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sábado, 26 de fevereiro de 2005

A Rosa de Ninguém

"Ninguém nos moldará de novo em terra e barro,
ninguém animará pela palavra o nosso pó.
Ninguém.

Louvado sejas, Ninguém.
Por amor de ti queremos
florir.
Em direcção
a ti.

Um Nada
fomos, somos, continuaremos
a ser, florescendo:
a rosa do Nada, a
de Ninguém.

Com
o estilete claro-de-alma,
o estame ermo-do-céu,
a corola vermelha
da púrpurea palavra que cantámos
sobre, oh sobre
o espinho."

"Niemand knetet uns wieder aus Erde und Lehm,
niemand bespricht unsern Staub.
Niemand.

Gelobt seist du, Niemand.
Dir zulieb wollen
wir blühn.
Dir
entgegen.

Ein Nichts
waren wir, sind wir, werden
wir bleiben, blühend:
die Nichts-, die
Niemandsrose.

Mit
dem Griffel seelenhell,
dem Staubfaden himmelswüst,
der Krone rot
vom Purpurwort, das wir sangen
über, o über
dem Dorn."

Paul Celan, "Salmo" in Sete Rosas Mais Tarde. Antologia Poética, edição bilingue, trad.port. João Barrento e Y.K. Centeno, Lisboa, Cotovia, 1996 (2ªedição).

quarta-feira, 27 de outubro de 2004

Realidade

"Aquilo a que chamamos realidade é o infinito que não conhece nem peso, nem medida, nem tempo, nem espaço, nem absoluto, nem relativo, do qual nenhuma forma foi traçada. A realidade é tão representável como cognoscível. Nada é cognoscível, mas ao mesmo tempo este «nada» eterno existe."
Malevich, Escritos