Portugal precisa de mais um salto em frente
(Publicado no semanário O DIABO em 27-03-2018)
20 de Março de 2018
Portugal precisa de mais um salto em frente
(Publicado no semanário O DIABO em 27-03-2018)
Publicada por A. João Soares à(s) 14:05 2 comentários
Etiquetas: antes e depois, decisões, estratégia, futuro, projectos
Conta-nos uma parábola que certo dia a mentira e a verdade se encontraram.
A mentira disse para a verdade:
- Bom dia, dona Verdade!
E a verdade foi conferir se realmente o dia estava bom. Olhou para o alto, não viu nuvens de chuva, vários pássaros cantavam e assim, vendo que realmente era um dia bom, respondeu para a mentira:
- Bom dia, dona mentira!
- Está muito calor hoje, disse a mentira.
E a verdade, vendo que a mentira falava verdade, relaxou.
A mentira então convidou a verdade para se banhar no rio. Despiu-se das suas vestes, pulou para dentro de água e disse:
-Venha, dona Verdade, a água está uma delícia!
E assim que a verdade, sem duvidar da mentira, tirou as suas vestes e mergulhou, a mentira saiu da água, vestiu-se com as roupas da verdade e foi-se embora.
A verdade, por sua vez, recusou vestir-se com as vestes da mentira e, por não ter do que se envergonhar, foi nua que saiu, a caminhar na rua.
Constatou, porém, que, aos olhos das pessoas, era muito mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade, do que a verdade crua e nua.
Publicada por A. João Soares à(s) 08:06 0 comentários
ONU sem poder nem credibilidade
(Publicado no semanário O DIABO em 20-03-2018)
O Secretário-geral da ONU, profundamente triste com o sofrimento da população civil em Ghouta Oriental", pediu a "suspensão imediata" de "todas as atividades de guerra" na região.
Em 18 de Fevereiro, o Conselho de Segurança da ONU, por votação unânime, aprovou a interrupção de combates. Em 26 as Nações Unidas denunciaram "matadouros de seres humanos".
Em 28 de Fevereiro, apesar da anunciada trégua humanitária, ainda não saíram civis de Ghouta oriental. E foram relatados confrontos. E como, agora, na Síria estão em confronto interesses de duas grandes potências, de forma mais ou menos visível, com assento permanente no Conselho de Segurança e com poder de veto, a situação, por pequeno atrito, pode agravar-se e acabar por levar o Mundo a nova grande guerra.
Este facto demonstra a incapacidade e a inutilidade da ONU, sem poder nem credibilidade, para impor a paz onde ela é urgentemente necessária. Quando há fortes interesses em jogo, a sua actuação tem sido um fracasso. Não impediu as duas invasões do Iraque, tendo a segunda sido feita por motivos inexistentes pois não foram encontradas as armas de destruição maciça que lhe serviram de pretexto e o Presidente foi morto e o país ficou em guerra que ainda não cessou completamente, com inúmeros mortos e a destruição de património histórico mundial. Também não impediu a destruição da Líbia que ainda não está recuperada do abalo que lhe matou o Presidente.
Isto é consequência de a ONU sofrer de uma doença congénita, pois, quando substituiu a Sociedade das Nações, tomou a forma de uma ditadura sem credibilidade e sem merecer o respeito dos países, ao criar o Conselho de Segurança com autoritarismo ditatorial, na mão de cinco membros permanentes e com direito a veto. Isso tem sido notado, nomeadamente, no facto de a não disseminação nuclear não ter sido respeitada porque nenhum desses cinco estados poderosos tem moral para evitar que um pequeno país se dê ao luxo de criar uma arma nuclear, como está a acontecer com a Coreia do Norte e já aconteceu com outros Estados. Deviam ter sido esses cinco a dar o exemplo, destruindo as que possuíam. Se o tivessem feito, comprovadamente e com a merecida publicidade, a partir daí, ficavam com poder moral para impedir a disseminação. Como não o fizeram, a ameaça de violência não pára, e que, a maior parte dos casos, tem o apoio visível ou dissimulado de um ou mais desses cinco poderosos. Com as novas armas em experiência, usando a inovação oferecida pelas modernas tecnologias, talvez decidam desmontar as armas nucleares e de produtos químicos, mas não deixarão de proibir aos outros Estados a posse de novas armas. A propósito, os nano-drones vão ser menos espectaculares e ruidosos, mas dispõem de poderosa capacidade de destruição selectiva, As próximas gerações terão problemas mais terríveis e complexos do que a nossa. E nada pode evitar asneiras de quem muito pode!
