Democracia não é exploração da maioria por alguns
DIABO nº 2212 de 24-05-2019, pág 16. Por António João Soares
Vivemos enganados, submetidos a uma lei constitucional cozinhada em ambiente condicionado, numa Assembleia cercada e submetida à vontade de um poder amordaçante. Os anos passaram e as poucas e pequenas alterações ao papel inicial serviram para aumentar as mordomias e ostentações de poder de tiranos, por vezes, sem apoio claro e indiscutível da vontade dos eleitores, que têm beneficiado familiares, amigos, cúmplices e coniventes de forma não submetida à vontade popular por eleições ou por referendo.
A quantidade de beneficiados, isto é de funcionários no Governo e Instituições dele dependentes tem subido nos últimos anos de cerca de um por cento anual e a admissão não tem sido feita com base na capacidade, competência ou dedicação à melhoria das condições de vida da população, pois o funcionamento dos serviços mais significativos não tem melhorado, antes pelo contrário, como demonstram as generalizadas greves que têm ocorrido. A Saúde, a Educação, Justiça têm sido alvos de tais descontentamentos. E estes não têm sido tão visíveis nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança, porque a sua formação disciplinada e regulamentação as têm impedido de se manifestar, mas os sinais das suas dificuldades têm saído para fora dos seus muros.
E as carências que afectam os principais serviços públicos e a vida nacional não se devem a menos dinheiro sacado aos contribuintes, pois os impostos, adicionados de taxas e taxinhas têm aumentado, o que evidencia que ele tem sido mal gerido para fins que não devem ser priorizados, com pagamentos a mais ‘boys’ e ‘girls’ encabidados em gabinetes sem serem necessários e sem irem contribuir para melhorar a eficácia da governação. E, dessa forma, dizem reduzir o desemprego, mas parece não se ter conseguido um aumento da economia nacional nem do bem-estar dos portugueses e, pelo contrário, criou- -se motivo para o povo criticar o regime de “república familiar” com concentração de benefícios de vária ordem na elite com seus familiares, amigos, cúmplices e coniventes e com resultado de agravar a injustiça social, aumentando dívidas e despesas não produtivas, e prolongando o período em que não são visíveis melhorias do património nacional, agravando a comparação da evolução deste nos 45 anos mais recentes com a sua evolução em igual período anterior, apesar de então ter havido efeitos muito pesados da segunda guerra mundial e da guerra do Ultramar.
A falta de lógica e de racionalidade da gestão governativa, contra tudo o que é ética e democracia é manifesta no adiamento das aconselhadas reformas de estrutura e da regulamentação das actividades públicas, o que tem sido notório nas reflexões anteriores e nos gastos do dinheiro público (dos contribuintes) em apoio de empresas privadas, Novo Banco por exemplo, e para outras actividades não prioritárias e de forma pouco inteligente como a contagem de tempo serviço de professores, desprezando os funcionários públicos de outros sectores que se encontram em semelhante situação de injustiça.
A “Democracia” em Portugal apenas conheceu três referendos e nenhum tendo sido vinculativo, mas outros assuntos mereciam ser debatidos, de forma o mais independente possível, para que a população se sentisse interessada na gestão do seu dinheiro e dos interesses nacionais. E, quanto à gestão do dinheiro, muito deve ser feito a começar por serem publicitadas, em termos compreensíveis pelos cidadãos mais simples, como, por exemplo, o valor das parcelas da despesa pública, isto é, saber qual o destino do dinheiro que lhes foi sacado.
Em termos de valor do PIB, convém comparar a quantidade de deputados, de gente constante de folhas de pagamento de Presidência, de Governo, de Parlamento, de autarquias, bem como das verbas gastas com carros, viagens e outras coisas não essenciais. ■
sexta-feira, 24 de maio de 2019
DEMOCRACIA É EXPLORAÇÃO DA MAIORIA POR ALGUNS
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A. João Soares
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terça-feira, 9 de maio de 2017
DITADURAS GERADAS DEMOCRATICAMENTE?
Ditaduras geradas democraticamente?
(Publicado em O DIABO de 9 de Maio de 2017)
As ditaduras são detestadas pela maioria da população. Digo maioria e não totalidade porque uma pequena parte dos cidadãos beneficiam das vantagens do poder único e omnipotente, por viverem à sombra dos usurpadores das regalias, com os privilégios daí decorrentes. O que é de estranhar é que, em muitos casos recentes, há ditadores que usam e abusam do poder, mas os eleitores, talvez por ausência de cultura, de capacidade de discernimento e sujeitos aos efeitos de adequada propaganda ou lavagem de cérebro, dão-lhes o voto. O caso mais flagrante foi o do presidente da Turquia que, depois de mostrar, claramente, a sua tendência para se vingar do mínimo gesto que lhe desagrade, fez um referendo para alterar a Constituição passando, legalmente, a ser «todo poderoso», sem Governo e sem um Parlamento onde a oposição possa temperar os seus excessos, e obteve a maioria dos votos.
Os casos em países africanos, asiáticos e na América Latina são numerosos, embora a Comunicação Social não faça especiais reparos. Mas a violência que está a grassar na Venezuela não está a passar despercebida. E a eleição de Trump não merece os elogios de pessoas bem-pensantes e isentas de interesses.
Entre nós, embora se fale de democracia, ainda se não foi além da «partidocracia», como se verifica no sistema eleitoral, em que ao simples eleitor não é dado o direito de escolher os seus representantes nos órgãos de soberania, mas apenas o de votar a lista de um partido, ignorando pormenores sobre os componentes das mesmas que foram escolhidos por decisão de um «líder». O caso mais chocante e recente é o da candidatura à Câmara Municipal de Lisboa, sem ter sido ouvido, sequer, o presidente da concelhia de Lisboa do Partido, que acabou por se demitir, procurando não melindrar demasiado o seu líder partidário.
Em democracia, a soberania reside na Nação, nos cidadãos, que, para melhor funcionalidade, delegam em representantes, os quais, por honestidade e lealdade para com os representados, devem procurar conhecer os seus sentimentos, as necessidades e objetivos legais, para melhor conseguir preparar um futuro com melhor qualidade de vida para todos, principalmente os mais desamparados. O dever patriótico cabe a todos os cidadãos, cada um participando com críticas positivas, sugestões ou propostas, conforme a sua situação e capacidade. Acerca disto, penso numa líder oposicionista que fala muitas vezes, mas sempre com o mesmo objectivo de criticar demolidoramente o Primeiro-Ministro, acusando-o de erros que já eram frequentes no Governo a que ela pertenceu. Seria mais patriótica se procurasse contribuir para um Portugal melhor, se apresentasse críticas, sugestões e propostas adequadas. Se fosse ao ponto de se mostrar interessada pela metodologia do Presidente da Tanzânia, John Magufuli, isso granjear-lhe-ia mais prestígio e votos para futuros cargos por mostrar maior capacidade e ser defensora dos interesses da maioria dos portugueses.
António João Soares
2 de Maio de 2017
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sábado, 15 de outubro de 2016
DEMOCRACIA OU DITADURA ?
Democracia ou ditadura
(Foi publicado em O DIABO de 11 de de Outubro de 2016
Numa época em que muito se fala em democracia, direitos humanos, respeito pelas pessoas, transparência, liberdade de expressão, justiça social, etc. aparecem governantes com actos ditatoriais, autoritarismo, intolerância e que, estranhamente, são aceites e quase justificados pelos seus parceiros internacionais.
