Mostrando postagens com marcador Semana B7C [5 anos]. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Semana B7C [5 anos]. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, julho 15, 2011

5 Vezes Alexandre Beanes

1

FLOR DE LUZ


Calma flor.
Vai com calma
Que é só saudade,
Esta dói
Mas, não mata não.
Sonha amor.
Sonha com a dor
De sorrir sem vontade,
Que um dia
Já sofri igual.
Mata flor.
Féri com punhal
E marca,
Finge, pois doçura pouca
É desgraça,
E ama como amo na vida
Somente a ti.


2

Fugi das matas e portos...
Encontrei tesão, mulheres e liberdade.
Quem encontrar o amor, mate-o...
Escarneça-o...
E corra... Corra muito...
Ou morra por ele.


3

"...Eu faço samba e amor até mais tarde
e tenho muito sono de manhã..."


É um homem da madrugada.
Cria versos, sambas
E frases de efeito.

Bebe cerveja e tequila.
Uma para esfriar a cabeça
Outra para apimentar as paixões.

Ao raiar do dia
Transforma sussurros
Em doces melodias.


4

Vai amor.
Diz que meus defeitos
São muitos
Que minhas canções
Não te comovem
E a tí nada dizem direito.

Vai amor.
Diz que tenho cheiro de cachaça
Que minhas piadas
Não têem graça
E que quer alguém
Com sonhos mais estreitos.

Vai amor.
Diz que à noite
Sou o que te segura
Que sem mim
O amor não tem cura
E que a minha poesia te acalma o peito.

(Desculpa do amor perfeito).

5

Sou como a noite.
Com o sol descanso,
Faço dormir estrelas
E namoro - de forma quente - a lua.

(São Jorge que feche os olhos).

quinta-feira, julho 14, 2011

cinco pedaços da Elaine Lemos

Presente

Fui ter com o futuro debaixo de uma lona.
Enquanto uma boca vermelha e uns dentes
dourados proferiam previsões que eu não ouvia,
sentia um cheiro de chocolate,
um cacau de ar, despertador desta saudade.
Saí derrubando cadeira numa pressa.
Caloteei o que não viria.
Um caminho muito conhecido passa
por mim rapidinho de trás para frente.
Continuo correndo, o peito chiando vontades,
tentando alcançar meu hoje, embora eu saiba
que já fizeste as malas.


Loquacidade

Invento palavras nas lacunas das conversas.
Abismo meus mistérios.
Compreendam meus silêncios.


Safra

No jardim das fadas boas
há sempre um nariz carregando verruga
chovendo tristeza nas sementes.

Em um outono azul, colhem-se os frutos.


Ester

As irmãzinhas
a vigiam das alturas.
Tremeluzem
vozes dizendo que a amam.
Piscam piscam
anos-luz de saudades.
Caída e solitária,
contempla a noite clara.
As irmãzinhas
lhe brilham as lágrimas.


Quase 70 musicais

sempre que tocaste a minha gaita
com teus dedos ditos inocentes
e em ela puseste a boca incauta

sempre que quiseste que tua flauta
gemesse doce nas minhas mãos
cantasse o canto da minha língua

jorramos juntos as notas mais lindas
num ostinato, quase setenta vezes
soamos, suados, nosso uníssono gozo

quarta-feira, julho 13, 2011

Marina Rabelo

~ 5 anos do B7C: 5 poemas ~


vi uma antiga história de amor
atravessar a rua

eu continuei meu caminho
de pedras e beijos adormecidos




jam session

deixo o som
do teu soul
me tocar
jazzliricamente

sôo azul
como um blues




revolto

preciso do caos
da desordem dos sentimentos
de um soco no estômago
seguido de um beijo
um lamber de feridas
para amaciar a dor
preciso da confusão
de ser o que for




etéreo

cobri-me de rosas
colibri-me




Não limpe os pés antes de entrar

eu vi num blog por aí:
"seja bem-vindo, mas limpe os pés antes de entrar"...


Não limpe os pés antes de entrar

Entre com a lama, a grama, a poeira
e a areia do mar.

Entre com o barulho das ruas, do samba
e dos versos do poeta de mesa de bar.

Entre com o cheiro do asfalto, do ônibus lotado
e do pastel de carne com suco de maracujá.

A porta está aberta,
pode entrar:Eu quero minha alma suja
e feliz.


