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22/11/2020

Gonçalo Ribeiro Telles, o lisboeta que amava as árvores e compreendia o papel fundamental que estas desempenham na qualidade de vida das cidades

HOMENAGEM
GONÇALO RIBEIRO TELLES (1922-2020)

Gonçalo Ribeiro Telles nasceu em Lisboa, a 25 de Maio de 1922 e morreu no dia 11 de Novembro de 2020, aos 98 anos, na sua casa, em Lisboa.

Foi o grande defensor da ligação que deve existir entre a cidade e o campo.

Engenheiro Agrónomo, participou em 1945, juntamente com outros intelectuais e políticos, na fundação do Centro Nacional de Cultura, ponto de encontro de debate de ideias e valores da cultura e do património portugueses.

A arquitectura paisagista e a luta política são indissociáveis na vida de Gonçalo Ribeiro Telles, sendo que muitas das suas principais batalhas decorrem desses dois planos de atuação.

Em Outubro de 1975, é nomeado Secretário de Estado do Ambiente, tendo sido notável a sua acção na política ambiental em Portugal. Foi pioneiro na defesa e conservação dos valores ambientais, na promoção da prática do ordenamento do território, do desenvolvimento sustentável e da humanização das cidades.

De 1981 a 1983, desempenha o cargo de Ministro de Estado e da Qualidade de Vida no 8.º Governo Constitucional. Neste cargo deixou, entre outros legados, uma legislação decisiva: a criação das Áreas Protegidas, Reserva Agrícola Nacional e Reserva Ecológica Nacional. Foram ainda lançadas as bases do ordenamento do espaço a nível local (Planos Directores Municipais), dando o primeiro passo para a futura integração no ordenamento regional, que surgiu em 1983 com a criação dos Planos Regionais de Ordenamento do Território, tendo participado igualmente na elaboração da Lei de Bases do Ambiente.

Enquanto vereador da Câmara Municipal de Lisboa, fica a dever-se-lhe em 2007, a integração no Plano Director de Lisboa do Plano Verde, pela qual Ribeiro Telles se batia há mais de dez anos..

São ainda da autoria de Ribeiro Telles, entre outros projectos, o Corredor Verde de Monsanto e a integração da zona ribeirinha oriental e ocidental, na Estrutura Verde Principal de Lisboa; os projectos do Vale de Alcântara e da Radial de Benfica, do Vale de Chelas, e do Parque Periférico, destacando-se ainda o Ordenamento Paisagístico da Capela de São Jerónimo, das Avenidas D. Rodrigo da Cunha e D. João XXI, o Parque Amália Rodrigues, do Cabeço das Rolas na Expo 98 e sobretudo o Parque da Fundação Calouste Gulbenkian, elaborado em 1962, com António Viana Barreto (Prémio Valmor de 1975).

Com a morte do Arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, Lisboa ficou mais pobre, sendo inteiramente merecida a proposta da CML para atribuir o seu nome ao futuro Parque Urbano da Praça de Espanha.

Livros essenciais: "A Árvore em Portugal" - Francisco Caldeira Cabral, Gonçalo Ribeiro Telles; "Portugal, paisagens e espaços naturais" - Gonçalo Ribeiro Telles, Frenando Pessoa, Afonso Alves; "Um novo conceito de cidade : a paisagem global" - Gonçalo Ribeiro Telles.

Nota: parte deste texto é transcrita do artigo sobre Gonçalo Ribeiro Telles da autoria da Dr.ª Manuela Correia.


Pinto Soares

12/11/2020

Foto: António Pedro Santos, para o jornal i, 2011.

14/12/2016

Ainda sobre os logradouros da Av. E.U.A.


Resposta da JF Alvalade ao nosso protesto de ontem:

Exmos. Senhores,

Agradecemos mais uma vez a vossa comunicação relativa à intervenção na Avenida Estados Unidos da América entre o n.º 10 e n.º 48.