È agora o caso das Filipinas, foi recentemente o da Turquia, tem sido repetidamente o da Coreia do Norte, que vêm juntar-se a muitos outros desde a Europa à América do Sul, passando pela África e Ásia. No entanto, os problemas cívicos e sociais devem ser colocados numa prioridade muito acima do alcance das competências de grande parte dos governantes. Tais problemas exigem competência, inteligência e sensibilidade.
Não é fácil. O célebre lema da histórica Revolução Francesa – Igualdade, Liberdade e Fraternidade – contém uma impossibilidade, a da incompatibilidade entre igualdade e liberdade. Para as pessoas serem iguais, não podem ter liberdade de ser como gostam. O resultado de tal conflito de conceitos conduziu a que os líderes saídos da revolução, desejosos que, em nome da igualdade, todos comungassem dos mesmos ideais, não admitiram que houvesse pensadores com a leviandade de usar a liberdade de ter ideias diferentes e as exprimirem publicamente. E, para os calar, puseram a guilhotina a trabalhar. Mas passados 227 anos sobre tal acontecimento histórico e tendo sido adoptado o conceito de democracia, nas palavras proferidas publicamente pelos políticos, já é altura de assumir inteiramente o ideal democrático ou implantar outro que seja aceite. Afinal, para que quiseram destruir as monarquias, se não eram capazes de governar melhor em todos os aspectos da qualidade de vida das pessoas especialmente das mais débeis?
Parece que as Filipinas, como outros Estados, estão a fazer a criação de «novo método de governar», mas que contradiz o conceito civilizacional de Humanidade e respeito pelos outros. No século XXI tem que ser escolhida uma forma aceitável de educar os jovens desviados do bom caminho e desenvolver métodos de informação e de educação das pessoas para vivermos pacificamente em harmonia, espírito de ajuda, de compreensão e evitar ambições com formas selvagens de competição por pretextos insignificantes.
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domingo, 28 de junho de 2015
A DEMOCRACIA E O VOTO
Transcrição seguida de NOTA
"Se temos más políticas é porque os portugueses querem"
POR NOTÍCIAS AO MINUTO. 150628. ÀS 17:07
O presidente do PS garante que a única alternativa é o voto no PS para contrariar a "má política" nestes últimos quatro anos.
No congresso do PS/Madeira, Carlos César, diz não ter dúvidas que as más políticas e os maus políticos são responsabilidade dos portugueses. “Se temos más políticas é porque os portugueses querem, sobretudo os que não vão votar”, afirma.
O presidente do PS indica ainda que mesmo os que sabem que este Governo “não presta” nada fazem para o alterar. Mas isso não iliba o Governo, nem os erros cometidos, segundo o Expresso.
“O mesmo Governo que tudo fez para destruir uma das melhores realizações do Portugal do pós-25 Abril: o sistema nacional de saúde. Essas são responsabilidades de quem governou o país nos últimos quatros anos”, acrescenta.
Para o socialista a única alternativa é votar no PS nas próximas eleições. E caso o façam, tudo será feito para recuperar o emprego e a economia portuguesa.
NOTA:
Estas palavras de Carlos César valem o que vale tudo o que nos é cuspido pelos propagandistas dos partidos em vésperas de eleições. As promessas são sempre encantadoras mas o encanto é rasgado e atirado ao lixo logo que são conhecidos os resultados da contagem dos votos.
O próprio acto de escolher uma lista constitui uma armadilha porque a maioria dos eleitores não conhece minimamente os nomes nela constantes.
O sistema eleitoral precisa de ser democratizado.
Por exemplo: Cada eleitor escreve no voto para as freguesias 3 ou 4 nomes e dessa totalidade são selecionados os que têm mais votos para constituir os respectivos órgãos autárquicos. Depois são os eleitos de todas as freguesias que agem de igual forma para os órgãos dos concelhos e, assim, por este processo, devidamente burilado, se chega ao Parlamento.
De tal forma, se poderia dizer que o povo tem o Poder que escolheu. Mas, na realidade, a partidocracia não está interessada em perder a sua «liberdade» autoritária de decidir quem quer que seja nomeado, colocando os candidatos em listas devidamente priorizadas.
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quinta-feira, 16 de abril de 2015
PRÓXIMAS ELEIÇÕES SERÃO OPORTUNIDADE A NÃO PERDER
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
RIO DEFENDE PROFUNDA REFORMA DE REGIME
PODE NÃO SE CONCORDAR INTEIRAMENTE COM AS AFIRMAÇÕES DE RUI RIO, mas elas são um pontapé para a frente propiciando a reflexão necessária a cada eleitor para decidir se deve ou não e, de que maneira, contribuir para o cenário que ele prevê ou como evitar tal agravamento da vida nacional.
Deve ser lido com atenção o pequeno artigo que se transcreve.
Rio duvida que a Justiça garanta mais os direitos hoje do que antes do 25 de abril
Na apresentação da sua biografia, o ex-presidente da Câmara do Porto afirmou que Portugal "caminha para uma ditadura sem rosto" e criticou implicitamente a violação do segredo de Justiça na detenção de José Sócrates
Rui Rio diz que Portugal "caminha para uma ditadura sem rosto" como resultado de "um poder político fraco" e voltou a defender uma profunda reforma de regime, que vá para lá do sistema político-partidário e que inclua também a Justiça e a comunicação social.
"O poder económico manda mais hoje ou antes do 25 de abril?
A Justiça garante mais os direitos dos cidadãos hoje ou antes do 25 de abril? A censura orgânica que existia era mais opaca do que a censura inorgânica que hoje existe?", perguntou o ex-presidente da Câmara do Porto perante uma plateia de cerca de 400 pessoas, que ao final da tarde de hoje foram à Fundação António Cupertino de Miranda, no Porto, para assistir à apresentação da biografia "Rui Rio de corpo inteiro - O retrato do homem, as ideias do político", da autoria de Mário Jorge de Carvalho.
"É possível que as eleições não passem de um mero formalismo para dizer que vivemos em democracia.
Há uma evolução para uma sociedade menos democrática. É possível que no futuro vivamos numa ditadura; não no sentido clássico, porque não existe a figura de um ditador, mas apenas um poder político fraco. Um poder político fraco e desacreditado, como o que existe atualmente, que não tem força para impor o interesse público diante de um poder setorial ou corporativo", acrescentou Rio, numa cerimónia cuja apresentação do livro coube a Daniel Bessa, ex-ministro da Economia e professor de Rui Rio, que aproveitou a ocasião para apontar o biografado como "um futuro Presidente da República ou primeiro-ministro".
Rio preferiu evitar o assunto, que nos últimos meses lhe tem sido colocado cada vez com mais frequência por vários seus apoiantes a Belém ou à liderança do PSD, e preferiu concentrar a outra parte da sua intervenção nas críticas à violação ao segredo de justiça.
"Não é aceitável chamar a comunicação social para assistir à detenção de uma determinada pessoa, nem serem notícia factos que deviam de estar em segredo de justiça. Fazer isto é promover a justiça popular. É uma falta de respeito e põe em causa autoridade do Estado. Mesmo cumprindo com todos os procedimentos, admito que seja difícil manter a dignidade de alguém que é detido, mas se isso não ocorrer o que está em causa é a dignidade da Justiça e respeito pelos direitos humanos de cada cidadão", defendeu Rui Rio, numa referência implícita à recente detenção de José Sócrates.
