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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ATRAVESSAR-TE


Atravessar-te...
Minha sina e arte.
Com a raiz exposta
até sangrar-me
de desconhecido.
Depois, perplexa,
desvendando-te,
aprofundar-me na travessia...
Atravessar-te...
Minha sina.
Misteriosamente,
Tua "arte".

Ao pôr-do-sol, menino da arte de som, flor e dor...
Incompletamente FLOR...
cARLA sTOPA

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ERROS

              Minha tristeza hoje é grande, mas não evidente...Sinto-a pra dentro. Só. Até o findar do dia ou até quando for necessário. Apago a luz do quarto. Coloco a cabeça no travesseiro e fico pensando : Onde foi que eu errei? Tenho medo de abrir os porões da alma. Reviro na cama até pegar no sono. Tenho pesadelos. Os meus erros me condenam, apontam os dedos pra mim, cada um deles. No espelho o meu reflexo me acusa e os meus olhos também são dedos apontados pra mim. O bêbado da esquina ri beatífico e aponta o dedo pra mim...Na escuridão todos os dedos são fantasmas amorfos apontando-me culpada. Os meus erros são consciência latejante de vida. Vivo, logo erro! Acordo pensando, e não quero me esquecer deles, pelo menos por enquanto.
              E você? Você não tem nada com isso, ninguém tem absolutamente nada com isso. Eu não vou me justificar. Não vou perder o meu tempo ou o que sobra dele tentando explicar a minha ânsia de acertar. Ou não!
              Meu Deus, meus acertos são relativos? E os erros? Não deveriam ser relativamente questionáveis?
             Não procure analisar minha tristeza agora, eu fugiria de você. Se não consigo explicar o porquê de atitudes mesquihas em mim também não justifico a estreiteza que vejo no outro. Isso deveria ser lei. Mas nem sempre a seguiria. Impulsos gritam em mim.
              Mas  por enquanto, quero ficar aqui, na quarentena dos tristes. E não vou tentar consertar nada, corrigir um erro é cometer outro, e outro, e outro... A minha bagunça tem sentido pra mim. Sei detectar as circunstâncias que me fizeram estar a beira do pranto. Um dia, acerto.
               Errei sim. Atire a primeira pedra!
   Sou uma culpada inocente?

domingo, 9 de janeiro de 2011

DE VULGARI ELOQUENTIA

  
       Tenho um irmão com alma de poeta, uma presença de espírito invejável, um coração enorme e uma vontade cúmplice de evidenciar,  por meio da sua palavra, a liberdade e a responsabilidade que é VIVER... 
       Ju, maridão da Vanessa(diga-se de passagem também cúmplice dessa arte e se diverte muito com os devaneios dele)   e pai da minha pequena Sophia, ele tem se revelado aqui nesse mundinho onde as palavras alcançam uma dimensão imensurável de poder e magia.
        Outro dia, angustiado com esse poder das palavras, escreveu em seu blog um post interessante com o título "Dúvidas de um blogueiro: POSTAR OU NÃO POSTAR. Vale a pena conferir:(http://www.julianofabricio.com/2011/01/duvidas-de-um-blogueiro-postar-ou-nao.html).
        Eu gostaria de respondê-lo, primeiramente, dizendo que temos além do prazer, a obrigação de fazê-lo: FALAR ou ESCREVER, não importa. Não podemos nos acovardar diante da realidade opressora de uma grande maioria que não tem coragem nem condições para fazê-lo. Sejamos então, os ouvidos dos outros, desmascarando e sendo o estorvo que não se calará JAMAIS...
        E gostaria de responder também com a poesia de Paulo Henriques Britto, um poeta carioca e professor universitário que desenvolve sua arte com autonomia admirável, evidenciando que o território da poesia é de íntima estranheza... Um prosador poético que com sua magia nos torna cúmplices, mesmo que seja pela IRONIA...

De Vulgari eloquentia
                               por Paulo Henriques Britto

A realidade é coisa delicada,
de se pegar com as pontas dos dedos.
Um gesto mais brutal, e pronto: o nada.
A qualquer hora pode advir o fim.
O mais terrível de todos os medos.

Mas, felizmente, não é bem assim.
Há uma saída - falar, falar muito.
São as palavras que suportam o mundo,
não os ombros. Sem o "porquê", o "sim",
todos os ombros afundavam juntos.
Basta uma boca aberta
(ou um rabisco num papel)
para salvar o universo.
Portanto, meus amigos, eu insisto:
falem sem parar.
Mesmo sem assunto.

E para terminar, quero parafrasear Paulo Henriques...

Portanto, meu irmão e amigos, eu insisto:
escrevam sem parar.
Mesmo sem assunto...

 Desabafo da Escrevente...
Carla Stopa


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

VALOR


"Somos tão frívolos que nos tornamos incapazes de amar a vida tal como nos é dada e conquistada em cada estágio. Somos dominados por uma inquietação que não é aquela positiva que nos leva a produzir, a nos abrirmos para novidades, mas agitação infantil de quem nunca se contenta porque não se encontra. Por isso se fragmenta e se perde..." Lya Luft
Pedaços e dores...
"De nenhum fruto queiras só a metade..."

