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domingo, 7 de janeiro de 2018

Rir, Reflectir e Ajudar

Tenho sempre ex alunos meus à procura de estágio da Ordem ou de trabalho na área da Psicologia.

Gostaria de criar uma base de dados com os empregos e estágios que aparecem nesta área. Muitas vezes porque não soubemos daquela vaga, não lemos aquele aviso, ninguém nos contou que andavam à procura.
Não sei ainda bem como vou fazer. Mas pretendo, à experiência, começar pela psicologia. Se resultar construir um site e ir abrindo a outras áreas.

Se souberem de algo enviem-me mensagem privada. Partilhem por favor com amigos e conhecidos que vocês sintam que podem ajudar.

Eu estou numa fase que deixei de conseguir falar de roupas, de tendências, de coisas do género. Nunca fecho a porta a nada, mas duvido que o meu blog seja algum dia um blog de life style. Talvez não seja esse o motivo ou a minha missão. Só o tempo o dirá.
Mas ajudar é de certeza. Esta plataforma já com tantos seguidores tem que estar destinada a algo maior.

Por favor, leiam com atenção o que escrevi e ajudem. Ajudar de alguma forma apazigua dores internas. Não estamos só ajudar outros como a nós próprios.

Obrigada. A ideia que tenho de vós é que estão cá para isso também.
Se não pode ser comer, amar e orar, o meu é vosso lema, ou o lema deste blog será Rir, Reflectir e Ajudar.

domingo, 27 de novembro de 2016

A difícil arte de começar de novo – parte III


Na parte I falei sobre o divórcio e sobre a necessidade de deixar o passado bem resolvido para se poder seguir em frente. Na parte II dei algumas dicas de como se deve viver a nova relação. A parte III dedico-a à questão: e quando há filhos?


Obviamente que é muito importante que os filhos aceitem o novo relacionamento da mãe (ou do pai), mas não podem ser eles a ditar as regras ou ter a última palavra sobre esta tão grande decisão.

Se não entramos numa nova relação por causa dos filhos, ou até se terminarmos a relação por causa deles, porque não aceitam, porque não querem, porque boicotam, ou porque temos medo que tudo isto os afecte, vamos mais cedo ou mais tarde responsabilizá-los por essa escolha, geradora de infelicidade.

Portanto, antes de achar que tem de optar pelos filhos em detrimento de um novo amor, porque os filhos estão primeiro do que tudo, porque já sofreram muito e não merecem sofrer mais… pare, respire e pense. Os filhos vão acabar por aceitar. Dê-lhes tempo, siga alguns conselhos que aqui vou deixar e, sobretudo, não desista. E também não sinta culpa. A verdade é que não está a fazer nada de errado.

É natural que os filhos tenham medo. Depois de tudo o que falámos, consegue dizer que também não tem? Tem, claro que tem. E, no entanto, é adulta e racionaliza as coisas de forma diferente de uma criança ou de um jovem. Os mais novos não têm a facilidade de um adulto de verbalizar o que sentem, até porque alguns sentimentos são inconscientes, logo, impossíveis de serem pensados.

Não vamos dourar a pílula. Não é fácil, não é tarefa simples…ou pode não ser. Mas é um processo natural e é compreensível e mesmo imprescindível que haja muito empenho da parte de todos, especialmente dos adultos envolvidos.

Por exemplo, os filhos, principalmente os mais novos, podem sentir medo de serem substituídos no coração da mãe ou do pai. Sentem medo de perder o seu amor. É extremamente importante que os pais expliquem aos filhos que o que sentem por eles não vai mudar, nem vai diminuir ou passar para outra pessoa. O amor divide-se entre todos, ou multiplica-se. É elástico. É como um polvo cheio de tentáculos. Ou uma mãe com muitos braços.

Nesta fase, os filhos precisam mais ainda de atenção. Por isso, terá de se desdobrar, dedicando-lhes tempo em exclusivo…e o mesmo acontece com a nova relação. É cansativo, é complicado e é difícil…mas tudo se consegue quando se faz com o coração.

Também é importante que a introdução do novo elemento seja feita de forma gradual. No início os filhos não devem ser envolvidos. Deixe passar algum tempo, deixe que haja mais certezas e que tudo se torne mais sólido. Aí será a hora de agir. De forma tranquila e em pequenas doses. 

Os primeiros contactos não devem acontecer em casa, mas sim em espaços neutros. De preferência organizando actividades que sejam divertidas para as crianças. Antes de tornar tudo oficial, procure pensar e organizar programas que sejam estimulantes e cheios de boa disposição. Isso ajudará mais do que pensa, porque as crianças começam a gostar daquela pessoa, a gostar da companhia dela, sem o peso de ser o namorado/a da mãe ou do pai.

Então estará na hora de contar e não se admire se, a princípio, e mesmo com pezinhos de lã, for ainda tudo um pouco confuso na cabeça deles. Vai levar algum tempo para que todos se adaptem à nova situação.

Quando contar aos filhos, ouça-os. Nessa altura e sempre. Ouça-os atentamente, coloque-se no lugar deles, seja compreensiva e respeitosa. Os filhos não vão decidir o futuro dos pais, mas é mesmo muito importante que se sintam escutados. Pedir aprovação ou conselhos poderá ser tentador e, num primeiro impacto, pode até parecer reconfortante para as crianças, mas pense que está a passar para eles uma responsabilidade que não devem ter e para a qual não estão preparados. Portanto, ouça-os, faça-os sentir especiais, por serem escutados, mas as decisões e as escolhas são sempre suas, não deles.