Marina Rabelo - Versos deLírios


{Obrigada a todos! Encerro aqui minha participação.}


terça-feira, julho 12, 2011

Cinco poemas da cabeça insana de Sandra

ENQUANTO FALO

Enquanto a mão explora
A pele exposta
E contorna a forma firme
Que se mostra...
Enquanto a língua se enrola
Nos pelos e faz o desenho da trilha
Que vai do umbigo à virilha
E é percorrida pelos dedos
Enquanto os lábios se molham
Na saliva que engulo
E misturo com o sêmen
Que me jorra por dentro
... Você lateja e me beija,
completo e saciado
enquanto na boca guardo
(ainda ereto)
o gosto do falo


BRAILE

Tenho em relevo, na pele,
Os sinais e apelos
À espera das tuas digitais
Para lê-los

DIAGNÓSTICO

Meu músculo sem juízo
deixa-me este aviso:
“via coronária em reforma!”
Nada mais me informa
(Desconfio que esteja apaixonado!)


ELE LÍRICO (OU POEMA MACHO)

Nem tire sua roupa,
menina!
se o que você quer
é fazer amor...
Não me venha dizer
que só quer transar...
que eu tenho horror!
Ouça bem, garota,
caia na real:
essa coisa de acasalar
só rola no mundo animal
Todo esse papo aí...
tá fora de moda
sexo comigo
é foda.

DUETO

(para Múcio Góes)

Sem estilo
Sempre repito
O desgastado
Estribilho
Enquanto você
Num estalo
Faz um poema
ducaralho

sábado, julho 09, 2011

Da cabeça do Moacir Caetano

Sala de Espera



1.

Juliana gosta de portas abertas.

Ela passa com seu andar apressado
e, com um gracioso movimento de mãos,
desliza o par de portas, solenes.
O sol inunda a sala pelos amplos desvãos.

Outras atendentes passam e
com olhar contrariado
percorrem os trilhos no sentido contrário.
O sol se esconde
e só resta o ar, condicionado, coitado.

Até que venha Juliana nos salvar novamente
e com seus cabelos longos e negros
faça o sol ressurgir de repente.


2.

A mocinha loira piscou o olho.
Não pra mim.
Mocinhas não me piscam mais o olho.
Já estou meio assim assim.

Somente um tique.< br />Um pouquinho estranho, mas gracioso.
Nada que muito signifique.

Ao celular, ela pisca o olho e sorri.
Provavelmente pra alguém
que ela queria que estivesse aqui.


3.

"Mara Lúcia", a atendente chama.

Levanta-se uma jovem senhora,
levando consigo suas múltiplas plásticas,
seus desejos e seus dramas.

Pode ter quarenta anos ou sessenta.
Nào se sabe, impossível.
Mas é difícil acreditar
que o antes fosse mais risível.


4.

Eu, bicho mais que estranho,
recolho-me ao meu caracol...
rezando por uma rápida espera
pra aproveitar o restinho do dia
e sua cota mínima de sol.

Concreto

Sinto falta da minha flor
nascendo em meu corpo cinza.
Sinto falta do que nunca foi
porém sempre é, ainda.

Sinto falta das suas raízes
infiltrando-se em meus interstícios.
E em minha pele de cimento e areia
ainda queimam
suas pegadas, seus indícios.

Sinto uma saudade sua, sempre
que o sol ascende e se acende.
E essa vontade de penetrar
sua pétala luminescente...



Ao csap

Um dia Deus acordou se sentindo estranho.
leve demais... vazio demais...
uma tranquilidade, uma paz...

Tentou pensar no que lhe acontecia
mas não podia!
Algo em seu cérebro estava imperfeito.
Não se sentia onipotente, onisciente...
Algo não estava direito!

Tentou ouvir as milhares de preces diárias,
as súplicas, as lágrimas várias,
os cânticos de dor e de agradecimento,
o coro infinito e lamuriento
dos pobres seres humanos....
Mas devia haver algum engano!

Nada, nada estava lá.
Nem as procissões, nem o professar
da fé em corredores escuros,
nem os confessionários,
nem os doadores milionários,
nem os dízimos suados de quem não tem pra dar.
Nada de sacrifício de cordeiros,
nenhum ritual de auto-imolação,
nenhum homem-bomba em ação.

Não ouvia ninguém nos confessionários,
nem a oração dos santos,
nem os pedidos de perdão dos salafrários.
Tudo completamente mudo.
Toda a balbúrdia de seu mundo
transformada num silêncio enlouquecedor.
E foi-lhe aumentando um temor...