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sábado, 27 de setembro de 2014
A DEMOCRACIA ESTÁ A MORRER
Transcrição integral da entrevista que merece ser lida com atenção:
ÂNGELO CORREIA EM ENTREVISTA AO i. «A DEMOCRACIA COMO A CONHECEMOS ESTÁ A MORRER»
Por Luís Osório. Publicado no ionline em 27 Set 2014 - 05:00
"Pedro Passos Coelho fez comigo o que todos os partidos fazem com os mais velhos: afastou-me", diz Ângelo Correia, para quem Mário Soares e Sá Carneiro foram visionários
Nasceu no final da Segunda Guerra Mundial. O tempo da sua juventude foi de esperança e de uma longa paz temperada por um equilíbrio instável entre americanos e soviéticos. Tornou-se engenheiro, mas confessou-me ter desejado ser filósofo. O pai não foi em cantigas, filosofia era para "cabeludos" e esquerdistas. Fez-lhe a vontade, embora tenha continuado em leituras que somou ao exercício da política, dos negócios e da relação com os homens, talvez a sua grande especialidade.
Acompanhou Sá Carneiro. Foi mentor de Passos Coelho, afastou-se da política activa ainda jovem, mas por detrás do pano muitos continuam a vê-lo como uma das mais poderosas eminências do regime. Nesta conversa de balanço de vida e pensamento, encontrei-o pessimista. Com desejos de um outro futuro e outros líderes, com o desejo de um novo tempo, com pessoas capazes de criar valor mas que tenham valores.
Acusa o primeiro-ministro de o ter tratado como os políticos mais jovens tratam os velhos. Distinguiu Soares como o homem com quem continua a gostar de almoçar. Assumiu detestar o cavaquismo. Elegeu Portas como o melhor político português e Assunção Cristas como sua sucessora. Elogiou Marinho e Pinto e explicou porque os comunistas não conseguirão implementar a sua revolução. Confessou-se mais próximo de Deus e afirmou o que vários dizem em surdina: a democracia, conforme a conhecemos, morreu.
Começámos a meio de uma conversa...
Há acontecimentos e figuras que pareciam poder deixar uma marca...
E não deixam coisa alguma, marca alguma. Mas sabe, isto já não tem a ver com credibilidade dos protagonistas políticos e económicos. É uma falsa questão.
Tem a ver com a forma como estamos organizados.
Absolutamente. A globalização, central nesta nova ordem internacional, matou a velha organização política e tornou-nos vulneráveis. Porque ela não é um fenómeno económico, está longe de o ser. É um movimento que pretende aniquilar, reduzir, limitar o exercício político das comunidades nacionais. Que é o mesmo que dizer dos Estados. Reduz a sua importância de duas maneiras: por dentro, criando e permitindo unidades mais pequenas...
Pequenas pátrias.
Pequeníssimas pátrias, sim. E, depois, criando entidades supranacionais que retiram grande parte da soberania aos Estados. O ideal desta nova ordem, a etapa final, é a inexistência de Estados, a inexistência de países e a inexistência de um regulador. Tudo estaria reduzido ao mercado.
E alguém o consegue? Ou idealmente chegaremos a um ponto em que as responsabilidades não podem ser assacadas a ninguém?
O mercado, por natureza, é criado ou existe como um espaço onde a legitimação democrática é ainda mais legítima. Um espaço onde os desejos e aspirações dos cidadãos consumidores são realistas. É uma concentração da expressão humana no consumo.
Uma concentração naquilo que é superficial do ser humano.
Se quiser colocar assim, não me oponho. Em segundo lugar, é a criação de uma entidade mítica em que surgimos todos como iguais. É a velha aspiração da igualdade; nunca houve uma sociedade tão igualitária mas, ao mesmo tempo, tão ferozmente desigual. Porque permitiu que os fortes expressassem a sua força. Esse estado mítico, e virtual, limita, mitiga a influência de cada um dos poderes. O que está em causa, hoje, na história da humanidade é a grande disputa entre as afirmações políticas dos países em contraposição a uma ordem internacional onde está projectado o que ninguém vê ou controla.
Como é possível regular o que não pode ser regulado? Será uma porta para novas ditaduras?
Não existe nenhuma hiperpotência hoje, esqueçamos isso. Ninguém tem o poder suficiente para impor uma regulação. Mesmo os Estados Unidos não têm o carácter tutelar sobre a humanidade em matéria política, económica, social e cultural. Isso não existe. Como tal, o caminho que tem sido seguido é a criação de ordens regionais. O mundo, no futuro, será o espaço onde as várias ordens regionais, tuteladas pelo mercado, vão ter de encontrar um denominador de regras aceites por todos. Regras que regem o próprio mercado, o próprio motivo do seu poder.
O senhor é um homem de negócios, um homem que mediou e acompanhou trocas comerciais.
Vai tentar que entre em contradição com a ideia do comércio livre, mas engana-se. Não acredito no comércio livre, acredito no comércio justo. O livre não atende às particularidades de cada país (porque uma camisa feita em Portugal não é igual a uma camisa feita na China). No comércio justo, a base não pode ser apenas o preço. Seria perverso se o fosse, porque a maneira como o trabalho e os trabalhadores existem na China não tem qualquer paralelo com a situação portuguesa. O comércio justo é regulado, um sistema de pesos e contrapesos. E voltamos à globalização, à tendência de considerar sempre os mais produtivos, os mais capazes, os mais competentes, os mais trabalhadores, mas criando um desequilíbrio que se aprofunda todos os dias.
E Portugal? Nesse sentido, e também nos outros, temos futuro?
Os grandes momentos em que fomos para fora foram os momentos de recusa de vivermos aqui. Fomos para o exterior na aventura do Atlântico, na aventura do mar, no sonho do imaginário, também por não termos a capacidade de evoluir. Nunca acompanhámos os movimentos de pensamento, fomos sempre atrás. A nossa vanguarda é para o exterior, é uma fuga, uma recusa do continente, mas também um sinal de impotência. Não estou na mente dos nossos heróis, mas não sabemos se foram por desejo de glória ou se foram impelidos pelas dificuldades - talvez um misto das duas.
Há algum herói que destaque?
Sem dúvida, D. Dinis. Um cientista, um poeta, um militar, um estratego.
Nos protagonistas dos últimos 40 anos vê alguém com essa dimensão?
Ninguém.
Nem Sá Carneiro?
A sua curta experiência governativa não lhe deu hipóteses de consagração, mas era um homem muito capaz, talvez pudesse ter sido. Transformou-se num herói, num mito, pela sua morte. Não sabemos do que ele seria capaz. A minha convicção é que ele era dos mais capazes.
E Mário Soares?
Um homem que percebeu, em 1974, que o país encerrava um conceito estratégico que durava desde o século XV: dilatação da fé e do império, o ouro e as especiarias, o controlo dos mares e dos negreiros, isso encerrou-se com o 25 de Abril. Soares percebeu que era urgente a criação de uma alternativa. As pequenas potências precisam sempre de âncoras e a nossa passou a ser a União Europeia. Tem esse mérito. Se a pergunta é quem foi o visionário, então a resposta é esta: Soares e, por convicção pessoal, Sá Carneiro.
