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quinta-feira, 1 de março de 2012

Bacalhau

Por estes dias, a atualidade política tem sido alimentada pelo caso do Bacalhau. Refiro-me obviamente à intenção de compra, por parte da Câmara Municipal do edifício conhecido como "Bacalhau" na rua comandante Salvador do Nascimento.
Que o negócio tem contornos que politicamente me levantam interrogações, tem! Nomeadamente como é que uma  autarquia em situação financeira difícil, com muitas dificuldades em cumprir os compromissos assumidos, assume mais este, num contexto de crise nacional. Num momento em que tantos fazem esforços por encontrar soluções criativas que lhe permitam ultrapassar as suas necessidades momentâneas, a Câmara opta pela mais fácil: adquirir património, onerando ainda mais o futuro da edilidade.
Mas o que me deixou verdadeiramente perplexo foi a explicação do sr. presidente sobre como vai ser financiada a aquisição: respondendo a uma pergunta de um jornalista de uma rádio local, lá foi explicando, candidamente, que os pagamentos vão ser feitos à medida das possibilidades da autarquia!!!
E eu pergunto: mas alguém acredita nisto? Alguém vende o que quer que seja nestas condições, sem saber quando vai receber?
Quando alguém vende um imóvel, quer, no mínimo, saber exatamente quando vai receber a quantia devida; será que neste caso, o vendedor aceitou que uma Câmara que tem muitos meses de renda em atraso, pelo arrendamento do mesmo edifício, lho compre e lho vá pagando à medida das suas possibilidades?
Sendo o vendedor quem é - empresário conhecido na nossa praça - eu não acredito. 
Alguém acreditará?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

De novo... eleições!


E pronto, concretizou-se o cenário que desde há um ano e meio estava anunciado: o Governo demitiu-se, a Assembleia da República foi demitida e foram convocadas eleições para daqui a cerca de 2 meses.

Deixando de fora a campanha eleitoral, não sei muito bem o que esperar até lá.

Mas bem escusam os partidos da oposição de vir agora pressionar o Governo a tomar determinadas atitudes, alegando que está em plenas funções. Não está! É um Governo demissionário, cuja legitimidade para tomar determinadas opções é muito condicionada. Pensassem nisso antes. Agora, é cruzar os dedos até às próximas eleições, porque só depois delas teremos (espero eu) um Governo com plena capacidade para tomar as medidas que já deveriam ter sido tomadas há pelo menos 2 meses atrás...

Para o bem e para o mal, o Primeiro-Ministro-demissionário é um Homem obstinado. Não remodelou, quando pressionado a fazê-lo; não pedirá ajuda externa, apesar de todas as pressões nesse sentido. Disso estou inteiramente convicto.

Mas pensando mais no umbigo - neste caso, na Guarda - confesso que aguardo com alguma curiosidade as listas de candidatos; e mais curiosidade ainda tenho em saber o que dirão os candidatos do PS, os mesmos que na última campanha disseram à Guarda que não haveria portagens nas Auto-Estradas que nos servem e que agora votaram favoravelmente a medida, sem nunca se terem preocupado em justificar-se perante as pessoas da Guarda. Ah, e se se vier a confirmar que o Governo não pode introduzir as portagens por estar demissionário, isso não vale como desculpa alguma, uma vez que a medida foi votada na AR e - este ou outro Governo - deverão implementar as portagens a coberto dessa medida.

terça-feira, 29 de março de 2011

Investimentos...


Devo aqui ao blogue alguns textos, nas últimas semanas, que hei-de repôr muito brevemente. Mas ao saber da mais recente aquisição da Câmara da Guarda, não podia de aqui deixar algumas questões que o tema me coloca.
Falamos de uma Câmara que está actualmente fortemente limitada na sua capacidade de actuação pelas dificuldades financeiras que atravessa; que, segundo dizem alguns, deve muito dinheiro a fornecedores que não podem falar publicamente porque senão acabam os negócios com a Câmara (imagino então que sejam proveitosos...); que deve à banca muitos milhões de Euros, pelo que deduzo que terá actualmente encargos financeiros que pesarão cada vez mais, face à tendência de subida das taxas de juro que veremos nos próximos anos.
Perante este cenário, e com o produto da venda do edifício do hotel de turismo, não seria sensato amortizar alguma dessa dívida; deixar as vindouros um ónus menos pesado? Parece não ser este o caminho que o executivo quer seguir, ao ter anunciado a compra do edifício conhecido como "bacalhau", onde funciona a escola profissional da Guarda.
Obviamente nada me move contra o projecto; daquilo que conheço, é um projecto bem sucedido e que tem dado o devido contributo para que a Guarda possa oferecer aos seus cidadãos mais opções na hora de optar por uma via de formação. Mas existem concerteza outras opções. Existem sempre outras opções.
Se o património da Câmara tem crescido à custa de financiamento bancário para lá do desejável e, provavelmente muito em breve, do suportável, não estará na hora de ponderar a hipótese de tornar esse património mais operacional? Adequá-lo à sua real capacidade financeira?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

À mulher de César não basta ser séria!