E a conclusão surgiu, dura e fria:
nesse dia,
Deus descobriu que não existia!

Rotina

Te amo mais
quando estamos longe.
Não me leve a mal,
mas te amo mais, meu amor,
quando estamos longe.

Te amo mais quando a conta de luz
não interrompe nossa paz.
Quanda não falamos sobre dinheiro,
casa, carro, cachorro e etc. e tais.

Te amo muito mais, querida,
quando não se metem em nossa vida.
Quando família é apenas um álbum de retratos
e não um bando de gente comendo
e sujando nossos pratos.

Te amo mais quando somos sorrisos
e não rugas de preocupação.
Daí essa constatação
rude e até mesmo meio covarde:
Te amo mais quando somos saudade.


Binomial

É o seguinte, vou lhe contar:
Sou mulher!
É a verdade, não adianta negar!

Sou mulher, mas não se engane:
sou sapatão, é claro!
Gosto de mulher como o diabo!

Mas sou mulher, tenho certeza:
o confirma os copos de vinho à mesa.
A vontade que muda a todo todo instante.
Essa loucura de desejo inconstante.
O querer aquilo e logo depois não.
Os braços abraçando o mundo,
os olhares além da visão.

Gosto de discutir o relacionamento.
Adoro surpreender-me a cada momento.
Gosto de poesia, de dança, de teatro.
De filme europeu, lento, chato.
Sinto falta de demonstrações de carinho
e de carinhos quase secret os.
Gosto de tudo que é contraditório
e sou o meu oposto eu mesmo.
Gosto, não gosto e desgosto, a esmo.

Sou mulher.
Mas sou muito macho.
Um dia ainda me apaixono por mim mesmo
e depois me traio.
Passo a ser meu secreto caso.

domingo, julho 03, 2011

Leandro Jardim

O primeiro post desse blog é do querido Leandro Jardim, então nada melhor do que começarmos com seus poemas.

Apreciem!


ARBíTRIO

1. Alternativa

o caminhar
alguns passos mais
o chão
viu o buraco
a penas
depois
soube-se
levantar
o caminhar

2. Alternativa

soube-se levantar
o caminhar não
impedido pelo aviso
antes
pela paternimaturidade
o que havia do lado
de lá não
soube-se
(estrofe mais curta)

3. Conclusão

E ainda há quem pondere sobre alternativas já testadas.



RASCUNHADO

Às vezes um pensamento vem bom,
como sino na brisa.
E o lápis, pronto, e o poema
(versão um).

Outras tantas é o branco do papel que chega
à mente sur ton.
E me sujo a rascunhar pensamentos
(menores versos).

Mas toda origem é filha da labuta.
Seja na avidez com que se traga os dias,
seja pela intenção que ganha a vida.

O irônico da coisa é o tempo
da poesia,
que quando se faz
já é passado
(a limpo).



ÚLTIMO-ATO

meu estado é terminal:
é ter-me now
or never



MENINA ADVOGADA

(para uma bela transeunte
que passou na minha frente
numa tarde qualquer no centro)
Teu belo corpo e matreiro
Não se esconde por trás das vestes formais
Teu charme que até cotovelos
Distrai dos esnobes sapatos aos pés
Teu salpicado em ondas cabelo
É ninho tal que não há não querê-lo
Teu passar de sumiço à esquina
Tem dissonância qual música linda
E teu sério dom de mistério
É, meu bem, meu puro despautério



E O LÁPIS

.
De cada papo que toca o céu,
o papel.

Da tal conversa que não disperso,
o verso versa.

E à boa idéia que fácil se acha,
a borracha.



Leandro Jardim escreve no blog Flores, Pragas e Sementes...



Blog de 7 Cabeças - 5 anos!

Em junho último, nosso querido B7C completou 5 anos de existência. Apesar dos pequenos suspiros e da respiração enfraquecida, não queremos deixar esse fato passar em branco.

Ao longo desse tempo muitos amigos passaram por aqui nos presenteando com poesia e durante essa próxima semana iremos resgatar essas maravilhosas participações, assim como postar poemas das cabeças atuais e de amigos queridos que sempre estão presentes.

Obrigada a todos que acompanham o B7C e que de alguma maneira também faz parte dessa história.

Beijo,
Marina.