Porque desistiu tão cedo do exercício da política?
Cansei-me.
Quando?
Na última fase do cavaquismo, cansei-me.
Por causa de Cavaco Silva?
Cavaco Silva é uma boa pessoa, respeitável. Mas o cavaquismo é pior do que Cavaco. Em segundo lugar, pela minha maneira de ser: sempre fui muito franco. Nem todos aguentam, a maioria não aguenta. Sá Carneiro aguentava. Com ele, fiquei sempre na comissão permanente do PSD, estava nos quatro que mandavam. Os grandes comunidade dirigentes aceitam críticas, os pequenos não conseguem geri-las. Uns prezam a inteligência e a lealdade; os frágeis acompanham-se sempre daqueles que não metem medo à sua própria sombra.
Conheceu mais os primeiros ou os segundos?
Os segundos.
Falamos de grandes homens mas, com um mundo tão complexo como este, será que se existissem figuras muito respeitadas na vida política, seriam capazes de resolver alguma coisa?
Não conseguiam. Porque o mundo é mais complexo e a quantidade de actores e agentes que intervêm é muito maior. Em segundo lugar, o conjunto das causas que animam os cidadãos é menor... É um espaço de crepúsculo, e não de sonho. E quando o crepúsculo se sobrepõe ao sonho, a capacidade de sentir, desejar, reflectir e de encontrar líderes que protagonizem o sonho é menor. Temos menos causas e menos razões para as ter. Temos também uma maior uniformidade doutrinária. E todos procuram um novo sentido num mundo que é eminentemente económico e financeiro; qual o espaço reservado à alma de um partido cujo pensamento único é económico? Como é que ele sobrevive? Como é que ele se articula nesse mundo? Como é que ele pontua as suas acções?
São políticos frágeis porque o mundo financeiro é volátil...
E, por isso, sempre em queda. A França é um bom exemplo disso, da queda em permanência. Hollande passou de um estado de esperança para um estado de desgraça em menos de dois meses. Depois, para piorar as coisas, a generalidade dos políticos estão subordinados à táctica, à manobra, ao dia-a-dia. Não há um pensamento estratégico.
Ocorreu-me pensar nas eleições para a escolha do líder socialista em Portugal.
Naqueles debates...
Sim, os debates entre Costa e Seguro... Surpreenderam-no?
Têm consequências políticas mais profundas do que a fragilidade dos debates poderia fazer crer. É um debate tão pobre, tão carente, tão exterior às necessidades dos portugueses e também tão fulanizado nas personalidades... Isso acontecerá sempre em eleições em que se escolhem líderes, e não movimentos ou ideias. São personalidades, não ideologias. Isso é o que mais fragiliza a democracia a longo prazo porque é aquilo que fulaniza em vez de se concentrar na ideia, é aquilo que assenta nos aspectos do candidato, e não o que corporiza enquanto pensamento.
O que continua a levar homens a desejar tanto o poder, a fazerem tanto para o conquistar quando, depois de o terem, é tão grande o risco de correr mal?
Para muitos, há um desejo natural de protagonizar um movimento...
No íntimo, julgam-se providenciais?
No íntimo, aproximam-se do providencialismo mas, quando são colocados no meio da realidade, percebem que o seu poder é quase vazio. Por outro lado, os partidos políticos não são entidades que formam a opinião pública ou a protagonizam. São sobretudo agências de ascensão social dos seus membros. O grande problema é o da sobrevivência. Os partidos comportam-se como uma comunidade numa sala fechada, não dialogam, jogam em círculo fechado, e assim não se tem condições para o sucesso porque lhes falta o essencial: a legitimação. O político é querido quando é legitimado.
Como define o seu poder?
Poder? Eu não tenho qualquer espécie de poder.
Não brinque.
Não estou a brincar, de todo. Só tenho uma espécie de poder: aquilo que penso e digo. Uma influência muito limitada.
O senhor consegue reconhecer, com a experiência que tem, os desejos dos que se sentam à sua frente? Consegue perceber imediatamente quem está disponível para vender a alma?
Por vezes, há pessoas que enganam, gente que tem uma imagem negativa. Quando as conhecemos, temos medo, e depois surpreendemo-nos. Há outros que aparecem, verdadeiras virgens cândidas, e são serpentes em gestação.
Falei indirectamente do Diabo e não de Deus. Tem relação com Deus?
Só comigo próprio. Se Deus está no meio, e deve estar, está comigo. Não sei. Ando há 20 anos a pensar nisto, sabe? Sinto-me a aproximar-me do catolicismo, mas não o sinto de agora.
E sente que se está a afastar dos homens?
De todo, o contrário. A aproximação de Deus é, em mim, uma aproximação aos homens. Só amamos Deus se conseguirmos perceber os homens, se conseguirmos ser tolerantes. O contrário é Robespierre, estamos perante o justicialismo religioso. Sim, tenho-me reaproximado da Igreja. É inevitável. Reaproximei-me dos cultos da infância e, com o aproximar da morte, surgem novos caminhos e dramas; não gostaria de me aproximar de Deus quando já for tarde demais.
Mesmo que não queira, nos livros de história do futuro aparecerá como o homem que apoiou e legitimou Pedro Passos Coelho. Reconhece-o como discípulo?
Apenas como colega. Discípulo, não; em muitas coisas, somos diferentes.
Diga-me uma.
Eu sou um personalista, valorizo as pessoas. Ele é transpersonalista: as pessoas são um acessório do Estado. É uma visão diferente. A maior parte dos políticos é como o primeiro-ministro. Mas gosto dele, sou seu amigo. Convidei-o para trabalhar e correu bem.
Passos Coelho aguenta ter ao lado pessoas como o senhor? Ou prefere ter os que têm medo da própria sombra?
Pedro Passos Coelho fez comigo o que todos os partidos fazem com os mais velhos: afastou-me. Os partidos afastam os mais velhos. As novas elites, se o termo se deve aplicar, respeitam o princípio da distância aos mais velhos. Nota-se no tratamento das pensões, do ocaso de gente que podia contribuir com o muito que sabe.
E Rui Machete?
Precisava de ter alguém para fingir que esse princípio existia.
Sente que a relação do primeiro-ministro com o Presidente da República é a ideal?
Por acaso, sinto. É cordial, educada, séria e não servil. É o que é correcto. Sem servilismos e sem arrogâncias.
Como tem acompanhado a questão Tecnoforma? Numa declaração afirmou guardar todas as declarações de IRS, mas o primeiro-ministro está em grandes dificuldades.
Como português, gostaria que o governo fosse até ao fim, que terminasse o mandato. Com toda a franqueza. Mas vamos aguardar, não quero dizer mais nada sobre o assunto.
Falando de eleições, das próximas legislativas, como vê o aparecimento de vários novos partidos, nomeadamente o de Marinho e Pinto?
Todas as contradições do nosso tempo potenciam o aparecimento de dois tipos de pessoas: dos salvadores e dos profetas. Vão aparecer pessoas a dizer que são capazes do que os outros não são. São falsos, mas aparecerão. Vão protestar, estimular as pessoas ao protesto. Pergunta-me sobre Marinho e Pinto: conheço-o mal, mas julgo que é uma pessoa com uma enorme capacidade na abordagem dos problemas. Vai ter um bom resultado porque muito do que é o país pensa como ele. Vai ter um bom resultado e vai ficar feliz com isso.