Conforme reunião do passado dia 6, reiteramos que:

1) Todos os aspetos mencionados como os hexágonos, as lajes e os muretes de pedra, são para preservar realizando apenas algumas operações de manutenção e reparação Em relação ao percurso existente em pavimento de lajes de calcário é de referir que o mesmo já sofreu algumas alterações, verificando-se a introdução de lajes de betão nomeadamente no logradouro entre os nº 36 e 42 e em algumas situações pontuais. Neste momento este percurso não apresenta a continuidade desejada entre os logradouros nem uma homogeneidade de materiais. Fatores que contribuem para a dificuldade nas acessibilidades pedonais e acessos entre logradouros, resultando no abandono do espaço público pela população com dificuldades de mobilidade.

Julgamos ser fundamental atualizar os nossos espaços com pavimentos confortáveis e que se enquadrem com os espaços existentes e que acima de tudo permitam uma mobilidade segura e confortável para todos. Esta visão está em implementação pela Cidade e tem sido uma clara opção na gestão do espaço público que a Câmara Municipal tem seguido e que também a Junta de Freguesia de Alvalade tem procurado em todas as suas intervenções, seja adaptando à mobilidade condicionada e suave todos os seus equipamentos, seja nas intervenções no espaço público, pois queremos espaços que sejam utilizados em segurança por todos os Fregueses,

2) Em relação às colunas de iluminação de marmorite, iremos reportar a situação para a CML uma vez que se trata da responsabilidade desta entidade a requalificação da iluminação pública destes logradouros.

3) Em relação aos parques infantis a JFA tem uma abordagem completamente distinta dos típicos parques que existem pela cidade, o objetivo é que estes espaços estejam integrados nos espaços envolventes que contenham áreas verdes e que sejam compostos por materiais naturais, que incentive à criatividade das crianças e sobretudo que seja um espaço multifuncional, vivido por todos.

Finalmente voltamos a referir que esta intervenção foi discutida publicamente com a população em 2 ocasiões, em 01 de Abril e 27 de Novembro, de 2015.

Com os melhores cumprimentos,

Junta de Freguesia de Alvalade
Rua Conde de Arnoso, n.º 5-B | 1700-112 Lisboa
Tel.: (00351) 218 428 370 | Fax: 215 998 395
www.jf-alvalade.pt | geral@jf-alvalade.pt

...

E a nossa réplica:

Exmos. Senhores

Folgamos em saber que pretendem garantir a boa execução dos pontos 1), 2) e 3) da vossa mais recente comunicação, conforme tinha sido afirmado por V. Exas. na reunião referida. Obrigado.

No entanto, voltamos a salientar que a remoção das pedras rústicas a que dizem respeito as 2 fotografias em apreço, contraria o que referem no v/ponto 1) uma vez que aquele troço de pedras estava em perfeitíssimas condições, o que nos revolta sobremaneira.

Fazemos votos para que as obras no terreno respeitem efectivamente o projecto anunciado de reabilitação dos logradouros da Av. E.U.A. e aquilo que tão bem nos referem agora e ficou esclarecido presencialmente.

Continuaremos a acompanhar diariamente as obras.

Melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho e José João Leiria

13/12/2016

Requalificação dos logradouros da Av. EUA/Reclamação à JF Alvalade


Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Alvalade
Dr. André Caldas


Cc. PCML, AML, EMEL e media

No seguimento da nossa insistência de há dias (ver texto abaixo), relativamente a alguns detalhes da intervenção em curso nos logradouros da Av. E.U.A. para os quais reclamávamos a melhor atenção de V. Exa. e dessa Junta de Freguesia, sem qualquer resposta até ao momento; somos a protestar pela destruição dos caminhos de pedra rústica (ver imagens), que se encontravam em perfeitas condições e, portanto, sem necessidade de serem recuperados, muito menos substituídos por betão contínuo.

