(Publicada no Metro 18 de Outubro de 2005, p.7, com imagem)
Uma pergunta para que não encontrei resposta é a de saber quem é realmente responsável por definir o futuro desejado para o País. Hoje, que tanto se fala de gestão por objectivos, não se vê qual o destino traçado para o rectângulo e depara-se com inúmeras incoerências . Parou-se a construção de uma barragem em Foz Côa e agora há queixas de carência de albufeiras para armazenamento de água e para produzir energia que substitua o petróleo importado e tão nefasto para o ambiente, a ecologia. Construiu-se o túnel de Belas na CREL para proteger umas patadas de dinossáurio que agora não estão visitáveis. O Estado comprou a pedreira do Galinha, na Serra de Aire, por mais de dois milhões de euros para proteger patadas semelhantes e, além de não estarem visitáveis, estão quase invisíveis devido à erosão atmosférica.
Agora, quando tantas esperanças se colocam no futuro turístico, querem impedir ou dificultar a construção de um grande empreendimento na margem do Douro, em Mesão Frio, de 33 milhões de euros, que prevê criar 140 postos de trabalho, apesar de ser «considerado projecto de interesse nacional», e que certamente se o obstacularizarem, irá para a Galiza ou outro local espanhol. Posição semelhante verificou-se em Benavente para proteger alguns sobreiros, e em Belmonte para preservar uma «área protegida» com ervas e pedras. Esquecem-se que toda a moeda tem duas faces inseparáveis; toda a decisão tem vantagens e inconvenientes, havendo que ponderar umas e outros
Perante isto, o turismo não será a vocação de Portugal. Talvez tenha de se recorrer à exportação de «hardware» informático, de mísseis balísticos, de electrodomésticos ou de automóveis, para equilibrar a balança comercial. Mas seremos capazes de exportar destas coisas, num mundo altamente competitivo?
Pelo contrário, recebi imagens de empreendimentos turísticos de alta qualidade, em dois países da zona do Golfo Pérsico, que evidenciam a sua preparação do futuro, quando o petróleo deixar de ser a fonte preponderante de divisas. Certamente, não se importarão de sacrificar algum sobreiro ou erva ou risco paleolítico, a fim de aumentar o bem-estar e a comodidade da sua população. E nós, por cá, não vemos nenhuma linha directriz que garanta progresso coerente e sustentável em direcção a um futuro mais próximo da média europeia. Qual a entidade que se preocupa com isso? Por cá, dá-se prioridade às tricas partidárias e em empoleirar os familiares e amigos em cargo que não dê trabalho mas gordas benesses.