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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Verdade e competência ou o quê?


Encontramo-nos numa situação muito crítica em que os eleitos têm que se concentrar, com todas as suas capacidades, na vida dos portugueses. Governar é isso. Mas agora a sensibilidade da situação exige que se mexa nos problemas com pinças, que se olhe para os problemas quase simultaneamente com microscópio e com binóculos, para dar atenção aos mínimos pormenores, sem perder de vista os objectivos distantes com todos os factores internos e externos.

Para isso, os partidos devem deixar de se entreter e desperdiçar energias com tricas entre si, e devem unir esforços para bem de Portugal, para encontrar a melhor solução, a melhor estrutura do Poder e da administração pública, a todos os níveis, etc. Nisso é interessante ver que o Ministro da Defesa desafia secretário-geral do PS a debater reforma do Estado e que Seguro desafia Passos Coelho para debater alternativa para o país, pois será bom que todos colaborem na preparação da Reforma do Estado que deve ser efectuada para durar algumas décadas sem necessidade de recuos e avanços que desnorteiam os cidadãos e os leva a desprezarem os políticos e cantarem a Grândola. Oxalá estes desafios não sejam apenas jogos florais como as guerras do alecrim e da manjerona.

O país está em crise e não suporta mais erros. É preciso que surjam, sem demora, decisões globais e sectoriais, progressivas, bem estudadas, com a colaboração de pessoas capazes, idóneas, isentas e conhecedoras dos problemas do pais (dos portugueses). A situação tem piorado imparavelmente como mostram os seguintes artigos:

- Gaspar reconhece que desemprego será ainda maior
- António Borges: Falta de equidade leva a sentimentos de revolta
- António Borges critica desigualdades na repartição dos sacrifícios
- Desemprego dispara, défice derrapa, dívida cresce e crescimento encolhe
- Marcelo: "Persistir na atual solução é suicida"
- Marcelo Rebelo de Sousa diz que vai ser mais difícil ao governo ganhar as eleições em 2015
- "Zigue-zague" de Gaspar "retira confiança à política"
- Seguro faz duras críticas às políticas de austeridade do Governo

Mas apesar deste quadro nada calmante, surgem notícias que mostram a persistência no voluntarismo, na teimosia obsessiva, na crença de que ideias são realidades que resolvem problemas sem que «haja acção eficaz, que mostram desprezo pela realidade e desconhecimento dos maus resultados das medidas tomadas nos 20 meses que empobreceram a população não abastada, criaram desemprego, paralisaram a economia, encerraram empresas, etc. Essas notícias centram-se na seguinte: Passos Coelho: País está na direcção certa.

Homem honesto não diria uma coisa que não é suportada por qualquer indicador da realidade, não condiz com os textos atrás referidos. Homem inteligente teria mais cuidado em captar a confiança das pessoas de forma mais aceitável. Se a direcção está certa quando se verificam os dados referidos no título desta notícia, tem que se concluir que o objectivo para que ela conduz será o mais profundo abismo de onde não há regresso. Ora, não creio que Passos queira, conscientemente, levar os portugueses para um suicídio colectivo, logo será absolutamente necessário dar umas guinadas no volante e mudar de direcção para evitar o buraco. Gerir é como conduzir um carro, não se pode fixar o volante e cruzar os braços, pois é preciso corrigir a direcção a cada instante.

Por outro lado, se durante 20 meses temos vindo a sofrer crescentes sacrifícios sem que se tenha obtido qualquer melhoria, qualquer resultado positivo e compensador, não podemos esperar que a mesma equipa consiga inverter os resultados, pois a receita está a ser a continuação do uso do mesmo tóxico, maas agora em dose reforçada. Isso não cura dos efeitos negativos do tratamento anterior com dose mais ligeira. Só pode agravar.

Também não parece sensato desprezar os sinais que chegam do descontentamento, da indignação popular, como se vê pelo título da notícia Passos defende que protestos "não são representativos da sociedade portuguesa”. Será que os responsáveis esperam por um milagre? Ou será que em vez de serem cumprimentados pelo som de uma canção popular passem a ser por outro som diferente e de efeitos mais dolorosos? Estamos numa encruzilhada difícil que exige competência nas decisões e verdade na informação dirigida aos cidadãos. E devem ser tomados em consideração, nas devidas proporções, todos os sinais dele advindos.

Imagem de arquivo

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Grândola para mais governantes


Depois de Passos Coelho, Miguel Relvas, Paulo Macedo, Paula Teixeira da Cruz, Vítor Gaspar, foram contemplados com o som da canção «Grândola Vila Morena, o ministro Álvaro Pereira e os secretários de Estado Franquelim Alves e Sérgio Monteiro.

Os portugueses estão a tomar gosto por esta música, e os governantes devem rever o seu estilo com que tratam os assuntos que afectam os cidadãos, porque o que custa é começar e, depois, pode aumentar o risco de o som vir a ser diferente. E, nestas coisas, mais vale prevenir, porque, às vezes, já não é possível remediar…

Imagem de arquivo

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ministra não muda agenda


Na reunião de Paula Teixeira da Cruz, ministra da Justiça com a comissária europeia Viviane Reding no Hotel da Quinta das Lágrimas, em Coimbra, ocorreu interrupção por cidadãos que cantavam "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso, à semelhança do que já acontecera com Passos Coelho, Miguel Relvas, Paulo Macedo e Vítor Gaspar. A Srª ministra reagiu com serenidade e disse que não muda agenda nem se choca com "Grândola".

