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2.18.2015

The Man Comes Around

Em o Senhor das Moscas um grupo de meninos abate um porco na floresta. Eles o torturam e colocam sua cabeça em uma estaca afiada como oferenda ao "monstro" que vaga pela ilha como um deus. Sangue negro escorre pelos dentes do porco e os garotos fogem assustados. Mais tarde, um deles fica só e chora. Não pelo porco, ele chora pelo fim da inocência e pela escuridão no coração dos homens.

2.17.2014

Bishop to the Queen

“The art of losing isn’t hard to master; 
/ so many things seem filled with the intent / to be lost that their loss is no disaster.” 

Elizabeth Bishop


1.27.2009

A verdade em vermelho


***
Canto De Um Homem Que Não É Amado
Song Of A Man Who Is Not Loved

Diante de mim e à minha volta o espaço do mundo é imenso;
The space of the world is immense, before me and around me;
Se me volto de repente, fico aterrorizado, ao sentir o espaço que me rodeia;
If I turn quickly, I am terrified, feeling space surround me;
Como um homem num barco em águas límpidas e profundas, o espaço assusta-me e confunde-me.
Like a man in a boat on very clear, deep water, space frigthens and confounds me.

Vejo-me isolado no universo e penso
I see myself isolated in the universem and wonder
Que significado posso eu ter. As minhas mãos agitam-se sob
What effect I can have. My hands wave under
Os céus como partículas de pó flutuando dispersas.
The heavens like specks of dust that are floating asunder.

Ergo-me e sinto um vento forte que me impele
I hold myself up, and feel a big wind blowing
Como um moscardo para o crepúsculo, sem que eu saiba
Me like gadfly into the dusk, without my knowing
Para onde, ou porquê, ou até como vou.
Whither or why or even how I am going.

São tantas as coisas à minha volta, e tão infinitamente
So much there is outside me, so infinitely
Pequeno eu sou, que pouco importa se conquisto
Small am I, what matter if minutely
Minuciosamente o meu caminho para logo me perder?
I beat my way, to be lost immediately?

Como me hei-de orgulhar de poder fazer
How shall I flatter myself that I can do
Seja o que for em tal imensidade? Sou demasiado
Anything in such immensity? I am too
Pequeno para o vento que me arrasta.
Little to count in the wind that drifts me through.

A beleza deste poema de D.H. Lawrence não podia ser transcrita em português sem perder um pouco da sua beleza. O inverso também é verdade. Pessoa não cabe em inglês. Amo os originais e sofro por não caber em mim, além do vazio de amor dado, as línguas do mundo. Realmente acredito que no princípio era o verbo e o verbo era Deus. O verbo estava com Deus e agora Ele habita em nós. Para ouvir Strange Angels com Laurie Anderson clique aqui queridos leitores amigos. O livro de onde o poema foi retirado é Os Animais Evangélicos e Outros Poemas de D.H. Lawrence com uma bela tradução de Maria de Lourdes Guimarães. O livro foi publicado pela Relógio D'Água. Yo recomiendo!

1.08.2009

Great expectations

Hoje risco o meu nome Alessandro e me chamo Pip.  Não sou orfão como ele, mas somos ligados. Tanto eu como ele vivemos de grandes esperanças. Ambos, eternos insatisfeitos. Nossa Minha primeira grande esperança surgiu quando o mundo abriu as pernas portas para mim e nelas adentrei. Conheci pessoas, lugares, cheiros, sabores, sons e sensações totalmente novas. Minha segunda grande esperança me fez ser outro. Deixei de ser quem verdadeiramente sou. Escondi minhas verdades, abri mão de mim mesmo. Dei-me todo e não restou nada. Durante a empreitada da vida, me reencontrei. Cresci novo dentro do corpo velho. Porém, velhos hábitos perduram e continuo me doando. Sigo poucas vezes saciado e muitas outras vazio. No peito um buraco que cresce. Preciso de atenção, sucesso, carinho, espaço, respeito, você. A luz de Stella Maris deixou claro para mim a razão pela qual os outros - estes mesmos que nos cercam - aconselham a não criarmos quimeras esperanças. Porém, a razão de as termos é porque almejamos o melhor, mesmo sem saber o que ele seja. Ainda vivo nesta segunda fase e tenho medo da próxima. A terceira e maior de todas as esperanças que é ter expectativas de que o meu fim seja também reescrito, assim como Dickens reescreveu o de Pip. No caso dele, o final foi feliz. O meu, não sei... I just have Great Expectations

