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terça-feira, 2 de agosto de 2016

No Nobres do Grid deste mês...

(...) Dos quatro, Arturo Merzário era o piloto de melhor palmarés, quer na Formula 1, quer na Endurance, e em especial, ao serviço da Ferrari. Mas em 1976, Arturo já estava na sua decadência. Então com 33 anos (nascera a 11 de março de 1943, em Civenna, na provincia de Como), Merzário começara a correr pela Abarth, em provas de montanha, passando em 1969 para a Formula 2, vencendo uma prova em Mugello. 

Isso foi mais do que suficiente para que a Ferrari lhe desse um lugar para a temporada de 1970 de Endurance. Dois anos depois, Merzário já tinha ganho os 1000 km de Monza, a Targa Flório e as Nove horas de Kyalami, para além de participações nas 24 Horas de Le Mans. E foi aí que participou em duas corridas de Formula 1 na temporada de 1972, tendo chegado na sexta posição logo na corrida de estreia, em Brands Hatch.

Em 1973, torna-se piloto oficial da Scuderia na Formula 1, ao lado de Jacky Ickx, mas essa foi uma das piores temporadas de sempre da Ferrari na categoria máxima do automobilismo. O melhor que conseguiu foi dois quartos lugares em Interlagos e Kyalami, antes de em 1974, passasse para a Isso-Marlboro, uma das antecessoras da Williams. Ali, conseguiu um quarto posto em Monza. Continuou no ano seguinte, mas abandonou a meio do ano, fazendo um “one-off” em Monza pela Copersucar-Fittipaldi.

Em 1976, Merzário tinha conseguido um lugar na March, mas nesse GP da Alemanha, o italiano tinha ido para a Wolf-Williams, em substituição de Jacky Ickx. Ele tinha conseguido o 21º posto na grelha de partida. (...)

(...) O tempo naquele dia de corrida estava instável. Tinha chovido durante o dia, mas na hora anterior à corrida, a chuva tinha parado e a pista começava a secar. Contudo, sendo uma pista enorme, com 23 quilómetros, muitos decidiram manter os pneus para chuva, excepto Jochen Mass, que apostou no seco. O alemão, com grande conhecimento de Nurburgring – outro com esse mesmo conhecimento era Hans-Joachim Stuck – partia de nono na grelha, mas no final da primeira volta, já era segundo, mostrando que tinha feito a escolha acertada.

Com isso, a maior parte dos pilotos mudou de pneus para seco. Lauda fê-lo logo no inicio da segunda volta, e tinha caído para o fundo do pelotão, tendo conseguido passar o Brabham de José Carlos Pace (que acabaria na quarta posição), algumas curvas antes do seu acidente.

No acidente, depois de bater no banco e ter sido ricocheteado para o meio da pista, Lauda sofreu outro embate, do Surtees de Lunger. Momentos antes, Guy Edwards tinha se despistado para não bater no Ferrari, enquanto que Ertl e Merzário pararam na pista para bloquear os outros carros e socorrer o austriaco. Todos estes pilotos saíram do carro para tentar tirar Lauda do braseiro que tinha tornado o seu carro. Foi Merzário que conseguiu desapertar o cinto, com os outros três a segurar o piloto e a coloca-lo no solo, até que os socorros chegassem rapidamente. (...)

No dia 1 de agosto de 1976, no velho Nurburgring Nordschleife, ocorria o Grande Prémio da Alemanha, num campeonato disputado à corrida entre James Hunt e Niki Lauda. A grande vantagem inicial que o piloto austríaco da Ferrari teve tinha sido diminuido nas duas últimas corridas com vitórias por parte do inglês da McLaren (embora a vitória em Brands Hatch estaria em suspenso) e a diferença estava diminuida. Numa corrida com asfalto molhado, mas a secar, os pilotos jogaram com os pneus, tendo triunfado quem tinha os de piso seco. Mas a meio da segunda volta, na zona de Bergwerk, o piloto da Ferrari perdeu o controlo do seu carro, bateu no monte e incendiou-se. Lauda ficou preso por 55 segundos, mais do que suficiente para ficar com marcas na sua cara e os seus pulmões afetados ao ponto de correr risco de morte.

