As lápides se estendiam ao longo do campo santo.
Algumas suntuosas, outras simples, anônimas.
A braquiária abraçava os solitários.
O carro fúnebre, já cansado, senil,
assoviou ao mundo sua carga.
O seguiram lágrimas e cânticos.
Os dentes-de-leão sabem a verdade
e espalham-se ao vento, felizes,
sabendo que a vida é assim mesmo.
Pulgas carregam um cahorro pra lá e pra cá.
Indiferente, ele abana o rabo e sorri.
O ventre cansado do vazio.
A pequena multidão chega ao seu destino.
A boca da terra se abre, preguiçosa.
Mais um que sobe aos céus.
Mais um pouco de choro e pronto.
Vão todos cuidar da vida.
Sonâmbulos, os defuntos voltam pras suas casas e seu trabalho.
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sexta-feira, março 04, 2016
terça-feira, fevereiro 09, 2016
O longo braço de Deus
O longo braço de Deus,
enquanto eu dormia,
atravessou o tempo e o espaço
e pousou em meus braços
naquela tarde fria.
Pai carinhoso, cheio de zelo,
acarinhou meus cabelos
e disse-me, suave:
"Filho, minha pequena ave,
não te aflijas mais.
Fica em paz.
Siga teu caminho,
leve, livre de culpas,
de autorrecriminações injustas;
para com esse medo medonho do pecado.
Seja você mesmo, talhado
nas pedras de tudo o que viveu.
Esqueça que eu
sou o princípio e o fim de tudo
e escreve tua própria verdade.
Amém.
Seja feita a tua vontade".
Acordei
e não me afligi mais.
Fiquei em paz.
Segui meu caminho,
leve, livre de culpas,
de autorrecriminações injustas;
parei com esse medo medonho do pecado.
Fui eu mesmo, talhado
nas pedras de tudo o que vivi.
Sofri, chorei, sorri
e escrevi minha própria verdade.
E fui feito à minha própria vontade".
O fim, já sei de cor.
Enfim, um ser humano melhor.
enquanto eu dormia,
atravessou o tempo e o espaço
e pousou em meus braços
naquela tarde fria.
Pai carinhoso, cheio de zelo,
acarinhou meus cabelos
e disse-me, suave:
"Filho, minha pequena ave,
não te aflijas mais.
Fica em paz.
Siga teu caminho,
leve, livre de culpas,
de autorrecriminações injustas;
para com esse medo medonho do pecado.
Seja você mesmo, talhado
nas pedras de tudo o que viveu.
Esqueça que eu
sou o princípio e o fim de tudo
e escreve tua própria verdade.
Amém.
Seja feita a tua vontade".
Acordei
e não me afligi mais.
Fiquei em paz.
Segui meu caminho,
leve, livre de culpas,
de autorrecriminações injustas;
parei com esse medo medonho do pecado.
Fui eu mesmo, talhado
nas pedras de tudo o que vivi.
Sofri, chorei, sorri
e escrevi minha própria verdade.
E fui feito à minha própria vontade".
O fim, já sei de cor.
Enfim, um ser humano melhor.
Gotas:
B7C [10 anos],
Moacir
sábado, julho 09, 2011
Da cabeça do Moacir Caetano
Sala de Espera
1.
Juliana gosta de portas abertas.
Ela passa com seu andar apressado
e, com um gracioso movimento de mãos,
desliza o par de portas, solenes.
O sol inunda a sala pelos amplos desvãos.
Outras atendentes passam e
com olhar contrariado
percorrem os trilhos no sentido contrário.
O sol se esconde
e só resta o ar, condicionado, coitado.
Até que venha Juliana nos salvar novamente
e com seus cabelos longos e negros
faça o sol ressurgir de repente.
2.
A mocinha loira piscou o olho.
Não pra mim.
Mocinhas não me piscam mais o olho.
Já estou meio assim assim.
Somente um tique.< br />Um pouquinho estranho, mas gracioso.
Nada que muito signifique.
Ao celular, ela pisca o olho e sorri.
Provavelmente pra alguém
que ela queria que estivesse aqui.
3.
"Mara Lúcia", a atendente chama.
Levanta-se uma jovem senhora,
levando consigo suas múltiplas plásticas,
seus desejos e seus dramas.
Pode ter quarenta anos ou sessenta.
Nào se sabe, impossível.
Mas é difícil acreditar
que o antes fosse mais risível.
4.
Eu, bicho mais que estranho,
recolho-me ao meu caracol...
rezando por uma rápida espera
pra aproveitar o restinho do dia
e sua cota mínima de sol.
Concreto
Sinto falta da minha flor
nascendo em meu corpo cinza.
