Arq. Bruno Soares
C.C. PCML, AML, JF Arroios, Vereador R Veludo, Vereador JP Saraiva e media
Constatámos que no decorrer das obras em curso relativas ao projecto de requalificação do espaço público no Paço da Rainha e Largo do Mitelo, desenvolvido no quadro do Programa “Uma Praça em Cada Bairro” e em boa hora anunciado pela CML, foram já retirados do local os vários bancos antigos que ali existiam até há poucos anos, de assento duplo e feitos em madeira e ferro (foto antiga, in Arquivo Municipal de Lisboa), que são património da cidade.
Considerando algumas más experiências recentes, que são do conhecimento de todos, desenvolvidas, ou não, sob o referido Programa da CML, em que, ao abrigo de projectos de requalificação os mais variados e na cidade histórica, foi feito desaparecer do espaço público da cidade de Lisboa muito do seu mobiliário urbano histórico, como candeeiros (colunas de iluminação finais século XIX-XX com lanterna lisbonense, colunas com luminária em “nabo”, século XX, candeeiros e consolas de iluminação em ferro, anos 30-40, candeeiros em marmorite, etc.), bancos em madeira e ferro fundido, e bebedouros em pedra, passando o mesmo a apodrecer em depósitos da CML ou a embelezar propriedades privadas
Serve o presente para solicitarmos a V. Exa. que tenha estes argumentos em consideração e reveja alguns aspectos da obra em curso de modo a que:
- Os bancos agora retirados do Paço da Rainha e do Largo do Mitelo sejam integralmente re-colocados e, em caso de necessidade, sejam requisitados e restaurados os bancos ainda existentes em depósito camarário, ou mandadas executar réplicas fidedignas.
- Sejam removidos os banalíssimos candeeiros baixos e modernos existentes, dissonantes com o local histórico em apreço, e, em sua substituição, sejam colocadas colunas de iluminação históricas, de modelo “lanterna lisbonense”, de modo a que esta bela e histórica artéria da cidade de Lisboa, composta pelo Paço da Rainha e pelo Largo do Mitelo, recupere o espírito há muito perdido. Acresce que consideramos ser muito estranho como que, anunciando-se desde há vários anos uma intervenção de fundo da CML no Paço da Rainha, se tenha colocado iluminação pública nova nem há 3 anos!
- Não sejam usados blocos de granito cinzento como lancis de passeios, como parece ser a intenção de V. Exa., dado os inúmeros blocos que se observam na via pública.
- A artéria seja re-pavimentada com paralelepípedos por forma a fazer reduzir a velocidade de circulação dos automóveis e não o seu contrário, e valorizar esteticamente aquela artéria nobre da cidade.
- Não seja criada, como parece ser o caso, uma grande zona de estacionamento em espinha mesmo em frente da fachada principal do Palácio do Mitelo, em vez de libertar esse espaço para os peões, interferindo negativamente na fruição daquela fachada de aparato barroca, onde se inclui a capela do palácio. Acresce que existe um grande parque de estacionamento a poucas dezenas de metros, no Campo Mártires da Pátria, pelo que a solução lógica seria a supressão desse estacionamento em espinha.
Por fim, não podemos deixar de lamentar que esta intervenção não se estenda, no mínimo, à Calçada do Pombeiro, dado que há uma relação de harmonia estética óbvia entre o Paço da Rainha e o Palácio Pombeiro, que importa reforçar.
Recorde-se que o Paço da Rainha é um dos já raros exemplos de praça barroca em forma trapezoidal, que remete para uma cenografia teatral urbana muito rara. É, pois, fundamental, cremos, que não se desvirtue a sua geometria e forma, pervertendo-a com novos alinhamentos de árvores e/ou passeios.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Pedro Jordão, Pedro Fonseca, Virgílio Marques, Ana Alves de Sousa, Júlio Amorim, Fernando Jorge, Carlos Boavida, Bárbara e Filipe Lopes, Gonçalo Cornélio da Silva e Nelson e Sousa