Quem o diz é o mister nazareno, excelente registo no recente campeonato da divisão de honra, acedeu falar ao nosso jornal sobre aquilo que considera ter sido um feito tremendo do clube na competição.
Região da Nazaré - Que balanço faz da temporada da sua equipa nesta temporada?
Wilson Estrela – Faço um balanço extremamente positivo, fizemos uma época extremamente excepcional, ninguém nos seus melhores sonhos poderia pensar ter um registo tão bom, uma performance tão boa como esta equipa teve, e tudo devido ao espirito e ao empenho e á dedicação e ambição dos jogadores, nunca é mais de ressalvar, isto só foi conseguido com total mérito dos atletas, o que só enche de orgulho as pessoas que estiveram á frente da equipa nesta temporada.
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R.N – Em relação ao plantel, e pelo facto de este não ser tão vasto, qual o segredo para uma coesão defensiva eficaz por parte do seu grupo de trabalho?
W.E - Todos os treinadores de que tive o prazer de ser treinado e posso mencionar, quatro deles: Bernardino Pedroto, Vítor Oliveira, Marinho Peres, e Manuel José, o cunho que eles davam às suas equipas era primeiro, perceber o plantel que tinham na mão, e que tipo de estratégias e de táctica poderiam implementar nos jogadores às suas ordens. Sempre ouvi dizer que uma equipa constrói-se de trás para a frente, no primeiro ano em que estive cá e vi o plantel que tinha, estava com outras ideias, não vou mentir era minha intenção pôr a equipa a jogar um futebol muito mais ofensivo, mas vi que em termos defensivos poderia passado algum tempo ser a chave do sucesso desta equipa de “Os Nazarenos”, senti que tinha muita qualidade do meio campo para trás, não que para o sector avançado não existisse qualidade mas esta era claramente mais escassa, e isso ficou provado neste ano em que no plano ofensivo tive poucas soluções. Este foi um dos pontos no meu regresso ao clube que tentei rectificar, se repararem no início desta temporada tínhamos sete jogadores em termos ofensivos e acabamos a época com apenas um.
Tivemos que recorrer a três juniores, não é fácil, pois no futebol a vida dá muitas voltas, e não havia tanta experiência no plantel, como havia de juventude. Ao falar de experiência podemos falar de cinco, no máximo seis jogadores que tínhamos e que acabaram a temporada connosco. E por falar em juventude gostaria de salientar que superaram todas as expectativas de quem ia ver jogar o GDN uma vez por mês ou nem tanto, mas para quem trabalhava com eles diariamente, a mim não me surpreendeu o empenho e dedicação que eles demonstravam no treino, transportavam para o jogo o espírito de grupo, num balneário que foi construído com respeito mutuo pelo colega, o ficar satisfeito apesar de estar de fora, sabendo eles que eu nunca os enganei, das limitações que tinham, mas também estando ao corrente das suas qualidades, e isso foi um factor que explorei ao máximo fazendo com que eles por vezes superassem as suas próprias expectativas. Penso que tudo o que falei atrás foi sem dúvida a chave do sucesso desta temporada.
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R.N - A aposta na formação é no seu entender a aposta certa! Não tem receio de chamar qualquer jogador da equipa júnior?