Plagiando uma frase de Henrique Monteiro, «sempre que ouvimos as razões do outro lado, descritas com racionalidade e calma, mudamos um pouco. [Pelo contrário,] sempre que as ouvimos no rugir de uma guerra de palavras, enquistamos no nosso preconceito». Espero que a Srª ministra, tenha também aprendido alguma coisa com aqueles portugueses que, a cantar, expressaram o seu apelo.

É lógico que no momento não pudesse decidir fazer qualquer mudança na sua agenda. Mas não deve afirmar que não a muda porque isso pode enquistar a indignação que motiva o cântico, e deve utilizar o apelo da população como incentivo a rever as suas decisões e a preparar melhor as que se seguem. A condução da política deve ser uma actualização permanente tal como a condução de um carro em que o volante é accionado a cada momento a fim de não sair da estrada que o conduz ao objectivo, ao destino da viagem. Não teria ficado mal à Srª Ministra dizer que vai analisar os problemas que tem em mão a fim de escolher as soluções mais correctas em relação aos interesses dos portugueses.

Imagem de arquivo

domingo, 26 de junho de 2011

Convulsões sociais. Mais vale evitar

Depois das convulsões no Egipto no início deste ano que culminaram com o abandono do Poder por parte de Osni Mubarak, têm ocorrido frequentes manifestações de desagrado com as autoridades e a última, na noite de sexta-feira, fizeram dezenas de feridos em confrontos entre partidários e opositores de Mubarak.

É mais um caso a confirmar que é melhor evitar do que remediar, o que significa que o Poder deve prestar mais atenção à vontade do povo e não governar contra ele, mas sim para ele e por ele. Os governantes não devem considerar-se donos do País, mas sim servidores dos cidadãos e actuando em nome deles e com o pensamento em criar melhores condições de vida para a generalidade deles.

Os ouvidos do poder devem estar atentos a reclamações e lamentos dos cidadãos e resolver atempadamente aquilo que não está devidamente correcto e com justiça social. Dessa forma se poderá evitar convulsões violentas que sempre deixam rastilhos para posteriores confrontos, sempre indesejáveis pelos custos sócio-económicos que acarretam.

Fica aqui este alerta para a necessidade de prevenir situações graves de desagrado, principalmente neste período em que se deseja a melhor convergência de esforços para ultrapassar a crise que nos preocupa.

Imagem do Google

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Egipto com o povo a manifestar-se

Centenas de egípcios desafiaram as autoridades e protestaram contra o Governo no Cairo, num “dia de ira”. As críticas ao regime têm vindo sobretudo de activistas on-line, que marcaram a manifestação para um feriado em honra da polícia. As manifestações, num “dia de revolta contra a tortura, a pobreza, a corrupção e o desemprego”, serão o teste para ver se o activismo consegue passar dos chats e blogues para as ruas. 

“Cenas extraordinárias no Cairo enquanto milhares e milhares marcham com aparente liberdade depois de anos e anos a verem cada protesto anti-governamental imediatamente reprimido pela polícia”. “A polícia anti-motim segue atrás mas parece não estar certa do que fazer”, comentou: “três manifestações estão a ir agora para partes diferentes da capital, todas romperam cordões policiais, mas parece haver pouca coordenação sobre o que fazer a seguir.” Isto é relatado por Jack Shenker, jornalista do diário britânico "The Guardian".

Significativamente, o influente opositor egípcio Mohamend ElBaradei, ex-director da Agência Internacional de Energia Atómica e Nobel da Paz em 2005, garantiu que vai hoje mesmo juntar-se à vaga de protestos no seu país natal, onde a contestação nas ruas ao Presidente, Hosni Mubarak, entra já no terceiro dia consecutivo.

Imagem da Net

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Saber manifestar-se

Dois ciclistas iranianos passaram por Lisboa, depois de terem atravessado a Turquia, Grécia, Itália e Espanha e seguem agora para França e daí para a Bélgica, Dinamarca, Noruega, Suécia e Holanda e, se conseguirem os vistos necessários, pretendem ainda pedalar no Canadá, Estados Unidos, América Latina, Japão e China antes de regressar ao Irão.

Segundo as suas palavras, "o objectivo desta viagem é a amizade e as relações cordiais entre todos os países. Queremos que o mundo preste atenção a estes valores". Querem alertar pessoas e instituições dos países por onde passam para a necessidade de valorizar a paz, a amizade, um estilo de vida saudável e a defesa do ambiente.

Esta é uma forma civilizada para divulgar uma ideia ou reclamar de uma medida injusta ou de uma situação desagradável. Entre nós, seriam convenientes manifestações deste género a fim de alertar para a necessidade de medidas que evitem a anunciada «explosão social espontânea», descontrolada e com o perigo de muitos prejuízo para inocentes, sem serem lesados os reais inimigos públicos.

