21.7.12

Sherlock Returns

Recentemente escrevi sobre o segundo livro da série Jovem Sherlock Holmes, do inglês Andrew Lane, que narra pela primeira vez, e de maneira oficialmente aceita pelos guardiões do espólio do personagem, o período de formação do maior detetive de todos os tempos. Tais romances juvenis não são a única iniciativa em andamento com o objetivo de ampliar o que sabemos sobra a imortal criação de Sir Arthur Conan Doyle. Por indicação de um de meus editores na primeira coletânea nacional sobre Holmes, escrevi para o ótimo Amálgama uma resenha sobre a obra de outro escritor que conseguiu a mesma autorização para dar continuidade ao Cânone. Anthony Horowitz é o segundo escritor da Inglaterra a receber tal honraria que fez por merecer com seu livro A Casa da Seda, publicado no Brasil pela Zahar. Logo abaixo, os leitores desta página podem conferir o início de minha crítica a este novo romance de Sherlock Holmes.




No conto “A ponte de Thor”, John H. Watson revela que “em algum ponto das abóbadas do banco Cox & Cia., na Charing Cross, existe uma caixa de estanho com vários documentos” relacionados a seu amigo de toda uma vida. Seriam casos que, por um motivo ou outro, jamais deveriam vir a público na forma de um texto escrito pelo biógrafo do gênio de Baker Street. Publicada originalmente na edição de Strand Magazine de fevereiro/março de 1922, aquela história curta interessa particularmente aos brasileiros por nos dar a oportunidade de vermos o Grande Detetive investigando a morte de uma compatriota nossa, uma certa Maria Pinto, casada com um milionário americano e morando em um vilarejo inglês. Já para os apreciadores em geral das histórias criadas por Arthur Conan Doyle (1859-1930), a narrativa tem esse sabor extra de tornar oficial o desejo de muitos leitores: o de que houvesse novas aventuras da dupla para além do chamado Cânone, formado pelos quatro romances e 56 contos oficialmente aceitos como sendo casos de Sherlock Holmes. Passados mais de 80 anos da morte do autor original daqueles personagens, eis que um dos famosos documentos daquela caixa de estanho vieram a público na forma de um novo livro, ficcionalmente escrito por Watson, mas na realidade assinado por um continuador do Cânone, Anthony Horowitz.

 Anunciado como “o novo romance de Sherlock Holmes” na capa, A casa da seda conta mesmo com a aprovação oficial da Conan Doyle Estate Ltda., a entidade que protege os direitos do autor principalmente nos países nos quais a obra dele ainda não esteja em domínio público. Horowitz, um premiado escritor e roteirista de seriados policiais para a TV, junta-se assim a Andrew Lane, autor da série de livros Young Sherlock Holmes, que vem sendo publicada no Brasil pela Intrínseca, como os únicos privilegiados a obter a autorização oficial para dar continuidade ao legado de uma das maiores e mais famosas criações literárias de todos os tempos. Porém, o trabalho visto neste romance é ainda mais ambicioso que o da série de livros juvenis de Lane, pois ele pretende mesmo ser um acréscimo sem arestas ao conjunto da obra que, entre Um estudo em vermelho, de 1887, e o conto “O velho solar de Shoscombe”, de 1927, registrou a passagem de Sherlock Holmes como detetive consultor em Londres.

Continua

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