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CATAR FEIJÃO

CATAR FEIJÃO
João Cabral de Melo Neto

Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.

        Escrever é uma arma da vida. Assemelha-se aos nossos instintos. Para Armindo Trevisan, num século como o nosso, em que se reprimem as emoções, ou elas são sistematicamente eliminadas, a poesia dificilmente aparece. Nosso existir cotidiano obriga-nos a abafar a imaginação, a ignorar os sentimentos. Sendo um sonho fora do sono, a poesia exige a libertação do subconsciente.
          A poesia não pretende dizer o óbvio, ela pretende levar o leitor para fora do seu círculo habitual, fazê-lo sonhar, pensar juntos e relaciona-se com o tempo e espaço de vida.
         É profunda sim... Às vezes leve, mas essa não é sua intenção maior, pois é insustentável...
         Ela é  sedutora... Provocante... Reflexiva... Emoção saboreável... Desafio... Uma forma de apalpar as coisas com o coração.
        Ora, a sua profundidade pode sim  harmonizar-se com a sua leveza.
        Mas eu, prefiro a agressividade, a profundidade, prefiro sair da minha zona de conforto e desafiá-los a viajar comigo, através da minha poesia ou das minhas linhas tortas de palavras em pedras...

  Rejeito a superficialidade...
 "Nem os meus desalentos serão rasos..."
                      

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

OS SONS DE MIM

         
            O som lá fora é o da chuva. Hipnotizante e reflexivo. Podia ficar horas ouvindo essa sinfonia mágica e lavando, literalmente, a alma.
            É o saudoso e fascinante som da minha infância pobre, de telhado com melodia de sonhos, tão caro que a minha memória só pode entender e relembrar com tanta nitidez quando que ela cai suntuosa.
            O som lá de fora de mim é assim...
            E aqui dentro de mim também é sinfonia. Os sons ecoam e se misturam com o meu pulsar costumeiro, fervilhante de urgência e plenitude.
            Aqui dentro, ouço os sons da memória, das lembranças que não se encaixam, por mais que eu tente, na condição real da vontade do “dia-após-dia”.
            Aqui dentro, o trovão que o coração dispara é o de querer sempre, que , diga-se de passagem, é inquietante e indecifrável para os que são  cúmplices mesquinhos do comodismo.
É o trovão que o coração dispara quando se mistura com o som das lembranças e dos desejos, som  que eriça a minha pele, centímetro por centímetro, na ânsia de possuir o segredo de tudo, vontade insana e irreal para todos os tempos de mim e de você.
            Aqui dentro até as minhas entranhas todas gritam... Eu as ouço...Mas você não. Não ouves... Não vens... E eu quero, e eu procuro e temo querer além, muito além do poder e do ter. Espero... Espero...
            Aqui dentro agora, também nos meus ouvidos, os teus sons todos: palavras, sussurros, pedidos, promessas, súplicas, delírios de  justa medida até quando descansamos juntos.
            E ali, quando no teu peito, o meu coração ouve o teu, tão nitidamente, tão claro, pulsando além do corpo e além da alma. O trovão que atormenta docemente e ilumina o céu da minha madrugada.
            Não preciso que amanheça para ouvi-lo... No escuro mesmo, estridentemente seu ritmo me conduz... Obscuramente me conduz...
            Sigo o som... Forte e rítmico... Enquanto pulsar e fascinar, meus ouvidos estarão atentos para dançar a música que embala as minhas constantes descobertas de bem-quereres .

