A ACR Maceirinha jogou com o Caldas SC, na sexta-feira santa, e até marcou um golo. Bruno Vitorino e João “Polga”, adjuntos de Simão Cardoso orientaram a equipa e mostram-se satisfeitos com a evolução das atletas. Para a equipa técnica não é uma prioridade ganhar jogos mas formar as jogadoras, dotando-as de mais competências.
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De um lado elas. Do outro eles. Ao meio, dois árbitros, um homem e uma mulher. O jogo da 15ª jornada do campeonato distrital sub13, entre ACR Maceirinha e o Caldas SC não podia ser mais equilibrado. Mesmo na bancada, os dois géneros estavam equilibrados.
Já no resultado (1-7), a história é outra, mas isso pouco importa. A três jornadas do fim do campeonato distrital, a ACR Maceirinha faz um balanço positivo do desafio lançado pela Associação de Futebol de Leiria, de colocar uma equipa feminina sub14 a jogar, extra-competição, contra equipas mistas sub13. Sem direito a pontos e em jogos “que não contam”, a equipa ainda não soma nenhuma vitória mas continua na luta.
“Foi uma oportunidade muito boa para conseguir dar minutos de jogo às atletas que estavam pela primeira vez a jogar em equipa e a outras jogadoras que já estavam há mais tempo na equipa e conseguiam criar a possibilidade de jogar com mais regularidade. Elas querem é jogar”, explica Simão Cardoso, treinador da equipa feminina.
Na época passada, o clube reativou a secção de futebol feminino com uma equipa júnior, a competir no campeonato nacional. O projeto despertou a curiosidade de atletas, as redes sociais espalharam a mensagem e, no início da época, o clube tinha 28 atletas. Todas a querer jogar.
O plantel, composto por atletas entre os 13 e os 18 anos, reparte-se pelos dois campeonatos femininos, sub13 e sub19, e entre as mais novas algumas dão uma ajuda na equipa de iniciados.
A presença nas seleções distritais começa também a ser uma constante – por exemplo, das 14 jogadoras do distrito selecionadas para o Torneio interassociações, sete jogam na Maceirinha – e no final do mês de abril, o clube recebeu com orgulho a convocatória de Joana Pires para o estágio da seleção nacional sub16.
“Queremos fazer uma aposta forte naquilo que é o futebol feminino. Os resultados que temos conseguido e as convocatórias à seleção distrital, e agora à nacional, mostram que o trabalho que a ACR Macerinha tem realizado está a ter resultados”, defende o técnico, determinado em prosseguir com o projeto na próxima época.
Também Dorisa Silva, de 13 anos, reconhece que a equipa “está a melhorar de jogo para jogo”. “Cada jogo é uma nova oportunidade para melhorar a forma como jogamos, para corrigir os erros e fazer ainda melhor para continuar a crescer”, diz.
Começou a jogar na época passada mas só treinou. Este ano, a criação da equipa extra-competição deu-lhe a oportunidade de
jogar e até conseguiu mudar a ideia dos pais de que o futebol era “demasiado violento” para uma rapariga.
Já Jéssica Gonçalves, de 14 anos, joga com rapazes desde os cinco anos e é chamada com frequência às sub19. É uma das goleadoras da equipa e gostaria de ser jogadora profissional mas por agora apenas se quer divertir. “Gosto de viver este sonho com a equipa e é isto que me faz feliz”, diz a atleta da Batalha.
Filha de Luciano Gonçalves, o atual presidente da APAF (Associação Profissional de Árbitros de Futebol) confessa que em casa não se fala de futebol ou arbitragem mas que em campo reclama, “mas sempre com respeito”.
“Este futebol é alegria e elas fazem-no de uma forma muito positiva, querem jogar, evoluir e ser felizes, tudo com enorme vontade de aprender. Tenho meninas que jogam tão bem ou melhor que os melhores [rapazes]. Têm muita qualidade e muita vontade, isso faz a diferença”, refere o treinador, acrescentando que elas são um exemplo de determinação.
Texto - Marina Guerra - Região de Leiria
Foto: Sérgio Claro