O terceiro andar pertence aos descomprometidos do Edificio Magnolia. Em frente da porta do instrutor de equitação vive uma jovem particularmente peculiar e solteira. O que a alguns vizinhos pode parecer uma vizinha perturbadoramente problemática, para outros revela-se como uma inquilina curiosa, de uma presença excitante. Durante o dia ela apresenta-se como uma vizinha simples. Jovem extrovertida, simpática, civilizada, de bom trato. Casualmente bem vestida, sociavelmente agradável e fiel aos seus compromissos. Desde que o sol se costuma pôr até ao acordar da manhã, Ana é a mais caprichosa acompanhante de luxo que esta cidade conheceu.
Não interpretem mal. Ana não esconde o que faz, nem tão pouco tem qualquer tipo de constrangimentos em exercer uma profissão tão excêntrica. Ana apenas pretende assumir dois papéis diferentes. Veste duas máscaras distintas, duas personalidades conflituosas entre si, mas indissociáveis uma da outra. De dia, ela quer ser a jovem que aproveita a vida, ingénua perante o que a vida lhe vai querendo oferecer e que ela recebe de bom gosto. Sociável, activamente envolvida no seu meio. Gosta da sua corrida ao inicio da manhã, faz as compras no mercado, estuda para o curso artistico que desenvolve num teatro ali perto. Convida os amigos verdadeiros a almoçar e diverte-se com novas amigas no centro comercial. Ao regressar a casa, despe as suas calças de ganga e top cor púrpura, lavando o corpo de um tranquilo dia rotineiro. Veste uma das suas peças predilectas e perfuma-se de um penetrante aroma de orquídea até ao seu próprio sexo. O sol põe-se e de noite ela é uma mulher ousada, sensual, ardente ou outros tantos adjectivos que encarnem numa acompanhante de sonho. A magia da escuridão e das luzes artificiais entrega-lhe um poder que ela anseia por controlar. E até o sol se levantar, o seu mundo preenche-se de luxo, de excentricidade, de paixão, de loucura, de sexo, mas também de muito dinheiro. Ainda assim, o circulo é vicioso e ela está pronta para mais um jogging matinal. Mas ela será sempre a mesma Ana. De dia e noite. Sem nome falso. A mesma alma, uma atitude diferente.
Ela entra pelo elevador. O relógio já alcança as onze horas e todo o prédio deverá estar recolhido no sono, no descanso ou no prazer intimo. O seu cliente acompanha-a. Em silêncio. Dentro da cabine espelhada do elevador, os olhares trocam-se, as mãos do homem vagueiam delicadamente os ombros desnudados dela. Ana vem encantadora. Um vestido azul escuro, com alças finas, estendido até um pouco abaixo dos joelhos pinta-a de um ar formal, esplendorosa todavia à medida da sobriedade que caracteriza a sua aparência. Ana é uma mulher linda. Não é uma actriz de Hollywood, transformada para parecer linda aos olhos do desejo. Não é uma modelo perfeita, com medidas ajustadas ao consumo. Nem tão pouco será a mulher mais bela da cidade. No entanto, misturado na sua cara redonda, suave e sorridente, entrelaçado nos seus cabelos castanhos encaracolados e seguros ao seu corpo de baixa estatura mas elegante, com boas curvas e marcas erógenas bem salientes, está uma sensualidade pouco usual. A sua imagem respira sex-appeal. A sua máscara nocturna adapta-se ao jogo dela. Ana é a acompanhante ideal de uma noite intima sem compromissos sentimentais.
A sua outra personalidade nasceu há seis anos atrás. Um convite pouco usual de uma mulher madura encaminhou, na altura, a menina de vinte anos, estudante e devota aos seus principios, para um desafio inimaginável. Consciente de si mesma, presa a nada, com tudo a ganhar, ela aceitou a responsabilidade de ser uma das acompanhantes num clube privado, luxuoso e comodamente agradável e particularmente seguro, na baixa da cidade.
O homem que cavalheiramente a acompanha é o gerente de um hotel do outro lado da cidade. Um homem casado, com dois filhos mas que preza os prazeres da noite, de uma forma elegantemente secreta. Tem quarenta e dois anos. Bem vestido, charmoso, mas com uma aparência algo desgastada. Pelo trabalho, pela ideia de um casamento falhado, pela convicção de que dois maços de tabaco e uma bebida forte a acompanhar lhe permitem viver sem ansiedade. Ana abre a porta de casa e mantém a postura sensual e confiante. No 3º Direito, o prazer vende-se caro, mas a alma não tem preço.