O Presidente da República, Cavaco Silva, mandou divulgar publicamente ter abdicado do seu vencimento de Presidente da República (no valor de 7.415 Euros mensais), ficando apenas a auferir duas pensões de reforma (uma de catedrático da Universidade Católica e outra da actividade que exerceu no Banco de Portugal, totalizando ambas 10.042 Euros mensais). Tendo sido uma "opção" que foi obrigado a fazer por força da publicação da Lei de Orçamento de estado para 2011, que acaba com a possibilidade de acumular pensões com vencimentos do Estado. Cavaco Silva optou assim pela situação que para ele é mais vantajosa economicamente.

Sucede porém que todos os políticos em idênticas condições tiveram de fazer igual escolha. Entre eles, o Governador Civil da Guarda. Só que neste caso, a postura foi diferente.

De acordo com o Jornal "Nova Guarda", Santinho Pacheco optou por receber o vencimento de Governador Civil, apesar de este ser mais baixo que a pensão de reforma das suas actividades profissionais que auferia. Diz o Governador Civil que está nas funções "(...) com muito gosto, com muita honra (...)", e que "Onde todos pagam nada é caro.".

Perante situações idênticas, duas posturas diferentes. Porque na política, a ética e sentido de serviço público escasseiam cada vez mais, não podia deixar de assinalar o exemplo dado pelo Governador Civil da Guarda.

Não basta bater no peito e proclamar respeitabilidade e honorabilidade; à mulher de César, não basta ser séria!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

0%


O Sr. Ministro das Finanças comunicou ontem ao País que é sua intenção congelar os aumentos dos funcionários públicos este ano e que isso mesmo vai propôr aos parceiros sociais.

Para não variar, logo o coro de protestos do costume se fez ouvir: que é inadmissível, que os funcionários públicos não são os culpados da crise e das dificuldades orçamentais actuais, etc.

Mas vamos ser sérios: só quem tenha andado muito distraído nos últimos tempos se pode admirar perante uma proposta destas. Depois de sabermos que o défice das contas públicas voltou a subir acima dos 9% - ou seja, o Estado gastou mais do que recebeu - e que a nossa dívida externa ultrapassa já 100% do PIB - ou seja, se durante um ano todos trabalhássemos exclusivamente para poder pagar essa dívida, ainda assim não o conseguiríamos fazer - não pode ser surpresa a medida agora tomada. Que além disso nem sequer é grande novidade, uma vez que vários economistas já tinham defendido publicamente esta medida como forma de re-equilibrar as contas públicas.

Por outro lado, com os valores de aumentos que se verificaram nos salários do ano passado (para quem não se lembra: ano de eleições) e os valores de inflação verificados no mesmo período (os mais baixos desde sempre), outra coisa não seria de esperar.

Só me admiro com uma coisa: aqueles que vêm defender grandes greves e manifestações contra este estado de coisas propõem o quê em alternativa? É que eu não vejo nenhuma... e sou daqueles que, não sendo funcionário público, não vai ver aumento nenhum este ano!

Todos sabemos que este tipo de reacção tem mais a ver com a manutenção do status quo dos sindicatos do que com os reais interesses do País - e portanto dos seus funcionários.

Mas não sejamos inocentes: preparemo-nos para o sacrifício, mas sejamos também exigentes na hora de exigir os resultados dos nossos sacrifícios; sejamos exigentes connosco, mas sejamo-lo também com aqueles que agora nos pedem "sangue suor e lágrimas" e façamo-los responder pelos resultados dos sacrifícios que agora nos pedem!
Actualização: alertado por um leitor atento, reparei que o post inicial continha uma imprecisão, que naturalmente corrigi. A ele, os meus agradecimentos.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O Processo



Vim a saber que José Albano Marques, Presidente da Federação Distrital do PS e deputado da Nação, eleito pelo círculo eleitoral da Guarda processou por difamação Carlos Baía, a propósito de uma crónica deste emitida pela Rádio Altitude. A história está explicada neste post do blog "Café Mondego", pelo que não vale a pena alongar-me aqui mais sobre o assunto.
Todavia, gostaria de manifestar aqui a minha opinião sobre este assunto, já que a Crónica que veio a dar origem a todo este processo me tocou especialmente. Assim, abaixo reproduzo um comentário que deixei ao post que referi acima do blog alimentado por Américo Rodrigues:

"Recordo bem a polémica que deu origem a este caso. E tudo o que Baía referiu na sua crónica - para mim uma das melhores emitidas durante a temporada da RA - foi dito e redito por outros órgãos de comunicação social e até por outros comentadores da praça. Obviamente, não com a acutilância de Baía que, apareentemente, não esteve para pôr paninhos quentes sobre o sucedido e resolveu mostrar a sua indignação. E a indignação não se mostra de outra forma que não seja com firmeza e frontalidade. Foi isto que vi e que me agradou na crónica de Baía. Não a achei especialmente ofensiva nem um ataque pessoal; apenas uma opinião séria e fundamentada sobre um (triste) caso.
Não conheço pessoalmente Baía; mas não posso deixar de manifestar publicamente a minha solidariedade com ele pela sua frontalidade, e repudiar aquilo que considero uma tentativa soez de o calar, de o intimidar. Cidadãos com a dimensão de Carlos Baía fazem-nos demasiada falta para que agora assobiemos para o lado fingindo não perceber o que se está a passar ou que não é nada connosco. "



PS: na foto, uma imagem do filme de Orson Welles "O Processo", uma adaptação da novela homónima de Franz Kafka.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Governador Civil



Na quinta-feira passada, o Conselho de Ministros decidiu nomear Santinho Pacheco Governador Civil da Guarda. Apesar de previsível, só nessa altura foi possível desfazer as dúvidas que ainda existiam sobre a nomeação, depois de se ter ficado a saber que Maria do Carmo Borges não iria continuar.

Gostei de ouvir a reacção de Santinho Pacheco: dizer que era algo que ambicionava e que ficou muito feliz com a nomeação é um bom princípio. Pelo menos foi genuíno na sua reacção. Não foi a hipocrisia que tantas vezes se ouve, "esgadanhando-se" pelo lugar para depois vir dizer que é com grande sacrifício que aceita, mas que é obrigação de quem se dedica à causa pública. Claro que é obrigação; mas isso não faz do cargo um peso que tem de se suportar! Mas sobre esse assunto já disse o que tinha a dizer.

Não conheço Santinho Pacheco. Mas, dos putativos "nomeáveis", sempre tive a impressão que era o que tem mais perfil político (ou, se quisermos ir mais longe, ideológico), pelo que era o candidato que melhor encaixaria no perfil que o Governado Civil deve ter, pelo que conheço da sua participação cívica; claro que isso às vezes não chega...

Espero pois, que o Homem que ambicionava o cargo e se sentiu recompensado com ele o desempenhe com elevação e se mantenha feliz nas suas novas funções.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Novo Executivo Camarário


Apesar de a tomada de posse ter sido durante a semana passada, só há alguns dias tive a oportunidade de ouvir na Rádio uma pequena reportagem sobre o assunto: as pessoas, os pelouros, as prioridades de cada um, etc.

Fiquei com a ideia de que o Presidente da Câmara, desta vez, acumulará muitos pelouros. E das duas uma: ou terá de distribuir tarefas por muitos acessores para conseguir coordenar tantos assuntos, ou na verdade o número de pelouros é excessivo face à carga de trabalho que representam. E fico com a ideia de que é precisamente este último o caso. Que os vários pelouros poderiam ser concentrados em 4 ou 5...

Por outro lado, ouvi pela primeira vez que é estratégica a divulgação da Guarda. Tendo essa responsabilidade sido entregue a uma profissional na área da comunicação, e por aquilo que conheço dela, fico com grandes expectativas em relação a esta matéria. Assim ela seja capaz de, aliada à sua capacidade profissional, "furar" a lógica aparelhística, dos "instalados" do sistema, e fazer pela Guarda aquilo que há muito deveria ter sido feito: divulgar o que de bom tem para oferecer, não só aos turistas - que às vezes parece que são os salvadores da terra! - mas também a todos os que cá vivem!

Termino desejando a todos os membros do executivo que governará a Câmara Municipal nos próximos 4 anos muitas felicidades no desempenho das sua funções.
(foto do Jornal Nova Guarda)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Acabou!



Terminou o ano eleitoral! Após 3 campanhas para outras tantas eleições, enfrentadas com maior ou menor indiferença (consoante a percepção que cada um tem da medida em que afectará a sua vida), em que todos os pormenores foram comentados antes e depois de cada uma delas, eis que agora é tempo de voltar à velocidade de cruzeiro.