O novo elemento também terá de se empenhar e trabalhar para que os laços se construam, para que a relação com as crianças funcione e também para que a relação entre o casal se torne segura, sabendo que há um terceiro elemento, sempre presente, mesmo quando não está, que são os filhos. É preciso jogar entre proximidades e distâncias, essencialmente usando o bom senso. E a paciência. Esta tem de ser uma das peças chave.

Lembre-se que também para a outra pessoa não será fácil. Também terá medos, também não conseguirá adivinhar como a criança irá reagir, o que irá sentir, se a aceitará.

Queremos que corra bem, mesmo muito bem. E pode, de facto, correr muito bem, melhor ainda do que o esperado. Mas não alimente o desejo de que para o seu filho ou filha, o seu namorado seja um pai daqueles instantâneos, como se saísse na farinha Amparo. Mais ainda se os seus filhos já tiverem um pai. Aqui para nós, também não ia querer que a namorada do seu ex. fosse vista pelos seus filhos como uma mãe, pois não? Mãe há só uma. Mas o novo elemento pode ser uma pessoa importante na vida deles e vai com certeza reconfortá-la saber que ela os trata bem e que gosta deles de verdade. Terá é de saber gerir os ciúmes e aceitar a realidade. Mais uma vez a mesma ideia: ninguém vem substituir ninguém. Vem somar afectos, não diminuir. Se houver amor, carinho, respeito pelos limites, há espaço para todos. Porque relações saudáveis e pessoas que nos querem bem, nunca são demais.

Se o seu namorado também tiver filhos, nunca, mas nunca deve entrar em comparações sobre os rebentos de um e do outro. Nunca deve criticar os filhos dele ou a forma como ele os educa, ou até como a ex. dele, a mãe dos filhos, os educa. É um terreno de areias movediças. Muito cuidado!

E por falar em exs., é bom que todos os exs. (sim, todos) respeitem as novas relações. Quando ainda se gosta sente-se ciúmes. Quando já não se gosta continuam a sentir-se alguns ciúmes. E por vezes por despeito ou só porque sim, dizem-se coisas em frente aos filhos, que nunca se diriam, se a razão não andasse completamente toldada.

De facto, é uma fase da vida em que esquecemos a sensatez, disparamos para todos os lados, atropelamos os dias e quase parecemos bonecos desarticulados. Mas Roma e Pavia não se fizeram num dia e a adaptação a novas reconfigurações familiares também não. E dão trabalho. Oh se dão! Mas as coisas são mesmo assim, há uma certa fatalidade nisso. No entanto, também acredito, e isso é mesmo bonito, que no fim somos nós que escolhemos, somos nós que decidimos se continuamos ou atiramos a toalha ao chão. Somos nós que decidimos se depois de toda a tormenta e dos invernos da vida, estamos novamente prontas para a bonança e para os dias soalheiros de verão.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A difícil arte de começar de novo – parte II



Depois de uma separação, de um divórcio, ou de uma crise de vida, passamos por momentos tumultuosos e desgastantes, até sentirmos que estamos prontos para começar de novo. Há quem tenha a certeza de que nunca mais vai querer passar pelo mesmo outra vez, começar do zero, ou voltar a amar. Há quem confesse ter medo de ficar sozinho ou que mais ninguém se interesse por si, ou ache que vai ser muito complicado por causa dos filhos, ou tudo junto… – e a verdade é que se não é a vida a boicotar-nos, somos mestres em fazê-lo a nós mesmos. 

É normal haver medos e dúvidas, mas são tantas as questões que surgem, que ficamos exaustos só de pensar no que vem pela frente. “O que é que os outros vão dizer?”, “Será cedo demais?”, “Como é que as crianças vão reagir?”, “Estarei apaixonada ou apenas carente?”, “E se correr mal?”… É normal colocarmos questões, é normal ter dúvidas, é adaptativo o medo do desconhecido, do re-começo. Torna-se desadaptativo se nos congela, bloqueia, paralisa e não nos permite seguir em frente.

Um grupo de especialistas criou uma fórmula que aponta mais ou menos para o tempo certo para re-começar. Dizem eles que é um mês de espera por cada ano da relação que terminou. Ou seja, 5 anos de relação equivalem a pelo menos 5 meses de espera até estar pronto para começar de novo. Esta é, pelos vistos, uma fórmula matemática, mas não será de certeza uma fórmula mágica que resulta para todos. De qualquer modo é interessante pensarmos nisto.

Quando sentimos que podemos re-começar, que a vida nos está a dar - e nós próprios nos estamos a dar - uma oportunidade de voltarmos a ser felizes é quando deixamos de estar demasiado presos a lembranças, dúvidas, ressentimentos…ou devia ser. Por isso, e tal como foi referido na parte I, é preciso dar tempo, para que o passado fique no passado, para que o perdão aconteça, para que nos encontremos e nos sintamos realmente bem connosco próprios, sem precisarmos de mais ninguém. Estamos prontos para ter outra pessoa na nossa vida quando não precisarmos dela. Faz sentido?

