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quinta-feira, novembro 25, 2010

Entrevista de Carlos Valente ao Jornal de Leiria

JL - O Sport Clube Leiria e Marrazes (SCLM) comemora 74 anos na próxima semana. Como olha para o futuro deste clube à beira das bodas de diamante?
CV - Antes de olhar para o futuro não podemos deixar de fazer uma referência ao esforço e altruísmo de pessoas que deram parte das suas vidas a este clube. O presente é a certeza da continuidade e a garantia da criação de meios de sustentabilidade que garantem a dinâmica de crescimento.
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JL - Algum dia vamos poder assistir ao SCLM no topo do futebol nacional?
CV - No mundo do futebol tudo é possível. O SCLM estará no topo no dia em que tiver os apoios extraordinários que outros clubes têm tido. Há uma verdade que perdura e sobressai dos nossos 74 anos de existência, que é a contribuição para o desenvolvimento social e desportivo do concelho de Leiria. Marrazes, por aquilo que actualmente produz, pode ambicionar chegar a patamares bem mais altos no contexto do futebol nacional. O clube tem no perfil dos seus adeptos genes que os outros não têm: o amor e paixão pelo clube.
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JL - Como tem sido a reacção dos sócios e adeptos à notícia da colocação do sintético no Parque de Jogos?
CV - Alguns estão expectantes e, ao mesmo tempo, desejosos que a obra comece. Várias pessoas abordam-me na rua, incentivando e lembrando que a zona central da freguesia precisa da vida que o futebol movimenta.
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JL - Essa obra é uma inevitabilidade?
CV - Esta obra deveria ter sido feita há 12 anos, no tempo em que a Câmara Municipal de Leiria andou a semear campos relvados por freguesias que hoje não têm atletas para praticar futebol. O SCLM é uma referência nacional em futebol de formação, mas as infra-estruturas que possuímos são insuficientes para o número de praticantes e para os padrões de qualidade que queremos oferecer. Quando vou aos pelados ver os treinos e jogos das minhas equipas de formação surge-me a imagem dos campos do terceiro mundo, onde as crianças, no meio do pó e da lama, dão asas à alegria a jogar à bola. Mas isto ocorre numa cidade que foi anfitriã do Euro 2004. A Câmara já anunciou que não tem condições para apoiar a obra... Oficialmente não tenho essa confirmação. Aquilo que sei é que o actual executivo sabe dos problemas deste clube e dos erros que foram cometidos. Não podem dizer que não apoiam sem antes nos ouvirem. A Câmara não pode continuar a esbanjar dinheiro em manutenção de relvados naturais ou a subsidiar a construção de campos onde quase ninguém joga. Apesar da conjuntura social e económica, não acredito que seja essa a postura.
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JL - Como é que espera conseguir os 200 mil euros, principalmente numa altura de crise como aque atravessamos?
CV - A direcção entende que conjugação de esforços e vontades pode fazer obra. Tenho a certeza que não estou só. Existe uma grande vontade, ainda para mais porque há muito tempo que somos injustiçados. Olhe para o passado e lembre-se da forma como foi construído o nosso campo, isto depois de também termos sido injustamente empurrados do Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa.
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JL - Sente que o SCLM está a ser injustiçado pela Câmara Municipal de Leiria, mesmo sabendo que esta já apoiou as obras da Aldeia do Desporto em 200 mil euros?
CV - No passado, a Câmara sempre nos tratou como um filho mal amado, um filho que trabalha, desenvolve e depois não lhe é reconhecido o seu justo valor. A Aldeia do Desporto é uma infra-estrutura pertencente e gerida pela Junta de Freguesia. O valor do apoio não foi atribuído ao SCLM. A nós apenas nos abriram as portas, quase por favor, e fomos tratados como inquilinos indesejados. Veja-se o tempo que se tem demorado para resolver situações resultantes de erros técnicos criados durante a obra. Queremos ser parte das soluções para os problemas mas, infelizmente, continuam de mãos nos bolsos e a fazer ouvidos de mercador.
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JL - Concorda com a política desportiva da autarquia?CV - Entendo que deve ser repensada. Os critérios de apoio e favorecimentos extraordinários devem terminar imediatamente. Esbanjou-se e esbanjar-se-á muito dinheiro se não forem redefinidos esses critérios que, claro está, devem ser sustentados pelo principio da equidade e dos padrões da qualidade. É fundamental criar um conselho de desporto municipal, garantindo a representação de todos os clubes de forma a discutir modelos de gestão e evitar desta forma o fim do associativismo.

Miguel Sampaio - Jornal de Leiria

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