São sempre dias intensos, estes das campanhas. E todos aqueles que estão atentos àquilo que se passa à sua volta acabam por se envolver.
No que toca a eleições, optei por não incluir as minhas opiniões (que, como cidadão, evidentemente tenho) aqui no Blog. Não acho que sirva qualquer dos propósitos com que o criei.
Mas agora que acabaram, é hora de deitar mãos à obra. Há muito para fazer na Guarda para a tornarmos melhor, e nunca seremos demais a contribuir para esse desígnio.
Hoje inicia-se um novo ciclo (agora há ciclos para tudo) na gestão da cidade; em face dos resultados das eleições, inicia-se a segunda etapa de uma maratona. Faço votos para que a chegada à meta seja coroada de glória: é a nossa vitória colectiva que se joga.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Turismo


Após o regresso de um breve período de férias, tive hoje a oportunidade de ouvir alguns excertos do debate na Rádio Altitude, com elementos de algumas das candidaturas à Câmara da Guarda, sobre o tema do Turismo. Confesso que não ouvi na íntegra, porque geralmente só tenho oportunidade de ouvir rádio enquanto ando de carro.

Do que ouvi, existem coisas com as quais concordo e outras que nem tanto.

A ideia do Parque, confesso que me deixa um bocado confuso: não sei exactamente o que se pretende. Além de que, do que ouvi a Rui Quinaz, se trata de uma ideia numa fase muito embrionária. Dizer-se que tem de se procurar um parceiro é estar numa fase prévia ao pré-projecto! Não me parece adequado trazer um tema destes para uma campanha na fase em que está. Trata-se de um mercado muito restrito a nível mundial, com 4 ou 5 players de peso. E trata-se de um mercado que está inteiramente nas mãos de privados...

Nas acessibilidades à Serra da Estrela, cujas potencialidades todos reconheceram que a Guarda não está a aproveitar, existe a ideia que o que a Guarda precisa é uma estrada de acesso à Serra - presumo que se queiram referir ao maciço central - para não termos de depender dos acessos por Gouveia ou pela Covilhã. E aqui, devo dizer que discordo completamente desta ideia. Só num País com os hábitos de rico como o nosso esta ideia continua a vingar! Ainda não se percebeu que as acessibilidades são commodities, ou seja, algo que qualquer um pode ter, e que por si só não consituem factores diferenciadores. Acho que é mais uma questão de orgulho em termos a "nossa" própria estrada. Um orgulho que custa muito caro! E que faz com que qualquer dia, com o rumo que as coisas estão a tomar, os turistas que sobem ao maciço central apenas consigam ver... alcatrão! Estradas e mais estradas, por todo o lado, para todo o lado. Com os impactos negativos que isso traz a uma reserva com as características da da Serra da Estrela. Sou mesmo dos que acha que nas zonas mais elevadas, o trânsito automóvel deveria ter fortes restrições, e não ser encorajado. Por que é que em vez de estradas, não pensamos em aproveitar as tais potencialidades da Serra? É que isso faz-se transformando essas oportunidades em negócios rentáveis; as potencialidades, por si sós, não sendo exploradas, não têm qualquer utilidade. O papel da Câmara aqui deve ser o de implementar uma estratégia de comunicação que faça da Guarda uma porta de entrada na Serra; o de afirmar a cidade como uma cidade de montanha, oferecendo serviços nesse cluster. A mim não me interessa por que estrada é que as pessoas vêm e vão, se passam em Gouveia ou na Covilhã; interessa-me que seja criado um ambiente favorável aos negócios em torno do montanhismo, da natureza, da Gastronomia, etc.

O papel da Câmara deve ser aquele que indicou no debate Leopoldo Mesquita a propósito do Hotel de Turismo: o de fazer com que haja turistas - eu seria ainda mais abrangente: que haja gente! - na Guarda. Depois disso, tudo o resto virá pelas mãos de quem deve: os empresários. Virão hoteis, empresas de transporte, de animação, etc.

A vocação da Câmara não é de empresário; é de fazer com que estes tenham as melhores condições para aqui se fixarem e aqui desenvolverem os seus negócios, criando e distribuindo riqueza.




PS: no jornal da hora do almoço, a propósito da Campanha da candidatura do PSD, ouvi um dos elementos da lista dizer qualquer coisa como "aderi a este projecto sem reservas, e por isso convido-vos a aderir também..."; esta falta de concordância entre verbo e sujeito fica mal a todos os que são (ou pretendem vir a ser) figuras públicas; mas fica ainda pior a um professor de literatura...!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Greve... já!


