Ana Paula Perissé
um brinde às almas
insones
que, em tréguas de dor,
se entregam à felicidade
e, uma vez , ao menos
em brisa passada na tormenta
libertas
do instinto dos ventos
à deriva
extasiando-se em gozo e ardor
sê pequena
mas intensa
sorria com verdade
e redime-se
do fardo
por um segundo
já que o gosto de minhas lágrimas
é tempero em teu corpo
ardente
um brinde à fricção
que gera
como um segredo de entranhas
o mistério angelical
de se fazer um
pelo menos
em segundos
quando choram
anjos decaídos
de êxtase e
de amor
( amor são passagens em pairagens de tecidos inflados e nós não cabemos em nossa pele)
passageiros e efêmeros
prisioneiros de uma eternidade
casta
que se refaz
a cada ciclo
na praia de nossa cama
sortilégio que o destino das coisas
nos reservou.