O regime em que vivemos é democrático? Vivemos numa democracia representativa?
A democracia representativa está a morrer. Já acabou há uns anos atrás. O cidadão tem o poder de delegar o seu voto noutro e esse outro tem a capacidade de o exercer nas várias esferas - isso acabou. Quando os mercados, económica e financeiramente, se sobrepõem aos poderes políticos e se mundializam, então temos um grande problema, um problema, em primeira análise, de soberania.
O Partido Comunista nunca esteve tão perto de criar as condições para desencadear uma revolução mas, paradoxalmente, nunca esteve tão longe.
Não têm duas circunstâncias a seu favor. Por um lado, escapam-lhe os instrumentos para o poder fazer. Se à própria democracia escapam, quanto mais a quem está nos extremos. Por outro, pensar num caminho para um Estado sem Estado, uma ditadura do proletariado, é uma ideia que teve eco e se revelou contrária na sua adequação à realidade. Ruiu por dentro. Logo, o ânimo em direcção a um amanhã que canta, um amanhã de sonho, tudo isso falha no comunismo. Têm as condições objectivas, mas não têm a ideia nem o exemplo prático ou os instrumentos para o poder fazer. Estão condenados a sonhar um sonho que não se pode realizar, um sonho que, quando começa a ser sonhado, se transforma em pesadelo.
Não há instrumento mais importante para o futuro do que a educação.
Na escola portuguesa não ensinámos duas coisas: como se cria valor e quais são os valores, explicar aos meninos, desde muito pequeninos, que para serem melhores têm de criar valor, acrescentar trabalho humano, gerar riqueza, distribuir mais e melhor. Cria-se a ideia, aos rapazes e raparigas, que têm direitos, mas só os têm, só os temos se, antecipadamente, estivermos preparados para criar valor.
Mas criar valor sem ter valores...
É o que lhe digo. O nosso problema não é apenas económico, de dívida. Qual o denominador comum que temos entre nós, qual é o respeito, qual o grau de solidariedade, qual o grau de inveja que conseguimos combater, qual o maior grau de pulhice que conseguimos evitar, qual o maior grau de influências nocivas que conseguimos não praticar? Isso devia ensinar-se na escola. A escola não pode ser apenas um repositório, um compêndio do mundo, deve ser um lugar onde a pessoa se deve valorizar a si própria. E, aí, não é apenas criar valor, é ter valores.
Chegámos à recta final da nossa conversa. Se lhe apetecesse agora almoçar com alguém da vida política, a quem telefonava? Com quem lhe dá gosto conversar?
Encontro-me muitas vezes com Mário Soares. Gosto muito dele. E há pessoas com quem nunca jantei, e gostava muito.
Com quem?
Com o José Gil, por exemplo. Pensa bem, diz coisas muito interessantes.
Gosta de conversar com Paulo Portas?
Muito. Neste governo há quatro pessoas de quem gosto bastante. Além do primeiro-ministro, de quem sou amigo e respeito...
E que deseja fique até ao fim.
Desejo que fique até ao fim, sem qualquer dúvida. Paulo Portas é talvez o melhor político português, não tem um partido à sua dimensão. Mas no CDS-PP existe também Assunção Cristas, muito competente e inteligente. Acredito e espero que seja a sucessora. Gosto de Paulo Macedo, conseguiu atenuar o discurso da esquerda sobre o fim do SNS e mantém-se sem discussões. E, finalmente, Jorge Moreira da Silva, um homem da nova geração que executa bem e tem uma inovação doutrinária.
Como imagina este país dentro de 20 anos?
Se a tendência para o futuro for parecida com os 15 anos perdidos, anos em que não nos adaptámos ao euro, vão emergir novos fenómenos... desertificação de elites, dificuldade das instituições de criarem um elo com os cidadãos, envelhecimento e uma população com uma pele mais morena. O rácio de natalidade das mulheres negras é maior que o das brancas, será inevitável que a nossa população seja a prova e testemunho da nossa presença histórica no mundo.
Que líder precisamos para o futuro?
Precisamos de ter alguém que nos anime e faça sonhar, mas com os pés na terra.
Sente-se um homem apaziguado?
Sinto. Tornei-me imune aos tumultos exteriores, talvez menos à tristeza que o país me traz. Sei que alguns me vão acusar de velho do Restelo, mas não, é injusto. Sou um voluntarista com desejo de mudança e contribuo para isso, mas o que constato à minha volta não me dá alento.
E em algum momento neste seu caminho correu o risco de se perder?
Corri, corri, sim. Na altura da minha transição de deputado corri o risco de me tornar outro, de ser outro.
Há um momento preciso em que tenha chegado à conclusão de que não podia ir por um determinado caminho sob o risco de se perder?
Num dia, há muitos anos, decidi que o caminho deveria ser pessoal, o da salvação. Recordo-me de o ter pensado quando via um programa de televisão, imagine. Não valerá a pena dizer mais nada. Julgo estar no bom caminho.
Abandonou a presidência executiva da Fomentivest...
Por motivos também de saúde.
Percebeu que não era eterno.
Não fui eu que senti, foram os médicos que mo disseram. Deixei de trabalhar o que trabalhava, diminuí o stresse.
Como acha que o país o vai recordar?
A mim? Não me recorda, seria uma presunção. Terei o nome em alguma rua ou praceta. O país recorda apenas os grandes líderes messiânicos ou os que fizeram muito mal à pátria. Não aprecia pessoas médias.
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terça-feira, 12 de agosto de 2014
É URGENTE COMEÇAR A PREPARAR O FUTURO
A política deve funcionar, como ciência e como arte, com o objectivo de se preocupar em encontrar as melhores soluções para os problemas que afectam os direitos dos cidadãos à boa qualidade de vida e ao crescimento de PORTUGAL. A Administração Pública de alto nível não pode ser apenas um espectáculo de entretenimento, uma sequência de erros e de débeis tentativas de emendas. Os cidadãos mais esclarecidos não gostam disso e esperam mais eficiência.
Os políticos eleitos pelos cidadãos não podem deixar de assumir o compromisso de cumprir as promessas feitas para conquistar o voto e zelar para uma melhor qualidade de vida e felicidade das pessoas e o maior crescimento da economia nacional. Para isso, devem colocar os interesses pessoais e partidários em segunda prioridade, abaixo dos interesses nacionais, isto é, dos legítimos interesses do povo que os elegeu
Se os governantes devem agir com medidas concretas, lógicas, sensatas e ajustadas à estratégia de longo termo decidida a nível nacional, os deputados têm um papel muito importante no controlo e na crítica às acções do Governo, de modo a que estas não caiam no facilitismo ao sabor de caprichos do momento, ou de sonhos irrealistas ou de pressões pouco sérias de donos da finança e da grande empresa. Mesmo os da oposição devem fazer críticas construtivas para Bem do País, com sugestões e propostas ou projectos de medidas praticas com vista a dois resultados: contribuir para um melhor futuro dos portugueses e criar uma imagem de eficiência e competência que facilite ao seu partido ser alternativa de governo nas eleições seguintes. Tudo isso deve ser positivo, construtivo, e não se ficar pela crítica derrotista e arrasadora. Qualquer assunto mesmo que pareça marginal, deve ser encarado com lógica e coerência nas posições tomadas não descurando interacções e efeitos secundários que prejudiquem o efeito desejado.