O direito à Greve é uma forma de os trabalhadores mostrarem aos seus empregadores que algo está muito mal. Pessoalmente, como alguém que vive do seu trabalho e que por isso tem por ele um enorme respeito, sinto-me confortável por existir este recurso, que no entanto só usaria em casos realmente importantes, justificadamente graves.
Por isso me custa a compreender uma notícia que hoje ouvi de manhã: até às eleições legislativas estão, para já, marcadas 8 Greves. O que esperam estes profissionais obter de um Governo que estará em funções mais 3 ou 4 semanas? Que tome agora as decisões que em 4 anos não tomou? Ou que mude agora de opinião sobre determinada reinvindicação, quando nos 4 anos anteriores não teve essa sensibilidade?
Não julgando os méritos ou deméritos dos objectivos establecidos para estas Greves, parece-me francamente que se trata mais de um caso de interferência eleitoral - ou motivos eleitoralistas - do que propriamente de manifestar desagrado, saindo à rua. Tanto mais que os sindicatos em Portugal continuam, na minha opinião, demasiado politizados.
Estamos na fase final de um ciclo, com outro a iniciar-se muito brevemente; faça-se dos 4 anos de Governo o Balanço que há a fazer, que será diferente para cada um de nós, e vote-se de acordo quer com esse balanço quer com as propostas que nos são feitas pelos candidatos. Agora greves, nesta altura, parecem-me uma falta de respeito pelas regras democráticas e uma falta de respeito quer pelos anseios - legítimos ou não - dos profissionais, quer pelo direito à greve em si mesmo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Candidatos


E pronto: estão lançados os nomes que compõem as listas de candidatos à Câmara da Guarda, Juntas de Freguesia e Assembleia Municipal. Uns eram esperados, outros talvez não...

Há quem clame por outros actores, mas rien ne va plus: os dados estão lançados e é com eles que vamos jogar, que é o mesmo que dizer que são estes os candidatos entre os quais vamos ter de escolher. De entre eles, sairão os que guiarão os destinos da Autarquia nos próximos anos.

Confesso-me do lado dos indecisos: de um lado um líder forte com uma equipa fraca, do outro um líder fraco com uma equipa mais forte; depois há os que vêm só para baralhar as contas, em nome da pluralidade - e bem!

Agora, aguardam-se programas. Mas antes teremos um problema mais grave a resolver: o do Governo. E aqui as contas serão mais complicadas...

Duas notas finais: 1) tenho andado "desligado" da actualidade, por motivos profissionais, desde há 2 semanas; por isso não sabia da recusa de Ricardo Neves de Sousa em integrar a lista de deputados do PSD à Assembleia Municipal. Conheço o Ricardo, já tive oportunidade de trabalhar com ele, sei o que vale; a imprensa local reconhece que é um dos deputados cessantes com mais intervenções (preparadas, não para dizer disparates no calor do momento); e quando se sabe o que se quer, quando os planos e a ambição dependem de seriedade intelectual e credibilidade, é preciso saber qual a hora de avançar, mas também quando parar; 2) á campanha "local" está no início, mas a máquina de comunicação de J. Valente está neste momento anos-luz à frente da de C. Carvalho - e não sou eu o primeiro a dizê-lo; estará C. Carvalho a pagar por ser um independente que leva nas suas listas um número significativo de cidadãos com igual estatuto...? Ou a máquina do PSD perdeu o fulgor que lhe conhecíamos?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Disponível

Uma das originalidades da nossa política, é a "disponibilidade" dos seus actores. O que é isso da "disponibilidade"?
Eu explico: sempre que algum político quer muito ocupar determinado cargo, não diz simplesmente, em público ou dentro do seu partido "Olhem, eu gostava muito de ser Presidente da Câmara"; tenho uma série de projectos que gostava de concretizar, tenho as ideias x e y para o município, e teria muito gosto em as colocar em prática". Não! Isto seria ser demasiado cândido. Tanto, que provavelmente as pessoas desconfiariam de ocultas segundas-intenções. Então é aí que entra a disponibilidade. Com o pretendente a candidato a declarar-se publicamente "disponível" para determinado cargo ou, ainda mais discretamente, "disponível" para os combates políticos que se avizinham.
É que assim, fica na posíção de prestar um grande favor a quem o escolhe como candidato e quiçá mesmo a quem o elege. Como se de um sacrifício pessoal se tratasse!
É assim, que Crespo de Carvalho e Joaquim Valente começaram por "estar disponíveis"; depois de os Partidos muito insistirem com eles, lá acederam à maçada de serem candidatos à Câmara da Guarda. Claro que esta é uma situação que se verifica em todo o lado, não é só por cá...
Não seria mais claro e honesto dizer claramente às pessoas as suas intenções? A política tem mesmo de ser este jogo de meias-palavras que toda a gente sabe o querem dizer, mas que ninguém se compromete a dizê-las?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ao que chegámos...


