O grande mural que apresentámos na Galeria de Arte Contemporânea António Prates inspirou-se em outros semelhantes que antes pintámos em mansões devolutas. Em uma dessas intervenções, após algumas horas a trabalhar na fachada de uma casa abandonada, apareceu-nos um sem-abrigo que surpreendeu-nos dizendo que habitava aquela ruína. Talvez nem toda a gente saiba que a viver sem teto há muitos indivíduos cultos, expressam-se com desenvoltura e riqueza de vocabulário e, mesmo deambulando sem casa, conseguem ler jornais e manter-se a par do que se passa no mundo. Ficámos meia hora à conversa e, entre outras coisas, contou-nos a sua interpretação da iconografia do Dalaiama. As gotas de chuva seriam figos, e acrescentou que já tinha visto pela cidade aquela «melancia» que agora desenháramos na «sua» parede, sobrevoada por pássaros ao ar livre, rodeada de flores, pois claro, porque «a horta é bela como um jardim».
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Fome inspiradora
O grande mural que apresentámos na Galeria de Arte Contemporânea António Prates inspirou-se em outros semelhantes que antes pintámos em mansões devolutas. Em uma dessas intervenções, após algumas horas a trabalhar na fachada de uma casa abandonada, apareceu-nos um sem-abrigo que surpreendeu-nos dizendo que habitava aquela ruína. Talvez nem toda a gente saiba que a viver sem teto há muitos indivíduos cultos, expressam-se com desenvoltura e riqueza de vocabulário e, mesmo deambulando sem casa, conseguem ler jornais e manter-se a par do que se passa no mundo. Ficámos meia hora à conversa e, entre outras coisas, contou-nos a sua interpretação da iconografia do Dalaiama. As gotas de chuva seriam figos, e acrescentou que já tinha visto pela cidade aquela «melancia» que agora desenháramos na «sua» parede, sobrevoada por pássaros ao ar livre, rodeada de flores, pois claro, porque «a horta é bela como um jardim».
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