10.13.2008

No Yes, I Kant

Não sou dado a ler, discutir, ou entender filosofia. Sou um homem de números, mas algum tempo atrás comprei um livro sobre a história da falsidade para ler durante viagens ou momentos de procrastinação. O título do meu atual passatempo é The Liar's Tale: a history of falsehood escrito por Jeremy Campbell. Em minha última leitura durante uma viagem de 5 horas de ônibus dei muitas risadas com uma passagem sobre Immanuel Kant e assombrei-me com a semelhança dele com um bom amigo meu. Ambos, aos meu olhos, encaram a verdade como uma lei newtoniana. Trocando em miúdos, Newton mostrou que o movimento dos planetas obedecem inflexíveis leis da natureza, não existem exceções para esta regra da mesma forma que não deve existir motivos para alguém não dizer a verdade. Eu sei, eu sei, se vou falar sobre verdade não posso esquecer de pelo menos mostrar o outro lado da história. Por exemplo, para Platão, na república ideal, os governantes têm permissão para mentir em nome da necessidade ou garantia do bem comum da comunidade (shhhh, Platão tem apoio total de Maquiavel neste caso). Porém para Kant e meu amigo, não. Eles sempre comunicam a verdade, isso não quer dizer que precisam propriamente F-A-L-A-R. Todos nós sabemos que existem formas de enviar uma mensagem, such as keeping silent, not being pinned down, sidestepping, equivocating, exercising common courtesy, and rolling eyes (este último o favorito do meu amigo). No caso destes dois, o que eles têm em comum acima de tudo é a certeza que é necessário nunca dizer uma mentira sobre algo que iremos nos responsabilizar definitivamente. Meu amigo segue este lema moral no seu dia-a-dia, Kant por outro lado tem uma fofoca passagem histórica muito divertida contada por Thomas de Quincey sobre o dilema moral de não causar mal à um homem e sempre dizer a verdade. Ele escreveu que, durante a velhice de Kant,  este ficou aborrecido com seu velho braço direito chamado Lampe. O fiel escudeiro entrou na vida do filósofo depois de servir o exército prússio e, por muitos anos, Lampe foi correto e pontual em seus deveres com o seu mestre. Lépido e faceiro sempre 5 minutos antes das 5 da manhã despertava Kant com sua voz grave dizendo: "Professor, die Zeit ist gekommen".  O gênio ficava em pé com um pulo só, parecia um recruta obedecendo a voz de comando, e as 5 estava sentando à mesa tomando o café da manhã. Todas as tardes, faça sol ou faça chuva, Kant fazia a sua caminhada e Rex Lampe o seguia com um guarda-chuva no antebraço em dias de sol ou aberto sobre o mestre em dias tempestuosos. Com o tempo e idade a memória de Kant começou a falhar e Lampe começou a ser negligente. Até ousou desviar dinheiro para o bem próprio. Por conta disto, o filósofo decidiu despedir o homem que tão bem lhe serviu por mais de 40 anos e uma vez tomada a decisão não havia retorno. Quincey escreveu "the word of Kant was a sacred as other men's oaths." Então, Lampe foi demitido, mas Kant honrou a memória dos serviços prestados e lhe forneceu uma generosa pensão. Agora que as coisas esquentam, Lampe teve a cara-de-pau em solicitar uma carta de referência sobre seu bom caráter. Já lhes descrevi a reverência pela verdade que tanto Kant como meu amigo compartilham, mas o filósofo também era conhecido por suas boas maneiras e benevolência. Ele sentou longamente, franziu a testa, olhou o papel em branco e lutou contra sua consciência. Por fim, pegou a pena e escreveu "has served me long and faithfully, but did not display those particular qualifications which fitted him for waiting on an old and infirm man like myself". Moral da história, aprendi com Kant e ratifiquei com meu bom amigo que  mentir nada mais é do que viver uma ilusão. Se uma pessoa veste uma máscara por muito tempo, ela se acostuma com a falsa faceta enquanto o que lhe real e de valor decai lentamente, vão se erodindo e finalmente desaparecem. O artificial acaba substituindo o genuíno e "lacking a core of true desires, the individual becomes a flunkey to the whims and needs of others". Eu, como Kant e meu amigo, não quero ser sombra nesta vida. Por hoje chega de procrastinação e blablablas, vou voltar ao trabalho. Tenho uma tese para escrever, ai ai. 

10.07.2008

Minha vida depois de Robert Frost ou The Road Not Taken


I shall be telling this with a sigh

Somewhere ages and ages hence:

Two roads diverged in a wood, and I

I took the one less traveled by,

And that has made all the difference.

9.28.2008

inSustentabilidade!

Esperando ser resgatado da minha saudade daquilo que nunca vou conseguir ter, voltei a trabalhar na minha tese. Neste domingo solitário corri em círculos em busca pela solução do meu capítulo sobre sustentabilidade. Sem nada encontrar, decidi trilhar caminhos menos ortodoxos. Larguei a companhia de Pearce, Daly, Hardin, Meadows, e seus pares para vagar ao lado de Orwell, Huxley e Le Guin. Não sei se foi desespero, solidão ou mero cansaço. Só sei que busquei rever minhas antigas impressões sobre suas obras. Tentei buscar no que mudou meu olhar do mundo - quando era adolescente - um sentido para a atual discussão sobre sustentabilidade e o futuro da sociedade. Cada um destes autores com seus livros me tocaram de maneira diferente no passado e em suas ficções, hoje consigo ver que cada um achou um caminho diferente para o "equilíbrio" das sociedades que descreveram. Cada qual a seu modo e devaneio desenhou um mundo sustentável, mas qual foi o preço cobrado em cada um deles? Com Orwell em 1984 tentei vislumbrar a sustentabilidade mantida por um Estado totalitário e violento, descobri o EcoFascismo. Com o Admirável Mundo Novo de Huxley o caminho vislumbrado é um verdadeiro terror científico ou uma EcoDitadura fundamentada pela eugenia. Le Guin, trouxe com Os Despossuídos, talvez a versão mais próxima da sustentabilidade discutida atualmente, mas a perfeição desta sociedade baseada em não gerar excedentes tem um grande problema, o que resta para ser distribuído igualmente entre os seus membros é a pobreza. Em suma, o denominador comum entre estes três livros, além da minha paixão por ficção, é que em todos eles o sucesso de suas sociedades foi conseguido através da anulação da individualidade humana, quer seja pela paranóia, violência, propaganda, ou carência. Assim, o problema é o fato de que o todo sustentabilidade é maior que as partes indivíduos, mas no caso da natureza humana sociedade em que vivemos o todo definitivamente não é mais importante que as partes ...

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