Mais surpreendidos nos encontramos por nada o fazer prever, dadas as expectativas criadas aquando da nossa reunião havida com V. Exa. no dia 5, na V/sede.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, José João Leiria, Miguel de Sepúlveda Velloso, Rui Martins, Júlio Amorim, Inês Beleza Barreiros, Fernando Silva Grade, João Filipe Guerreiro, Pedro Malheiros Fonseca, Ana Alves de Sousa, Pedro Henrique Aparício

...

(in http://cidadanialx.blogspot.pt/2016/12/logradouros-da-av-eua-insistencia-junto.html) Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Alvalade
Dr. André Caldas


Cc. PCML, AML, EMEL e media

No seguimento da reunião de ontem, que muito agradecemos, e das informações bastante úteis que nela nos foram prestadas, designadamente quanto às nossas preocupações relativas ao coberto vegetal e ao estacionamento automóvel, voltamos ao contacto convosco para insistirmos em alguns pontos que nos parecem fundamentais para que se preserve de facto a identidade dos logradouros em apreço, ou seja:

É para nós fundamental que todo e qualquer projecto de requalificação dos logradouros idealizados por Ribeiro Telles preserve/recupere o máximo possível dos elementos caracterizadores (“marca de água”) do projecto original para os 7 logradouros, e que, portanto, a Junta de Freguesia e a CML devem pugnar pela manutenção/recuperação/reconstrução, nos mesmos materiais e desenhos:

1. Os hexágonos, as lajes e os muretes de pedra que pontilham/pontilhavam os 7 logradouros, sem excepção, sendo que não vemos, por exemplo, qual a necessidade de remover as «lajes em calcário» do jardim do lado Sul (entre os nºs 36 e 12) uma vez que as mesmas se encontram em bom estado, para as substituírem por «pavimento betão contínuo in situ», quando poderia bastar a alteração do pavimento no corredor Norte.
2. As colunas de iluminação de marmorite, devidamente recuperadas e normalizadas (ISO), imagem de marca de todo o Plano de Alvalade e que têm vindo a ser abatidas sem qualquer critério ou justificação plausível ao longo das últimas décadas.
3. E os parques infantis de modo a que recuperem a imagética do projecto de origem, ainda que em novos materiais e mais seguros, desde logo os famosos foguetões, as “pedras da macaca”, de modo a que os mesmos não caiam na vulgarização, que é apanágio dos novéis parques infantis um pouco por toda a cidade. A propósito do foguetão (tão na memória de quem ali brincou nos anos 60 e 70) recorde-se que este conjunto arquitectónico (Prémio Municipal de Arquitectura) é de 1957, ano de lançamento do Sputnik e do início da corrida espacial entre a então URSS e os Estados Unidos da América.

Finalmente, notamos com agrado a remoção do estacionamento nos impasses ajardinados, não só por questões de segurança mas para se garantir a visibilidade entre os pilotis que separam os logradouros, seguindo a opinião da maioria dos moradores que estiveram presentes nas reuniões de discussão pública, como nos foi dito por V. Exa. Não deixamos porém de temer o aumento da pressão do estacionamento ilegal (passeios, passadeiras, canteiros, faixas de rodagem) nas imediações, se a EMEL não vier rapidamente a alargar o estacionamento pago/reservado a moradores no bairro das vivendas limítrofe, intensificando a fiscalização diurna e (sobretudo) nocturna.

Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho​​​​​​, José João Leiria, Carlos Moura-Carvalho, Inês Beleza Barreiros, Rui Martins, João Filipe Guerreiro, Júlio Amorim, Jorge Santos Silva, Miguel de Sepúlveda Velloso, Ricardo Mendes Ferreira, José Amador, Fernando Silva Grade e Miguel Jorge

Tanta jura a Ribeiro Teles para isto, JF Alvalade? Bah!


Tanta jura a Ribeiro Teles e ao projecto (logradouros da Av. EUA) de origem para isto, JF Alvalade? Substituir as pedras rústicas por cimento xpto? Para quê, porquê e para quem? Bah!

