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17 de maio de 2015

condenada

porque é tão difícil ser livre. e por quê?
prendemo-nos para nos defender de nós.
não posso. não devo.
a liberdade sai da rotina.
a liberdade não tem roteiro.
a liberdade é um gato selvagem de garras afiadas, não se pode domar.
a liberdade inunda.
a liberdade pode estar muito quente ou muito apimentada.
a liberdade não limpa os pés antes de entrar.
a liberdade não controla o volume da voz.
você não vai domá-la, vai correr junto.
cansa, mas recompensa.
a condenação sartriana que tira o rumo, mas dá sentido à existência.
mover cada peça do seu próprio jogo, que não vem com manual de instruções.
anseio pela liberdade. e essa ansiedade é também medo.
então corro.
sem saber se perseguindo ou fugindo, corro.

9 de junho de 2013

amanhã

Um homem deitado em sua cama, olhando uma mancha de água em seu teto.
É uma infiltração, mas ele não tentou resolver. Não falou pra ninguém. Só fica ali observando. É mais fácil. É só uma mancha.
Fica imaginando o dia em que um buraco vai se abrir no teto.
Tudo vai desabar sobre sua cabeça. Água, concreto, tinta, rejunte - tudo caindo sobre sua cama enquanto dorme.
Mas não aconteceu hoje. Ainda bem.
Então é só dormir tranquilo e seguir com sua vida amanhã. Sem ter que se preocupar com essa mancha, amanhã é outro dia.
Novas pessoas, novos lugares, novos trabalhos, novas fomes.
À noite, tudo pode desabar.
Mas tudo bem.
Amanhã é outro dia.

(da gaveta de 2010)

26 de março de 2013

medo

Um medo: tomar decisões.
Um pavor: tomar decisões erradas.

Pra onde vou? O que pretendo encontrar no final?

A vida nos obriga a novos caminhos.

Mas sei que, em qualquer um deles, encontrarei uma parte de mim.

(em junho/2012)

o amanhã

"As pessoas estavam sempre se preparando para o amanhã.
O amanhã não estava se preparando pra elas.
Nem sabia que elas estavam ali."
(A estrada - Cormac McCarthy)

18 de fevereiro de 2013

A gente encontra

A gente encontra o primeiro amor. A gente acha que ele é o certo. Mas é claro que ele não dá certo.

A gente encontra o amor eterno. Esse, a gente não tem dúvidas de que vai durar. De que é melhor que o dos outros. De que apostamos as dezenas certas na loteria. Às vezes ele dura mais do que deveria. Ou pode durar pouco e marcar muito mais. Quem sabe?
Mas não, ele não é eterno. Ele acaba.

Então a gente encontra outro amor. Esse tem mais defeitos. Mas a gente entende, a gente ama. Ele é mais verdadeiro porque ele erra. Na verdade, é mais parecido conosco. Dessa vez sabemos que ele pode fugir por entre os dedos.
Então amamos. Porque, fatalmente, ele também vai acabar.

Continuamos procurando.

E talvez seja nesse momento que a gente perceba. Talvez mais tarde, ou talvez nunca.
Que, na verdade, o tempo todo, estamos procurando a mesma coisa:
por nós mesmos.


14 de fevereiro de 2013

conversa 012

Ele - Por que você quer eliminar a tristeza da sua vida?
Eu - Porque é um sentimento ruim.
Ele - Nenhuma grande arte surgiu da felicidade.
Eu - Não quero ser uma artista, só quero ser feliz.

21 de janeiro de 2013

encontro

O lugar se parecia com a casa onde um dia morou, mas o dono da loja de doces ainda estava vivo.
Estranho...
De repente, vê chegando uma adolescente.
Cabelos longos, mochila nas costas, barriga de fora, guia do vestibular na mão.

- Você por aqui??
- É... Te conheço?
- Não sei. Às vezes acho que não mais...
- Nooossa...... Me desculpa! É mesmo. Eu... Você... É que ando tão distraída.
- Eu sei. Parece que você está fugindo cada vez mais rápido de mim...



da gaveta, maio/06 

25 de dezembro de 2012

(des)construindo, (re)construindo

Foi sozinha que descobri que é possível se apaixonar por momentos. Que é possível se apaixonar por si mesmo. Que é possível dizer muito com um olhar. Que tudo é possível. Que a alegria vem de dentro pra fora. Que a ansiedade é o oposto da felicidade. Que muita coisa pode mudar em uma noite. E que a gente pode ser o que quiser.
O que quiser.