Não consta que Portugal tenha sido atravessado por indivíduos a reclamar do aumento do IVA, dos transportes, do PÃO, da corrupção, dos bancos, etc. Esperam que outros lhes resolvam os problemas e que lhes levem os resultados numa bandeja. Limitamo-nos a desabafar no café ou no banco do jardim entre amigos. Onde está a coragem e o dever de cidadania? A regra parece ser ainda o medo, a resignação, a sujeição.

Falta aos portugueses a sabedoria de reclamar, de saber reclamar com visibilidade e oportunidade sem cair na alçada da polícia, embora o professor João César das Neves diga que «o mais irónico é que os nossos intelectuais costumam desprezar o povo e a cultura nacional, quando o único grande defeito do País está na mediocridade das elites».

O exemplo destes dois iranianos faz pensar.

Imagem do JN

sábado, 5 de junho de 2010

«A soberania reside em a Nação»

Este título é reprodução, de memória, da Constituição de 1933.

O direito e dever de cidadania, em democracia, deve ser interiorizado por cada cidadão. E o descontentamento deve ser manifestado pela forma mais urbana e educada possível, mas sem excluir outras formas que sejam necessárias para obter eficiência e racionalidade dos procedimentos. Não basta conversar à mesa do café, mas esse é o primeiro passo para tomar conhecimento mais completo das realidades, para apresentar sugestões, dentro das possibilidades de influência, e para dirigir reclamações pelos meios disponíveis.

Os governantes têm necessidade de saber o pensamento e os sentimentos acerca daquilo que é feito e daquilo que deve ser feito para benefício dos portugueses, a fim de poderem exercer o seu dever de governar, no melhor sentido, para bem dos concidadãos que neles depositaram confiança e que por eles são representados. Para isso, é indispensável que as pessoas não se calem e não abafem as próprias opiniões.

Tem muito interesse, ler as seguintes palavras sobre este tema do cronista do Jornal de Notícias Rafael Barbosa, na edição de hoje:

(…)
2. Uma imensa multidão invadiu as ruas de Lisboa. E isso não se consegue apenas com a afamada capacidade mobilizadora da CGTP. Ninguém troca um sábado à tarde de descanso, de praia ou de convívio familiar, depois de uma semana de trabalho, para fazer o frete a Carvalho da Silva. Não havia brindes para receber na Avenida da Liberdade. As pessoas protestaram porque não estão contentes. E protestaram sabendo que o diálogo é importante, que a negociação é essencial. Mas sabendo também que nada se conquista de mão beijada. Nenhum Governo, nenhum patrão, reagiu, alguma vez, apenas porque lhe pediram delicadamente.

Faz parte da história da Humanidade: todas as conquistas sociais, desde o direito a dias de descanso à assistência na doença, foram conseguidas na rua, muitas vezes com sangue derramado e vidas perdidas. Já não vivemos os tempos violentos do século passado e não se justifica a radicalidade de uma batalha campal. Mas isso não significa que os cidadãos descontentes tenham de se comportar como cordeirinhos, rendidos ao discurso da inevitabilidade do aumento de impostos, assistindo tranquilos à demolição de direitos sociais. Manifestar-se nas ruas não é apenas um direito, é um instrumento. E é do confronto que se faz o progresso, seja qual for o caminho que ele tome. Um país de gente conformada, que só protesta à mesa do café, não é um país recomendável.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Manifestação em apoio de Sócrates

SMS convoca manifestação de apoio a Sócrates para dia 20
Diário Digital. sábado, 13 de Fevereiro de 2010 | 17:45

Uma mensagem de texto anónima está a circular entre os militantes socialistas a convocá-los para uma manifestação de apoio a José Sócrates na Alameda Fonte Luminosa, em Lisboa, pelas 15:00 horas, no próximo dia 20. «Vamos repudiar esta campanha suja contra o PS e contra Sócrates», anuncia.

«Vamos de novo encher a Alameda Fonte Luminosa», onde, no Verão de 1975, o PS, então liderado por Mário Soares, fez um grande protesto contra o PCP, num momento considerado histórico para os socialistas. «Está na hora do PS se unir e combater esta baixa campanha, urdida pela direita dos interesses!», continua.

«Um partido que sempre lutou pela democracia e liberdade não pode aceitar calado este ataque sujo! Vamos repudiar esta campanha contra o PS e Sócrates e mostrar bem altas as nossas bandeiras. Divulga», pede ainda a SMS, que já é do conhecimento do PS, que afirma desconhecer a sua origem.

«O PS não tem nada a ver com isso», declarou a assessora de imprensa do partido, Catarina Faria, de acordo com a edição electrónica deste sábado do jornal Público.

NOTA: Será que assim se conhece a força do PS??? Se houver mais do que os 20% dos eleitores inscritos, tantos quantos teve nas legislativas, fica provado que manteve o seu eleitorado, embora pouco representativo! Fazem bem em aproveitar a liberdade de reunião e de manifestação, enquanto não a retirarem como estão a fazer à liberdade de expressão e de opinião.