Fotos de José-João Leiria

06/12/2016

Logradouros da Av. E.U.A. - Insistência junto da JF Alvalade


Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Alvalade
Dr. André Caldas


Cc. PCML, AML, EMEL e media

No seguimento da reunião de ontem, que muito agradecemos, e das informações bastante úteis que nela nos foram prestadas, designadamente quanto às nossas preocupações relativas ao coberto vegetal e ao estacionamento automóvel, voltamos ao contacto convosco para insistirmos em alguns pontos que nos parecem fundamentais para que se preserve de facto a identidade dos logradouros em apreço, ou seja:

É para nós fundamental que todo e qualquer projecto de requalificação dos logradouros idealizados por Ribeiro Telles preserve/recupere o máximo possível dos elementos caracterizadores (“marca de água”) do projecto original para os 7 logradouros, e que, portanto, a Junta de Freguesia e a CML devem pugnar pela manutenção/recuperação/reconstrução, nos mesmos materiais e desenhos:

1. Os hexágonos, as lajes e os muretes de pedra que pontilham/pontilhavam os 7 logradouros, sem excepção, sendo que não vemos, por exemplo, qual a necessidade de remover as «lajes em calcário» do jardim do lado Sul (entre os nºs 36 e 12) uma vez que as mesmas se encontram em bom estado, para as substituírem por «pavimento betão contínuo in situ», quando poderia bastar a alteração do pavimento no corredor Norte.
2. As colunas de iluminação de marmorite, devidamente recuperadas e normalizadas (ISO), imagem de marca de todo o Plano de Alvalade e que têm vindo a ser abatidas sem qualquer critério ou justificação plausível ao longo das últimas décadas.
3. E os parques infantis de modo a que recuperem a imagética do projecto de origem, ainda que em novos materiais e mais seguros, desde logo os famosos foguetões, as “pedras da macaca”, de modo a que os mesmos não caiam na vulgarização, que é apanágio dos novéis parques infantis um pouco por toda a cidade. A propósito do foguetão (tão na memória de quem ali brincou nos anos 60 e 70) recorde-se que este conjunto arquitectónico (Prémio Municipal de Arquitectura) é de 1957, ano de lançamento do Sputnik e do início da corrida espacial entre a então URSS e os Estados Unidos da América.

Finalmente, notamos com agrado a remoção do estacionamento nos impasses ajardinados, não só por questões de segurança mas para se garantir a visibilidade entre os pilotis que separam os logradouros, seguindo a opinião da maioria dos moradores que estiveram presentes nas reuniões de discussão pública, como nos foi dito por V. Exa. Não deixamos porém de temer o aumento da pressão do estacionamento ilegal (passeios, passadeiras, canteiros, faixas de rodagem) nas imediações, se a EMEL não vier rapidamente a alargar o estacionamento pago/reservado a moradores no bairro das vivendas limítrofe, intensificando a fiscalização diurna e (sobretudo) nocturna.

Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho​​​​​​, José João Leiria, Carlos Moura-Carvalho, Inês Beleza Barreiros, Rui Martins, João Filipe Guerreiro, Júlio Amorim, Jorge Santos Silva, Miguel de Sepúlveda Velloso, Ricardo Mendes Ferreira, José Amador, Fernando Silva Grade e Miguel Jorge

08/11/2016

Colocação de estátua de D. Nuno Álvares Pereira/São Nuno de Santa Maria em ZEP da Capela de São Jerónimo (MN) - pedido de esclarecimento à DGPC


Exma. Senhora Directora-Geral
Arq. Paula Silva


C.C. JF Belém, PCML e Media

Vimos pelo presente solicitar esclarecimento à Direcção-Geral do Património Cultural sobre se existe aprovação desses Serviços à colocação da estátua de D. Nuno Álvares Pereira/São Nuno de Santa Maria no enfiamento da Capela de São Jerónimo, Monumento Nacional, no Restelo.