Sinto falta do que nunca foi
porém sempre é, ainda.
Sinto falta das suas raízes
infiltrando-se em meus interstícios.
E em minha pele de cimento e areia
ainda queimam
suas pegadas, seus indícios.
Sinto uma saudade sua, sempre
que o sol ascende e se acende.
E essa vontade de penetrar
sua pétala luminescente...
Ao csap
Um dia Deus acordou se sentindo estranho.
leve demais... vazio demais...
uma tranquilidade, uma paz...
Tentou pensar no que lhe acontecia
mas não podia!
Algo em seu cérebro estava imperfeito.
Não se sentia onipotente, onisciente...
Algo não estava direito!
Tentou ouvir as milhares de preces diárias,
as súplicas, as lágrimas várias,
os cânticos de dor e de agradecimento,
o coro infinito e lamuriento
dos pobres seres humanos....
Mas devia haver algum engano!
Nada, nada estava lá.
Nem as procissões, nem o professar
da fé em corredores escuros,
nem os confessionários,
nem os doadores milionários,
nem os dízimos suados de quem não tem pra dar.
Nada de sacrifício de cordeiros,
nenhum ritual de auto-imolação,
nenhum homem-bomba em ação.
Não ouvia ninguém nos confessionários,
nem a oração dos santos,
nem os pedidos de perdão dos salafrários.
Tudo completamente mudo.
Toda a balbúrdia de seu mundo
transformada num silêncio enlouquecedor.
E foi-lhe aumentando um temor...
E a conclusão surgiu, dura e fria:
nesse dia,
Deus descobriu que não existia!
Rotina
Te amo mais
quando estamos longe.
Não me leve a mal,
mas te amo mais, meu amor,
quando estamos longe.
Te amo mais quando a conta de luz
não interrompe nossa paz.
Quanda não falamos sobre dinheiro,
casa, carro, cachorro e etc. e tais.
Te amo muito mais, querida,
quando não se metem em nossa vida.
Quando família é apenas um álbum de retratos
e não um bando de gente comendo
e sujando nossos pratos.
Te amo mais quando somos sorrisos
e não rugas de preocupação.
Daí essa constatação
rude e até mesmo meio covarde:
Te amo mais quando somos saudade.
Binomial
É o seguinte, vou lhe contar:
Sou mulher!
É a verdade, não adianta negar!
Sou mulher, mas não se engane:
sou sapatão, é claro!
Gosto de mulher como o diabo!
Mas sou mulher, tenho certeza:
o confirma os copos de vinho à mesa.
A vontade que muda a todo todo instante.
Essa loucura de desejo inconstante.
O querer aquilo e logo depois não.
Os braços abraçando o mundo,
os olhares além da visão.
Gosto de discutir o relacionamento.
Adoro surpreender-me a cada momento.
Gosto de poesia, de dança, de teatro.
De filme europeu, lento, chato.
Sinto falta de demonstrações de carinho
e de carinhos quase secret os.
Gosto de tudo que é contraditório
e sou o meu oposto eu mesmo.
Gosto, não gosto e desgosto, a esmo.
Sou mulher.
Mas sou muito macho.
Um dia ainda me apaixono por mim mesmo
e depois me traio.
Passo a ser meu secreto caso.
1.
Juliana gosta de portas abertas.
Ela passa com seu andar apressado
e, com um gracioso movimento de mãos,
desliza o par de portas, solenes.
O sol inunda a sala pelos amplos desvãos.
Outras atendentes passam e
com olhar contrariado
percorrem os trilhos no sentido contrário.
O sol se esconde
e só resta o ar, condicionado, coitado.
Até que venha Juliana nos salvar novamente
e com seus cabelos longos e negros
faça o sol ressurgir de repente.
2.
A mocinha loira piscou o olho.
Não pra mim.
Mocinhas não me piscam mais o olho.
Já estou meio assim assim.
Somente um tique.< br />Um pouquinho estranho, mas gracioso.
Nada que muito signifique.
Ao celular, ela pisca o olho e sorri.
Provavelmente pra alguém
que ela queria que estivesse aqui.
3.
"Mara Lúcia", a atendente chama.
Levanta-se uma jovem senhora,
levando consigo suas múltiplas plásticas,
seus desejos e seus dramas.
Pode ter quarenta anos ou sessenta.
Nào se sabe, impossível.
Mas é difícil acreditar
que o antes fosse mais risível.
4.
Eu, bicho mais que estranho,
recolho-me ao meu caracol...
rezando por uma rápida espera
pra aproveitar o restinho do dia
e sua cota mínima de sol.
Concreto
Sinto falta da minha flor
nascendo em meu corpo cinza.