O medo do vazio, do silêncio, da solidão, torna-nos frágeis e mais dependentes. Quando nos fortalecemos e nos tornamos mais autónomos e mais seguros, aí sim, estamos prontos. Embora a vida toda tenhamos ouvido que “a dor da perda de um grande amor se cura com outro grande amor”, temos de perceber e aceitar que não é um novo amor que nos vem salvar de nós mesmos, não é um novo amor que nos vem completar. Quando ele chegar já temos de nos ter salvo. Somos nós os nossos próprios bombeiros. Os nossos apaga fogos. Os nossos salva vidas.

E para isso é preciso trabalhar, trabalhar, trabalhar. Trabalhar a tolerância à frustração, a tolerância à mudança, a capacidade de adaptação a novas situações; trabalhar para estabelecer expectativas mais realistas, para mudar comportamentos e atitudes. Em suma, trabalhar o nosso novo Eu.

Saber o que se quer, o que não se quer, o que se idealiza e ter o passado resolvido são passos essenciais para não repetir o mesmo guião no novo relacionamento. De facto, saber o que realmente queremos, o que nos faz felizes; saber também o que precisamos mudar em nós para podermos viver uma nova relação com futuro; sentirmo-nos preparados para aceitar alguém real, diferente das nossas expectativas e idealizações, diferente do que somos e do que o outro era; aceitarmos que quem vem é um ser humano também com alguns defeitos; aceitar que é impossível mudar seja quem for a não ser nós mesmos; não desejarmos substituir ninguém; não entrarmos em comparações e cobranças; não termos medo de mudar, mesmo que seja doloroso,tudo isso são tarefas-chave desta nova fase da vida.

Nós funcionamos inevitavelmente por substituição. É comum que o novo amor seja alguém com características, físicas e/ou comportamentais semelhantes àquele que se foi. Seleccionamos alguém que pareça corresponder às nossas idealizações, sobretudo quando o outro imaginário continua presente. Temos tendência a comparar, cobrar e exigir que quem chega supere e cure todas as feridas e, assim, mais uma vez podemos correr o risco de não estar a ver a pessoa real, mas a que imaginámos, a que só existe na nossa cabeça. E podemos correr o risco de repetir os erros que cometemos no relacionamento anterior. É muito importante confrontarmo-nos com isto para que aceitemos que a pessoa que vem não tem de ser mais ninguém a não ser ela própria. Não há pessoas iguais, somos todos diferentes. E se não há pessoas iguais e esta nova pessoa é única, não a podemos amar da mesma maneira que amámos o nosso antigo amor. Temos de encontrar novas formas de amar, novas formas de nos relacionarmos e procurarmos não trazer demasiada bagagem para o presente. Por mais compreensivo que o outro seja pode sofrer, ressentir-se e até saturar-se. 

Reinventar-se é a solução. Repensar a própria identidade. Criar uma nova pele. Reconstruir-se. Mas não podemos esquecer que existem forças psíquicas que vão procurar fazer com que tudo permaneça na mesma. Porque mudar dói. Queima como ferro em brasa. Mesmo quando mudamos para melhor. 

Seja um amor definitivo ou um amor de transição – sim, aceite também que pode não ser o amor da sua vida e não há mal nenhum nisso – permita-se vivê-lo como uma nova oportunidade e com muita intensidade. Por isso aproveite, aproveite muito. Começar de novo tem coisas tão boas! Ainda se lembra do que é sentir um friozinho na barriga ou borboletas no estômago?



E depois de passarmos as passas do algarve não merecemos alguma paz, com agitação positiva? Agora sabe o que quer, mas também sabe que não vale a pena aborrecer-se por coisas que não merecem, que nem passam muitas vezes de ninharias. Saiba escolher as suas batalhas, aceite que nenhum relacionamento é perfeito e prefira ser feliz a ter sempre razão.



Espero que tenham gostado. Na parte III falaremos da nova relação e no envolvimento dos e com os filhos.





domingo, 23 de outubro de 2016

A difícil arte de começar de novo – parte I


Um dos pilares de apoio ou sustentação do ser humano é a relação que ele mantém com os outros. De facto, não fomos feitos para ficar sozinhos e quando acontece uma separação temos uma necessidade vital de fugir do vazio que se instalou bem dentro de nós e que não foi apenas causado pela ausência daquele com quem partilhámos a vida, mas por todos os sonhos desfeitos, por todos os projectos e planos que ficaram por realizar.

Aceitar que tudo mudou e seguir em frente exige uma determinação e coragem épicas. Lidar com tantos sentimentos, muitos deles contraditórios – raiva, negação, culpa, tristeza, saudade – vira a nossa vida de pernas para o ar e quando se misturam é como se tivéssemos caído mesmo no olho do furacão, com ventos de 185 km por hora. 

O fim de uma relação é como um luto que se faz, que leva tempo, que deixa marcas e que faz mossa. Que condiciona tudo o que vem a seguir. Começar de novo é difícil, é algo que pode demorar e não deve ser apressado. É uma conquista que não acontece de um dia para o outro, mas terá de começar algum dia e por algum lado. Então que comece por nós, num olhar para dentro, num trabalho solitário, dorido, mas necessário, para que o fantasma do passado não crie uma sombra sobre o futuro. 

A ansiedade de se estar só pode-nos levar a escolhas não reflectidas, pode atirar-nos para um novo relacionamento antes de estarmos prontos, antes de termos feito a catarse ao relacionamento anterior. Então, antes de escrever sobre o novo relacionamento (parte II), será importante pensar sobre o que estamos a deixar para trás.

