The Establishment's Two-Party Scam
A Fraude dos Dois-Partidos engendrada pela Elite Financeira
Chris Gupta: Esta fraude consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta contra a elite dominante.
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A família Trapaceiro
Esta é a estória trágica da relação entre duas famílias. A família Povinho e a família Trapaceiro.
A família Povinho era constituída por um casal – o Manel e a Maria, ambos na casa dos cinquenta, simultaneamente donos e feitores de uma quinta - Portucale. Este casal tinha dez filhos, cujas idades variavam entre os seis e os trinta anos. Viviam também com eles, os pais do Manel e da Maria, os quatro já de idade avançada, sofrendo de doenças diversas e incapazes de trabalhar.
A família Povinho era dona de uma quinta, Portucale, relativamente grande, atravessada por uma ribeira, e onde semeavam couves, favas, batatas, ervilhas, milho, trigo, melões, cenouras, alfaces, feijão, etc. Na herdade tinham, igualmente, diversas árvores de fruto: ameixieiras, cerejeiras, figueiras, macieiras, laranjeiras, pereiras, nogueiras, etc. Também criavam vacas, porcos, cavalos, cabras, ovelhas, galinhas, patos e coelhos.
Esta família vivia dos rendimentos da quinta. O pai Manel, a mãe Maria e os filhos mais velhos tratavam da quinta: semeavam, colhiam, tratavam dos animais, e vendiam a maior parte da sua produção nos mercados locais. O dinheiro que obtinham com as vendas servia para comprar os produtos de que tinham necessidade, mandar os filhos mais novos para a escola e comprar os medicamentos para os avós.
A herdade Portucale
A outra família desta estória, de apelido Trapaceiro, era constituída por um pai e dois filhos. O pai, de nome - Zé Goldman Trapaceiro, era um indivíduo que dispunha de um apreciável pé-de-meia, fruto dos esquemas que forjara durante uma vida inteira de vigarices. Quanto aos seus dois filhos, o mais velho dava pelo nome de Sócrates Trapaceiro e o mais novo pelo de Passos Trapaceiro.
Esta tríade de vigaristas do mesmo sangue, a família Trapaceiro, saltitava de vila em vila, burlando e esmifrando as famílias honestas que tinham o azar de lhe cair nas garras e alinhar ingenuamente na sua conversa embusteira. Para o esquema funcionar convenientemente, o pai e os filhos da família Trapaceiro fingiam não se conhecer uns aos outros.
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Um belo dia de primavera, o filho Sócrates Trapaceiro bateu à porta da família Povinho. Com a lábia que o caracterizava, teve uma conversa com o Manuel e a Maria, e rapidamente os convenceu de que a propriedade estava a ser mal gerida e de que ele poderia, com o investimento certo, multiplicar a produção e, portanto, o rendimento da quinta. Tal foi a conversa do Sócrates Trapaceiro, que a família Povinho o nomeou mandatário dos seus interesses.
O filho Sócrates Trapaceiro
De posse desse mandato e com poderes à discrição para dispor das economias da família Povinho, Sócrates Trapaceiro não foi de modas: mandou fazer obras na casa, abriu novos caminhos em macadame por toda a herdade, construiu dois novos celeiros e um estábulo mais moderno. Para além disso, comprou três semeadoras-adubadoras, dois tractores, duas ceifeiras-debulhadoras, quatro pulverizadores, duas charruas, dois espalhadores de estrume, um reboque basculante, equipamentos vários de irrigação, etc., etc., etc.
Para fazer face a todas estas novas despesas, Sócrates Trapaceiro pediu, em nome da família Povinho, vários empréstimos ao seu pai, Zé Goldman Trapaceiro, a juros pornograficamente caros.
Passados tempos, a família Povinho deu-se conta de duas coisas:
a) Que as obras ordenadas por Sócrates Trapaceiro, ou as alfaias mandadas comprar por ele, tinham sido, ou completamente sobredimensionadas ou absolutamente inúteis – não sendo, em nada, precisas para as necessidades da quinta;
b) Que, por causa das obras e das compras efectuadas por Sócrates Trapaceiro, a família ficou de pagar uma dívida com juros escandalosos a um certo Zé Goldman Trapaceiro (o secreto pai de Sócrates), e que esta dívida conduziria a curto prazo a família Povinho à falência.
