Será
que não foi sempre assim? Homens
e mulheres se apaixonam não apenas por uma pessoa, mas pela arte, por exemplo. Ou
a ciência, ou por abraçar uma multidão de famintos, seja a fome do corpo ou da
alma.
A
sociedade ocidental entre doenças e adoecimentos impõe a aposentadoria. E
contraditoriamente também impõe a impossibilidade de morrer. Ou
de envelhecer. Isto
é real, não está apenas nos jornais, está nos hospitais, casas de repouso e por
todo lado. Velhinhas
que não estão mais neste mundo, esclerosadas, dementes senis, sofrendo não
sabemos como, mas presenciamos horrorizados, com alimentação parietal,
impedidas de morrer a morte digna que todos pedimos para nós mesmos.
Felizmente
há quem possa envelhecer. Me
lembro de Audrey Hepburn, aquela mulher linda de corpo e alma mesmo na velhice,
doente, perto da morte. E
aquela foto que correu o mundo? Audrey doente,
tendo nos braços uma criança africana em pele e ossos, que
provavelmente fosse morrer de desnutrição.
Minha
neta tem em seu quarto uma foto de Audrey Hepburn bem jovem e evanescente dançando
com um galã. A
menina de dezoito anos tem nela um ícone. E
Fernanda Monte Negro? Ícones
para mim também, entre outras e outros.
O
que há de perene nas pessoas? Haverá
algo de perene em nós, homens e mulheres? Não
há regras para envelhecer, como não as há para viver, mas cada um de nós sabe
que podemos viver e envelhecer bem ou mal. Na
arte não há regras, mas há a excelência da obra artística. A
excelência que a torna sempre em devir, e atual.
Certamente
os botox e cirurgias perseguindo uma imagem “sempre” jovem, que pesadelo! O
profeta Aldous Huksley previu nosso momento
histórico violento, em tantos sentidos. Nosso admirável mundo novo.
Que
você, blogueiro, permaneça jovem envelhecendo, em devir, na excelência de sua
arte e sua vida. Beijos
e boa próxima semana