Pacheco Pereira, em artigo publicado no "Público" a 11 de Julho fez uma caracterização do que significa hoje pertencer a um Partido Político. Em tom bastante duro!

Depois de ler o artigo, reconheço que concordo com muito do que Pacheco Pereira diz, com a reserva de ser sempre muito injusto generalizar comportamentos, principalmente para aqueles que pautam a sua actuação, na política como na vida, pela rectidão na observação de princípios.

Recordo que após alguma proximidade com uma das "jotas" no final da adolescência, cedo me desencantei e percebi que fazer intervenção cívica naquele ambiente era extremamente redutor, e que claramente os jogos de interesses, agendas de poder pessoal e a cultura de "carreirismo" se sobrepunham claramente a opções ideológicas e à procura de soluções para melhorar a democracia... Por isso mesmo, quando há pouco tempo me sondaram sobre a disponibilidade para colaborar com um Partido, a minha resposta foi imediatamente negativa. Estarei sempre disponível para apoiar projectos em que acredite, promovidos por Partidos ou outras entidades, mas no estado actual de coisas, não posso em consciência comprometer-me com um Partido, qualquer que ele seja.

Estranho que o artigo de Pacheco Pereira não tenha sido comentado na Praça; para mim, a sua frontalidade e mesmo violência merecem reflexão. Todavia, ou passou despercebido ou por qualquer estranho motivo todos olharam para o lado e assobiaram, que isto não é nada conosco...

O artigo pode ser lido no Blog de José Pacheco Pereira, aqui.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Banco de Portugal


Desde que estalou a crise financeira e as 2 maiores "bolhas" especulativas rebentaram no nosso sistema financeiro - leia-se o BPN e o BPP - que o Banco de Portugal tem estado sob fogo cerrado, principalmente o seu governador Vitor Constâncio.

O Dr. Constâncio é uma dessas eminências que todos reverenciam mas do qual não se conhece obra de vulto.

Atacado por uns, defendido por outros, é certo que o supervisor não é de facto um superpolícia, não lhe cabendo a ele investigar fraudes. Mas competir-lhe-ia certamente denunciar os indícios que foram surgindo ao longo dos últimos 5 ou 6 anos de que algo não estava bem no BPN, começando pela sua governação. Admito que no caso do BPP as coisas fossem mais difíceis...

Independentemente de agora se dizer que casos destes há por todo o mundo e que a supervisão não os detectou é atirar areia para os olhos dos cidadãos. Nós exigimos mais: por que é do nosso Estado que se trata, e porque, pelo que consta, o Dr. Constâncio é o terceiro governador de banco central nacional mais bem pago, no mundo, ganhando por exemplo quase o dobro do presidente da reserva federal americana!

Independentemente de o Dr. Constâncio ter ou não responsabilidade no arrastar da situação do BPN, de dever ou não demitir-se, o que fica nos cidadãos é a ideia de impunidade de quem tem cargos de elevada responsabilidade e que depois, quando é necessário assumi-la, não o faz...

Resta-nos o consolo, uma vez que não vai abandonar as sua funções tão depressa, de termos no lugar um homem que segundo ele próprio confessou à Comissão de Inquérito Parlamentar está hoje muito mais atento e preparado para lidar com situações destas.

Esperemos bem que sim, Dr. Constâncio...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Crónica Diária - Rádio Altitude


A última da temporada foi assim, na quarta-feira passada:


"Celebra-se hoje o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Começou por ser o Dia de Camões, em que a pretexto do tributo à data do falecimento do poeta, se enaltecia o génio da Pátria e se relembravam os feitos passados do povo lusitano, ainda durante a I República. Inicialmente celebrado apenas em Lisboa, passou a celebração nacional durante a vigência do Estado Novo.
A estas celebrações veio juntar-se a das Comunidades Portuguesas, celebrando-se assim também os milhões de portugueses que vivem fora do seu País Natal.
Este ano, o calendário foi generoso ao ponto de nos presentear com 2 feriados consecutivos, já que amanhã se celebrará o Corpo de Deus, este um feriado móvel.
Para quem possa gozar férias na próxima sexta-feira, fica assim aberta a porta ao gozo de umas belíssimas mini-férias, que de certeza só não mobilizarão mais gente porque a meteorologia não ajuda…
Ainda assim, aproveitando a paragem para descansar, deixo aqui um convite: durante o dia de hoje, celebrando Portugal, tiremos 10 ou 15 minutos para reflectirmos o que queremos realmente do nosso País; ou, se quisermos, o exercício será igualmente válido e pensarmos na nossa cidade. O que gostaríamos de ter, que herança queremos deixar para aqueles que vierem depois de nós. Ao nível da paisagem, das infra-estruturas, mas, mais fundamental ainda, que laços queremos construir uns com os outros, que relacionamento deveremos ter com quem conhecemos, com quem não conhecemos, com quem sabemos que de alguma forma precisa de nós. E a seguir, que reflictamos sobre o nosso papel na cidade, ou no país; o que podemos fazer para ajudar a construir essa realidade que queremos ter, que queremos oferecer às gerações que aí vêm…
É obviamente mais fácil esperarmos que “alguém” dê o primeiro passo, que comece a fazer aquilo que esperamos que seja feito. Tão fácil que muitos vezes caímos nessa tentação, a de esperar que “façam”, que “construam”, que “digam”…, sem percebermos que se todos esperamos dos outros, cria-se um imobilismo quase medieval. Devemos honrar o nosso espírito empreendedor, de navegadores que deram novos mundos ao mundo, e fazer parte da mudança que desejamos que aconteça. Para isso, basta muitas vezes participarmos nas várias estruturas de cidadania que se nos oferecem, que precisam de gente: associações, fundações, que actuam em diversas áreas da sociedade. Não é preciso estar na política para se ter uma palavra nas mudanças da sociedade, já que cada vez mais são as entidades na sociedade civil que actuam numa lógica de proximidade.
A participação de todos na construção da sociedade que idealizamos leva-me, a título de nota final, a uma outra questão: a abstenção que se verificou nas eleições de Domingo passado. Já muitos analistas ou com pretensões a tal discorreram sobre as suas razões. Não é sobre isso que me interessa falar; mas sim sobre a atitude em si. O direito a votar e a ver o voto reconhecido é uma conquista não muito longínqua em Portugal. Muitos estiveram presos e sofreram todo o tipo de sevícias para que hoje possamos votar em inteira liberdade, para que possamos escolher quem nos governa. Deixarmos esse poder a uma minoria, como aconteceu no Domingo passado, é grave; nenhum de nós aceitaria que agora nos viessem dizer que só um em cada 3 portugueses pode votar. Todos podemos e todos devemos fazê-lo. Há inclusivamente formas de protestar votando, que o exercício do direito pode ser feito de diversas formas. O que acho importante é demonstrar que estamos atentos aos comportamentos dos políticos e que temos na mão o instrumento para os premiar ou castigar; e que além do direito que temos de o usar, exercemos esse direito.
Termino desejando a todos um bom feriado e que Portugal cresça à medida dos nossos sonhos.
"

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

(O)posição

A propósito de alguns excertos do "Forum Altitude" de hoje, também eu sou dos que lamentam que o partido da oposição - na Guarda e no País - não tenha ainda anunciado o seu candidato à Câmara da Guarda.
Este ano vai ser pródigo em eleições - recordo que serão 3 - e está mais que na hora de se iniciar um debate sério, esclarecedor do que cada candidato quer para a cidade, nas diversas áreas em que a autarquia tem um papel decisivo. Porque estamos numa época em que escolhas decisivas devem ser feitas, em que temos de escolher o que vamos semear hoje para colher nos próximos anos. Não há muita mais margem para experiências. É hora de todos acautelarmos o nosso destino - que a Democracia põe nas nossas mãos através do direito ao voto - e fazermos as nossas opções. E tratando-se de um dos dois partidos que mais votos tem reunido, o conhecimento do seu candidato é fundamental para o debate e para as escolhas de cada um. É indispensável para uma melhor Democracia. Para todos os que se preocupam e querem o melhor para a Guarda, que querem ajudar a colocá-la no lugar que merece.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A política de Nuestros Hermanos