Tenhamos a idade que tivermos, um divórcio obriga-nos a crescer, de repente, de forma dolorosa, porque a vida não espera. As tarefas repartidas passam a ser só de um e temos de aprender a ser independentes, a viver sozinhos, a fazer coisas que para o outro eram simples, mas que o não são para nós Aceitar perante todos o novo estatuto, dar ou não dar explicações, responder ou não a perguntas indiscretas, ter vontade de desaparecer…mas continuar. Isto é crescer e é assustador.

Mas crescer é também responsabilizarmo-nos pelo porquê de a relaçãonão ter resultado. É necessário reflectir sobre isto a sério, enquanto ainda lambemos as feridas. Fosse qual fossea tomar a iniciativa de pôr um ponto final, é importante pensarmos sobre o que fizemos e não fizemos e não só sobre o que o outro fez, não fez e deveria ter feito. Será que compreendemos realmente porque é que não deu certo?

A ideia não é de todo reacender mágoas e encontrar culpados ou bodes expiatórios. É necessário parar de alimentar pensamentos destrutivos, culpabilizantes, vitimizadores, que não deixam seguir em frente. E a ideia é mesmo seguir em frente. Pensar sobre isto para aprendermos mais sobre nós e reaprendermos a ser felizes. Não é ficar preso à dúvida, agarrados com unhas e dentes ao questionamento permanente: “”Onde foi que eu errei?”, “Onde foi que eu errei?”, “Onde foi que eu errei?”, “E se eu tivesse feito diferente?”. 

As respostas podem demorar. Podem até nunca chegar. Não se atormente. Aceite que a vida tal como a conhecia mudou, diga basta à raiva, afaste-se da culpa e de todos os sentimentos negativos. E se for necessário lute. Lute até sentir que esgotou todas as hipóteses de recuperar o que já foi perdido.

Faça o luto à relação, às idealizações, às expectativas. Numa relação, o outro não é apenas o outro. O outro divide-se entre o outro real e o outro imaginário. Aquilo que ele é e aquilo que sempre desejámos que fosse. É muito comum que haja discrepâncias entre eles, porquenós idealizamos muito. Idealizamos e internalizamos o outro dentro de nós de acordo com as nossas necessidades, expectativas e percepções. E quando nos separamos, separamo-nos do outro real e a fantasia demora a desaparecer. Crescer também é parar de confundir idealização com realidade.

Não mate o amor. Nem mate o passado. Ao amor deve dar sempre mais uma oportunidade, quando a altura certa chegar. Ao passado deixe-o simplesmente onde ele pertence, no passado. Retire fotografias, objectos, roupas que tragam à memória aquilo que não é tempo para ser lembrado. Faz sentido manter as lembranças longe da vista e longe do coração (claro que quando há filhos deve deixar algumas lembranças do pai nos quartos das crianças). Se ainda existem objectos do outro lá por casa, é porque ainda não sente que consegue fazer este corte. Mas renovar é preciso. Não é tolice quando se aconselha a redecorar a casa, mudar de corte de cabelo, substituir o guarda-roupa, ou algumas peças, ir para o ginásio, fazer coisas novas. Mudar ajuda a partir para uma nova fase da vida, de nos redescobrirmos, de resgatarmos uma identidade pessoal e social muitas vezes perdida, de reconquistar a felicidade.

Quando a separação psicológica acontece, - porque a separação física é apenas uma das etapas e euma separação efectiva requer uma separação psicológica – vai conseguir retirar a importância que colocou no outro, vai conseguir enterrar os mortos, mesmo que eles ainda estejam bem vivos.

E um dia vai conseguir fazer as pazes com o passado, vai deixar de pensar nos anos de vida que perdeu e no que deu de si sem valer a pena. Um dia talvez consiga acarinhar os momentos bons e pensar que se no fim deu errado, em algum momento do caminho deu certo. Como li algures “Se o amor não deu em nada, não se engane, deu amor”. Faça-o por si, para que o rancor, a raiva, os remorsos possam desaparecer. Perdoar é seguir em frente. Perdoar não é esquecer.

Aceitar que nem tudo foi mau não é querer voltar a uma vida que já ficou para trás, que embora conhecida, não foi o que sonhou para si. É seguir em frente, rumar ao desconhecido, começar de novo, com toda a coragem que vai conquistando pelo caminho, sabendo que não quer ser quase feliz ou ser feliz só um pouco, ou às vezes, ou mais ou menos.






domingo, 9 de outubro de 2016

O que é isto da inveja ou será que a galinha da vizinha é mesmo melhor do que a minha?


Sei, à partida, que, ao bordar este tema, vão surgir comentários do tipo: “Deve julgar-se mesmo importante, coitada”, ou “Mas ela pensa que tem alguma coisa que valha a pena ser invejada?” (tal como disse a Sónia Morais Santos há uns dias, parece que as bloggers “têm a mania de medir tudo pela inveja”) – mas a verdade é que esta questão é recorrente e por isso corro o risco e quero mesmo deixar esta reflexão em jeito de crónica.

