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sexta-feira, 30 de março de 2012

No meio da floresta sem bússola

Um caçador, um botânico ou um simples visitante, em dia de céu encoberto, sem bússola, se não se decide por uma linha estratégica, não mais sairá da zona, porque depois de percorrer alguma distância sem encontrar saída tem tentação de mudar de direcção e a cena repete-se até à exaustão final. Os «Comandos» e outros especialistas de guerrilha e conta-guerrilha conhecem o problema, e sabem encontrar a solução para a qual foram treinados.

Situação parecida é a do adepto de futebol que sai do comboio em Santa Apolónia e quer ir a pé para o Campo Grande. Ou antecipadamente se informa do itinerário a seguir, ou acaba por em cada cruzamento hesitar perguntar aos passantes, ou tentar aquilo que lhe parece melhor. Pode chegar ao estádio depois do jogo terminar, ou nem chegar.

Da notícia Previsão para receitas fiscais exige novas medidas, dizem os últimos dez anos, que merece ser lida com muita atenção para compreender as confusões que geram diferenças significativas entre previsões e resultados reais, a que se seguem afirmações que «garantem que…» em discordância com previsões de «sábios» estrangeiros e do Banco de Portugal. Parece que a obsessão pela matemática constitui o inimigo número um dos nossos governos, e também de outros países, o que torna conveniente lembrar o vídeo constante de Recado a jovens economistas e a governantes em que a professora economista brasileira Maria da Conceição Tavares demonstra que «há centenas de modelos matemáticos mas nunca acertam em nada, porque a economia política assenta mais na história e na sociologia. O que é preciso é talento para fazer política humanitária, social. Não basta ser economista, é preciso ocupar-se com as pessoas, com os cidadãos, para melhorar a sociedade e tornar o País mais homogéneo, mais justo, mais igualitário.» A matemática tem utilização mais eficaz na engenharia e na medicina.

Mas, na dúvida, e se não for encontrada solução mais simples e adequada, siga-se a utilizada para sair da floresta cerrada em que nos colocaram de olhos vendados e que só se pode tirar a venda depois de sermos colocados no chão.

Imagem de arquivo

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O País mais difuso do euro

O economista Paul Krugman que, segunda-feira, vai receber na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, o grau de Doutor Honoris Causa atribuído, pela primeira vez, juntamente por três universidades portuguesas (Universidade de Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa e a Universidade Nova de Lisboa) diz que vê Portugal como o país mais difuso do euro e não se atreve a diagnosticar um futuro risonho para o nosso País.

Acerca de "incidentes" da sua carreira, o economista esclarece: "O que aprendi dessa experiência foi o poder de ideias económicas muito simples e, simultaneamente, a inutilidade de teorias que não podem ter conteúdo operacional. Em particular, a minha experiência num país onde era um enorme desafio até decidir se a produção estava a aumentar ou a cair deu-me uma alergia crónica a modelos que dizem que uma política potencialmente útil existe sem darem uma única forma de determinar que política é essa".

No mesmo sentido de alergia aos modelos matemáticos na política económica pronunciou-se a economista e professora universitária brasileira Maria da Conceição Tavares, no vídeo publicado em Recado a jovens economistas e a governantes onde explica que a economia é uma ciência social, nascida com o nome de economia política que se apoia na história e se dirige ao povo, à vida da sociedade, e para ela «o modelo matemático não serve para nada». E cita vários exemplos da inutilidade ou até inconveniente por inspirar esperanças que depois ficam goradas.

No entanto o nosso Governo está a deixar escravizar-se pelos números, embora, quando interessa para bons efeitos de falso marketing, o PM diga que despreza os números referentes a uma quebra de receitas fiscais e à revisão em baixa de -3 para -3,3% da recessão prevista pela Comissão Europeia para a economia portuguesa em 2012, e se mostre hoje moderadamente optimista”quanto ao cenário macroeconómico, considerando que é cedo para avaliar a evolução das receitas fiscais. Mas, cuidado, já governa há mais de oito meses e, se deixa passar muito tempo, depois poderá já ser tarde.