Sinto falta do que nunca foi
porém sempre é, ainda.
Sinto falta das suas raízes
infiltrando-se em meus interstícios.
E em minha pele de cimento e areia
ainda queimam
suas pegadas, seus indícios.
Sinto uma saudade sua, sempre
que o sol ascende e se acende.
E essa vontade de penetrar
sua pétala luminescente...
Ao csap
Um dia Deus acordou se sentindo estranho.
leve demais... vazio demais...
uma tranquilidade, uma paz...
Tentou pensar no que lhe acontecia
mas não podia!
Algo em seu cérebro estava imperfeito.
Não se sentia onipotente, onisciente...
Algo não estava direito!
Tentou ouvir as milhares de preces diárias,
as súplicas, as lágrimas várias,
os cânticos de dor e de agradecimento,
o coro infinito e lamuriento
dos pobres seres humanos....
Mas devia haver algum engano!
Nada, nada estava lá.
Nem as procissões, nem o professar
da fé em corredores escuros,
nem os confessionários,
nem os doadores milionários,
nem os dízimos suados de quem não tem pra dar.
Nada de sacrifício de cordeiros,
nenhum ritual de auto-imolação,
nenhum homem-bomba em ação.
Não ouvia ninguém nos confessionários,
nem a oração dos santos,
nem os pedidos de perdão dos salafrários.
Tudo completamente mudo.
Toda a balbúrdia de seu mundo
transformada num silêncio enlouquecedor.
E foi-lhe aumentando um temor...
E a conclusão surgiu, dura e fria:
nesse dia,
Deus descobriu que não existia!
Rotina
Te amo mais
quando estamos longe.
Não me leve a mal,
mas te amo mais, meu amor,
quando estamos longe.
Te amo mais quando a conta de luz
não interrompe nossa paz.
Quanda não falamos sobre dinheiro,
casa, carro, cachorro e etc. e tais.
Te amo muito mais, querida,
quando não se metem em nossa vida.
Quando família é apenas um álbum de retratos
e não um bando de gente comendo
e sujando nossos pratos.
Te amo mais quando somos sorrisos
e não rugas de preocupação.
Daí essa constatação
rude e até mesmo meio covarde:
Te amo mais quando somos saudade.
Binomial
É o seguinte, vou lhe contar:
Sou mulher!
É a verdade, não adianta negar!
Sou mulher, mas não se engane:
sou sapatão, é claro!
Gosto de mulher como o diabo!
Mas sou mulher, tenho certeza:
o confirma os copos de vinho à mesa.
A vontade que muda a todo todo instante.
Essa loucura de desejo inconstante.
O querer aquilo e logo depois não.
Os braços abraçando o mundo,
os olhares além da visão.
Gosto de discutir o relacionamento.
Adoro surpreender-me a cada momento.
Gosto de poesia, de dança, de teatro.
De filme europeu, lento, chato.
Sinto falta de demonstrações de carinho
e de carinhos quase secret os.
Gosto de tudo que é contraditório
e sou o meu oposto eu mesmo.
Gosto, não gosto e desgosto, a esmo.
Sou mulher.
Mas sou muito macho.
Um dia ainda me apaixono por mim mesmo
e depois me traio.
Passo a ser meu secreto caso.
Gotas:
Moacir,
Semana B7C [5 anos]
terça-feira, novembro 30, 2010
Bagagem
Dor.
Um velho gravador.
Algumas coisas sem valor.
Fotos com ela e cartas de amor.
É...
me falta ódio e sobra fé...
podem dizer o que quiser,
mas meu caminho eu percorro a pé.
Então
não me fale de solidão.
Há tempos eu não piso o chão.
E aqui em cima só chuva e trovão.
...
Não havia nada a fazer
e foi só isso o que eu fiz.
Continuei a ser infeliz.
Dor.
Um velho gravador.
Uma foto sua já sem cor.
E essa maldita canção de amor!
Um velho gravador.
Algumas coisas sem valor.
Fotos com ela e cartas de amor.
É...
me falta ódio e sobra fé...
podem dizer o que quiser,
mas meu caminho eu percorro a pé.
Então
não me fale de solidão.
Há tempos eu não piso o chão.
E aqui em cima só chuva e trovão.
...
Não havia nada a fazer
e foi só isso o que eu fiz.
Continuei a ser infeliz.
Dor.
Um velho gravador.
Uma foto sua já sem cor.
E essa maldita canção de amor!
Gotas:
Moacir
terça-feira, novembro 09, 2010
Combinação
Se já é hora,
então vamos lá.
Ninguém vai reparar
se formos felizes agora.
Não vá desistir
no meio do caminho.