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SENTIMENTO

   
   Era observadora...Conversava pouco. Sorria sempre, com ou sem motivos. Uma música, um gesto, a natureza. Coisas simples.
      Acreditava na vida.  E por isso vivia apenas.
      Se preocupava com as questões da sensibilidade humana. Chorava com os noticiários da televisão, embora o coração nunca deixasse de acreditar.
      Naquela semana uma situação em especial lhe chamou à atenção. Não enxergava bem, mas podia ouvir uma agulha caindo... Audição invejável! E não prestava atenção na conversa alheia por falta de educação, mas por ser inevitável.
      Parou. Prestou atenção no que ele, com ar de segurança e prepotência, falava para a moça. Ela, por sua vez, esboçava um certo ar de estranhamento, como se não fosse o que esperava escutar depois de tudo, mas prestava atenção em cada palavra.
      De repente ouviu:
      "__ Só precisamos tomar cuidado para não virar SENTIMENTO."
       Como assim cara pálida? Não sabia o que envolvia aqueles dois, mas podia levantar hipóteses, era inteligente também , muito.
       Será que aquela pessoa sabia o significado dessa palavra? Aquilo seria realmente uma pessoa ou seria uma barata?
       SENTIMENTO vem do latim, SENTIMENTUM, “opinião, sentimento, sentidos, afeição”, de SENTIRE, “sentir”.
       Será que existe alguma situação com a qual nos envolvemos que não nos desperte SENTIMENTOS? Nem que seja ódio?
       Quando um homem procura uma prostituta, para a satisfação breve e sem compromisso das suas necessidades, ele sente por ela um dos sentimentos mais fortes e instigantes que o ser humano pode experimentar: o DESEJO. Mas ele sente. Ele sente tanto que o sentimento o domina.
       Será que muitos não entendem ou não percebem isso?
       Ela se entristeceu. Não haveria uma maneira de reservar o melhor de nós para o outro e guardar o pior para nós mesmos?
       Aquela insensibilidade era o pior daquele homem. A moça parecia entender. Não havia sentimentos então? Ou eles eram tão sórdidos que não tinha coragem de expressá-los? Ou eram tão fortes que não podia assumi-los?
      A moça se levantou. Foi embora. Não lamentou, afinal, as pessoas não nascem com estrela na testa. Não dá pra saber da alma, senão da nossa. Engano. Superaria... Parecia forte.
      Ela ficou ali. E na tentativa de não fazer tudo sempre igual, não chorou. E resolver tatuar a palavra SENTIMENTO no seu pulso direito. Escreveria sempre sobre ela. E faria renascer todos os dias, pelo menos para ela, o encantamento doce de SENTIR sempre...Sentir tudo e com muita força...SEMPREEEEEEEEEE...
      
      

domingo, 2 de janeiro de 2011

CULTURA...

Agora eu tenho uma excelente justificativa para comprar vestidos quando der vontade. Porque o desejo de cultura, eu não sinto a menor necessidade de justificar! kkkkkkkk

MINHA ILHA

Há um tempo eu já tinha lido algo sobre esse texto de Drummond e guardei, depois ele foi um presente cômico...Veio parar nas minhas mãos quase que por acaso (Como se eu acreditasse em acaso!) e me surpreendeu enormemente, tamanha a identificação que tive com ele. Não está transcrito na íntegra, mas a primeira parte já é fascinante...
"Quando me acontecer alguma pecúnia,  passante de urn milhão de cruzeiros,  compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha (e só de a imaginar já me considero seu habitante)   ficará no  justo ponto de  latitude e  longitude que,  pondo-me a coberto de ventos, sereias   e   pestes,   nem me   afaste   demasiado   dos   homens   nem me   obrigue   a   praticá-los diuturnamente. Porque esta e a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.
De há muito sonho esta ilha, se e que não a sonhei sempre."

     Somos capazes de dar sentido ao mundo , criar significado, e para isso precisamos colocar em atividade uma função da mente muito interessante e importante __ a IMAGINAÇÃO.
    Simbolizar faz parte da própria condição humana. A ilha, muito mais que uma fantasia delirante, é uma imagem simbólica universal de privacidade, prazer, descanso e aconchego...
    É quase uma ficção, sem deixar de se constituir realidade.(HUMMM, ficção-real...Interessante!)
    Bom, para esta ilha, a minha ilha, definitivamente eu não levaria nenhum relógio... Ai as horas! Às vezes elas me irritam...E eu teria o tempo todo para pensar... Voltar ao início de tudo... Abandonar a inércia... Refletir...
    Ah, algum amigo que saiba tocar e cantar ou contar histórias está naturamente convidado. E que tenha o coração igualmente aberto para os desafios de estar só, onde somos desmascarados pela solitude...
    Eu gostaria que as músicas e as histórias me fizessem lembrar coisas boas, ou que fossem mesmo uma espécie de provocação ou qualquer vaga menção a qualquer vago evento interessante que tenha marcado a memória e que, por obscuro mecanismo, despertasse fundas, gratas e nobres emoções retrospectivas.      
   Bem-vinda seria também toda a provocação que me avivasse a sensibilidade, compensando em variedade e profundidade toda mediocridade da vida social.
    Não é uma ideia de fuga, é uma oportunidade de voltar  ao início de tudo. Rever conceitos e valores. Reconstruir.
    Temos motivos para ir às "ilhas"...
     A ilha pode ser meditação despojada, renúncia ao desejo de influir e atrair. Há um certo gosto em pensar sozinho. É ato individual como nascer e morrer... É muitas vezes solidão desejada.
     A ilha é, finalmente, o refúgio último da liberdade, sufocada diariamente por motivos diversos.
     Eu fico aqui, sonhando com a minha ilha, aquela que quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de dólares (porque os tempos são outros!), eu hei de comprar...
     E ali, eu serei feliz ao som bem alto das música e histórias provocantes dos meus amigos de coração aberto que não têm medo de encarar, vez ou outra, a solidão... Eu e meu cérebro over pensante ( e isso não é vantagem nenhuma às vezes), no meu mundinho particular e nostálgico de sonhos, divagações e devaneios...
    Podem me visitar de vez em quando...Só pra eu não ficar maluca de vez!!!kkkkkkkkkkkkkkkk

PALAVRAS

"Uso as palavras para compor os meus silêncios..."
                                         Manuel de Barros
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