou? Ou será que eu mudei tanto assim?

São questionamentos que me surgem, me comovem e dos quais me cobro. Como posso ter deixado passar esse livro em minha vida, sem ter me dado conta de sua beleza e importância? Eu jamais o teria lido se não fosse pela doação do meu irmão (e sou grata a ele!).

Isto serve de exemplo para muitos que se desanimam diante de uma leitura, inicialmente, difícil. Vale a pena insistir mais algumas páginas, mais um capítulo, se concentrar e tentar se deixar levar pelas palavras ali enredadas. E posso dizer isso de experiência própria.

Deus abençôe Boccaccio e sua inigualável visão...

Olhe aí o livro:











E a Ni (Lola) supervisionando e pedindo atenção...rs

Se alguém desejar dicas de livros, estou a postos!

Beijos em todas!