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16 de janeiro de 2016

Descabida

Minhas emoções não cabem em mim.
Nunca couberam.
Vazam. Transbordam. Gritam por ar.

Já estive assim tantas vezes.
Descabida descabelada desnivelada sem fôlego.
Revira tudo por dentro.

Cansa.

Exaure.

Meu corpo se prepara o tempo todo para um ataque.
O coração bombeia mais sangue sem motivo aparente.
O fôlego se perde.
Se o ataque nunca vem, a preparação não acaba.
Só me ataca por dentro.
E se me perguntam "o que foi?" não tenho resposta.
É só meu sangue que ferve demais.

4 de julho de 2013

alta

Eu me dei alta da terapia.
Quer dizer. Dei um tempo na relação com a analista.
Dois anos chegando a conclusões que levavam a novas dúvidas.
Dois anos buscando.
Dois anos remexendo fundo.
Não, eu não estou bem.
Eu só acho que, na verdade, ninguém está.

13 de outubro de 2012

Caso 6457


"O medo toma a forma de quem o recebe e se expande por braços e pernas... Uma cidade apagada no estômago, um filho morrendo a cada milésimo, medo de ter medo, então um medo infinito que podemos chamar por um nome, como um cão ou um gato que vive por perto, no quintal." (Marcio Tito Pellegrini, Caso 6457) 

Nossos medos e ansiedades continuam por perto enquanto continuamos os alimentando. A gente sabe disso. Mas não para de alimentar. Eu alimento minhas ansiedades com um turbilhão de pensamentos 24 horas por dia. Tento enganá-las com terapia. Tento envenená-las com Rivotril. Mas não consigo deixar de atrair esses cães ou gatos pro meu quintal. Eles aparecem, eu ofereço comida, carinho. Eles me fazem companhia.
RZ, atriz e interna 

23 de junho de 2012

Monofobia


Medo da solidão é, na verdade, o medo de nós mesmos.
Sozinhos, não há fuga.
Somos obrigados a nos compreender.
E a maioria de nós tem medo do que pode descobrir.

21 de junho de 2012

15 de junho de 2012

Crisálida

Disseram-me dia desses que tenho um olhar incisivo.
(Eu, que sempre fui de baixar o olhar.)
(Eu, que sempre fui de hesitar.) 

Talvez eu, que sempre tive medo de me cortar, finalmente esteja aprendendo a afiar minhas lâminas.

Está chegando a hora da cirurgia.
Estou praticando com leves talhos sobre o mundo.
Em breve,
uma incisão bem profunda em minha carne,
e finalmente descobrirei o que se esconde dentro de mim.

9 de março de 2012

superficial.

Cheguei a um ponto da vida em que aprendi a me ferir só por fora.

A cada semana, uns hematomas novos, uma torção, joelhos ralados. Nada que machuque de verdade. Nada que pomada e um curativo não resolvam.


O que importa é que cada vez dói menos por dentro.

(Mas quando é que vou aprender a não ferir os outros?)

10 de fevereiro de 2012

me vê uma dose


Porque às vezes as coisas podem ficar se remoendo dentro de nós.
Pequenos vermes que nos invadem.
Parasitas desconhecidos.
E, na maioria das vezes, você não vai descobrir o nome deles.
É muito mais fácil apenas tomar o remédio.

1 de setembro de 2011

Dia estranho

Estranho quando a gente chora e ainda não é hora de dormir,
quando não vem a noite de sono para curar.
Não importa o motivo das lágrimas, a sensação posterior é sempre a mesma:
não há colírio, não há água fresca e toalha que tirem o ardido dos olhos.
O mundo fica um pouco mais embaçado e distante.
Muita coisa deixa de importar.

Um dia em que se chorou nunca mais volta a ser o mesmo.

7 de junho de 2011

Onde você se vê daqui a 10 anos?


Esses dias me mandei uma Cápsula do Tempo e confesso que estou com medo do dia que receber o email que prometeram me enviar daqui a dez anos. Imagine, em 2021, não vou mais nem lembrar que fiz isso e de repente recebo uma mensagem do passado... Estranhíssimo. Bom, se bem que posso ter mudado de email até lá... E posso ter mudado de cidade, de país, de ideias, de profissão, de sexo, vai saber, ué.

Aí eu fico tentando entender quem consegue planejar a vida. Sabe? Quem sabe onde estará daqui a cinco, dez anos, que traça planos pessoais, profissionais. Quem financia um imóvel... Gente, o único jeito de eu conseguir comprar um apartamento seria com financiamento de 30 anos. Eu, que mal sei se vou cansar do apartamento em que moro antes de vencer o contrato de aluguel! Não consigo firmar hoje um compromisso com a Renata de 55 anos, que eu não faço ideia de quem vai ser.

Fico pensando se isso é falta de comprometimento com a vida ou se é estar preparada para as mudanças.

Há um tempo eu me autodiagnostiquei como uma viciada em mudanças. Alguma coisa tem que mudar em minha vida de tempos em tempos. Nem importa muito o quê – mas fico meio deprimida se não estiver esperando por nenhuma mudança. Mas são sempre mudanças externas: mudar de trabalho, mudar de casa, viajar, fazer um novo curso...

O quer dizer isso? Sei lá, é uma das coisas que estou tentando entender na terapia.

E por que não posso mudar internamente também? Bom, como disse no meu primeiro post dessa nova fase do blog, estou tentando mudar um pouquinho por dentro. Tentar escrever faz parte disso. Fazer terapia também.