Mas se os números, quando olhados com demasiada fé e utilizados como base para previsões, projecções e planeamento, podem sem ilusórios e nefastos, o mesmo não acontece para analisar a situação real no respeitante às pessoas e, como diz Maria da Conceição Tavares, a economia deve servir as pessoas.
Assim, é preocupante que haja cada vez mais desempregados a esgotar os tempos máximos de atribuição dos subsídios de desemprego (inicial, subsequente e social). Em Janeiro, o número de pessoas sem trabalho e sem direito a estes apoios ascendia já a 303.478, o que traduz uma realidade nunca antes registada. Em apenas um mês, a fileira dos desempregados sem direito a receber subsídio de desemprego ficou com mais 15.500, segundo indicam os mais recentes dados da Segurança social e do Instituto do Emprego e da Formação Profissional.

Não é por acaso que o líder da oposição mais uma vez, desafia o PM para que, “em vez da paixão pela austeridade, da obsessão pela austeridade”, coloque “também o emprego e o crescimento económico como a sua principal prioridade”.

Oxalá os nossos governantes analisem com o maior realismo a situação actual, façam uma lista das hipóteses possíveis de solução para a crise e, depois de avaliarem as vantagens e os inconvenientes de cada uma, escolham sensatamente a mais ajustada ao nosso caso concreto tendo como objectivo as melhores condições de vida dos portugueses, principalmente dos mais desfavorecidos, que estão já a lutar com enormes dificuldades.

Imagem de arquivo

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Algo vai mal na RTP. 030110

(Publicada no «Diário de Notícias» de 10 de Janeiro de 2003)

No dia 6, dia de Reis, às 18h20, abri, por acaso a RTP1 e deparei com um concurso para jovens estudantes, intitulado, segundo julgo, «operação triunfo». À pergunta «o máximo divisor comum de 3 e 4 é...» tinha à escolha as respostas 12 e 7. A estudante respondeu 12 e foi considerada correcta.

Ora, esta resposta estaria certa se a pergunta fosse «qual é o menor múltiplo comum?» e não o máximo divisor comum. À pergunta feita a resposta seria 1 (um) e nunca 12.

Ou a minha memória (já aprendi isto há cerca de 60 anos!) está fraca ou o meu raciocínio matemático está embotado, ou a ignorância dos organizadores do programa que se pretende muito instrutivo é demasiada.

Mas o meu azar não ficou por aqui. Saindo logo daquele programa, fui ver as notícias internacionais no teletexto. No índice da página 215, em duas linhas, indicava que nas páginas 221 e 222 estava a notícia «Iraque Explosão em Kandahar», o que se me evidenciou como um erro grave próprio de quem nada sabe de geografia e anda desatento às notícias dos últimos anos ou foi vítima da pressa e de falta de sentido de responsabilidade e de profissionalismo. No entanto no texto das notícias nas páginas, 221 e 222, fica claro que a cidade de Kandahar se localiza no Sul do Afeganistão.

Seria conveniente, caso não fosse muito difícil para o pessoal responsável pela RTP, que todos nós pagamos, fazer um esforço para evitar estes erros que nada beneficiam a imagem da televisão pública.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

15 décimas

Considero o «Público» o jornal diário com melhor informação, melhores colaboradores, analistas e comentadores, o que me leva a dedicar-lhe especial atenção todos os dias.

Foi, por isso, com grande surpresa, que hoje encarei, na 2ª página, com o seguinte título «Combustíveis acrescentam 15 décimas à inflação de Maio», texto de Lurdes Ferreira. Não tinha intenção de ler o artigo, mas as 15 décimas chamaram-me a atenção pelo insólito. Não é curial dizer-se 15 décimas, mas sim 1,5. Da mesma forma que não se deve dizer 923 cêntimos (o que seria equivalente a 9,23 euros, quando certamente se desejaria dizer 0,923 euros, isto é 92,3 cêntimos) como, infelizmente por vezes se ouve na televisão.

Isso levou-me a entrar um pouco no artigo e logo vi que o tal aumento «será de 0,15 a 0,16 por cento». Portanto o título não devia referir 15 décimas, mas sim, 15 centésimas, ou seja uma décima e meia.

Simples gralha? Talvez. Mas são pequenas coisas como esta que desprestigiam os jornais e aqueles que neles trabalham e vão dar razão àqueles que dizem que os portugueses são muito ignorantes em matemática, até nas coisas mais primárias