Durante o tempo que trabalhou no clube da mulher de cinquenta anos, Ana gozava de uma liberdade singular na casa onde operava o negócio. Os melhores clientes eram sempre direccionados para si, os dias de trabalho eram flexíveis, a escolha de quando e como trabalhava era dela e os honorários, bem como a percentagem recebida eram mais elevadas que qualquer outra acompanhante do clube. Em troca, a casa ganhava um prestigio elevado e claramente aumentava os lucros. Em boa razão, Ana sentia que ganhava com o jogo. Porque desde o seu primeiro momento intimo, Ana adorava sexo. De uma forma que jamais alguém podia entender na sua plenitude. Hoje, com 26 anos, Ana decidiu ser totalmente independente.
Antes de entrarem na casa alugada de Ana, a acompanhante e o cliente aproveitaram a noite. A sua profissão não exige só a Ana que seja amante, que ceda aos caprichos sexuais dos clientes que lhe requisitam os serviços. Ser acompanhada pela jovem significa também gozar de momentos agradáveis, como o jantar no restaurante mais requintado da cidade. Significa ser galanteada pelas ruas panorâmicas da baixa, por um homem que apesar de ser um cliente regular, ainda é algo desconhecido para ela. Ao entrarem pelo corredor da fracção nordeste do edificio, Ana e o gerente não trocam muitas palavras, não trocam beijos, mas ela sente-se atraida pelo homem. Pega na mão dele, levando-o para o seu quarto. Despe o casaco dele, abre-lhe a camisa e senta-o na sua enorme cama. A respiração dela intensifica-se, mas faz tudo parte do jogo. Ela retira as alças do seu vestido enquanto se aproxima do seu cliente. O homem puxa o vestido elegante para baixo e Ana passa a ser uma mulher sensual apenas de cuecas azuis. Ele segura o rabo firme mas largo da acompanhante e beija a barriga dela. As suas mãos tremem ao acariciarem o cabelo dele, mas continua a ser tudo parte do jogo. Ana ajoelha-se no chão alcatifado do seu quarto. É ali que ela dorme nas noites de folga, é ali que ela se arranja diariamente, é ali que ela traz as suas fodas, sentimentais ou profissionais. É neste quarto que Ana se sente confortável consigo mesma. Em segundos demorados, em gestos longos, em instantes infindáveis, ela abriu as calças do cliente e retirou a picha tesa dele para fora. Porque tudo isto é um jogo para Ana e ela diverte-se a fazê-lo.
Em desacordo com a politica que a gerente do clube vinha a exercer, Ana saiu do clube em choque com a opinião da mulher que um dia lhe mostrou a porta de entrada para uma aventura perigosa mas lucrativa. O facto do clube aceitar cada vez mais clientes, muitos deles sem o mínimo perfil para entrarem sequer no bar do clube, fez com que Ana passasse a recusar cada vez mais clientes. Quando percebeu que a situação era insustentável para as duas partes, abandonou o barco. O melhor trunfo do clube saiu. E Ana sabia exactamente o seu potencial. Mas restavam-lhe poucas opções.
Ana chupa como ninguém. Na verdadeira concepção da palavra, ela faz um broche como uma profissional. E ela adora saber disso. E ela delira em comprová-lo aos seus melhores clientes. A boca dela molha a ponta da picha dele como um rebuçado. Como algo a ser saboreado lentamente. Os seus lábios finíssimos deslizam pelo pénis dele enquanto o homem passa as mãos pelos seus cabelos encaracolados. Mais do que chupar, mais do que procurar dar-lhe um prazer intenso e com marca registada, Ana pretende saborear aquilo que por alguns momentos lhe pertence. O gerente do hotel é dotado e isso vai-se revelando conforme Ana acelera o ritmo do seu trabalho. Segura os testículos dele com a sua mão ternurenta, procurando libertá-lo da ansiedade que se reflecte na respiração do seu cliente. Os seus seios empinados, redondos e macios roçam nas coxas dele, justificando a constante excitação do homem. Ana abocanha todo o sexo. Torna-o seu, molha-o com a sua saliva morna e amacia-a com os seus lábios doces. Ele, apesar de já conhecer os broches da acompanhante, surpreende-se com a forma como ela chupa. A fricção dos dedos da mão direita dela no sexo do cliente obrigam a que ele se controle, antes mesmo dela se satisfazer com o broche. Sem ele mesmo perceber, é Ana que controla a situação. É ela que vai decidir quando é que ele se irá esporrar. De olhos abertos, ela pressente cada acção do homem. No momento em que os músculos das coxas dele se contraem, Ana dá uma trincada macia na ponta da picha do homem e obriga-o a ejacular-se com violência. A jovem segura com força o instrumento do seu cliente e aponta-o para o seu peito. As mamas bonitas de Ana recebem o prazer quente do gerente. Ela geme baixinho ao sentir o liquido escorrer-lhe entre o vale. E apesar de aquilo ser um trabalho, ela diverte-se imenso.