Ciente do prejuízo que estava a ter e extremamente irritada com a «gestão» do seu mandatário (o Sócrates Trapaceiro), a família Povinho correu com ele e avisou-o para não voltar os pés na quinta.
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Dias depois, bateu à porta da família Povinho um indivíduo chamado Passos Trapaceiro. Este, com uma prosápia que em nada ficava a dever ao irmão, convenceu a família Povinho de que era possível pagar a dívida contraída por Sócrates sem colocar em causa o bem-estar da família. Para tanto, bastariam alguns pequenos sacrifícios e tudo voltaria ao normal. Em desespero, a família Povinho designou Passos Trapaceiro (irmão de Sócrates Trapaceiro) como mandatário dos seus interesses.
O filho Passos Trapaceiro
Logo que se viu na situação de mandatário, Passos Trapaceiro aconselhou a família Povinho de que o objetivo primeiro seria pagar a dívida e os juros agiotas ao secreto pai - Zé Goldman Trapaceiro.
Para além disso, Passos Trapaceiro explicou à família Povinho o conceito de «Austeridade». Com esse objectivo, Passos aconselhou os filhos mais velhos a procurar emprego noutra freguesia, recomendou que os filhos mais novos fossem retirados da escola e postos a trabalhar na quinta, decidiu cortar na compra dos medicamentos dos avós e, tomou a opção de vender ao desbarato (ao seu secreto pai - Zé Goldman Trapaceiro), os melhores pomares, as mais viçosas hortas e os animais de melhor qualidade. Tudo para combater a «Austeridade».
Passos Trapaceiro explicou que, sem esta «Austeridade», a família Povinho perderia toda a credibilidade junto dos seus outros fornecedores – a mercearia, o armazém dos adubos, a oficina, a loja de ferragens, etc.
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Passados tempos, a família Povinho deu-se conta de que, não obstante «os sacrifícios» e a «Austeridade» impostos por Passos Trapaceiro, tinham-se verificado os seguintes flagelos:
a) A dívida da quinta Portucale, confeccionada por Sócrates a favor de (seu pai) Zé Goldman Trapaceiro, tinha duplicado e continuava a aumentar por causa dos juros agiotas que continuavam a ser cobrados, tendo-se tornado completamente impagável;
b) Os bens mais valiosos da quinta que tinham sido vendidas por tuta e meia a Zé Goldman Trapaceiro já não podiam ser recuperados;
c) Os filhos mais velhos, que constituíam a mais experiente e vigorosa mão-de-obra da quinta, foram trabalhar para outras freguesias, onde estabeleceram a sua vida e já não tencionavam regressar;
d) Os filhos mais novos, que tiveram de abandonar a escola por causa da «Austeridade», não possuíam conhecimentos suficientes para gerir a quinta ou mesmo fazer trabalhos de maior complexidade.
e) Dos quatro idodos (os pais de Manuel e Maria), dois faleceram e os outros dois ficaram acamados, porque não houve dinheiro suficiente para comprar os medicamentos de que necessitavam;
f) Que as políticas que Sócrates e Passos tinham transferido quase toda a riqueza da quinta Portucale e da família que lá vivia para as garras de Zé Goldman Trapaceiro (pai secreto de Sócrates e Passos).
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Meses passados, um artigo do jornal «Gazeta da Região» reportou múltiplas queixas num tribunal de comarca contra Sócrates Trapaceiro, Passos Trapaceiro e Zé Goldman Trapaceiro, afirmando que estes eram membros da mesma família (pai e dois filhos) e que, trabalhando em conluio, vigarizavam famílias inteiras levando-as à miséria.
Após o julgamento, o juiz sentenciou que, embora, pai e filhos Trapaceiro agissem conluiados e em segredo, não havia provas concretas que desse facto tivessem tirado algum proveito.
Uma semana depois, os filhos Trapaceiro cometeram suicídio assistido, no mesmo dia e à mesma hora, com uma bala na cabeça cada um.
O suicídio assistido (pela populaça) dos filhos Sócrates e Passos Trapaceiro
Quanto ao pai, Zé Goldman Trapaceiro, morreu tragicamente atropelado por um cilindro de uma máquina de alcatroar numa estrada que sofria obras de beneficiação.
O pai, Zé Goldman Trapaceiro, após ter sido passado a ferro
por um cilindro de uma máquina de alcatroar