terça-feira, 27 de abril de 2010

imagens









chamo
e elas vêm
inesperadas

(Imagens do arquivo pessoal.
Trabalhos fotografados por
Rogério Albuquerque)

travessadores apaixonados



dançam chamando
chuva
e o divino
espírito santo

no enxame dos instantes






se carolinas e alicias
resolverem aparecer
serão bem vindas

segunda-feira, 26 de abril de 2010

DIÁRIO de DOMINGO NA AVENIDA PAULISTA




Dois homens vestidos de mulher, um jovem caipira carregando uma trouxa, uma moça vestida de menina. Os quatro, uma trupe. Pela pressa, a caminho do trabalho. Invejavelmente na deles.
Uma noiva descalça pousava para fotos.
Um hipie velho que faz e vende colares fechava a banca e corria pra não perder o futebal.
Na feirinha do MASP amigos brindavam a vida com sorriso e champanhe.
Passeata contra a vivissecção parava o trânsito e os pedestres..
Uma senhora idosa art nouveau, enorme chapéu cor-de-rosa,
e sua jovem neta, calça jeans.
Casais os mais variados, jovens de skate, crianças, gêmeos, mulheres com turbante, indianos, chineses, turistas loiros e ruivos, provavelmente de diferentes nacionalidades, nariz vermelho, câmeras fotográficas e bermudão.
Um bando alegre e falante de jovens.
Um homem solitário passeando com uma lata de cerveja.

Pequenas e abelhudas percepções.

domingo, 25 de abril de 2010

MUDANÇA

MEU NOVO ESPAÇO
A CABINE DE UM NAVIO
SINGRO O DIA
DENTRO E FORA DE CASA
FORA E DENTRO DE MIM

terça-feira, 20 de abril de 2010

DICAS


Dicas de livros que li em 2010 e que gostei muito. Daqueles que fico triste quando acabo de ler:

"A elegância do Ouriço", Barberi Muriel.
"O filho eterno", Cristovâo Tezza.
"A chave da casa", Tatiana Salen Levy.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Personagens: Os atravessadores.

Atravessadoras: estas são "as carolinas".

Blogueiros

Há dois anos jamais me imaginaria blogueira. Nem saberia o que é. Muito longe de minha realidade. E aqui estou em entuziasmo _ crescente, minguante, novo, cheio, fases da Lua. Só que aqui não-sou-de-lua, sou aprendiz. O maior prazer, o de aprendiz. A maior alegria, comunicar. Encontrar pessoas. Na verdade, dois aspectos diferentes do processo. Que nunca se pode dizer "o mesmo". Pois não é. Viva as diferenças!

Preciso/desejo ser simples, falar de um jeito que me compreendam. É o que busco há muito. Busca de não terminar.


Um grande abraço,

Eliane

Personagens



As imagens são de "Atravessadores". Personagens, possuem e contam sua (s) história (s).

OS ATRAVESSADORES

OS ATRAVESSADORES


Travessia, no arquipélago Fernando de Noronha, uma ilha tão pequena que poderia ser engolida por um tubarão, é a terra dos atravessadores, seres cujos corpos são feitos de fios os mais variados: alumínio, plástico, novelo de lã, arame, cobre, fios afetivos, e ainda linhas de desenhos.
Os atravessadores se manifestam nas mais diferentes formas. Podem aparecer como humanos, animais, anjos, demônios, ou como os Ets de Varginha. Seres que pensam, sentem, constroem mitos e filosofias, são poetas, e têm olho de recém nascido. O mundo que os cerca está pronto há milênios, mas em cada olhar, para eles, um mundo novo se revela.
Os Atravessadores surgiram de desenhos, artesanias e outras artes plásticas. As palavras e textos que os contam vieram depois.

Tuca, cadela guardiã da vida e da morte.



Pote atravessador.

sábado, 17 de abril de 2010

A marca letárgica da conversa

Olhar a tecelã
tecer
deixa-me
entre o sonho
e a vigília

Espeto o dedo
no fuso

E adormeço
cem anos

Homem nú? Homem vestido?

Encontrei meu marido no hospital, ia tirar umas pintas do rosto, uma verruga na perna. O médico atende em hospital. quando cheguei ele estava nú, só de cueca, com um avental azul de paciente pronto para a cirurgia. Não era sério, anestesia local. Estava perdido, entretanto, parecia um menino reclamando e obedecendo:

_ Coloque as "botas cirúrgicas", _ colocava, a touca, também.

Me entregaram suas roupas em uma sacola, inclusive os sapatos, e um papel onde assinou entregando os documentos, carteira e que mais.

Ri da história, imaginando se eu fosse embora com as coisas que portava: seu lenço e documentos...Não fui. Fiquei aguardando fielmente sua saída.

Nem acredito na mudança, quando de novo se vestiu, e se apossou do papel que lhe permitia resgatar lenço e documentos. De obediente passou a mandar:

_ Quero sair já daqui, tenho um compromisso às 18 horas, inadiável!!!!

A pressão dele até subiu.

Após luta paladina conseguiu a alta. Puxa!!!!!!!!!!!! Não posso me esquecer, num hospital, nús, se apossam de nós tais abjetos. É verdade, meu.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

CUIDADO COM O QUE DESEJA

Nina ganhou do pai o Angorá.
Chamou-o Reno, que sabia nome de rio.
O Rio Reno corre longe do agreste cerrado de Goiás, nos campos cultivados da Europa,
O Gato Reno, porém, passava seus dias com Nina.
Um gato engraçado, no grude com sua dona,
felino manhoso que seguia Nina, e abanava o rabo quando a avistava.

Um dia passeava com o Gato, no bosque de jatobás.
Nina apanha uma fava graúda no chão, acabada de cair do galho.
Gosta muito da fruta seca e áspera.
Abre a fava, com a ajuda de uma pedra.
Não era uma fava comum aquela, abrigava um gênio.
Aliás, o aprisionava.

O Gênio quase mata Nina de susto, aparecendo em alto estilo, provoca uma nuvem de poeira esverdeada. Ela precisou limpar-se do pó, batendo as mãos na roupa e no corpo, para enxergar aquele ser minúsculo, que em seguida lhe ordena, mais que pede:


_ Um desejo, menina, só um. E você me libertará.

A única testemunha do fato encantado, além de Nina, o Reno, macio e quente, enconstando nas pernas da dona e ronronando, como se nada acontecesse.
Em meio ao espanto Nina berra:

_ Quero o Reno comigo para sempre!

Desta vez, não foi uma nuvem de poeira, mas uma explosão de pó e faíscas verde musgo.
Nina cai sentada, tosse, espirra, e quando abre os olhos,
encontra em seus joelhos, um gato de porcelana igual ao Gato Reno.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

De mudanças e de diários

Estou mudando de casa.
Não mudei tanto assim em minha vida, mas cada mudança de casa é para mim também mudança de vida, outra etapa se inicia.
Mudanças são tempos de encontrar "coisas". E de perder muitas e muitas coisas. De se desfazer não apenas de objetos, mas de hábitos e formas de viver.

Nessa mudança encontrei diários, inclusive um de quando eu tinha 14/15/16 anos. No diário inocente, uma menina falava de fatos...
E alguns acontecimentos. Relendo-o percebi que não tinha acesso, naquela idade, aos meus sentimentos como procuro hoje. Também percebi que era muito romântica e preocupada em conhecer o amor.

A diferença entre "fato" e "acontecimento"?
O fato é descritivo, direto. Por exemplo:
"Almocei da casa de vovó Lelé; encontrei com meus amigos, andei de bicicleta".

Um acontecimento não é direto, é filtrado por percepções, sentimentos, por paradoxos. Escrever esta crônica, por exemplo, gostaria que fosse da ordem do acontecimento. Esta crônica ou qualquer outro escrito.

Aconteceu comigo agora, nessa fase, de jogar fora e me desfazer de diários e mais diários. Me desfiz deles ou porque achei a linguagem confusa, ou porque eram "diretos" demais, factuais.

Do pequeno diário vermelho de couro que mencionei acima, no entanto, não me desfiz. Ainda. Ele é resvalado por acontecimentos, e tem histórias engraçadas. E tenho agora uma neta que tem a idade que eu tinha no tempo do diário. Resolvi que vou mostrá-lo a ela, que é muito curiosa de como eu era quando jovezinha. Isso transforma aquele diário em um acontecimento? Acredito que sim. Um encontro entre o passado e o presente, revelando uma jovem que hoje é avó.