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domingo, 6 de outubro de 2013

A Minha Pequena Livraria (The Little Bookstore of Big Stone Gap)

Sinopse
"Wendy e o marido, Jack, sempre ambicionaram ter uma livraria, por isso, quando trocaram os exigentes empregos por uma vida mais simples numa cidade mineira no interior dos Estados Unidos, aproveitaram uma inesperada oportunidade de perseguir esse sonho. Os obstáculos eram grandes: a economia estava em recessão, a cidade era pequena e praticamente sem indústria e havia ainda que enfrentar o aumento do consumo de livros eletrónicos. Além do mais, Wendy e Jack não tinham qualquer experiência de gestão de uma livraria.
Contra todas as probabilidades, mas com muita determinação, otimismo, perseverança e um amor incondicional pelos livros, mais do que estabelecer um negócio, o casal consegue criar uma comunidade em torno da sua livraria."

Impressões
Quando comecei a ler este livro, a minha vontade foi demitir-me do emprego que me paga as contas, tal como a Wendy e o Jack fizeram, e fazer algo que me faça feliz. Uma livraria de livros em segunda mão e, ainda por cima, num edifício cheio de carácter, encaixa perfeitamente naquilo que me faria superfeliz. No entanto, à medida que fui avançando na leitura, percebi que os sonhos podem transformar-se rapidamente em pesadelos... a menos que consigamos alimentar-nos de ar e não nos preocupemos com outras coisas triviais como abrigo, aquecimento, etc. 
Wendy é muito realista quando descreve as provações que ela, o marido e os seus funcionários (dois cães e dois gatos) passaram durante um par de anos, até conseguirem afastar-se alguns milímetros do limiar da pobreza. E, mesmo assim, só o conseguiram porque Wendy arranjou outro emprego para conseguir ter acesso a um seguro de Saúde e poder equilibrar as finanças.  
Pouco a pouco, vão conseguindo estabelecer laços afetivos com a comunidade local, transformando-se a livraria numa espécie de "ponto de encontro" para todo o tipo de atividades recreativas (noites de tricot, clube de escrita,  serões de poesia, música, etc). Além do mais, cada cliente tem um atendimento personalizado. Além da receção feita pelos funcionários de quatro patas, ainda são recebidos com chá ou café, bolinhos e simpatia, tudo grátis! Algumas pessoas aparecem apenas para ver os livros e sentir a magia do local, outros para desabafar ou combater a solidão... enfim, seja qual for o motivo, a verdade é que existe um fluxo contínuo de energia que mantém pessoas, animais e livros felizes! Pois, tal como Wendy diz, "Talvez a melhor coisa que os livreiros fazem pelo mundo não é vender histórias às pessoas, mas escutar as histórias das pessoas."
Gostei muito deste livro! Identifiquei-me com os motivos que levaram Wendy a sentir-se sufocada naquilo que ela apelidou "Poço das Serpentes" e também com as razões que, apesar de tudo, a fizeram continuar (durante algum tempo). Levou-me a tomar consciência de muitas coisas... quando fazemos uma coisa sempre desejando que essa coisa termine rapidamente, não podemos ser felizes...isto vai-nos corroendo por dentro, suga as nossas energias e destrói a nossa capacidade de sonhar... No entanto, também não conseguimos ser felizes se vivermos sempre angustiados sem saber se teremos dinheiro para pagar as coisas mais básicas. É complicado? Não, é simples! Tem que haver equilíbrio entre o trabalho que garante a nossa sobrevivência e o resto. Foi isso que me ensinaram todos aqueles sociólogos e economistas cujas obras estudei e que me encheram de esperança. Teríamos uma sociedade mais saudável a todos os níveis (agora pergunto-me se isso será do interesse de quem manda... se estivermos demasiado ocupados a labutar, não teremos energia para questionar as transformações que nos são impostas). Achava eu que, volvidos tantos anos, aquilo que estava no papel seria concretizado. Afinal, estamos a regredir... 
Bem, este livro fez-me mesmo pensar! Venham mais!