Eu trouxe vinho,
e mais outras coisinhas,
está tudo aqui.
Me preparei por anos
pra esse momento.
Se você se arrependeu, lamento.
Não há mais enganos.
Me dê sua mão
e deita aqui comigo, no chão.
Te digo: chegou a hora
e nada vai nos atrapalhar.
Estamos combinados:
você não vai mais embora
e eu não saio dese lugar!
então vamos lá.
Ninguém vai reparar
se formos felizes agora.
Não vá desistir
no meio do caminho.
Eu trouxe vinho,
e mais outras coisinhas,
está tudo aqui.
Me preparei por anos
pra esse momento.
Se você se arrependeu, lamento.
Não há mais enganos.
Me dê sua mão
e deita aqui comigo, no chão.
Te digo: chegou a hora
e nada vai nos atrapalhar.
Estamos combinados:
você não vai mais embora
e eu não saio dese lugar!
Gotas:
Moacir
terça-feira, outubro 19, 2010
Dejá-vu
O rio do esquecimento é caudaloso.
Mas vão. E perigoso.
Pois não adianta olvidar.
Mergulhar e afogar as lembranças.
Uma hora elas voltam e fazem a lambança.
E nós, que nos acostumamos a viajar
em tranquilas águas azul-turquesa
somos pegos de surpresa.
E nos tornamos de alegres navegadores
em náufragos num ilha de horrores.
Mas vão. E perigoso.
Pois não adianta olvidar.
Mergulhar e afogar as lembranças.
Uma hora elas voltam e fazem a lambança.
E nós, que nos acostumamos a viajar
em tranquilas águas azul-turquesa
somos pegos de surpresa.
E nos tornamos de alegres navegadores
em náufragos num ilha de horrores.
Gotas:
Moacir,
terças insanas
terça-feira, agosto 31, 2010
Sala de Espera
1.
Juliana gosta de portas abertas.
Ela passa com seu andar apressado
e, com um gracioso movimento de mãos,
desliza o par de portas, solenes.
O sol inunda a sala pelos amplos desvãos.
Outras atendentes passam e
com olhar contrariado
percorrem os trilhos no sentido contrário.
O sol se esconde
e só resta o ar, condicionado, coitado.
Até que venha Juliana nos salvar novamente
e com seus cabelos longos e negros
faça o sol ressurgir de repente.
2.
A mocinha loira piscou o olho.
Não pra mim.
Mocinhas não me piscam mais o olho.
Já estou meio assim assim.
Somente um tique.
Um pouquinho estranho, mas gracioso.
Nada que muito signifique.
Ao celular, ela pisca o olho e sorri.
Provavelmente pra alguém
que ela queria que estivesse aqui.
3.
"Mara Lúcia", a atendente chama.
Levanta-se uma jovem senhora,
levando consigo suas múltiplas plásticas,
seus desejos e seus dramas.
Pode ter quarenta anos ou sessenta.
Nào se sabe, impossível.
Mas é difícil acreditar
que o antes fosse mais risível.
4.
Eu, bicho mais que estranho,
recolho-me ao meu caracol...
rezando por uma rápida espera
pra aproveitar o restinho do dia
e sua cota mínima de sol.
Juliana gosta de portas abertas.
Ela passa com seu andar apressado
e, com um gracioso movimento de mãos,
desliza o par de portas, solenes.
O sol inunda a sala pelos amplos desvãos.
Outras atendentes passam e
com olhar contrariado
percorrem os trilhos no sentido contrário.
O sol se esconde
e só resta o ar, condicionado, coitado.
Até que venha Juliana nos salvar novamente
e com seus cabelos longos e negros
faça o sol ressurgir de repente.
2.
A mocinha loira piscou o olho.
Não pra mim.
Mocinhas não me piscam mais o olho.
Já estou meio assim assim.
Somente um tique.
Um pouquinho estranho, mas gracioso.
Nada que muito signifique.
Ao celular, ela pisca o olho e sorri.
Provavelmente pra alguém
que ela queria que estivesse aqui.
3.
"Mara Lúcia", a atendente chama.
Levanta-se uma jovem senhora,
levando consigo suas múltiplas plásticas,
seus desejos e seus dramas.
Pode ter quarenta anos ou sessenta.
Nào se sabe, impossível.
Mas é difícil acreditar
que o antes fosse mais risível.
4.
Eu, bicho mais que estranho,
recolho-me ao meu caracol...
rezando por uma rápida espera
pra aproveitar o restinho do dia
e sua cota mínima de sol.
Gotas:
Moacir,
terças insanas
terça-feira, agosto 03, 2010
Momento
Essa noite
tudo pode acontecer
- e não é clichê...