Começo por confessar que, ao longo da minha da vida tenho sentido algumas vezes o sabor amargo da inveja. Ou porque sempre fui boa aluna, ou porque mais tarde criei a família que muitos consideravam perfeita, ou porque com 4 filhos conseguia conciliar, aparentemente muito bem, a vida pessoal, com a familiar e com a profissional. Mesmo quando tudo mudou e o meu projecto de vida terminou e eu passei um mau bocado, continuei a ouvir falar de invejas. Desta vez é porque achavam que tinha dado a volta à situação e tinha até, imagine-se só, conseguido mais tempo para mim. Até uma querida amiga acabou por me confessar que gostava de estar no meu lugar, que só mesmo se se separasse é que ia conseguir voltar a sentir-se pessoa, para além de mulher e mãe. Também me aconselharam a não falar sobre a minha vida relacional, quando reencontrasse o amor – “Há muita inveja por aí!” – e também associaram os episódios menos positivos que me iam acontecendo ao mau olhado, olho gordo ou mal de invejas. De facto, até o senso comum aconselha: Se estás bem não fales nisso.

E eu como sou do contra, achei que estava já na hora de falar sobre este tema tabu, talvez o grande não dito dos nossos tempos, mas de que todos já mais ou menos provámos o sabor amargo ou já sentimos na pele as ferroadas, bem piores do que as de um lacrau. É provavelmente o sentimento mais mal visto e dos mais antigos da Humanidade – de Caim a Abel, às madrastas más da Branca de Neve e da Gata Borralheira, a Mozart que foi alvo da inveja do compositor italiano Satieri, às obras de Shakspeare, aos filmes, séries ou telenovelas mais actuais, a inveja sempre esteve presente e, se por um lado ela é ocultada, por outro é caracterizada como fazendo parte da vida. A realidade é que a inveja é natural e está presente nas relações humanas, está presente no nosso quotidiano, mesmo quando não conseguimos admitir que lá está.

Porque é que sentimos inveja ou porque somos invejados?

Sentimos inveja porque comparamos e, muitas vezes, quando comparamos invejamos e com a inveja vem o ressentimento e a frustração de não conseguirmos o mesmo, de não sermos assim, de não termos as mesmas coisas. A questão é que só sentimos inveja porque nos falta uma grande dose de amor próprio para nos sentirmos felizes com o que temos e competências para conseguirmos também bons resultados para nós, sem termos de passar por cima de ninguém. O sentimento de inferioridade é um veneno que nos vai corroendo por dentro.

Está patente na vida de todos nós este padrão e o que é preciso é saber como geri-lo – comparações, competições, rivalidades. Podemos até falar em desamor social. Crescemos com a ideia de termos de ser os melhores, que não podemos deixar ninguém passar-nos à frente. A competição é uma característica humana que sempre esteve e vai continuar a estar presente na nossa sociedade.

Nós conhecemo-nos e percebemos do que somos capazes através do outro, através da tal comparação que fazemos. O curioso é que o processo começa por ser de identificação e de admiração. Eu só invejo o que admiro, mesmo que não admita isso, nem sob tortura. Eu admiro, mas em vez de ficar feliz pelo outro e lutar para conseguir também bons resultados, passo a desejar o que o outro tem, o que o outro conseguiu, o que o outro é. E em vez de lutar pelos meus objectivos, diminuo-me, invejo e desejo até que o outro perca o que possui. Pelo caminho ainda troço do que o outro é, humilhando-o, muitas vezes de uma forma indirecta, desvalorizando os seus feitos e até “roubando”as suas ideias.

Esta inveja surge da observação das nossas próprias limitações ou da percepção errada dessas limitações. Muitas vezes parece que não fomos competentes, mas a nossa maior dificuldade foi “simplesmente” a de escolher adequadamente metas, traçarmos objectivos possíveis de alcançar. E em vez de procurarmos olhar para as coisas desta forma, continuamos a desejar o que o outro tem, em vez de mudarmos as nossas percepções, adaptarmos metas e valorizarmos o que já conseguimos atingir, procuramos sobretudo fora de nós, quando o caminho passa por olharmos para dentro. Vive-se focado no que falta e não no que se tem.

A inveja revela muito mais sobre o invejoso do que sobre o invejado. Revela medos, incapacidades, percepções distorcidas. Como mostra a palavra, inveja vem do latim in-evidere, que significa não ver ou ver enviesado. Vemos com uma lente de aumento o que o outro tem e utilizamos a mesma lente para ver o que nos falta. Então, será que a galinha da minha vizinha é mesmo melhor do que a minha? Depende tudo da nossa percepção.

Há quem fale em inveja boa, inveja branca. Temos tanto medo da inveja que quando a sentimos, sentimo-nos obrigados e reforçar que é do bem. Sim, a inveja pode ser boa, mas também há quem diga que se for boa não se pode/deve chamar inveja, tal é a carga negativa que carrega.

Se tomarmos alguém como referência, se tivermos alguém como modelo, se essa pessoa nos motivar, se ao nos compararmos nos sentirmos estimulados a sermos melhores, se nos tornarmos mais criativos… isso só pode ser bom. Nos primórdios da evolução a inveja teve um papel importante. Desejar o que o outro conseguia era um indicativo do quanto era possível conquistar. Se um macaco conseguia dois cachos de bananas e outro conseguia cinco, o primeiro macaco percebia que também ele podia conseguir uma quantidade maior. Isto estimulava a competição, competição esta que ajudou na evolução da espécie.