Não é com má gestão do dinheiro público, nomeadamente do dinheiro da segurança social, que se mostra respeito pelos direitos humanos dos contribuintes, que se defendem as promessas de campanha eleitoral ou que se contribui para a melhor qualidade de vida da população.
Os governantes, devem assumir a democracia de que tanto falam, não se considerarem donos do país e não fazerem desacatos nas costas do povo que obriguem este a suportar os maus resultados dos erros cometidos com a má gestão pública. São tais erros que geram a austeridade, cortes nas pensões e nos salários e aumento das dificuldades nas escolas, nos tribunais, na saúde, nos serviços públicos. Não devem atropelar desumanamente os direitos das pessoas, em vez de melhorar a sua qualidade de vida e fazerem crescer PORTUGAL Acerca da Segurança Social, não devem ser ignoradas as opiniões de duas pessoas notáveis da área do Governo
A opinião geral é que estamos a deslizar numa rampa que nos leva ao abismo e é preciso uma ruptura.no sistema político-social. A má vontade contra idosos, reformados e outros «não activos» ou «não produtivos» fazia crer que se tratava de uma «eutanásia» discreta e progressiva, mas esta redução de jovens, de futuros adultos trabalhadores, dirigentes e cientistas, através da emigração; leva as cogitações mais além. Sem uma geração capaz de gerir o futuro de Portugal, o país ficará nas mãos de imigrantes, talvez jihadistas ou chineses, que destruirão toda a história de grandeza dos Descobrimentos da geração que «deu novos Mundos ao Mundo».
Parece que está a tornar-se urgente uma ruptura que acabe com o actual regime partidário e dê oportunidade a Portugueses que, movidos por valores de humanidade, de cidadania, de responsabilidade para com a memória da nossa história, se desprendam das ambições pessoais e se preocupem prioritariamente com a reconstrução do Portugal de que todos nos possamos orgulhar. Precisamos do Conde de Aviz, do D.João II, do D.Jáo IV, do Marquês de Pombal e de outros em quem poder não teve a morte.
A tendência actual é para o desastre total. Cada líder gosta de se rodear de pessoas que lhe obedeçam sem fazer objecções, e evitam pessoas esclarecidas, moralmente bem formadas que pudessem ajudar a fazer «Mais e Melhor por Portugal». Depois, de entre essas pessoas de baixa condição moral e cultural, sai o líder seguinte que usa o mesmo procedimento e, assim, se caminha para líderes cada vez menos competentes e de menor qualidade. Isto será assim...até que haja uma paragem, uma reflexão esclarecida de que resulte uma reforma na sociedade e se escolham os cidadãos mais capazes.
O sistema financeiro também precisa de muita atenção. Empresas públicas pagam, com o nosso dinheiro,aos bancos mais do dobro do que o total dos salários do seu pessoal. O dinheiro público não é apenas destinado a pagar luxuosamente aos incompetentes do Poder, mas também para enriquecer os detentores do sistema financeiro que, como reles parasitas, esmifram o mais que podem, com o consentimento e o apoio de tais incompetentes. O caso BPN foi esclarecedor, tendo sido vendido por apenas 1,8% do custo já pago pelo Estado e que ainda não parou de aumentar. E, este sumidouro ainda não está bloqueado ao ponto de o Tribunal de Contas alertar que BPN poderá trazer mais custos para o Estado.
A João Soares. 12-08-2014
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quarta-feira, 4 de junho de 2014
A CULPA MORRE SOLTEIRA
A notícia vinda hoje a público no Ionline, «Executivo acusa. Tribunal Constitucional põe em causa governação» suscita a seguinte reflexão:
O PM É VOLUNTÁRIO, NAS FUNÇÕES QUE DESEMPENHA. Candidatou-se por sua iniciativa a governar o Portugal de nós todos, tal como estava. Já existia o TC e a Constituição, tal como o sistema de partidos, com os seus interesses, tal como a rede de Poderes influentes e condicionantes da alta Finança. Se não é capaz de governar com eficácia seja também voluntário para dar o lugar a alguém e então ajude a escolher alguém que não seja tão mau e dê-lhe honestamente os dados de que dispõe para bem de todos nós. A CULPA SEMPRE MORRE SOLTEIRA. Ninguém a quer assumir.
Passos não foi capaz de fazer a necessária Reforma do Estado que prometeu para tornar mais simples e menos cara a máquina do Estado e para reduzir despesas desnecessárias e exageradas com excessos de assessores e especialistas, com enorme quantidade de deputados, com contratos de consultorias, assessorias, pareceres, etc..Continua a suportar-se o funcionamento de fundações sem qualquer efeito social útil e imprescindível, a suportar empresas públicas fantasma só para dar salário a inúteis. As despesas que reduziram são as que resultam de cortes em apoios sociais, como diversos subsídios, de Natal, de férias, à saúde, ao ensino, ao desemprego, etc. Por outro lado, a subida das receitas, como a máquina do Estado não produz riqueza, resultou de aumento de impostos, contribuições, taxas, etc. tudo isto também saindo forçadamente do bolso dos cidadãos.
Há, forçosamente que moralizar e controlar, com mão firme, o uso do nosso dinheiro, para evitar abusos com pagamentos a boys» que nada produzem de útil e cuja incapacidade é suprida por consultoria a preço escandaloso, a gabinetes de compadres. Há que estabelecer um combate eficaz a tráfico de influências, corrupção, negociatas, enriquecimento ilícito, etc.
O despesismo escandaloso, como se os políticos estivessem num país rico com petróleo, diamantes, grandes indústrias e fabulosas exportações, não pode continuar a ser tolerado e os políticos devem mostrar-se conscientes de que estamos em crise, tal como o povo já sente há três anos. O aumento da dívida e as infracções à Constituição não será motivo de orgulho dos governantes. E os observatórios internacionais do Poder Financeiro estão atentos e impõem as suas «punições».
Há que moralizar o cumprimento da Constituição e das leis que devem ser aplicadas a TODOS os cidadãos, sem excepções, com tribunais a funcionar com rigor e com rapidez. Para isso, não pode haver «guerra» contra o TC, nem raivas de peixeirada entre instituições públicas que devem ser respeitadas e merecer confiança e consideração dos portugueses.
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sexta-feira, 9 de maio de 2014
DEMOCRACIA SEM TRANSPARÊNCIA E COM EMBUSTE???
É considerado característica da verdadeira DEMOCRACIA a verdade, a lealdade dos eleitos aos que os elegeram depositando neles confiança para serem seus mandatários ao leme da gestão dos interesses nacionais. Mas nem tudo é perfeito e, por vezes, em vez de clareza surge a escuridão, o mistério, o embuste.
Fala-se numa carta do Governo para o FMI em cujo conteúdo o PS suspeita haver algo que o Governo quer ocultar dos cidadãos e exige revelação da carta de intenções até às eleições. As tentativas de explicação de tal ocultação não têm sido minimamente convincentes nem esclarecedoras. Já houve da área governamental a promessa de que a carta seria mostrada depois das eleições europeias do dia 25, o que deixa suspeitar que o conhecimento do conteúdo da carta antes dessa data poderia fazer perder votos aos partidos da coligação.