Essa noite
tudo pode ser sugerido
pelo som dessa guitarra,
pelo gosto dessa farra,
pelo seu suave gemido,
por tudo que pousava escondido
no desenho dos nossos desejos,
no fundo de nossas fantasias...
Essa noite pode ser de maravilhas!
Essa noite
o álcool pode baixar nossas defesas
servindo-nos de sobremesa.
Nossos corpos podem chegar-se mais um pouco,
estreitando nossas distâncias
e colando-nos um ao outro.
Minhas mãos podem procurar sua cintura,
escorregando pela sua pele,
passeando pela alça da sua calcinha.
E teus olhos fechados podem sugerir
que toda essa alegria seja minha.
Meu olfato pode procurar os seus cabelos.
posso beijar a dobra da sua nuca
e eriçar todos os seus pelos.
Essa noite
você pode pressionar um pouco mais
seus quadris em meu abraço.
E eu, já perdendo pra todo o sempre
meu equilíbrio e minha paz,
te direi que
não me responsabilizo pelo que faço.
Essa noite
podemos nos amar como selvagens
e ainda assim fazermos com que tudo isso
seja lindo.
E só por essa noite
podemos nos esquecer do que existe
e amanhecermos sorrindo...
tudo pode acontecer
- e não é clichê...
Essa noite
tudo pode ser sugerido
pelo som dessa guitarra,
pelo gosto dessa farra,
pelo seu suave gemido,
por tudo que pousava escondido
no desenho dos nossos desejos,
no fundo de nossas fantasias...
Essa noite pode ser de maravilhas!
Essa noite
o álcool pode baixar nossas defesas
servindo-nos de sobremesa.
Nossos corpos podem chegar-se mais um pouco,
estreitando nossas distâncias
e colando-nos um ao outro.
Minhas mãos podem procurar sua cintura,
escorregando pela sua pele,
passeando pela alça da sua calcinha.
E teus olhos fechados podem sugerir
que toda essa alegria seja minha.
Meu olfato pode procurar os seus cabelos.
posso beijar a dobra da sua nuca
e eriçar todos os seus pelos.
Essa noite
você pode pressionar um pouco mais
seus quadris em meu abraço.
E eu, já perdendo pra todo o sempre
meu equilíbrio e minha paz,
te direi que
não me responsabilizo pelo que faço.
Essa noite
podemos nos amar como selvagens
e ainda assim fazermos com que tudo isso
seja lindo.
E só por essa noite
podemos nos esquecer do que existe
e amanhecermos sorrindo...
Gotas:
Moacir,
terças insanas
sábado, julho 03, 2010
45 do segundo
O drible, em busca do gol.
É isso a vida.
Corremos no meio de campo, todo o tempo.
Chutando dali, chutando daqui.
O pé na bola, a cara na grama.
E tudo é zero a zero.
Uma vitória ali, outra aqui.
O juiz contra.
A torcida contra.
A Nike, a Rede Globo, a CBF, todo mundo contra.
E a gente continua jogando.
Fazendo falta, levando empurrão.
Uma bola na trave, um carrinho, um gol de mão.
Tentando sair do empate.
Tentando vencer o embate.
Tentando vencer as feras.
Tentanto domar a esfera.
Até que um dia não dá mais.
As pernas doem, o corpo se entrega.
A cabeça só quer descanso.
E como se jogássemos
na casa do adversário,
e empate nos parece glorioso.
Embora no fundo saibamos
que na maior parte do tempo
o jogo foi horroroso.
Mas no momento final
esquecemos todas as contusões,
todo o esforço, todas as decepções,
esquecemos a derrota completa
e carregamos em nossa memória
aquele lindo gol de bicicleta.
***************************************************************
Última postagem por aqui.
Dias maravilhosos, momentos gloriosos.
Obrigado a todos que em algum momento participaram.
Obrigado a todas as cabeças e a todos os leitores.
Poesia sempre!
É isso a vida.
Corremos no meio de campo, todo o tempo.
Chutando dali, chutando daqui.
O pé na bola, a cara na grama.
E tudo é zero a zero.
Uma vitória ali, outra aqui.
O juiz contra.
A torcida contra.
A Nike, a Rede Globo, a CBF, todo mundo contra.
E a gente continua jogando.
Fazendo falta, levando empurrão.
Uma bola na trave, um carrinho, um gol de mão.
Tentando sair do empate.
Tentando vencer o embate.
Tentando vencer as feras.
Tentanto domar a esfera.
Até que um dia não dá mais.
As pernas doem, o corpo se entrega.
A cabeça só quer descanso.
E como se jogássemos
na casa do adversário,
e empate nos parece glorioso.