Daí que possamos dizer que a inveja é um dos sentimentos mais antigos e primitivos. Segundo os psicanalistas, até o bebé sente inveja da mãe porque é dependente dela, porque o alimento provém da mãe e não está sempre ao seu alcance. Pode mesmo recusar o peito como retaliação. O bebé precisa então de tolerar as frustrações para que cresça saudável. E fundamentalmente é o que todos que sentem inveja precisam. Tolerar as suas frustrações, olhar para si mesmo e descobrir potencialidades, recursos, formas de ficar e ser feliz. A inveja tem cura.. E o primeiro passo é assumir-se que se sente inveja. Ao fazê-lo esta perde a força demolidora que tem. Podemos continuar a admirar o outro e as suas capacidades, sem querer que algo de mau lhe aconteça ou que perca o que conseguiu atingir.

Deixamos de sentir inveja quando sentimos gratidão. Gratidão pelo que se conseguiu alcançar, pelo que a vida nos deu, aceitando também que ela não é perfeita. Usufruímos da vida que temos quando deixamos de viver a ilusão de que só seríamos felizes de outra maneira. Então a chave é aceitar, conviver bem com a realidade, em suma, gostar da nossa galinha!

O facto de nos compararmos não tem de ser mau se nós, pais, educadores, adultos em geral, soubermos que uma pressão desmedida e que uma visão destorcida da realidade podem tornar as nossas crianças infelizes e escravos de eternas comparações. Mas tal como referi, a comparação não tem de ser má. Um estudo realizado pela Associação Americana de Psicologia mostra que quem tem a oportunidade de ver alguém a realizar uma tarefa, consegue ter ideias novas, ser mais ousado, mais criativo, mais flexível do que aqueles que não observaram ninguém a praticar as mesmas actividades antes de si próprio. Agora, é importante nunca nos esquecermos que não somos todos iguais. Se há os que se sentem estimulados com a competição, há aqueles que sofrem muito com isso.

Então, tal como a raiva, o medo, a tristeza, a inveja pode ser um sentimento que nos ajuda a viver e a progredir, se em doses moderadas. A solução é aprender a dominar as emoções e viver concentrados no crescimento pessoal, no desenvolvimento da auto-estima e ainda inspirando-nos no que se passa à nossa volta. Se o que cobiçamos nos destrói, o que admiramos constrói-nos.

E o invejado? Há algo que ele possa fazer?
Quem é invejado sente-se vulnerável e essa é a sua fragilidade. Acreditar no poder da inveja, acreditar que a inveja pode prejudicar é colocarmo-nos numa posição de medo, de profecia que se auto-cumpre – vamos estar sempre a pensar que aquela vitória ou aquele acontecimento positivo vai acabar a qualquer momento e acabamos por agir em conformidade. Acreditar que os outros têm tanto poder, limita a nossa vida. E depois, se algo de mau efectivamente ocorre vamos sempre achar que foi por algo que nos fizeram – se atribuímos a nossa felicidade a nós mesmos, então também devemos atribuir os nossos infortúnios aos nossos actos, porque nós somos responsáveis pelo que nos acontece. Cada um é sobretudo responsável por se deixar influenciar por sugestões, opiniões ou sentimentos dos outros. Por mais que nos custe aceitar, nós é que acabamos por alimentar os sentimentos negativos que outras pessoas possam ter em relação a nós. Então a receita continua a mesma – concentre-se no positivo, concentre-se em ser feliz!



Para finalizar, como é que podemos saber se alguém é mesmo nosso amigo ou se no íntimo morre de inveja da nossa vida? Se pensarmos bem, vamos conseguir concluir que não é só nos maus momentos que se vê quem está efectivamente ao nosso lado, quem é verdadeiro, genuíno, amigo. Os verdadeiros amigos são aqueles que vibram com o nosso sucesso, com a nossa felicidade. Aqueles que ficam contentes por nos saberem bem, que ficam felizes por estarmos felizes, que querem para nós simplesmente o melhor.



quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Perda gestacional







Um sonho que se desfaz. O que fazer depois disto?

Falar de perda, de qualquer perda, é muito difícil.

Mas ainda há tanto para relectir.

Quando acontece uma perda, qualquer perda, é muito importante haver possibilidade de nos despedirmos, como forma de entender o significado e processarmos e elaborarmos a perda.

Um sonho que se desfaz. O que fazer depois disto?

É importante termos uma atitude transformadora perante a dor - o que muda, o que pode mudar é a forma de lidarmos com a perda. A dor nunca vai passar.

Falar de perda, de qualquer perda, é muito difícil.

Meu Deus, como é importante que todos percebam que perder um filho dói, mesmo que não chegue a ter vivido fora da barriga.



Maravilhoso documentário...não deixem de ver.




terça-feira, 20 de setembro de 2016

A capacidade de estar só ou como lidar com a solidão



Estamos sempre em rede e afinal estamos quase sempre sozinhos.

Há dias li um comentário de uma amiga virtual que dizia que ninguém se devia fiar no número de amigos do facebook – o mesmo é dizer que o número de amigos do facebook não é indicador de uma rede de suporte consistente no mundo offline. Foi só um comentário que alguém deixou a alguém, mas para mim tocou numa questão sobre a qual tenho reflectido bastante e trocado impressões com os meus botões.

A verdade é que estamos na era do “ao alcance de um toque”, mas estamos cada vez mais sozinhos.