A Síria tem dado oportunidade para as potências se provocarem, porque o autoritarismo de Assad concretizado em Março de 2011 com forte repressão em massa e cercos militares contra manifestantes pró-rebeldes que se levantaram contra ele e o seu governo, aproveitando a Primavera Árabe,, originou uma grave guerra civil, que criou grande perturbação e, pelos vistos, ainda está longe da pacificação.
É estranho que os outros Estados se submetam obedientemente aos caprichos dos cinco e não exijam uma reforma da estrutura da ONU ou lhe dêem o destino que foi dado à Sociedade das Nações. Têm oportunidade para isso na Assembleia Geral a não ser que vão lá apenas para se mostrarem ou para fazer turismo.
Para terminar, aconselho a leitura do artigo do prof doutor Miguel Monjardino, "Tréguas na Síria baseiam-se num equívoco", publicado em 28 de fevereiro no Diário de Notícias.
António João Soares
13 de Março de 2018
Publicada por A. João Soares à(s) 14:35 2 comentários
As sociedades mudam
(Publicado no semanário O DIABO em 13-03-2018)
Tudo na Natureza sofre ou beneficia de alterações, como o dia e a noite, as quatro estações, as marés, o clima, etc. Também as sociedades têm tido mudanças, embora lentas devido à resistência gerada por hábitos e tradições.
Na Arábia Saudita, o rei de 82 anos e o filho, Mohammed bin Salman, de 32, estão a fomentar grandes mudanças na sociedade, acabando com tradições muito arreigadas e que destoam no mundo actual. As mulheres passaram a poder mostrar a cara descoberta em público e a obter carta de condução de automóveis e estão em curso novas ideias mais ao tom de costumes ocidentais.
Também a África, para se defender das confusões das lutas político-partidárias, está a pôr fim à limitação de mandatos de presidentes da república, inspirados na solução histórica do Império do Meio em que a China, com tal sistema, teve grande poder internacional e um desenvolvimento da economia e da ciência da sua época, sendo uma referência histórica muito citada.
Em África, doze países, por circunstâncias diferentes, estão com condições propícias para os seus presidentes se perpetuarem no poder ao exemplo da China: Argélia, Camarões, Guiné Equatorial, Ruanda, Uganda, Burundi, Gabão, Congo, Togo, Zâmbia, Quénia e RDCongo. Estão inspirados no regime chinês e, porque não dizer, nas monarquias europeias.
A continuidade dos detentores do poder pode ser propícia a projectos e planos sustentáveis durante vários anos, com mais facilidade quando o poder não saltita, como uma caranguejola, segundo interesses oportunistas e variáveis por mero capricho. O mosteiro da Batalha que demorou 176 (1387 a 1563) anos a construir seria impossível no actual regime português. O mesmo quanto aos Jerónimos, cuja construção foi iniciada em 1501 e terminou em 1601.
Mas a continuidade, embora tenha vantagens para o desenvolvimento de estratégias sustentáveis, pode ter o inconveniente de o poder ser desempenhado por pessoa incapaz, fechada nas suas próprias ideias obsoletas, como aconteceu no Zimbabwé. Daí merecer divulgação o exemplo dado pela Arábia Saudita em que o regime do Rei Salman de 82 anos é mais aberto do que se pensa e, com o seu filho de 32, estão a mudar o país a velocidade surpreendente desenvolvendo projectos de modernização que superarão o fim da era do petróleo, que tem sido a principal riqueza nacional mas que está a perder valor. Este caso faz lembrar o nosso rei D. João I que, com o seu filho o infante D. Henrique, deram origem à época de maior esplendor de Portugal. Houve ideias estudos, planos, projectos e realizações consequentes e devidamente coordenadas que foram exemplares.
