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quarta-feira, março 28

Donas de Casa Desesperadas. Ou só desesperadas...

No episódio de hoje (ontem?) de donas de casa desesperadas, Bree interrompe o cunnilingus que o seu cherie lhe servia (só para dar uma de poliglota – Olha! Línguas e sexo oral! Nem de propósito!), saindo disparada para o hospital. Uma vez lá, descreve, à médica, os sintomas que a assustaram e rapidamente (feliz médica!) lhe é diagnosticada uma perturbação degenerativa (é sabido que as nossas faculdades nos vão abandonando no momento do clímax): orgasmo. Sim, parece que Bree, ao contrário do que supusera durante 30 e alguns anos (estou generosa, hoje), teve o seu primeiro orgasmo.

Esta Bree, que bem pode ser a vizinha do lado, a esteticista, a sapateira, a chefe de secção, a mulher das limpezas, a motorista, tu e eu, achava estranha toda a exaltação à volta do sexo. Achava os filmes pornográficos ou eróticos exagerados. Achava que tesão (nenhuma outra palavra cabe aqui, a não ser mesmo t-e-s-ã-o) era coisa de primeiros encontros e descobertas. Achava que quem dizia que ter um orgasmo era a melhor coisa do mundo eram os pobres-de-emoções-que-acham-que-cinco-segundos-de-prazer-compensa-todos-os-outros-prazeres. Gostava, é certo. Muito, também é certo. Mas só quando fez sexo com o novo parceiro descobriu que, afinal, muito bom era muito má adjectivação.

Esta Bree pode continuar a achar que sexo é só um dos prazeres e não o supremo gozo. Mas acha, agora, que é supremo o gozo quando faz sexo. Acha que dizer que se sente abandonar-se nos corredores do seu corpo; dizer que a garganta lhe dói em sinal de protesto pelos gritos que a violam; dizer que, perto do que sente, um vulcão em erupção é um eufemismo, é cair no mesmo erro:

O de não ter percebido que só quando não se é capaz de descrever a sensação é que é possível a definição: orgasmo. Eco. Eco. Eco. Eco….

E agora, desculpem lá, mas este post acaba como o cunnilingus a Bree: abruptamente. Mas só porque já venho!


ps: qualquer semelhança com a série é mera ficção

terça-feira, janeiro 16

Um post na ponta da língua

Quem já não ouviu falar de orgasmos vaginais? Não se assustem pelo facto de somente o terem ouvido e nunca experimentado. É que esse aclamado orgasmo vaginal é um mito, diz-nos Anne Koedt em "The Myth of the Vaginal Orgasm" (1970).

É o clitóris, e não a vagina, que está no centro da sensibilidade sexual.

É evidente que existem diversas áreas no nosso corpo despertas para a sexualidade. Freud dizia, até, que a sexualidade da mulher é difusa (dispersa por todo o corpo) por esta não ter um órgão sexual "visível"; logo, não tem uma parte do corpo específica em que "focar" a sua sexualidade – ao contrário do homem que a concentra no pénis.

Apesar destas inúmeras áreas, só existe uma responsável pelo clímax; e essa área é o clitóris. Todos os orgasmos são uma extensão das sensações provocadas por esta área.

E estão vocês a pensar: então e as vezes em que tive um orgasmo sem ter estimulado o clitóris?!
Isso é fruto da vossa cabeça. Literalmente. É que há também a estimulação através de processos mentais primários. Mas, apesar da estimulação poder ser psicológica, os "efeitos" continuam a ser físicos e o orgasmo ocorre, necessariamente, no órgão sexual equipado para o clímax: o clitóris.

Posto isto, caras cuscas, há que meter mãos à obra!

segunda-feira, outubro 30

Porque preferem, as mulheres, casas a apartamentos?

É Verão. O calor é tanto que nem energia tem para se queixar de que o calor é tanto. Arrasta-se até casa para se abrigar das cuspidelas de calor que invadem a cidade sem ar condicionado. Afunda-se no sofá. Ao seu lado, o corpo do outro – que é também o seu. Escapa, por momentos, ao calor. Mas a temperatura dos corpos começa a subir, acompanhando o calor barricado do outro lado da janela. Entre si e o seu outro, talvez demasiada roupa. Arranca-as convencida da fonte do calor. Mas continua o braço-de-ferro. As roupas não eram o porque. Continua a procurar a fonte do calor. As mãos auxiliam na busca, tacteando, errantes, o corpo contíguo. O calor aumenta. A respiração apressa-se a acompanhar o tactear ansioso das mãos. Os barulhos da televisão são acotovelados pelo ofegante silêncio. As gotas de suor evadem-se. Vão-se multiplicando na divisão do toque. E vão perdendo a morada de um corpo só. De repente, o sofá é já pequeno. A cama ampara o seu amparar-se no outro. A terra começa a tremer a compasso. Cadente e ardente. A terra treme a compasso. Num ímpeto – como um imprevisível previsto - o mundo explode concentrado num gemido. Num ímpeto, o mundo concentrado num gemido. Num ímpeto, o gemido concentrado num grito. O grito da vizinha que, da sua varanda, arremessa: “Gritem mais baixo!”. De repente, a gargalhada intrigada.

E pensa: “como ousa alguém intrometer-se enquanto nos intrometemos?” Mas não se ficou por aqui. Saída de casa, encontra um bilhete à porta do apartamento, dizendo: “Agradecemos que façam menos barulho quando estiverem a fazer determinadas actividades”.

É Verão. O calor é tanto que nem energia tem para se queixar da cobardia de um bilhete anónimo, abandonado à entrada do Olimpo. Arrasta o assunto para fora de casa. E mastiga-o até à exaustão. É Verão, foi importunada e está exausta. Não sabe como retaliar.


E vocês? O que fariam se alguém vos tentasse intrometer o Inverno pela casa adentro?