W.E - Ai a honra seja feita, quando peguei na equipa, quem fez o plantel e ai o mérito tem de ser dado á direcção e ao presidente. Não vou ser hipócrita ao dizer que os conhecia a todos (jogadores), porque estaria a mentir, quem estava dentro desta realidade era o Wagner, foi e é uma peça muito importante neste ponto, pois conhecia-os todos, já que esteve mais ligado à Nazaré do que eu durante muitos anos, e conhecia todos os futebolistas que a direcção estava a tentar disponibilizar. Lembro- me de nos primeiros dias que estive no clube pela primeira vez, dizer ao Wagner, “mas onde é que nós nos vamos meter”, em jeito de brincadeira (risos), e ele respondeu, “tem calma que os miúdos têm qualidade, isto é o inicio, nós vamos conseguir passar a mensagem que queremos”. E como tal fomos dando um cunho pessoal a esta equipa, penso que este grupo de trabalho hoje em dia, e não são só os adeptos do GDN que o dizem, também os treinadores das equipas adversárias, muitas pessoas ligadas ao futebol, dizem que a equipa tem um cunho pessoal, preferem ver só a parte defensiva, porem, eu não estou de acordo, eu vejo a equipa como um todo, e doa a quem doer “Os Nazarenos” não viviam só em termos defensivos, sabia até onde poderíamos ir, quando os jogadores pensavam que já tinham dado tudo, ou que já estava tudo feito, era quando eu exigia mais deles, era importante eles perceberem que viver de uma base sólida era meio caminho andado para o sucesso. Os meus jogadores sabiam que se estivéssemos a ganhar (1-0), esse resultado era o que interessava, valia três pontos, estávamos ali para vencer não estávamos em campo para bater recordes, não estávamos lá para sermos a melhor equipa para marcar muitos mais golos, porque sabíamos as limitações que tínhamos do meio campo para a frente. Seguramente quem estiver mais atento ao futebol, ou quem gostar de estatísticas e não gostar só de falar mal porque “Os Nazarenos” só defendiam quando estava em vantagem no marcador, se pegar na tabela classificativa, é de ver que o Guiense que ficou atrás de nós, marcou 80 golos tendo sido o melhor ataque o que não lhe valeu de nada, teve os melhores marcadores da competição (divisão honra) não lhes valeu rigorosamente de nada, enquanto nós com a nossa performance fizemos mais golos que a temporada transacta, tivemos um bom registo a nível defensivo, temos vindo a melhorar no global, a equipa vai ganhando maturidade, confiança e era importante não esquecer, que as pessoas que nos criticam por sermos defensivos que no ultimo jogo do campeonato, jogamos com 9 juniores. Entre eles, um guarda-redes, dois laterais, um trinco, dois avançados e ainda colocámos três ex. – juniores a jogar, portanto as pessoas deveriam ser mais comedidas nos comentários que fazem, e enaltecer a aposta que foi feita pela direcção, mais pelo presidente. O mérito desta temporada vai inteiramente para os jogadores, não encontro adjectivos para agradecer e enaltecer todo o trabalho realizado por eles, foram apenas fantásticos.
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R.N - Em relação ao futuro imediato do Wilson, passa por ficar como treinador do GDN, que existe de concreto?
W.E- O presidente do clube, Carlos Delgado, já disse no final desta época a outro órgão de comunicação social, que nas próximas semanas, iríamos conversar e tínhamos tempo para falar acerca disso. A minha conversa desde o primeiro dia que tive com o presidente, quando aceitei vir para o GDN, tanto eu como ele, sempre assumimos que eu poderia ficar um mês, como meses como anos, isso não é importante, importante é “Os Nazarenos”, e se o clube se sentir satisfeito comigo e achar que me pode dar condições para eu puder continuar, ai eu ficarei, encantado da vida puder continuar, se eu achar que não é aquilo que procuro e ambiciono, não haverá problemas acerca disso, pois a amizade e o respeito vai continuar a existir porque foi esta direcção que me deu oportunidade de treinar e por isso eu vou ser eternamente grato.
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R.N - Num resumo, como viu o seu regresso ao clube, depois de ter saído do mesmo no decorrer da época transacta, e que gostaria de dizer aos seus mais directos colaboradores?
W.E -Sei que quando retornei ao clube, nem todos os sectores da massa associativa estariam todos de acordo que eu regressasse, mas todos eles acabaram por se render, por verem o excelente trabalho realizado por todos (jogadores) nesta temporada incluindo os meus colaboradores mais directos. João Brimbote (treinador de guarda-redes) e o Wagner (treinador adjunto/ preparador físico), gostaria neste aspecto de realçar e enaltecer o excelente contributo e fazer uma vénia ao Wagner, ele foi e é uma pedra angular em termos de balneário, como de transição no elo com os jogadores, tanto a mostrar-me a realidade do futebol distrital, pois eu vinha de uma realidade totalmente diferente, soube como prepararmos o grupo de trabalho, tanto a nível físico, como na postura dentro do campo, a equipa sabia o que estava a fazer lá dentro, e para mim o Wagner foi fundamental para o sucesso desta temporada, um agradecimento especial para ele.
Joaquim José Paparrola - Região da Nazaré