A democracia, contra toda a espectativa, em vez de ser o poder do povo, é na realidade o poder do chefe de partido que escolhe os candidatos a deputados de entre familiares, amigos, cúmplices e coniventes, os envolvem numa lista em que o povo, às cegas, coloca a cruz do seu próprio calvário, convencido de que é ele que elege os deputados, por pressão de promessas intencionalmente falaciosas que, só por mero acaso, algumas terão realização. E os que forem para o Parlamento, perdem a quase totalidade do tempo em jogos florais de mera propaganda, indiferentes aos interesses dos eleitores para o crescimento da economia e melhoria da qualidade de vida dos mais desfavorecidos.
Os pecados da democracia, tal como existe em muitos estados estão a levar ao regresso de regimes anteriores que se mostraram mais desejados. O Império Chinês está a ser inspirador de muitos países e, em Portugal, o Estado Novo está a ser recordado, com saudade, por muitas pessoas. Por exemplo, quando se fala da educação, muitos cidadãos recordam-se de que cada aldeia tinha uma escola primária com professor que dialogava com os pais dos alunos e, assim, fazia com que a proximidade contribuísse para um resultado benéfico para alunos e para as famílias.
António João Soares
6 de Março de 2018
Publicada por A. João Soares à(s) 13:53 0 comentários
Etiquetas: PR, PR sem limitação de mandatos, sociedade
Acções precisam-se. Promessas com palavras balofas dispensam-se
(Publicado no semanário O DIABO em 6-03-2018)
Portugal precisa de acções concretas e não de promessas falaciosas, com palavras encantadoras mas vazias de conteúdo prático e concretizável.
Já em 18 de outubro de 2016, em Artigo no semanário O DIABO, referia os inconvenientes de «promessas e decisões anunciadas precocemente», mas a propaganda destinada a obscurecer as realidades e a enganar e iludir o povo continua a ser uma ferramenta diabólica nas mãos de governantes. Jogam com o adormecimento e a ilusão do povo, esquecendo que ele acabará por despertar da anestesia e modorra a que o submetem e, em consequência, perderá a confiança e o respeito por quem o governa.
A Comunicação Social vem colaborando com o Governo mas não pode evitar que as suas notícias sejam interpretadas por quem esteja com alguma atenção e interesse sobre a gestão dos interesses nacionais. Com efeito, no passado dia 18 de Fevereiro, o MAI em demorada entrevista, apresentou medidas, projectos e planos que não passaram de intenções ou promessas enganadoras (os próximos meses o dirão) sobre a prevenção de fogos florestais e preparação de um combate eficaz daqueles que não tenham sido evitados. Três dias depois, em 21 de Fevereiro, veio notícia de medidas (ou simplesmente promessas) tomadas pelo Ministério da Agricultura para fazer face à seca que parece aproximar-se de forma persistente. Ficou, desde logo, claro que a concretização dessas promessas ou medidas, mesmo que realizada, apareceria daqui a muito tempo.
Entretanto, no dia 24, segundo dados da Protecção Civil, estavam em curso pelas 13H45, no norte e centro do País, nove incêndios rurais, três em povoamento florestal e os restantes em zona de mato e terrenos agrícolas. Isto passa-se cerca de oito meses após a tragédia de Pedrógão Grande, o que faz perguntar: que medidas preventivas e de reforço do sistema de combate foram implementadas neste período de tempo? Se em oito meses nada parece ter sido feito, que esperança pode haver para a próxima temporada que iniciará daqui a cerca de 3 meses, ou que já começou como mostram os incêndios do passado dia 24? Que confiança podemos depositar em quem nos governa e que nos sobrecarrega com tantos impostos taxas e taxinhas?
Mas a falta de confiança não surge apenas daqui. Após os oito meses decorridos sobre Pedrógão Grande e os fracassos do SIRESPE, como explicar a falta de telefone fixo, em Vale da Ameixoeira, concelho da Sertã, um morador de 79 anos, com problemas de visão e cardíacos, teve de percorrer dois quilómetros a pé para poder ligar ao INEM, depois da mulher se ter sentido mal. Com esse esforço, o idoso conseguiu contactar os serviços de emergência, mas foi em vão porque quando os bombeiros chegaram, uma hora depois, já a doente Maria dos Santos tinha morrido.