Embora no fundo saibamos
que na maior parte do tempo
o jogo foi horroroso.
Mas no momento final
esquecemos todas as contusões,
todo o esforço, todas as decepções,
esquecemos a derrota completa
e carregamos em nossa memória
aquele lindo gol de bicicleta.
***************************************************************
Última postagem por aqui.
Dias maravilhosos, momentos gloriosos.
Obrigado a todos que em algum momento participaram.
Obrigado a todas as cabeças e a todos os leitores.
Poesia sempre!
sábado, junho 26, 2010
Fabuloso
Ele veio primeiro.
Eu, na entrada da área.
Algo me dominou por inteiro.
Com um movimento simples, mas bem executado,
projetei a bola por sobre a cabeça do coitado.
Suavemente, ela quicou no gramado.
Após um leve movimento ascendente,
ela se ofereceu, como um presente.
Enquanto, num átimo de segundo,
pensava eu no que fazer em seguida,
veio o outro, com um rosto assustado
e uma pressa quase que suicida.
Quase que sem pensar, fiz aquilo novamente.
Dessa vez, num movimento mais abrangente
(já que a bola se encontrava no alto)
desloquei-me de modo imponderável
até o encontro com o inevitável.
Na minha cabeça, se desenhou o que seria feito:
mataria a bola no peito.
Mas, de alguma estranha maneira,
ela se deslocou um pouco à direita,
como a fugir do meu perfeito projeto.
Com medo do fracasso completo,
estiquei um pouquinho meu braço
e a interceptei no espaço.
Após meu subterfúgio ela alçou voo,
e rapidamente se posicionou
à minha completa disposição.
Não pensei com a cabeça, mas com o coração.
E com o coração, e não só com a chuteira,
fiz vibrar uma nação inteira.
Não é que eu queira me fazer de gostoso,
mas é exatamente por essas e outras
que me chamam O Fabuloso!
Eu, na entrada da área.
Algo me dominou por inteiro.
Com um movimento simples, mas bem executado,
projetei a bola por sobre a cabeça do coitado.
Suavemente, ela quicou no gramado.
Após um leve movimento ascendente,
ela se ofereceu, como um presente.
Enquanto, num átimo de segundo,
pensava eu no que fazer em seguida,
veio o outro, com um rosto assustado
e uma pressa quase que suicida.
Quase que sem pensar, fiz aquilo novamente.
Dessa vez, num movimento mais abrangente
(já que a bola se encontrava no alto)
desloquei-me de modo imponderável
até o encontro com o inevitável.
Na minha cabeça, se desenhou o que seria feito:
mataria a bola no peito.
Mas, de alguma estranha maneira,
ela se deslocou um pouco à direita,
como a fugir do meu perfeito projeto.
Com medo do fracasso completo,
estiquei um pouquinho meu braço
e a interceptei no espaço.
Após meu subterfúgio ela alçou voo,
e rapidamente se posicionou
à minha completa disposição.
Não pensei com a cabeça, mas com o coração.
E com o coração, e não só com a chuteira,
fiz vibrar uma nação inteira.
Não é que eu queira me fazer de gostoso,
mas é exatamente por essas e outras
que me chamam O Fabuloso!
Gotas:
Moacir
sábado, junho 19, 2010
josé
Talvez não estejas morto...
Acostumado que estás a driblar a realidade,
mestre que és em subverter o real.
Talvez a morte não te seja
algo assim tão mortal.
Talvez não tenhas ido embora...
Talvez, como em um de teus livros,
um leve toque de sobrenatural
sobrepuje o que é normal.
Penso que passeias ainda entre páginas etéreas,
rindo com um irônico esgar
de Deus e de suas coisas tão sérias...
como sempre foi tua matéria.
**************************************************************
O álbum que homenageei era o "OK Computer", do Radiohead.
Como eu havia dito, a obra-prima de Thom Yorke, no auge de
sua genialidade. Perturbador e desconcertante, sublime e belo.
Acostumado que estás a driblar a realidade,
mestre que és em subverter o real.
Talvez a morte não te seja
algo assim tão mortal.
Talvez não tenhas ido embora...
Talvez, como em um de teus livros,
um leve toque de sobrenatural
sobrepuje o que é normal.
Penso que passeias ainda entre páginas etéreas,
rindo com um irônico esgar
de Deus e de suas coisas tão sérias...
como sempre foi tua matéria.
**************************************************************
O álbum que homenageei era o "OK Computer", do Radiohead.
Como eu havia dito, a obra-prima de Thom Yorke, no auge de
sua genialidade. Perturbador e desconcertante, sublime e belo.
