(czarina/Nathalie Lourenço)
domingo, março 06, 2016
Brevê
(czarina/Nathalie Lourenço)
quinta-feira, fevereiro 11, 2016
Engano
(Czarina/Nathalie Lourenço)
segunda-feira, janeiro 16, 2012
De moldar com os dedos nus numa letra e outra
Até dar à tristeza um rosto
Que um cego reconheça ao lhe roçar as mãos
Havia o tempo quando a dor era matéria prima
E depois já não havia tempo
domingo, agosto 14, 2011
?
segunda-feira, julho 11, 2011
5 czarices
E de repente os dias ficaram cheios de um contentamento que mora por baixo de todas as coisas, nas próprias entranhas da existência. Não aquela felicidade quase dolorosa , na qual o peito se expande e quase quebra a caixa torácica de dentro para fora que eu tenho às vezes. Apenas um contentamento de morder um pêssego e ver o suco doce e cristalino escorrendo entre os dedos de tão pleno. Como tudo mergulhado em mel, não por açúcar nenhum, mas pela luz amarela dourada que chega morna e bonita, passada por esferas de âmbar, mas que, não, deixa-se cair direto desse azul mais alto. Um filme pausado um segundo antes da flor eclodir e um segundo antes de começar uma música que talvez você fosse gostar. Um céu mais alto. Porque às vezes eu me esqueço que eu preciso de tão tão pouco pra ser ventura assim.
E como diria o regi: e agora vamos viver, porque viver é et cetera.
2.INCERTO
e que vidente irá abrir as entranhas de um peixe e ler, não o futuro, mas suas próprias vísceras?
e que astrólogo olhará para cima e enxergará, não deuses e feras, mas a perfeita cúpula azul que o guarda?
e que relojoeiro quebrará o relógio para consertar o próprio tempo?
e que cigana pisoteará os vidros de suas poções, sangrando os pés e se apaixonando pelo chão onde pisa?
e que cartomante virará as cartas cruelmente, sabendo que a sorte se decifra apenas nas costas de seu baralho?
e que quiromante, me vendo as linhas da palma, enxergará o fio rompido que era a criança que eu levava e que um dia,
no meio da praça,
soltou minha mão
3. O QUE JACK NÃO DISSE
seria tão mais fácil
ser uma mão , um braço
(ou a vesícula, o baço…
até mesmo um joelho!)
que qualquer aparelho
entende sem embaraço.
Mas se olho no espelho,
sentido não faço
sou um ser inteiro.
Invejo os pedaços.
as pessoas perseguem sonhos
como crianças correm atrás de bolhas de sabão
porque é divertido
não me importo se alcanço ou não
as pessoas perseguem sonhos
como um cão atrás de um carro
não por que o quero realmente
só estou tirando um sarro
as pessoas perseguem sonhos
como um cão acompanha o dono
porque estes sonhos, quando alcanço
me ninam em noites sem sono
as pessoas perseguem sonhos
como um gato persegue um rato.
porque quando eu alcanço um sonho
eu mato.
5. DARKSIDE
todo escritor
tem pensamentos obscuros
a massa cinzenta é preta
de nanquim
daí pros pensamentos
passarem pro papel
é simples
assim
sábado, maio 07, 2011
haikinhos
Estar sempre alerta
encontrar a vida
De guarda aberta
--
Se insiste na fúria cega
Por que tem olho
O furacão?
--
Show de mágica
Sob a luz dos holofotes
Duas caras-metades
Separadas a serrote
--
Diversão ao cubo
Encontrar 3 outros lados
Pra qualquer lado de tudo
sábado, abril 23, 2011
O silêncio é um convidado desagradável
Se agarra aos pés da mesa e comete faltas graves
Gruda chiclete nas poltronas
Tranca as crianças para fora
O silêncio entra nas casas
E se esquece de ir embora
sábado, março 12, 2011
Estamos em 2011
Gastamos os dias à espera de que os maias
Possam dizer ainda outra vez
Rá, estávamos certos.
Tomamos notas diárias
Sobre tsunamis, terremotos, enchentes
O cataclisma nosso de cada dia
E nos perguntamos se (rá) os profetas não erraram
Por uns míseros 300 dias
Deixamos passar o tempo
Quem nesses dias se importa com o carnaval?
O ano novo começa
Depois que o mundo acabar.
sábado, fevereiro 26, 2011
quebre em caso de emergência
Frágil como uma girafa recém nascida
Subindo em pernas que ainda não sabe como funcionam
Escavo caminhos tortos e incompreensíveis
Frágil como uma teia de aranha
Busco apoios tão estáveis quanto uma folha na chuva
A resistência vem com o tempo, ela me disse
O desafio é durar até lá