O sistema de ensino escolar usa Agrupamentos, criando grupos de alunos que adquiriram competências completamente diferentes, dificultando o funcionamento do Ensino Superior, reestruturado de acordo com os princípios de Bolonha.O sistema de ensino deveria ser estruturado de modo a que cada grau seguinte proporcione mais conhecimentos, mas estes conhecimentos, além de mais aprofundados, devem ser mais específicos, já que é impossível ser-se especialista em tudo.
Em conformidade, o sistema de Bolonha, implementado no nosso Ensino Superior, reestruturou a maioria dos cursos superiores, nos quais foi adoptado o sistema 3+2 - um Bacharelato, de 3 anos, e mais um Mestrado, de 2 anos. Nesta abordagem entende-se que os Bacharelatos devem ter currículos muito genéricos, podendo, por exemplo, existir um Bacharelato que dê uma preparação adequada, em simultâneo, para os Mestrados em Bioquímica, Biotecnologia, e Química, cursos estes que antes existiam como Licenciaturas distintas. Entre outras vantagens, esta abordagem permite racionalizar o sistema do Ensino Superior, evitando a duplicação desnecessária do esforço docente.
Entretanto, à luz de Bolonha, vêem-se mais facilmente as incongruências do Ensino Secundário, que impõem gastos desnecessários, contra-producentes e perfeitamente evitáveis, no sistema de ensino nacional. Trata-se, essencialmente, de dois fenómenos existentes no Ensino Secundário:
- Os Agrupamentos existentes na Escola Secundária criam grupos de alunos com competências completamente diferentes, que podem, em princípio, todos, entrar num mesmo Curso Superior. Com efeito, o ensino das disciplinas dos cursos superiores tem que começar, na maioria dos casos, a partir dos níveis de conhecimentos adquiridos no 9º ano do Ensino Básico. Deste modo, os alunos que receberam na Escola Secundária uma formação adequada ao Curso Superior no qual entraram, ficam desmotivados de estudar, considerando que já sabem aquilo tudo. Entretanto, outros alunos, que frequentaram um Agrupamento desadequado ao seu Curso Superior, não conseguem acompanhar a matéria, que está a ser dada muito mais rapidamente do que na Escola Secundária - para perceber as respectivas exigências, devemos comparar 3 anos na Escola Secundária a 1 semestre no Ensino Superior, que necessita de colmatar as deficiências de formação acumuladas ao longo dos 3 anos da Escola Secundária.
- Um efeito da mesma natureza, embora numa escala mais reduzida, é criado pelas possibilidades /obrigações dos alunos de escolherem disciplinas opcionais. Assim, no Agrupamento de Ciências existem alunos que estudam Química no 12º ano, mas não Física, ou Biologia, mas não Geologia, etc.
Medidas propostas
- Universalizar o ensino na Escola Secundária, eliminando os Agrupamentos e as Opções desnecessárias.
- As Opções podem e devem existir na Formação Profissional e Formação Vocacional, mas não na formação em disciplinas fundamentais, como Português, Matemática, Inglês, e mais algumas.
- Eliminar o 12º ano, por falta de necessidade.
2 comentários:
Concordo, na generalidade com o conteúdo do post.
Além disso, acho que não se deveria chamar «licenciatura» a um curso de 3 anos.
No sistema anglo-saxónico existem os bacharelatos, os mestrados, as pós-graduações, as especializações e os douroramentos. Qual a razão de nos agarrarmos a licenciaturas. Para se chamar «sr. dr.» a um licenciado?
O que serão os futuros «licenciados» em Psicologia?
A nova professora que nos pediu ajuda hoje, não sei se é licenciada com 5, 4 ou 3 anos de curso superior!!!
Por acaso, o próprio sistema de Bolonha deixa aberta a possibilidade de desvirtuar o ensino universitário, tal como já foi o ensino escolar, falando em avaliação do "trabalho do aluno" e das "competências do aluno", e vez de "conhecimentos".
Pelos vistos, estamos atrasados, a exigir os conhecimentos ...
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