Quando comecei a minha relação, que passou a casamento e terminou em divórcio, estávamos ainda a anos-luz da realidade actual. Eu ainda tinha uma máquina de escrever em casa… Por amor de Deus! Depois passei para computador, mas sem internet e quando voltei a ficar solteira, muitos anos depois, o mundo tinha mudado – internet, facebook, instagram, twitter, touch, ipodes, ipads, iphones, chats – e nada mais seria igual.

“No meu tempo” não estávamos à distância de um toque, mas também não havia tantos mal entendidos: porque se está online, porque não se está online, porque não respondeu ainda à mensagem enviada, porque aceitou um pedido de amizade de x, porque enviou um pedido de amizade a y… Podia haver outros temas, mas estes não havia de certeza. Isso quer dizer que os desaguisados modernos são apenas frescuras dos tempos que se vivem? Frescuras ou não – não me parecem frescuras, porque quanto a mim este assunto é sério – são, sem dúvida fruto da era em que vivemos. E isso assusta um bocadinho…

Não sei se antigamente era melhor. Era sobretudo diferente e temos de pensar nisto para podermos agir, para podermos retirar o que de bom a vida online nos trouxe e tentar de alguma forma contornar os problemas que também nos trouxe. E são muitos, de facto.

Antigamente estávamos mais sozinhos…mas sentiamo-nos menos sós. Parece paradoxal, mas faz sentido, se pensarmos bem. Antigamente sabíamos esperar, sabíamos lidar com a espera, sabíamos lidar melhor com as frustrações, com a solidão, as rotinas e com a presença do outro, quando ela existia. Podíamos passar mais tempo sozinhos, mas as relações eram mais vividas presencialmente. Agora está-se quase sempre presente na vida do outro, mas efectivamente isto é um engano, uma ilusão.

Fala-se muito da falta de toque, do viver por trás do ecrã, de coleccionar relações em relativamente às quais não nos entregamos totalmente, tudo para explicar as grandes neuroses dos tempos em que vivemos

Eu vejo a vida actual de uma forma um pouco diferente.

Vê-se mais, exige-se mais, controla-se mais… e não sabemos lidar ainda com isso. Estamos mais contactáveis, o que pode ser bom, mas isso é válido para todos, o que leva a mais ciúmes, mais controle, mais obsessões, mais depressões…porque percebemos que no fundo não controlamos praticamente nada e a vida escorre-nos por entre os dedos. A verdade é que nunca controlámos, mas antigamente não tínhamos tanta percepção disso quanto agora. Não conseguíamos chegar ao outro tão facilmente, ele não estava tão acessível, mas também não estava acessível a ninguém, quanto muito aos colegas de trabalho – as infidelidades estavam quase todas associadas ao trabalho e agora há um sem número de novas possibilidades. Agora, as pessoas estão acessíveis praticamente 24 horas por dia e chegam em segundos a qualquer parte do mundo.

Já li artigos que referem que agora somos todos mais fracos, que nos escondemos atrás dos écrans, que os laços criados não têm consistência e que podem ser facilmente desatáveis, mas, no meu ponto de vista, somos todos mais fortes para conseguir sobreviver nesta enorme selva tecnológica, em que a segunda pergunta, depois do “Como é que te chamas” é “Tens facebook?”.

Temos de ser fortes porque temos de confiar mais no outro, na relação e em nós próprios. Temos de trabalhar cada vez mais a capacidade de estar sós, quando o outro está mesmo “ali ao lado”. Tem de se confiar que, mesmo com tantas mudanças a acontecerem simultaneamente, nada vai mudar irremediavelmente no minuto a seguir. Temos de ter essa segurança. As pessoas ainda gostam uma das outras à boa maneira de outros tempos e temos de acreditar piamente nisso.

O bicho papão é a solidão que sentimos e os aliados da solidão são vários, principalmente o medo de sermos trocados, de não sermos suficientemente bons para mantermos uma relação que perdure no tempo, o medo de não conseguirmos preencher o vazio que sentimos e de não termos resposta para tantas dúvidas que nunca poderão ser respondidas. E se a solidão é o bicho papão e o medo o seu grande aliado, o antídoto está no salto de fé que temos de dar. Temos de acreditar, continuar a acreditar, não parar de acreditar. Mas acreditar no quê? Na integridade, na verdade, na bondade das pessoas, na solidariedade, na capacidade de amar os outros e sobretudo a nós mesmos, na capacidade de aceitarmos que não somos donos de nada nem de ninguém, de que ninguém verdadeiramente nos pertence, na capacidade de aceitarmos que a vida é feita de escolhas, de escolhermos parar de nos sentirmos ameaçados, na capacidade de pararmos de controlar o outro, de sabermos esperar, de aprendermos a desligar.

Quando decidirmos lutar por nós, vamos treinar a possibilidade de desligar, de relativizar, de sermos mais calmos em relação ao que nos rodeia, às pessoas, coisas e circunstâncias, fortalecemos o amor-próprio e a capacidade de estarmos sós. Aprender a desligar na era dos mil olhos abertos dia e noite parece uma inconsistência, mas talvez o caminho seja mesmo por aqui. Só podes estar verdadeiramente conectado a alguém, criar laços consistentes, se aprenderes a desligar.