Com efeito, a referida estátua será inaugurada no dia 6, conforme orgulhosamente descrito na página da Junta de Freguesia de Belém no Facebook (https://www.facebook.com/juntafreguesiabelem/?fref=nf) e a imagem que junto anexamos.

Lembramos que a Capela de São Jerónimo é Monumento Nacional, possui Zona Especial de Protecção (http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70633), e o seu actual enquadramento paisagístico é da autoria do Arq. Gonçalo Ribeiro Telles.

Melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Inês Beleza Barreiros, Alexandra de Carvalho Antunes, Júlio Amorim, Fernando Jorge, Maria do Rosário Reiche, Luís Serpa


Foto de André Remígio

...

Resposta da DGPC ("nada a opor"):

13/09/2013

Lisboa: «Speculative urbanization...»

Nota: retirado do blog dos Amigos do Jardim Botânico

11/04/2013

O fabricante de paisagens


In Público, 11 Abril 2013. Por Cláudia Carvalho e Joana Amaral Cardoso

“O grande mentor ideológico de uma política de paisagem”, defensor do “espaço carregado de memórias”, o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles é o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe 

O arquitecto nos jardins da Gulbankian
PEDRO VALDEZ


Um prémio que é “uma couraça” e que valida as propostas para resolver os “problemas que têm preenchido a minha vida e que eram entendidos como utopias” — Gonçalo Ribeiro Telles recebeu ontem o maior reconhecimento internacional para um arquitecto paisagista, o prémio Sir Geoffrey Jellicoe, da Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas (IFLA). Uma consagração que o arquitecto considera ser agora uma defesa implícita das suas causas: a ecologia e o ordenamento do território.
Arquitecto, político e professor, Gonçalo Ribeiro Telles continua aos 90 anos a dar “reconhecimento público e internacional” à profissão de arquitecto paisagista em Portugal, disse ontem em comunicado a Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas (APAP), responsável pela candidatura de Ribeiro Telles ao conceituado galardão. “São 70 anos de carreira a lutar pela defesa da paisagem”, destaca ao PÚBLICO a vice-presidente da APAP, Margarida Cancela de Abreu, para quem esta distinção entregue em Auckland, na Nova Zelândia, surge num momento em que a profissão está a ser relegada para segundo plano. “Isto vem dar-nos algum alento, estamos a ser subalternizados em relação a algumas leis, algumas das quais feitas por Ribeiro Telles enquanto ministro”, continua a arquitecta paisagista.
Ribeiro Telles é fundador da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Reserva Agrícola Nacional, criadas em 1983, quando era ministro de Estado e da Qualidade de Vida no Governo de Aliança Democrática, actos que o arquitecto considera serem os seus maiores contributos de carreira. Nomeadamente contra a transformação das florestas em espaços de monocultura para fins industriais — aquilo a que chama, em declarações ao PÚBLICO, a “eucaliptização do país” —, ou na sua defesa da manutenção da ligação da população à terra.
O arquitecto descreve Portugal como “uma paisagem policultural de grande valor e expressão”, mediterrânica, que sofreu “anos e anos de uniformização como se não houvesse uma história”. “Houve uma ocupação do território abusiva e uma degradação do solo para benefício da especulação urbana e das culturas extensivas.”
O filósofo e ambientalista Viriato Soromenho Marques lembra-se de ver Gonçalo Ribeiro Telles na televisão, em 1967, a falar sobre as cheias em Loures, que mataram 500 pessoas. Ribeiro Telles foi directo: na origem daquelas mortes estava a construção sobre um leito de cheias. “Era pouco habitual ouvir alguém fazer críticas na televisão naquela altura”, recorda Soromenho Marques.
A pertinência da distinção atribuída pela IFLA é grande para o professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sobretudo num momento de revisões legislativas à REN e de uma crise em que “estamos presos pelo estômago. Imagine-se a nossa capacidade negocial com a Alemanha se tivéssemos a capacidade de sustentar o país”. Isto porque Ribeiro Telles “defendeu sempre que o destino de Portugal em busca de um novo enquadramento estratégico na Europa dependia da nossa ligação ao território”, lembra Viriato Soromenho Marques, que remata: “O que é duradouro não é o moderno, é o clássico - e Ribeiro Telles é um clássico”.