Acabo de ver um programa muito interessante na RTVE: o Presidente do Governo, Rodriguez Zapatero, respondeu a perguntas de uma vasta audiência de cidadãos comuns, ou seja, perante uma plateia de representantes do Povo. Ouvi perguntas de todo o tipo de cidadãos, funcionários públicos, pequenos empresários, secretárias, padres, reformados, desempregados - enfim uma amostra da sociedade. Sem papas na língua - o que não implicou de modo nenhum qualquer falta de respeito - colocaram àquele que mandataram para dirigir o destino da Nação as perguntas que de alguma forma todos nos colocamos nos dias que correm. Sobre o que o Governo tem feito, o que pretende fazer, o que os cidadãos acham que deve ser feito. Algumas perguntas exigiram de Zapatero toda a sua habilidade política. Foi bom de ver.
Acho assinalável que um governante eleito há cerca de um ano - portanto ainda nem a meio está do seu mandato - se disponibilize para prestar contas, publicamente, a uma amostra de cidadãos do seu País.
Por cá, gostava também de ver José Sócrates ter a mesma disponibilidade!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Andamos a explorar os deputados!!!

Ou pelo menos, é essa a opinião de Almeida Santos. Parece que o histórico socialista acha que os deputados estão a ser escravizados, e portanto não deveria haver votação às sextas-feiras, que são dias com pouca gente no Parlamento. Dá até o exemplo do Advogado que pode ter um julgamento e, portanto, não pode estar no hemiciclo. Das duas uma: ou Almeida Santos está senil e não tem ideia da alarvidade que disse ou, pelo contrário, AS veio dar voz ao sentimento reinante por São Bento. E a ser este o caso, é preocupante. Não deveria um Deputado colocar os interesses das pessoas que o elegeram e lhe pagam o salário acima dos seus? Como é possível manter-se a promiscuidade de Advogados que de manhã estão a aprovar leis na AR, e à tarde estão com os seus clientes que delas beneficiam?
Qualquer dia, põem-nos a votar por SMS, para não terem a "maçada" de ir ao Parlamento... É já só o que falta!!!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Política

Para mim, a política devia ser uma forma de todos aqueles que para tal sentem vocação, terem a oportunidade de influenciar a melhoria da sociedade em que vivemos. Com as sua acções, com o seu conhecimento, com a sua experiência.
Há algumas semanas vi na televisão um programa sobre a Holanda, que em determinada altura versou o seu sistema político. Apesar de haver uma divisão administrativa do território que nada tem a ver com a nossa (que simplesmente não existe...), trata-se também de um pequeno País com preocupações semelhantes a algumas que por cá temos. Mas o que mais me impressionou foi a o "desprendimento" com que os governantes, nomeadamente os Ministros, exercem os seus cargos. Só dois ou três - já não consigo precisar - se deslocam em carros com motorista, essencialmente por razões de segurança ligadas ao ministério em que exercem funções. Os restantes, deslocam-se em meios próprios, alguns vão mesmo de Metro!!! Assim mesmo, sem quaisquer peneiras. Para mim, esta é a forma mais generosa e ao mesmo tempo elevada de exercer política. Sem pedir nada para si, para ter a oportunidade de contribuir para o bem comum. Admito que possa haver quem ache que é uma visão ingénua... Talvez seja a criança que há em mim.
Por cá, como todos sabemos, as coisas são bem diferentes. Também é verdade que falo de povos com características completamente distintas. Os nórdicos batem-nos aos pontos em pragmatismo, nós temos cartas a dar na "joie de vivre".
Mas ainda assim, gostava de ver maior desprendimento de todo o tipo de sinecuras por parte de quem exerce funções públicas. Ir um veículo e respectivo motorista, de uma instituição pública, diariamente buscar e levar a casa o respectivo dirigente não me parece normal. Admito perfeitamente que possa ter esse direito legal; mas moralmente - e a política não é de todo independente da moral - não acho que seja justo. Conheço alguns casos como o que citei; imagino que, por esse país fora, deve haver muitíssimos mais. Por isso, custam-me engolir muitas vezes as lições de moral que esses senhores caem na tentação de nos dar, ao povo.
É fácil vir falar na necessidade de contermos despesas quando se usufrui de determinadas mordomias por conta do Estado; vir dar lições sobre velocidade de circulação nos nossos carros, quando eles andam com motoristas em carros com "luzinhas a piscar" para todos os outros os deixarem passar; virem-nos dizer que o défice, cuja contenção e redução tantos sacrifícios exigiu dos portugueses vai agora de novo crescer permitindo-se o Governo com isso salvar bancos que eram (e são) meras instituições de gestão de fortunas, que não acrescentam valor à chamada Economia Real, apenas agem com base na especulação financeira.
Dizia-me há dias um amigo meu que gostaria de ter a oportunidade de exercer um cargo público apenas para no fim poder deixar uma obra que o orgulhasse. Até pode ser uma visão narcisista, mas acho que devia haver mais gente assim.