Gotas:
Moacir
sábado, junho 12, 2010
Sorte
Aqui estou eu novamente,
pronto pra salvar o universo.
Pronto pra salvar seu mundo.
Pronto pra salvar suas crianças e seus versos.
Completamente humilhado
por ter sido outra vez salvo
por seu equipamento humano e prosaico.
Apesar da força dos meus poderes
e da dureza de caráter
própria a qualquer andróide
tornei-me, entre vocês,
um pouco sentimentalóide.
Medo de ser quem sei que não sou,
medo de não ser quem penso que sou...
Medo de que a solidão não seja escolha,
mas apenas o lugar onde estou.
Já tive outrora um antigo amor
mas sufoquei-a sob o doce peso
das minhas convicções.
Entre planos de fuga e decepções.
Outra vez sozinho
e desapontado.
Outra vez entediado, esquecido, enganado.
Mas hoje, mais uma vez,
enganei o destino e escapei da morte.
Quem sabe não seja meu glorioso dia de sorte?
*************************************************
Esse poema não é sobre uma música, mas sobre um álbum. Um clássico moderno, uma das obras-primas de uma das mentes mais perturbadas e geniais do nosso tempo. Definitivamente, meu álbum preferido.
E obrigado a todos pela Semana Música e Poesia!
pronto pra salvar o universo.
Pronto pra salvar seu mundo.
Pronto pra salvar suas crianças e seus versos.
Completamente humilhado
por ter sido outra vez salvo
por seu equipamento humano e prosaico.
Apesar da força dos meus poderes
e da dureza de caráter
própria a qualquer andróide
tornei-me, entre vocês,
um pouco sentimentalóide.
Medo de ser quem sei que não sou,
medo de não ser quem penso que sou...
Medo de que a solidão não seja escolha,
mas apenas o lugar onde estou.
Já tive outrora um antigo amor
mas sufoquei-a sob o doce peso
das minhas convicções.
Entre planos de fuga e decepções.
Outra vez sozinho
e desapontado.
Outra vez entediado, esquecido, enganado.
Mas hoje, mais uma vez,
enganei o destino e escapei da morte.
Quem sabe não seja meu glorioso dia de sorte?
*************************************************
Esse poema não é sobre uma música, mas sobre um álbum. Um clássico moderno, uma das obras-primas de uma das mentes mais perturbadas e geniais do nosso tempo. Definitivamente, meu álbum preferido.
E obrigado a todos pela Semana Música e Poesia!
sábado, junho 05, 2010
Herança
Sempre querem o melhor de mim...
Mas o melhor
é que eu seja assim!
Sempre querem o primeiro pedaço,
a cereja do bolo,
o meu supra-sumo.
Enquanto esqueço de todos
e sigo meu rumo.
E o que é mais engraçado:
sempre o que lhes fascina
é o que lhes parece errado.
Então essa estranha dança:
pra que me amem, tenho que
roubar-lhes a esperança.
Mas o melhor
é que eu seja assim!
Sempre querem o primeiro pedaço,
a cereja do bolo,
o meu supra-sumo.
Enquanto esqueço de todos
e sigo meu rumo.
E o que é mais engraçado:
sempre o que lhes fascina
é o que lhes parece errado.
Então essa estranha dança:
pra que me amem, tenho que
roubar-lhes a esperança.
Gotas:
Moacir
sábado, maio 29, 2010
sábado, maio 22, 2010
Insight
Sabe?
Apesar de... tudo bem!
Mesmo que... tudo bem!
Olha, eu queria te dizer...
Ah, deixa pra lá.
Tudo bem...
Amor, sabe o que é?
Meu bem, me desculpe, mas...
Eh... ahn... quer dizer...
Ah, não importa mais!
Vá pro inferno
e me deixa em paz!
Apesar de... tudo bem!
Mesmo que... tudo bem!
Olha, eu queria te dizer...
Ah, deixa pra lá.
Tudo bem...
Amor, sabe o que é?
Meu bem, me desculpe, mas...
Eh... ahn... quer dizer...
Ah, não importa mais!
Vá pro inferno
e me deixa em paz!
Gotas:
Moacir
sábado, maio 15, 2010
Concreto
Sinto falta da minha flor
nascendo em meu corpo cinza.
Sinto falta do que nunca foi
porém sempre é, ainda.
Sinto falta das suas raízes
infiltrando-se em meus interstícios.
E em minha pele de cimento e areia
ainda queimam
suas pegadas, seus indícios.
Sinto uma saudade sua, sempre
que o sol ascende e se acende.
E essa vontade de penetrar
sua pétala luminescente...
nascendo em meu corpo cinza.
Sinto falta do que nunca foi
porém sempre é, ainda.