Agora, José Pacheco Pereira, em artigo do Ionline, afirma sem hesitações que Carta ao FMI contém detalhes do DEO que o governo "não quer revelar". Mas o Documento de Estratégia Orçamental (DEO) já foi publicado em jornais, talvez com omissões. A explicação de Pacheco Pereira vem dar credibilidade às palavras de Catarina Martins, BE, quando disse que DEO é um "documento do embuste orçamental". O significado que deu à letra E, parece indicar que a Catarina tem o dom de premonição.
Estamos perante um dos muitos truques que o Governo tem estado a usar como arma da campanha eleitoral para as europeias. E algumas dessas armas têm tido detonação na culatra. Com o tempo difícil dos sofrimentos impostos, as pessoas abrem os olhos e vêm alguns (cada vez mais) dos muitos embustes.
E, para facilitar a busca futura por interessados pesquisadores, deixa-se uma lista de títulos sobre o tema:
Pacheco Pereira. Carta ao FMI contém detalhes do DEO que o governo "não quer revelar"
PS exige revelação da carta de intenções até às eleições
BE. Catarina Martins diz que DEO é
um "documento do embuste orçamental"
Tudo o que muda com o DEO
Oposição centra-se nas "mentiras" e a maioria no recuo dos cortes
DEO faz Passos cair em contradição
Governo volta a falhar promessas e aumenta impostos
Devolução de 80% dos cortes nos salários vai depender do próximo governo
'Governo não merece confiança dos portugueses'
Governo volta a falhar promessas e aumenta impostos
Ministra das Finanças garante que carta para o FMI não tem “surpresas nem sustos”
CDS aceita aumento de impostos
IVA e TSU aliviam pensionistas
Passos não comenta aumento do IVA e da TSU
DEO. Oposição centra-se nas "mentiras" e a maioria no recuo dos cortes
TÁCTICAS PARA SEGURAR O PODER
Passos Coelho: “Que se lixe as eleições”
Passos diz que medidas servem para suportar pensões e não para reduzir défice
Passos Coelho. País está pronto para caminhar pelas próprias posses e meios
Governo volta a falhar promessas e aumenta impostos
Devolução de 80% dos cortes nos salários vai depender do próximo governo
Jerónimo de Sousa. "Governo não tem cura e esta política não tem saída"
UGT apela à mobilização contra "esbulho" e condena aumento do IVA e TSU
CGTP anuncia duas “grandes manifestações” para Junho
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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
DUVIDA SOBRE A CAPACIDADE DOS GOVERNANTES
O Reitor da Universidade de Lisboa mostra-se céptico em relação à nossa classe política, conforme artigo de «notícias ao minuto»
O Sr Reitor foi cuidadoso e correcto ao utilizar o verbo duvidar. Mas o facto da incapacidade não surpreende. Basta olharmos para o critério de admissão às Jotas (Ver aqui), em que impera a ambição e o oportunismo de pessoas falhadas na avaliação escolar que procuram maneira fácil e vistosa de buscar garantia de futuro.
Depois a mentalidade nos partidos de competição para os votos por qualquer forma, a especulação, a ganância e apresentação de listas eleitorais com nomes que não foram devidamente apresentados aos eleitores o que leva estes a terem de escolher não pelo valor ético, moral, cultural, académico ou de experiência profissional, mas a optar pela lista cuja propaganda ou interesse pessoal mais o motiva. Só muito depois das eleições e casualmente se vão conhecendo os eleitos, como os casos de Duarte Lima, Isaltino, Carlos Peixoto, Ricardo Rodrigues, Jorge Barreto Xavier entre muitos outros.
As eleições, embora sejam o acto mais significativo da democracia, constitui uma farsa em que os eleitores não têm condições para escolher os cidadãos mais válidos, mas apenas os mais ambiciosos unidos entre si por obscuros laços de empatia, de conivências, cumplicidades e trocas de favores.
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sábado, 23 de novembro de 2013
PORTAS «REPROVA SOARES» E «REPROVO» PORTAS
Compreendo e concordo com Portas quando «reprova» Mário Soares por «legitimar a violência». As suas palavras são sensatas quando diz: "As declarações de um antigo Presidente da República [Mário Soares] são graves porque elas significam, mesmo que involuntariamente, a legitimação da violência e em democracia a violência nunca é a forma adequada de manifestar uma opinião".
Mas quando diz "em democracia e em liberdade, a forma adequada de expressar uma opinião é o voto", não se pode deixar de as «reprovar», porque infringem os direitos constitucionais de liberdade de pensamento, de expressão, de associação, de manifestação etc. A liberdade não pode ser circunscrita ao «voto». Curiosamente, essa lei da rolha que defende, contraria o apelo do PM aos portugueses que se aliem independentemente do partido Ora, aliar-se significa trocar opiniões, expressar-se, para uma finalidade que entretanto for esboçada e consentida pelos aliados.
Se o apelo do PM não parece muito saudável e pode acarretar os mesmos perigos que se podem subentender das palavras de Mário Soares, as palavras de Portas são um atentado intolerável à liberdade da democracia, uma mordaça aplicada a cada cidadão que até fica impossibilitado de obter informação, através dos seus amigos e conhecidos, que lhe permita tomar conscientemente a decisão do voto, que Portas considera ser a «forma adequada de expressar uma opinião».
Parece que, em democracia, não é curial aplicar tal mordaça e não convém contrariar o povo que, na sua sabedoria milenar, diz que «da discussão nasce a luz».
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quarta-feira, 20 de novembro de 2013
ANGOLA E A OBCESSÂO DO PODER
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segunda-feira, 4 de novembro de 2013
PALAVRAS COM SIGNIFICADO ESPECIAL DE AUTOR DA ÁREA DO GOVERNO
Transcrição de artigo que tem significado especial por as palavras citadas serem de um militante do principal partido da coligação:
Paulo Teixeira Pinto aconselha políticos a «exercício de quase tortura»
TSF. 04-11-2013. Publicado às 13:04
O social-democrata Paulo Teixeira Pinto, numa entrevista à TSF, acusa a 'troika' de estar a perverter a democracia e aconselha os políticos a um «exercício de quase tortura».
Numa altura em que se multiplicam as vozes e os protestos contra os cortes nos salários e pensões e contra o Orçamento de Estado, Paulo Teixeira Pinto, numa entrevista à TSF, lembra que os políticos deviam colocar-se na posição do outro, dos que são afectados pelas medidas de austeridade e deviam fazer um exercício de quase «tortura psicológica» ao imaginar viver com baixos rendimentos.
O ex-presidente do BCP, militante do PSD e atual presidente da editora Babel, considera que este seria também «um exercício de lucidez e honestidade», até porque os políticos não devem esquecer-se que o poder que têm é apenas emprestado pelos portugueses.
Já sobre a 'troika' este social-democrata fala de uma perversão democrática tendo em conta que os credores impõem medidas ao país sem terem a legitimidade dos votos.
Nesta entrevista à TSF, Paulo Teixeira Pinto, que foi o coordenador do projeto de revisão constitucional, proposto pelo PSD, sublinha que tanto o Tribunal Constitucional como os políticos devem conformar-se com a atual constituição e considera que os juízes do Palácio Ratton não devem sentir-se pressionados pela realidade económica e social, só devem olhar para o respeito pela lei fundamental.