“Grande mentor ideológico”
O Jardim da Fundação Gulbenkian, em Lisboa (década de 1960, com António Viana Barreto, projecto que recebeu o Prémio Valmor 1975), o Jardim do Tanque Palácio de Mateus (1960), em Vila Real, a ideia de um Corredor Verde para a capital e o Jardim Amália Rodrigues (1996), no Parque Eduardo VII lisboeta, mas também a criação de hortas urbanas e os projectos dos vales de Alcântara e de Chelas, da Radial de Benfica e do Parque Periférico são algumas das obras de Gonçalo Ribeiro Telles.
Nascido em Lisboa em 1922, trabalhou na câmara da capital na década de 1950, tendo 30 anos depois sido vereador autárquico. A obra arquitectónica de Ribeiro Telles está toda em Portugal e, por isso mesmo, a distinção com o prémio Sir Geoffrey Jellicoe perfilava-se como difícil. Esta foi a sua segunda candidatura ao galardão criado em 2004 como prémio quadrienal, passando em 2011 a anual. Ribeiro Telles sucede assim a Peter Walker (EUA), Bernard Lassus (França), Cornelia Hahn Oberlander (Canadá) e Mihaly Mocsenyi (Hungria).
Em paralelo com a carreira de arquitecto, que arranca com a licenciatura em Engenharia Agrónoma no Instituto Superior de Agronomia em 1952, ano em que concluiu o Curso Livre de Arquitectura Paisagista, imediatamente após o 25 de Abril Ribeiro Telles integrou os primeiros três Governos provisórios como subsecretário de Estado do Ambiente. Já no I Governo Constitucional foi também secretário de Estado do Ambiente, além de ter sido fundador do Partido Popular Monárquico e do Movimento Partido da Terra.
Em 2011, a Fundação Gulbenkian prestou-lhe homenagem com um colóquio para discutir o seu trabalho, ideias e legado, tendo como pano de fundo os jardins que desenhou com Viana Barreto e que, para Viriato Soromenho Marques, são “um capital activo” de que tanta gente diariamente usufrui. A arquitecta paisagista Aurora Carapinha, que organizou essa homenagem, enfatiza não só o valor profissional de Ribeiro Telles, mas também a sua “dimensão humanista, pela partilha do conhecimento.”
Ribeiro Telles “é o grande mentor ideológico de toda uma política de paisagem”, que remonta aos anos 1960 e que se desenvolveu em Portugal mesmo antes de outros países, reitera Carapinha. Essa forma singular de olhar a paisagem procura “uma relação íntima entre a cultura e a natureza”. Também para a arquitecta paisagista Teresa Andresen, Ribeiro Telles “inovou no discurso político em Portugal, fazendo prevalecer os princípios da ecologia e do ordenamento do território”. Carapinha sublinha também “a introdução da ecologia, não de uma maneira fundamentalista, mas como um dos primeiros elementos-base do trabalho”. Conceitos como “biodiversidade”, “multifuncionalidade”, “equilíbrio”, “dinâmica” e “a noção de recurso finito” começaram a ser desenvolvidos muito cedo por Ribeiro Telles na sua prática profissional.