Sinto falta das suas raízes
infiltrando-se em meus interstícios.
E em minha pele de cimento e areia
ainda queimam
suas pegadas, seus indícios.
Sinto uma saudade sua, sempre
que o sol ascende e se acende.
E essa vontade de penetrar
sua pétala luminescente...
Gotas:
Moacir
sábado, maio 08, 2010
Lona
-O palhaço, o que é????
-Ladrão de mulher!!!!!!!
Coitado, nem sabe
que a mulher é quem rouba
o coração do palhaço...
e transforma em flor
o que um dia foi aço!
-Ladrão de mulher!!!!!!!
Coitado, nem sabe
que a mulher é quem rouba
o coração do palhaço...
e transforma em flor
o que um dia foi aço!
Gotas:
Moacir
sábado, maio 01, 2010
Postergação
Parte de mim
quer o que você quer.
Parte não.
E parte de mim
a dúvida que paralisa,
prende ao chão.
Parte-se em mim
a força (outrora inquebrantável)
e me quedo sem ação.
Parte de mim
quer o que você quer.
Mas hoje não...
quer o que você quer.
Parte não.
E parte de mim
a dúvida que paralisa,
prende ao chão.
Parte-se em mim
a força (outrora inquebrantável)
e me quedo sem ação.
Parte de mim
quer o que você quer.
Mas hoje não...
Gotas:
Moacir
sábado, abril 10, 2010
Triz
O fim se aproxima.
Mas eu desvio.
Negaceio.
Revolteio.
Me delicio
com a disputa.
Não fujo à luta.
O fim me ameaça
e passa
perto da jugular.
Mas eu não me importo.
Eu sei jogar.
E no momento certo,
o movimento esperto.
O fim, coitado,
desesperado,
sem chance alguma.
Mato o bicho à unha!
Mas eu desvio.
Negaceio.
Revolteio.
Me delicio
com a disputa.
Não fujo à luta.
O fim me ameaça
e passa
perto da jugular.
Mas eu não me importo.
Eu sei jogar.
E no momento certo,
o movimento esperto.
O fim, coitado,
desesperado,
sem chance alguma.
Mato o bicho à unha!
Gotas:
Moacir
sábado, abril 03, 2010
Ao csap
Um dia Deus acordou se sentindo estranho.
leve demais... vazio demais...
uma tranquilidade, uma paz...
Tentou pensar no que lhe acontecia
mas não podia!
Algo em seu cérebro estava imperfeito.
Não se sentia onipotente, onisciente...
Algo não estava direito!
Tentou ouvir as milhares de preces diárias,
as súplicas, as lágrimas várias,
os cânticos de dor e de agradecimento,
o coro infinito e lamuriento
dos pobres seres humanos....
Mas devia haver algum engano!
Nada, nada estava lá.
Nem as procissões, nem o professar
da fé em corredores escuros,
nem os confessionários,
nem os doadores milionários,
nem os dízimos suados de quem não tem pra dar.
Nada de sacrifício de cordeiros,
nenhum ritual de auto-imolação,
nenhum homem-bomba em ação.
Não ouvia ninguém nos confessionários,
nem a oração dos santos,
nem os pedidos de perdão dos salafrários.
Tudo completamente mudo.
Toda a balbúrdia de seu mundo
transformada num silêncio enlouquecedor.
E foi-lhe aumentando um temor...
E a conclusão surgiu, dura e fria:
nesse dia,
Deus descobriu que não existia!
leve demais... vazio demais...
uma tranquilidade, uma paz...
Tentou pensar no que lhe acontecia
mas não podia!
Algo em seu cérebro estava imperfeito.
Não se sentia onipotente, onisciente...
Algo não estava direito!
Tentou ouvir as milhares de preces diárias,
as súplicas, as lágrimas várias,
os cânticos de dor e de agradecimento,
o coro infinito e lamuriento
dos pobres seres humanos....
Mas devia haver algum engano!
Nada, nada estava lá.
Nem as procissões, nem o professar
da fé em corredores escuros,
nem os confessionários,
nem os doadores milionários,
nem os dízimos suados de quem não tem pra dar.
Nada de sacrifício de cordeiros,
nenhum ritual de auto-imolação,
nenhum homem-bomba em ação.
Não ouvia ninguém nos confessionários,
nem a oração dos santos,
nem os pedidos de perdão dos salafrários.
Tudo completamente mudo.
Toda a balbúrdia de seu mundo
transformada num silêncio enlouquecedor.
E foi-lhe aumentando um temor...
E a conclusão surgiu, dura e fria:
nesse dia,
Deus descobriu que não existia!
Gotas:
Moacir
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