A sua saída foi aceite pela gerente, mas a sua imagem junto de proprietários de clubes da noite degradou-se. Ninguém queria uma acompanhante que fosse contra as regras da casa. Assim, Ana viu-se confrontada com a hipótese de desistir do negócio e seguir com a sua vida diária ou tomar conta de si mesma e continuar a aventura à sua maneira. Sem patrão e sem limites.
O gerente julga que tem o controlo das acções. Julga que a noite é dele porque é ele que tem poder financeiro para recompensar as suas supostas ordens à sua acompanhante. Quando ele penetra com força a rata de Ana, enquanto ela está de quatro na cama, de costas para ele, o gerente do hotel ilude-se na sensação de poder ter prazer à maneira dele. Mas o cliente está completamente enganado. Sempre esteve. De todas as vezes que requereu os serviços de Ana, até mesmo nos tempos do clube, ele era iludido ao achar que era o homem detentor do poder. O homem está a fodê-la. Ana está a gritar. Ele está a ter prazer. Ela está a aguentar. O cliente domina a situação. A acompanhante é submissa perante as mãos fortes do homem que seguram o seu rabo. Sim. Ele fode-a. Não. Ele não domina. Sim. Ela tem prazer. Não. Ele jamais pode saber quando é que ela vai querer que tudo aquilo termine. Ana sente cada penetração da picha entesada dele. As suas mamas pendulam e excitam-se de tanto prazer. Para ela, o céu está próximo e ela que decide quando lá vai entrar. É ela que vai dar a ordem para ele parar de fodê-la com força, de deixá-lo vir-se na rata dela, de deixá-lo repousar daquela posição erecta em que ele se encontra. Porque Ana consegue fazê-lo. Consegue levar o cliente à loucura, da forma que ela quer. Porque ela é detentora do jogo. A casa é dela, o corpo é dela, a atitude pertence-lhe. Ana sabe que é prostituta. Ana sabe que vende o corpo. Mas Ana sabe que o faz por prazer e que as suas melhores fodas são quando ela sabe que precisa de se apoderar do cliente. E no momento em que o cliente já se sente sem forças para a penetrar, Ana mexe as ancas. Para a frente e para trás, ela obriga o homem a penetrá-la, a entrar no mais profundo desejo dela. Os dedos dele seguram-se às nádegas tensas dela e segundos antes dele se voltar a esporrar para dentro dela, a rata de Ana explode. Gera-se um tumulto dentro do seu sexo. Espalha-se pelos nervos do corpo que ela mesmo domina. Circula pelo sangue um calor de quem se libertou de si mesma. E o orgasmo dela ejacula-se pela sua boca fora, num grito enlouquecedor, sedutor e carregado de prazer. O homem deitou-se sobre ela. Exausto, convencido da capacidade dela de o levar ao puro prazer e consolo. Ana refaz-se do seu orgasmo. A sua primeira prenda vinha embrulhada num cliente cavalheiro, atencioso, mas presunçoso da sua capacidade de dominar o rabo de uma puta. No momento em que Ana se deita ao lado dele, procurando reconfortá-lo, ela sabe que é mais do que puta. O substantivo acompanhante pode ser relativo na caracterização do seu trabalho, mas ela sabe que tudo isto envolve mais do que prostituição. Ana é uma jogadora. Como qualquer outro atleta, usa o seu corpo para vencer. Não entendam mal. Ana não quer justificar ou desculpar o que faz. Ana pretende apenas perceber porque é que aquilo a faz sentir a mulher mais sensual do mundo.
O cliente já tinha pedido mais uma foda. Ana aceitou. O cliente percebeu que as horas passam depressa, na companhia de uma mulher assim. Ana sabe disso. Antes mesmo do sol amanhecer, Ana acorda sozinha na sua enorme cama. O cliente foi-se embora, preparado para assumir o seu papel diário. Em cima da mesinha de cabeceira está um envelope branco. Dentro dele estão duas notas gordas. A segunda prenda de Ana é apenas um prémio que ela sente receber por fazer o seu trabalho de uma forma profissional. Cedo já é dia e o circulo de Ana volta a repetir-se com a corrida matinal.