Espaços com memória
Teresa Andresen comissariou em 2003 a exposição Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian. Francisco Caldeira Cabral e a primeira geração de arquitectos paisagistas (1940-1970), na Fundação Gulbenkian, quase um caminho entre Caldeira Cabral e Ribeiro Telles. Para João Gomes da Silva, separado por quatro décadas de Ribeiro Telles, foi mesmo o mentor do Corredor Verde de Lisboa quem “estabeleceu a disciplina da arquitectura paisagista em Portugal”. O co-autor do projecto de requalificação da Ribeira das Naus, na frente ribeirinha lisboeta, considera que Ribeiro Telles ”soube mostrar aos cidadãos como é importante olhar para o espaço onde habitamos”. Gomes da Silva mantém uma relação especial com Ribeiro Telles, com quem já trabalhou. “Há qualquer coisa dele que passou para mim.”
João Gomes da Silva fala de um “espaço carregado de memórias” que Ribeiro Telles sempre defendeu, exemplificando com a obra da Capela de São Jerónimo, em Belém. “É um projecto menos conhecido, mas que é notável pelo seu resulta do espacial e sentimental. Faz um eixo simbólico entre a capela, que era onde os navegadores rezavam antes de partirem, e a Torre de Belém, às portas do rio”, explica.
O prémio, sem valor pecuniário, chegou então dos antípodas, como descreveu Ribeiro Telles no texto de agradecimento do prémio, lido em Auckland pelo arquitecto paisagista Miguel Braula Reis, presidente da APAP, em sua representação.
Nesse texto, Ribeiro Telles recua à sua memória das viagens anuais de Lisboa a Coruche, todos os Natais, como uma experiência “omnipresente” na sua carreira, porque “ficava sempre espantado quando encontrava um mundo diferente daquela avenida axial e movimentada no centro da cidade”, a Avenida da Liberdade, onde estudava e brincava. O “apelo da quase ruralidade”, “o mistério do montado” fazem parte da paisagem a partir da qual aprendeu, escreve.
No mesmo texto, o arquitecto volta aos temas que lhe são próximos: a ideia de “paisagem global” que cunhou em 1990, à “modernidade como junção tanto de rural quanto de urbano”. E presta homenagem a Francisco Caldeira Cabral (1908-1992), o pioneiro da arquitectura paisagista em Portugal, de quem Ribeiro Telles “é um dos maiores discípulos”, segundo Teresa Andresen, para falar destes profissionais. Para ele, são os “mais bem formados” para “acender uma operação que materializa utilidade, estética e sustentabilidade, o que é o mesmo que dizer: cultura e vida”. No fundo, uma homenagem à sua profissão de “fabricantes de paisagem”.
com Isabel Salema

10/04/2013

Arquitecto RibeiroTelles recebe "Nobel" da Arquitectura Paisagista


Parabéns, Arq. Gonçalo Ribeiro Telles! Se a classe política, em vez de sistematicamente tere zombado de ti, tivesse ouvido as tuas ideias sobre a PAISAGEM, provavelmente o nosso país, a nossa cidade, não estariam no caos e incerteza em que estão.

25/05/2012

Gonçalo Ribeiro Telles: 90 ANOS

O Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles completa hoje 90 anos de vida:

“Talvez os governantes queiram destruir o país”
 

01/11/2011

Manual de Crimes Urbanísticos

Eça de Queiroz escreveu n`A Cidade e as Serras "os sentimentos mais genuinamente humanos logo se desumanizam na cidade". O que diria se fosse confrontado, na actualidade, com a progressiva desumanização a que as cidades do nosso país foram sujeitas por décadas de crimes urbanísticos? O presente manual, de extrema oportunidade, expõe de forma clara e objectiva, as principais causas da desorganização e desqualificação urbana - da incompetência técnica à corrupção e da demagogia política à especulação imobiliária. Enriquecido com ilustrações práticas, poderá ser um instrumento útil na consciencialização individual e colectiva dos cidadãos e no combate à passividade das comunidades perante os atentados ao património e à qualidade de vida nas nossas cidades.
In Agenda Cultural da CML - Outubro de 2011



«Há uma mão suja sobre a cidade. São cada vez mais os mecanismos - lícitos e ilícitos - que violam as mais elementares regras de planeamento urbano”, escreve o autor Luís Ferreira Rodrigues, mestre em Ordenamento do Território e Planeamento Ambiental, que tem desenvolvido a sua actividade profissional como urbanista em Lisboa.
O livro é editado pela Guerra & Paz e tem prefácio do arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles.