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terça-feira, 22 de maio de 2018

O pão doce...





Na minha infância, em Nova Iguaçu, lá pelos anos 1960, todos os dias, por volta das três horas da tarde, o padeiro passava com seu triciclo cheio de guloseimas. Ao ouvir as buzinadas, eu era a primeira a chegar ao portão. Ele já estava esperando, pois lá em casa era freguesia certa. Além das tradicionais bisnagas de pão francês, ele também trazia pães doces, broinhas de coco e de milho.
Como eu gostava daquelas broinhas de coco! Elas vinham agarradinhas e com floquinhos de coco e açúcar por cima. As de milho também eram deliciosas, polvilhadas com a própria farinha de milho e açúcar. Tinha também o “pão vita”, um pãozinho de forma macio e delicioso.
Dentre os pães doces, os meus preferidos eram os recheados com canela e açúcar, de feitio todo enroladinho, que a gente ia desenrolando e mordiscando devagar para melhor saborear.

Hoje, passando na padaria não resisti aos olhares deste pão doce (foto), que apesar de não ser de canela, tem o mesmo feitio enroladinho daqueles da minha infância.
Meu café da tarde foi recheado com lembranças...


Obs.: Ainda nos dias atuais, um padeiro continua passando por lá, no mesmo horário, virou tradição.

(Estela Siqueira)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Tussie mussie - Buquê de flor perfumado


Nos tempos antigos, passando pela Idade Média, as pessoas tinham por costume levar ramos de flores e ervas aromáticas, frequentemente mantidos próximo ao nariz ou usados como um broche, ornamento de cabelo ou atados em torno da cintura. 
Este maço de flor aromático era chamado de “nosegay” e servia para amenizar os maus cheiros da precária higiene e da falta de saneamento da época.
Os buquês eram amarrados com fios de linha, barbantes, tiras de tecidos ou fitas
Mais tarde, esses ramalhetes passaram a ser colocados em suportes na forma de cone que facilitava carregá-los. 
Simples ou sofisticados, esses suportes chamam-se “tussie mussie”, feitos de peltre (uma liga, principalmente de estanho, com antimônio, cobre e chumbo), vidro cobalto, prata, porcelana e ornamentados com rendas, fitas, pérolas ou pedras preciosas. 


O termo tussy mussy, ou tussie mussie, remete ao tempo da Rainha Vitória,da Inglaterra. A monarca gostava de carregar estes buquês florais a todos os lugares aonde ia. Vitória também gostava de frascos de lavanda, um tipo de buquê modificado, feito de armazenadores de lavanda. As partes terminais dos armazenadores eram dobradas e colocadas em torno das flores abertas, criando uma “gaiola”, a fim de aprisionar a fragrância.
Ambos os tipos destes acessórios de fragrâncias eram necessários, uma vez que as práticas de higiene na Era Vitoriana eram quase tão ruins quanto aquelas dos séculos antecedentes. 

A popularidade dos tussie-mussies, na Era Vitoriana, cresce na França pré-revolucionária e em ambos os lados do Atlântico. 
Durante o século XIX, instruções de como fazer tussie-moussies foram abundantes em periódicos americanos, e as jovens senhoras eram socialmente avaliadas por sua habilidade em fazer buquês manuais, considerados formas artísticas. Cada um era único.



Era uma época em que as flores eram bastante valorizadas. A linguagem das flores tinha sido desenvolvida na França antes da Revolução Francesa, baseada em antecedentes históricos, incluindo as mitologias grega e romana, a herança judaico-cristã, a medicina das ervas, a arte e a literatura da Renascença e o Selam Turco, uma linguagem rimada que representa sentimentos. 
A cada erva, flor e árvore foi atribuído um significado simbólico baseado em sua aparência, fragrância ou associações.
Dezenas de árias para declamação sobre a linguagem das flores foram escritas durante a Era Vitoriana a fim de ajudar na explicação, às pessoas, acerca destes buquês simbólicos. 
Era muito comum as pessoas se presentearem com os Tussie Mussies para transmitir mensagens secretas e sentimentais.







Tussie mussies, apesar de seu nome engraçado, contudo são belos e elegantes, de bom gosto, diferentes e encantadores e até hoje são usados em ocasiões especiais, como os buquês das noivas, como um delicado presente a alguém que se queira agradar ou colocar em diversas partes da casa para proporcionar mais cor e perfume ao ambiente, dando aquele ar antiguinho que tanto nos encanta...

Ainda nos dias de hoje, a Rainha Elizabeth II mantém a tradição de levar nas mãos um desses elegantes buquês.


É fácil fazer um Tussie Mussie:
Escolhas as flores e ervas, corte os caules no tamanho apropriado e deixe num vaso com água por umas duas ou três horas. Depois disso comece o buquê começando do centro. À medida que for colocando as flores vá girando e amarrando frouxamente com um barbante ou linha. Quando chegar ao tamanho desejado, coloque as ervas perfumadas em torno e arremate com uma fita dando um lindo laço ou use um cone delicado, que pode ser até de um papel bonito ou ainda, uma toalhinha redonda de tule, renda ou organdi.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Arrebol




Palavrinha antiga, tão bonita e não se usa mais! A gente só encontra no dicionário ou em textos antigos, do tempo dos nossos avós. Saiu de moda!

Saiu de moda, mas o arrebol continua, ele é perene, inesgotável, ele é a própria luz do sol, é aquele vermelhão que deixa o céu em fogo, ele é um incêndio no céu.

É aquele vermelhão quando o sol chega de manhã ou quando vai  embora, na tardinha.

Arrebol é aurora, amanhecer, é o ocaso, o entardecer.





Adoro ler textos, poesias ou canções antigas e então, lá encontrar palavrinhas desusadas.





Eis a loucura do arrebol da tarde a pôr no horizonte lumaréus de fogueira” 
 (Adelaide Félix - Cada qual com seu Milagre – Editora Argos - 1941)





(José de Alencar – O Guarany - 1857)

domingo, 7 de fevereiro de 2016

A florista


A florista

"Sou uma florista,
Flores estou vendendo...
- Eu não quero flores
Quero a tua mão
Eu só vendo flores
pague-me um tostão
- Eu quero as flores
E o seu coração
O meu coração
Não estou vendendo
- Venha cá menina
Que por ti estou morrendo"

(Modinha de outros tempos)

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terça-feira, 21 de maio de 2013

Éramos anjos...



Era por volta dos anos 60, um tempo de poucas imagens, pois ainda não havia televisão para todos. Internet então, nem se cogitava ainda em inventar!
O rádio era o maior meio de comunicação, bastante eficaz.  A vida girava em torno dele; neste, ouvíamos as notícias, as novelas, os programas de música e, nos intervalos, as propagandas dos produtos de consumo.
As mulheres sabiam dos últimos lançamentos através das propagandas que ouviam no rádio, propagandas faladas, pura interpretação de vozes, capazes de atingir o público alvo.
Lembro de muitas delas, mas hoje vou falar de uma, pois esta diz muito aos corações femininos: a do Angel Face, da Pond’s, pó compacto que nos conquistou a todas, e que ainda hoje conquista.


Eram vozes que dialogavam, assim:
- Ela é linda! (voz masculina com admiração)
- Ah!  (outra voz masculina com entusiasmo)
- Está noiva! (voz feminina)
- Oh! (as duas vozes masculinas em tom de decepção)
- Usa Pond’s! (a voz feminina com ênfase)
- Aaah! (as duas vozes masculinas com entusiasmo e admiração).
Ao fundo, uma voz cantarolava o jingle – Pond’s, Pond’s, Pond’s...
Depois, o narrador descrevia os benefícios que o Angel Face, da Pond’s, traria, “deixando a sua pele macia e suave como a de um anjo”...


Nós, mulheres, saíamos à busca do produto nas lojas, para ficarmos bonitas e, quem sabe, encontrarmos um noivo!
Éramos anjos e não sabíamos...
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Fotos da Internet.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Para as amantes do crochê


Folheando as revistas que ganhei da Senhorinha Lígia, postadas AQUI encontrei este texto tão rico e romanticamente rebuscado, nos revelando o estilo da época em que foi escrito, 1949.

Copiei o texto para facilitar a leitura, pois a foto não saiu muito nítida. Vale a pena ler até o fim, será puro deleite para nós, que vivemos, hoje, nesta época tão corrida e agitada.
Eis o texto:

"Passeava, certa vez, em verde campina, atapetada de flores primaveris, formosa, encantadora mulher, que procurava, em contato com as belezas da natureza, um derivativo ao tédio que a aniquilava.
Era ao despontar da aurora, quando o sol, rompendo as cortinas de nuvens de seu esconderijo noturno, surgia, cheio de luz, por detrás dos montes, e, com as pinceladas brilhantes dos seus raios dourados, debuchava o seu mais lindo quadro do dia.
Os pássaros, numa sinfonia suave e melodiosa, cantavam as suas matinas; as flores, concertando as suas pétalas mimosas, esparsiam, no ambiente puro dos campos, o doce aroma com que atraíam os colibris multicores, para o beijo da multiplicação da espécie.
Toda uma fauna de animais, num vozear álacre, acorria, pressurosa, ao regato cristalino e borbulhante, que lhes oferecia a ninfa pura e fresca, serpeando em curvas graciosas por entre a relva verde e macia do vale.
Os bosques de árvores floridas agitavam as suas frontes ao leve perpassar da brisa matutina, e o céu, de um anil deslumbrante, se povoava com as revoadas alegres das borboletas multicores, que encantam a vista e deleitam o espírito.
Tudo isto servia de encanto àquela que procurava, no campo, o que o panorama citadino não lhe podia  oferecer, com a sua simétrica monotonia.
Extasiada, ante tanta beleza, que nem todos conhecem, e atraída pelo encanto de uma árvore florida, ela se aproximou de um galho para colhê-lo.
Foi quando reparou numa teia de aranha, que encerrava a mais bela tecitura que jamais comtemplara.
O fio delgado e mágico daquela artífice fantástica apresentava um filigrana divino, que desafiava a mão mais hábil de qualquer ser humano, na sua inigualável confecção.
Meditou aquela mulher sobre os segredos da tecelã anônima; pesquisou, acuradamente, os métodos de trabalho da aranha habilidosa; tomou uma teia para modelo e, depois, em casa, fez, com as suas mãos mimosas, outra teia, mas de linha, com a ajuda das agulhas, sob a inspiração mais terna do seu coração maternal, e nos deu um trabalho magnífico, o crochê, que é a semelhança mais aproximada das lindas teias de aranha."

E para ilustrar, um pequeno trabalho que lembra uma verdadeira teia de aranha, copiado da própria revista:


Detalhe

Se quiser ver mais postagens dessas revistas é só ir no MARCADORES ao lado
 e clicar em "OUTROS TEMPOS"
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domingo, 9 de dezembro de 2012

Biblioteca das Moças



Entre as quatro filhas da minha mãe, eu ocupo o penúltimo lugar, as duas que me precedem, sempre eloquentes e cheias de razões. A caçula, mimada por todos, inclusive por mim apesar da pouca diferença de idade. Cresci nesse meio termo, ora como as mais velhas ora como a mais novinha. A diferença entre as nossas idades é de três anos entre uma e outra, numa  escadinha.


 Enquanto éramos crianças, essa diferença não era muito significativa, mas quando cheguei aos meus 13 anos, a diferença ficou bastante marcante, pois enquanto ainda curtia as brincadeiras infantis com a mais nova (9 anos), as duas mais velhas, então,  com 16 e 19 anos  já tinham outros interesses mais adultos (ou quase).  Ficaram vaidosas e namoradeiras.


Então me dividia entre os dois interesses.  Subia em árvores, jogava bola, brincava de pique ou com as bonecas.  Entre uma brincadeira e outra ficava ligada nos interesses das maiores, nas escolhas das roupas, esmaltes, batons e saltos de sapatos...

Eu gostava de ler os livros que elas colecionavam e trocavam com as amigas. Eram romances policiais, fotonovelas e romances diversos de escritores famosos.
Os mais populares da época eram os livros da coleção “Biblioteca das Moças”,  histórias de amor que sempre acabavam bem, geralmente entre uma moça simples e um moço rico ou importante, como num conto de fadas.


Dentre os mais famosos eram os assinados por M. Deli. As histórias eram todas parecidas, mas o que eu mais gostava era a descrição dos personagens, dos trajes, dos gestos e do ambiente sempre muito amplo e arejado  com cortinas brancas de musseline esvoaçando nas janelas das apaixonadas.
A imaginação voava solta...


Para as que não viveram essa época e quiserem saber mais da Biblioteca das Moças,
e para as que vivenciaram relembrarem com prazer,
 cliquem AQUI 
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domingo, 25 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal - 1949


Primeira página:


Mensagem:

Detalhe:

De 1949 a 2011... Os anos passam, mas a mensagem é igual em sua essência!

Feliz Natal!
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domingo, 2 de outubro de 2011

Outros tempos




Isto, em 1950... e hoje, como será?

Clique duas vezes na imagens para ver melhor.

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domingo, 4 de setembro de 2011

Para Você

E já que estamos em setembro, começo com o texto, tão primorosamente escrito e também bastante atual que copiei na íntegra da revista referente aos meses julho-agosto de 1947.
Você pode clicar duas vezes na imagem para ampliar e ficar legível.



Temos, os da espécie humana, o mau vêzo de desprezar as lições que a Natureza, na sua simplicidade, ao mesmo tempo que na sua sabedoria, nos presenteia, a cada instante.
Trocamos, não raro, o dia pela noite, enquanto o instinto atávico dos irracionais, às vezes mais criterioso que nós, jamais lhe permite fazê-lo. É que, à noite, se verificam fenômenos de toda a espécie, necessários à função biológica. Eles passam desapercebidos, quase, de nós, que nos julgamos detentores dos conhecimentos mais profundos da ciência, mas não respeitados pelos animais, que obedecem, na sua atividade diuturna, o ciclo do dia solar.
Haja visto o que aconteceu, no último eclipse, em Bocaiúva, onde a passarada, saudando o dia nascente, riscava os céus, em revoada alegre e iniciava sua luta quotidiana, em busca de alimentos. O sol, todavia, foi eclipsado pela lua e se fez a treva sobre a terra. Os pássaros não se perturbaram e como, à noite, eles costumam estar sempre, em seus ninhos, não discutiram o fenômeno mas voltaram, precipites, às copadas das árvores, suas moradias, certos de que decorrera mais um período de dia solar. Apenas, todavia, voltou a luz do astro-rei a inundar a terra, retornaram, súbito, à sua faina e aos seus vôos.
Em tudo, aliás, os animais obedecem a certas regras constantes, que nós, nem sempre, procuramos conhecer, mas que lhes dão um teor de vida sadia e intensa, dispensando-lhes médicos, remédios e hospitais.
Chega-nos, com Setembro, a estação maravilhosa da Primavera, que risca as nuvens, em vôos surpreendentes, gozando tal estação, intensamente, tirando-lhe todo o proveito que lê lhe pode dar.
À medida do que nos é possível, corramos para os campos, para aurir aquele ar puro, enchendo os nossos pulmões, renova-nos as energias do sangue, depauperado nos ambientes confinados em que labutamos todos os dias.
Impregnemos as nossas vistas dos panoramas luminosos com que a natureza pátria nos deslumbra e desanuviemos os nossos espíritos dos quadros limitados da nossa visão diuturna, em nossos afazeres.
Gozemos as delícias desta quadra primaveril, que nos é propícia à renovação salutar do nosso organismo e, principalmente, saturemo-nos desta alegria, própria da estação que iniciamos, a fim de higienizar o nosso espírito, comumente tão preocupado pelo peso de nossas responsabilidades quotidianas.
Aproveitemos a vida, no que ela tem de bom e no que nos é lícito, porque, conforme o aforismo chinês, “é mais tarde do que pensamos”.



Espero que tenham gostado.
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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Muito mais que um presente



Ganhei estas revistas de Dona Lygia, senhorinha linda, de 82 anos, minha vizinha até o mês passado, quando precisou mudar para ficar mais perto dos filhos.
Como em toda mudança, a gente acaba se desfazendo de algumas coisas, então, me perguntou se eu gostaria de ficar com as revistas que ela guardou por mais de sessenta anos.
São revistas de trabalhos manuais, tricô e crochê, datadas de 1947 a 1952.
Ela me contou que já não fazia mais os tais trabalhos manuais, mas que deliciava folheando e revivendo toda aquela época, de sua mocidade.
Como recusar!!! Nem pensei tal coisa. .. São relíquias, são tesouros guardados que não tem preço.

As revistas dizem muito da época em que foram lançadas,através das propagandas, da moda, da apresentação... e estas, especialmente são da época em que eu nasci.
E confesso que estou até agora em estado de felicidade e encantamento, folheando-as e revivendo o tempo em que Lygia, Dulce e Helena eram mocinhas.


E quero dividir esta felicidade com vocês, que porventura, também tenham esse sentimento de saber ou reviver como era naqueles tempos.

Vou postar aos poucos, aqui no Guardados (marcador OUTROS TEMPOS) e também no meu outro blog Faceirice, no que se refere à moda e outras faceirices.

Espero que gostem e curtam muito...