17 de outubro de 2012

de paraquedas e olhos vendados

Me procura no escuro sem medo de não achar.
Fecha os olhos e corre sempre em frente sem medo de cair.
No escuro ninguém vê teu erro.
No escuro ninguém ri do teu tropeço.
No escuro todos são iguais.

Sempre tive medo de brincar de olhos vendados.
Sempre tive medo de não encontrar meu caminho.
Sempre tive medo de perder o controle.
Sempre, sempre tive medo de errar.

Fecha os olhos e vai sem hesitar.
Como um texto escrito às cegas e
(difícil este salto)
publicado sem pensar.

13 de outubro de 2012

Caso 6457


"O medo toma a forma de quem o recebe e se expande por braços e pernas... Uma cidade apagada no estômago, um filho morrendo a cada milésimo, medo de ter medo, então um medo infinito que podemos chamar por um nome, como um cão ou um gato que vive por perto, no quintal." (Marcio Tito Pellegrini, Caso 6457) 

Nossos medos e ansiedades continuam por perto enquanto continuamos os alimentando. A gente sabe disso. Mas não para de alimentar. Eu alimento minhas ansiedades com um turbilhão de pensamentos 24 horas por dia. Tento enganá-las com terapia. Tento envenená-las com Rivotril. Mas não consigo deixar de atrair esses cães ou gatos pro meu quintal. Eles aparecem, eu ofereço comida, carinho. Eles me fazem companhia.
RZ, atriz e interna 

4 de outubro de 2012

Isso deviam ensinar na escola.

(da gaveta de 2007)
Mas não ensinam.

Querem que a gente acredite que as árvores dão o ar que respiramos.
Que o homem foi à Lua.
Que as guerras acabaram.
Que as pessoas são boas.
Que se pode chegar ao fim do arco-íris.

Aí a gente sai em busca do nosso próprio arco-íris e não encontra.
Se tenta fazer um, não há matéria-prima pra ele nesse mundo.

E então descobrimos que tudo o que é bonito nesse mundo não existe – é só uma ilusão feita de luz.

30 de setembro de 2012

peças

(da gaveta de 2007)

Há os que fazem.
Há os que observam.
Há os que desdenham.
Há os que enaltecem.
Há os que só passam.
Há os que desenham.
Há os que se lembram,
outros que se esquecem.

Há os que notam que tudo continua igual.

E que somos apenas peças (repetidas)
da grande mesa de um banquete
que será devorado no final.


21 de setembro de 2012

conversa 004

Eu - É um bom filme sobre relacionamentos.
Ele - Gosto de filmes assim. Eles ajudam a relativizar as coisas... Ver que essas situações não acontecem só com a gente, são temas universais.
Eu - Com certeza. Ou melhor ainda: a gente vê que sempre tem outras pessoas que se fodem mais.

13 de setembro de 2012

9 de setembro de 2012

7 de setembro de 2012

28 de agosto de 2012

consciente

Tem coisas que a gente sente na alma.
Outras, no estômago.
As mais cafonas a gente sente no peito.
As mais mundanas, no sexo.
As mais sensatas, no cérebro.
Algumas palpitam nas extremidades.
E tem outras que a gente só sente na base da nuca.

Mas sempre tem aquelas coisas que a gente não entende. 
Não sabe se respira ou se digere.
E não consegue matar.
Porque não sabe nem de onde vêm.

sonhos

Revistas, livros, sites, blogs que falam das "casas dos sonhos" das pessoas.
E eu só penso que todos os meus sonhos estão fora de casa.

18 de agosto de 2012

shhhh.

Então eu silencio.
E resolvo me encontrar.
Decidi curar esse incômodo que me habitava.
(Perdi a conta de quantas vezes me perdi no silêncio do teu olhar.)
Descobri que a maioria dos sons são fugas.
Aprendi que é possível calar.
É no meu silêncio que ouço minhas verdades.
Então me deixo silenciar.

9 de agosto de 2012

enfim.



Parques de diversões abandonados.
O pôr do sol.
Os créditos do filme na tela.
A última mordida.
A hora de pagar a conta do bar.
O fim do verão.
Um adeus na porta do elevador.
O não.
(O “melhor não”.)
Fechar o zíper da mala.

De agora em diante, viajo com a mala aberta.