A história de Lauda, do seu acidente e da sua recuperação, 40 dias depois, é o tema deste mês no meu artigo no Nobres do Grid.  

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Os homens que salvaram Niki Lauda

Começo isto com humor negro: uma piada que se conta de vez em quando na pátria de Wolfgang Amadeus Mozart, Sigmund Freud, um certo senhor de bigode ridículo e de Jochen Rindt começa assim:


"Era uma noite escura no meio da floresta, daquelas sem lua, onde não se via nada. A tartaruga caminhava lentamente para sua toca quando, em pleno breu, bateu em cheio contra alguma coisa que se movia na direção contrária. Como não dava para ver nada, a tartaruga começou a tactear o outro ser, e disse:

- Hmmmmm... Peludo, com dentes compridos... e orelha grande. Ah! É o coelho!


E o coelho, fazendo o mesmo:

- Hmmmmm... Pele de cobra, sem orelhas... e de capacete. É o Niki Lauda!"

Todos sabem que dia é hoje. E sabem mais ou menos como é que isso aconteceu. Foi a última vez que a Formula 1 correu no Nordschleiffe, aquele tenebroso Inferno Verde de 22 quilómetros. Nurburgring era um circuito perigoso, mas desafiante.

A 1 de Agosto de 1976, decorria o Grande Prémio da Alemanha de Formula 1. Era um campeonato ultra-competitivo e emocionante. A luta era entre o austriaco Niki Lauda, que lutava por um segundo título mundial, e o britânico James Hunt. No dia da corrida, as perspectivas de chuva eram reais. Quase todos mudaram de pneus, excepto Jochen Mass, que corria com slicks. Na largada, James Hunt, que tinha feito a pole-position, e Niki Lauda, que largava ao seu lado, tinham partido mal, e era ultrapassados pelo Ferrari de Clay Regazzoni e o Ligier de Jacques Laffite. No final da primeira volta, a pista começou rapidamente a secar, e Mass, que tinha ficado para trás, era segundo classificado, somente atrás de Ronnie Peterson, no seu March. Quando este foi ultrapassado pelo alemão, tinha 49 segundos de vantagem sobre o seu companheiro, Hunt, que já tinha trocado para pneus "slick".

Mas no final da segunda volta, depois de todos terem passado, não se sabia de quatro pilotos: Niki Lauda, Brett Lunger, Harald Ertl, Guy Edwards e Arturo Merzário. Pouco tempo depois, anunciava-se que os cinco pilotos se tinham despitado na Bergwerk, e este tinha sido causado pelo Ferrari de Lauda: por causa disso, a corrida estava interrompida.

Depois, descobriu-se o que acontecera: Lauda, depois de ter trocado de pneus, tentava recuperar o tempo perdido. De repente saira de lado para a berma, batendo violentamente e voltando para a pista, em chamas. O carro desgovernado batia no Surtees do americano Brett Lunger e no Hesketh do seu compatriota Harald Ertl.

As chamas envolviam o carro, mas estes três, mais o italiano Arturo Merzário, conseguiram tirar do Ferrari em chamas. Contudo, o capacete do piloto austriaco tinha rachado e alguma da gasolina tinha vertido para o rosto. Ficara com queimaduras e perdera parte da orelha direita. Mas uma fractura na maçã do rosto e o facto de ter inalado gases de combustão fizeram com que tivesse graves dificuldades em respirar durante alguns dias. Chegou-se até a ser feita uma extrema-unção...

Agora, chegamos à razão do título: quem eram aqueles pilotos que o salvaram a vida? É certo que tiveram um palmarés de fundo de pelotão, mas casa um tem a sua história...

Brett Lunger nasceu em 1945 nos Estados Unidos. Membro da Familia DuPont, estudou em Princeton e serviu no Vietname. Depois da tropa, começou a correr na Can-Am e em 1972 estava na Formula 2, com alguns reaultados de relevo. em 1974, casa-se com uma inglesa, filha do presidente da Ford no país de Sua Majestade. No ano seguinte, corre na Hesketh, e no ano seguinte faz a temporada completa na Surtees, sem resultados de relevo. Em 1977 compra um March e em 1978 continua a correr numa equipa privada, a bordo de um McLaren, antes de fazer uma corrida pela Ensign.

