"A dívida externa líquida da economia portuguesa é, diria eu, o desafio número um que se coloca a qualquer política económica em Portugal e vai ser assim durante vários anos. Temos, como é sabido, uma dívida externa que é das maiores da União Europeia e mesmo das maiores do mundo.
Um outro dado que é particularmente preocupante diz respeito à posição financeira das empresas. Passámos de uma situação em que tínhamos empresas extremamente endividadas para uma situação de empresas que estão ainda mais endividadas.
Um outro aspecto que eu gostava de referir tem a ver com a ideia de que o ajustamento por que passámos favoreceu uma reestruturação da economia portuguesa, estando hoje melhor preparada para enfrentar os desafios da globalização. Se olharmos para o conjunto dos sectores, nós vemos que alguns dos sectores que são fundamentais para a afirmação competitiva da economia portuguesa (a indústria transformadora, os restaurantes e hotéis - que são a base do turismo -, a agricultura, silvicultura e pescas), têm hoje muito menos emprego do que tinham em 2008. A pergunta que devemos fazer é: está hoje a economia portuguesa menos exposta à concorrência por parte de países que baseiam a sua competitividade na mão-de-obra barata? A resposta é não.
Todos os sinais que levavam alguns analistas a considerar que Portugal estava em 2009 à beira do colapso estão hoje muitíssimo mais graves do que estavam em 2009."
Ricardo Paes Mamede
Sem comentários:
Enviar um comentário