Mas, oito meses depois da tragédia de Pedrógão Grande, aparece a notícia de que a «Anacom está a fiscalizar falhas nos telefones nas zonas afetadas pelos fogos»!!! Até quando durará esta fiscalização? Quando terminará a reparação das falhas verificadas? E que garantia temos de haver medidas preventivas para que elas não se repitam, sem apelo nem agravo? No entanto o ministro do Planeamento e das Infraestruturas afirmou a sua confiança na Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), que está no terreno a fiscalizar as condições de reposição do funcionamento dos serviços e sublinho que estes serviços são essenciais "para coesão territorial e para a vida das populações". Pois!!!
Pensar no futuro é prevenir acontecimentos como os que têm sido verificados. O verão que se aproxima pode ser seco e quente, propício para incêndios florestais. Prevenir é indispensável, e próprio de pessoas inteligentes e com sentido de responsabilidade e respeito pelas populações. Não é com promessas incumpridas que se melhora a qualidade de vida dos cidadãos.
António João Soares
27 de Fevereiro de 2018
Publicada por A. João Soares à(s) 14:14 0 comentários
A ignorância pode destruir o pinhal
A comunicação de um líder com os seus seguidores deve ser didáctica, sincera, afectiva, sem falsidades nem fantasias.
A actual preocupação com a limpeza das matas, querendo-a fazer em prazo muito limitado, vai destruir o pinhal do interior do país, embora a destruição seja feita de forma diferente da provocada pelos incêndios, mas de forma total e definitiva, no curto prazo.
A limpeza que vai ser feita usa máquinas que além de cortarem as plantas infestantes e indesejadas, corta os pinheiros pequenos, com pouca idade, que deviam ser deixados crescer para, naturalmente, substituírem os que, dentro de pouco tempo, serão cortados ou, por efeito da sua idade, morrerão, secarão. E quando os pinheiros os desaparecerem, a mata ficará transformada num terreno árido, desértico. É isso que resultará do actual sistema de limpeza.
Limpar uma mara não é tão simples como limpar uma vinha, ou um olival ou um eucaliptal, em que basta arrastar a pá entre as fileiras das videiras, das oliveiras ou dos eucaliptos. Nasci e vivi 18 anos numa aldeia da zona do pinhal. Este estava normalmente limpo e não me recordo de ter havido qualquer incêndio em pinhais da região. A sua limpeza resultava da conveniência de aproveitar o mato, a caruma e os ramos mais baixos dos pinheiros, para a cama do gado, para fertilizar as terras, para queimar nas cozinhas e nos fornos do pão.
Mas, ao roçar, cortar, o mato, os trabalhadores mais experientes ensinavam aos principiantes o cuidado a ter para não destruírem os minúsculos pinheiros, que deviam crescer para manter o pinhal.
Dessa firma, e com a sabedoria dos veteranos, todo o pinhal tinha pinheiros de todas as idades e tamanhos e, de tal forma, o pinhal se mantinha no decorrer dos tempos.
Agora, com a pressa definida pelos governantes e com as máquinas a rapar tudo indiscriminadamente, o interior do país, ou zona do pinhal, passará a ser um deserto, dentro de breves anos.
Os governantes não estão a agir correctamente e estão a contribuir para a criação de tal deserto, principalmente, quando estabelecem prazos curtos e criam sentido de urgência. Depressa e bem não faz ninguém.
Deviam, antes, procurar didacticamente esclarecer as populações rurais, os autarcas, os bombeiros e outros defensores da natureza para a necessidade dos cuidados a ter para a manutenção da floresta, evitando acções, mesmo que bem intencionadas, que possam contribuir para a sua destruição pela acção do homem com as máquinas, usadas descuidadamente.
Por António João Soares, em 6 de Março de 2018
Publicada por A. João Soares à(s) 10:22 0 comentários
Etiquetas: incêndios, limpeza da floresta, pinhal