A sua carreira na Formula 1: 42 corridas, em cinco temporadas, zero pontos.

Depois da Formula 1, foi comentador da CBS, tendo feita a cobertura da Formula 1 durante boa parte da década de 80. Agora participa em eventos de BTT, apesar de já ter ultrapassado os 60 anos...

Quanto a Guy Edwards, é inglês e nasceu em 1942. Depois de uma boa carreira na Formula 3 inglesa e na Formula 2, foi para a Formula 1 em 1974, correndo na equipa de Graham Hill, sem resultados de relevo. Depois de ficar uma temporada de fora, voltou em 1976 para substituir James Hunt na Hesketh durante algumas corridas. O facto de ter salvo a vida de Niki Lauda fez com que fosse condecorado com a Queen's Gallantry Medal. Retirou-se em 1977 e correu na Formula Aurora entre 1978 e 1980, tornando-se no unico piloto a ganhar uma corrida num chassis Fittipaldi. Hoje em dia, trabalha no "marketing", arranjando patrocínios para pilotos.

A sua carreira na Formula 1: 17 Grandes Prémios, em três temporadas, zero pontos.

Harald Ertl nasceu a 31 de Agosto de 1948 em Zell am See, na Austria. Depois de frequentar uma academia de pilotos onde correram, entre outros, Jochen Rindt e Helmut Marko, comprou um Formula 5, onde foi campeão nacional. Em 1970 foi para a Formula 3, e depois foi para os Turismos Alemães, a DRM, antecessora da DTM. Entre 1974 e 76 esteve na Formula 2, mas a meio de 1975, estreia-se ma Formula 1 com um patrocinador de peso: a cerveja Warsteiner. Entre 1975 e 1977, corre na Hesketh, sem conseguir pontuar. em 1978 vai para a Ensign, mas não dá nas vistas. No final da temporada, corre na ATS. Retira-se em 1980.

A sua carreira na Formula 1: 28 corridas, em cinco temporadas, zero pontos.

Depois disso, este piloto famoso pelo seu belo bigode e sua farta barba, torna-se campeão da DRM em 1978, a bordo de um BMW 320i Turbo da Schnitzer Motorsport, e em 1979 e 80 correu com um Ford Capri, ganhando várias corridas. Em 1982, planeava correr no Troféu Renault 5 Turbo quando sofreu um acidente de aviação fatal na tarde do dia 7 de Abril de 1982. Tinha 33 anos.


Arturo Merzário é o que tem o palmarés mais rico de todos: nascido a 11 de Março de 1943 em Como, no norte de Itália, começou a correr na formula Abarth nos fins dos anos 60. Em 1972 as suas performances não passaram despercebidas pela Ferrari, que o contratou para a sua equipa de Sport, mas também para a sua equipa de Formula 1. Na sua primeira corrida, Merzário foi sexto. Em 1973 continuou a correr na Ferrari, terminando na 12ª posição, com seis pontos.


No final da época sai para a Iso-Marlboro, que não era mais do que carros da Williams patrocinados pela tabaqueira, onde consegue mais quatro pontos. Continua no ano seguinte, mas não consegue pontos. Em 1976, a Williams é comprada por Walter Wolf, que a rebaptiza de Wolf-Williams, mas não há resltados de relevo. Em 1977 constitui a Team Merzário, onde duarnte as três temporadas seguintes, irá correr com o seu próprio carro, sem resultados de relevo. No final de 1979, a Merzário fecha as portas.

A sua carreira na Formula 1: 85 Grandes Prémios, em oito temporadas, 11 pontos no total.

Para além da sua carreira na Formula 1, Arturo Merzário (que era mais conhecido pelo seu chapéu à cawboy que usava), teve uma excelente carreira na competição de Sport-Protótipos: vencedor por duas vezes da Targa Florio (1972 e 1975), e dos 1000 km de Spa-Francochamps, em 1972, entre outros. hoje em dia, continua bem activo nas categorias de Sport-Protótipos, apesar de ter agora 64 anos...