Como presidente da Babel, Paulo Teixeira Pinto confessa que ficou impressionado com o impacto do livro de José Sócrates, com a marca desta editora, que em apenas uma semana confirmou o sucesso de vendas, apenas ultrapassado pelos irredutíveis gauleses, a banda desenhada que trouxe de regresso o Astérix e o Obélix.
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quarta-feira, 23 de outubro de 2013
DITADURA DE ROSALINO ???
O secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino tentou explicar a uma deputada da oposição a questão da aplicação da condição de recursos às pensões de sobrevivência e confessou que se trata de uma questão técnica de difícil compreensão para a generalidade dos portugueses.
Ao ser-lhe pedido então que desse exemplos que fossem de melhor compreensão para os deputados e para os portugueses, o governante demonstrou a sua frustração por já ter dado várias explicações sobre o mesmo tema e ofereceu-se então para fazer um desenho à deputada a explicar o complexo problema. «Senhora deputada eu já lhe expliquei. Não sei como é que lhe hei-de explicar isto de outra maneira, já lhe expliquei de várias maneiras. Tenho de lhe fazer um desenho, eventualmente».
Podemos portanto concluir que numa democracia em que se fala muito, em que se refere a transparência, sucede que os eleitores têm que aceitar docilmente que os seus mandatários tomem decisões que não conseguem explicar não só à maioria dos cidadãos mas mesmo aos deputados que é suposto serem dotados de uma inteligência não inferior à média nacional. Um ditador não faria isso mais claramente. «Penso quero e mando e não dou explicações porque é uma questão técnica muito acima da vossa compreensão». Aguentem e caladinhos.
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domingo, 20 de outubro de 2013
AS «VERDADES» DE PASSOS COELHO !!!
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sexta-feira, 18 de outubro de 2013
TÃO IRRACIONAL QUE É DIFÍCIL DE EXPLICAR ???
O líder da bancada do PSD à pergunta «Tem sido difícil defender o governo?» respondeu:
«Tem sido sobretudo estimulante. Atravessamos um tempo singular, com o país a precisar pela terceira vez de ajuda externa. Estar no governo é difícil, suportar politicamente o governo no parlamento é desafiador, porque nós temos de tomar medidas que são por natureza impopulares e difíceis de explicar. E responder aos anseios das pessoas é difícil. Por outro lado temos a noção que este caminho tem de ser cumprido e tem de ser fechado com sucesso.»
É estranho, porque tudo o que tem lógica, racionalidade, é fácil de explicar com clareza e transparênci. Mas parece que no caso o que tem prioridade é a ocultação de intenções e truques não confessáveis aos eleitores que depositaram confiança nos seus eleitos.
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domingo, 6 de outubro de 2013
O POVO E AS SUAS EMOÇÕES
Madeirense estérica com a derrota do PSD
Pode parecer alegria excessiva. Mas os políticos devem fazer um esforço para conhecer melhor os seus eleitores e para compreender os sentimentos, emoções, simpatias, afectos e aspirações do povo que depende das boas ou más decisões das autoridades.
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quarta-feira, 2 de outubro de 2013
DEMOCRATICAMENTE, CALA-TE
Na metodologia de preparação de uma decisão, «depois de analisados os factores e todas as condicionantes, esboçar todas as possíveis formas ou soluções de resolver o problema para atingir o resultado, a finalidade, o objectivo ou alvo; nestas modalidades não deve se preterida nenhuma, por menos adequada que pareça». Por isso não devem ser calados os elementos que apresentem ideias, mesmo que pareçam pouco sensatas, porque depois todas devem se analisadas para ser escolhida uma, a que for considerada melhor.
Mas infelizmente, há equipas de trabalho em que o seu chefe não admite objecções à sua ideia, mesmo que esta careça de fundamento racional e não seja devidamente explicada e justificada aos seus colaboradores. E assim alguns partidos perderam candidatos às autárquicas, com prestígio entre os eleitores e por eles respeitados e apreciados, que, depois, candidatando-se como independentes, venceram a votação. E assim funciona «a nossa dita democracia»!
Esta reflexão vem a propósito da notícia em que Ribeiro Castro acusa direcção do CDS-PP de "silenciamento". Transcreve-se o seguinte parágrafo:
«"Não reunimos o suficiente, como é devido, útil e necessário. Várias vezes somos confrontados com matérias que temos que votar e que não foram devidamente avaliadas", afirmou, sustentando que os pedidos que fez para a realização de reuniões semanais "e com agenda aberta" foram sendo sucessivamente recusados.»
Estranha forma de democracia! Algo precisa de uma «excelentíssima e reverendíssima reforma».
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segunda-feira, 30 de setembro de 2013
LEITURA DAS ELEIÇÕES
Passos esteve certo quando disse que há sempre uma leitura nacional a fazer das eleições e parece que a grande lição a tirar é que deviam ter sido tomados em consideração muitos alertas vindos de cidadãos descomprometidos e interessados num futuro melhor para os portugueses. Os resultados das eleições obrigam a reconhecer que:
- A forte derrota do principal partido do Governo, está relacionada com a pouca atenção dada pelos governantes às pessoas que vêm sofrendo há mais de dois anos as agruras de uma austeridade sempre crescente sem lhes ser devidamente explicada a razão da solução tomada em vez de outras possíveis, nem serem mostrados resultados positivos do sacrifício que lhes foi pedido.
- A teimosia obstinada sem esclarecimentos das decisões tonadas aparentemente por capricho, «custe o que custar», as palavras «garanto que…», «asseguro que…», desmentidas pelos factos pouco tempo depois, criaram a péssima sensação que agora foi evidenciada, como expressão do descontentamento e como protesto. Para isso também contribuíram as promessas e previsões fantasiosas rapidamente desmentidas.
- O resultado da ida às urnas reflectiu bem «a desilusão, o desencanto e a falta de confiança dos cidadãos nos partidos políticos tradicionais. E estes não podem deixar de refletir sobre a forma como funcionam e como se relacionam com o mundo real.»
- Também se conclui que os portugueses não são tão obtusos como, por vezes, se pensa e não se deixam arrastar por demagogia, populismo nem palavras bonitas mas sem conteúdo convincente. Os candidatos que usaram técnicas de vendedor de banha de cobra foram «rejeitados pelos eleitores que, por mais descontentes que possam estar, não perderam a noção da realidade.»
- Pode não haver consequências imediatas na estrutura do poder mas, a partir de agora nada será como dantes. Há que evitar a continuação de erros e falsidades, de corrigir a «podridão dos hábitos políticos» (referida por Rui Machete), há tornar mais simples e barata a estrutura do Estado e das autarquias, para reduzir a burocracia ao essencial, combater a corrupção, o tráfico de influências, as negociatas lesivas do bem público, as promiscuidade entre a acumulação de interesse públicos e privados, etc
Parece poder concluir-se que a teimosia do «custe o que custar» de Passos está a custar muito ao PSD depois de ter custado imenso aos portugueses. Estes não estão tão apáticos como se pensava. Mostraram que estão prontos a reagir a abusos do poder. Convém evitar que utilizem formas de reacção mais desaconselhadas.
Além de outras fontes foram aproveitados os seguintes textos:
- «Há sempre uma leitura nacional a fazer» das eleições, diz Passos
- A mensagem das eleições
- A derrota pesada de Passos Coelho
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