Back to basics. Ah pois é! Achas que consegues?



terça-feira, 4 de agosto de 2015

O teu futuro é hoje



Futuro. Presente. Passado. Por vezes meio desfocado, porque as memórias formam borrões e distorcem um pouco a realidade. Já pensaram que só vemos o que queremos ver?
Futuro. Presente. Passado. Todos temos uma mala que carregamos connosco, uma bagagem por vezes demasiado pesada, algumas curvas sinuosas com sabor a fado.
Quando nascemos, nascemos sempre da estória de alguém. Chamemos a isso amor, acaso ou continuidade. E no fim faremos sempre parte de uma estória maior e teremos sempre também a nossa própria estória, um enredo-que-podia-ser-um-filme, com mistura de açúcar e sal. De facto, a vida é feita de múltiplas narrativas que se entrecruzam, que se interligam, que coexistem. Para o bem… e para o mal.
Vivemos quase sempre como se fossemos personagens de um livro já escrito, um guião dominante do qual não podemos fugir nem escapar. Nunca deram por vocês a pensar “Quero mais, quero tudo, quero o que ainda não veio, o que ainda não chegou, se atrasou… não pode ser tarde demais!”?
Muitas e muitas vezes, vezes sem fim, deixamos escapar outras leituras, outras construções, outras possibilidades. São as nossas estórias alternativas. As que deixámos na sombra, por não encaixarem, por parecerem desgarradas do resto, por sentirmos que não as merecíamos, porque tivemos medo, ou simplesmente porque não demos por elas.
Se resgatarmos estas estórias podemos criar outros caminhos, outras conclusões, outros finais.
Se olhares para o passado é para pensares no que ainda te falta fazer, li algures. E eu acrescento, se olhares para o passado é para olhares com atenção, para aqueles momentos em que o guião podia ter sido outro, que foi outro, mesmo que por breves instantes. Pensa no que foi diferente, no que podia ter sido diferente, no que podes ter deixado escapar. Mas olha bem, sem medo. Usa o que podes. Usa o que tens. E pensa que o pior cego é mesmo aquele que não quer ver.
Não esperes que a vida se resolva sozinha. Tu és tu e as tuas múltiplas encruzilhadas, as tuas múltiplas lentes, as tuas múltiplas verdades. O teu multiverso – seja lá isso o que for.
Não esperes que a vida se resolva sozinha. Não queiras ser apenas feliz no futuro. O futuro é agora. O teu futuro é hoje.




Este foi o segundo texto que escrevi para a Maria Capaz e que saiu hoje mesmo. Mais um orgulho.

sábado, 1 de agosto de 2015

Joana Bento Photography Take II



Arriscar é o nome do jogo.
Arriscar colocar o destino nas nossas próprias mãos.
Que corajosos somos quando fechamos o ciclo e nos permitimos ser felizes de novo.
O mais importante de tudo? Gostarmos de quem somos no final de mais um dia.
O maior amor de todos? O amor próprio.



Ouvir aqui



















Fotógrafia: Joana Bento
Make up: Kris
Corte e coloração: Marisa Imagem

ver também: http://avidaa4d.blogspot.pt/2015/07/joana-bento-photography-take-i.html

domingo, 26 de julho de 2015

Dia dos Avós


Sou mãe. Ainda não sou avó.

Já algumas vezes me imaginei como avó e que tipo de avó iria ser. Mas a experiência já me mostrou que nem sempre as coisas acontecem como nós idealizamos.
Conheço uma avó que tem um amor e um colo infinito à espera de uma neta, que a mãe teima em afastar.

Fala-se em alienação parental. Será que é tão difícil perceber que os netos também precisam dos avós, precisam da família extensa, para o seu pleno desenvolvimento, amadurecimento...para serem crianças completamente felizes? A privação injustificada desse convívio é uma espécie de alienação e utilizar os netos/filhos como elementos go-between é das armas mais letais que existe.


Sou mãe. Ainda não sou avó. Mas quero poder viver devagar o crescimento dos meus netos. Saborear, abraçar, dar afecto. 

É muito difícil fazer este exercício de imaginação, porque isso significa ter de imaginar os meus filhos num patamar onde ainda não os consigo encaixar.


Espero estar pronta para esse papel, quando a altura chegar. Espero não defraudar expectativas, talvez uma das coisas mais difíceis de alcançar.

Na realidade não sei se me consigo ainda imaginar como avó. Muito menos as avós da nossa infância, num mundo que evoluiu tanto, que mudou tanto desde aí... para o bem e para o mal. Se calhar ainda tenho muito trabalho pessoal a fazer, muito trabalhinho de casa, como se costuma dizer. Aprender a não ter nunca medo de elogiar, de não ter medo de mostrar afecto, não ter medo do que não entendo, de não achar que há sempre uma segunda intenção escondida; aprender a aceitar mais as diferenças e a saborear mais a vida, a viver tudo por inteiro, não aceitando metades. Aprender a alimentar as amizades. Aprender a perdoar.

Só depois de aprender poderei ensinar. Que chorar faz bem, que devem chorar sempre que for preciso, que ouvirão nãos e que estes podem ser muito mais valiosos do que os sims que esperam ansiosamente por ouvir. Que também vou errar porque sou de carne e osso, embora tenha uma espécie de desejo secreto que eles me achem tão cool como uma super-heroína. Super-avozinha? Hummm, não vamos por aí:)
Quero que saibam que terão sempre aqui um ombro amigo, ao longo de toda a sua vida.

Muitas destas coisas já estou a aprender, ou ainda aprenderei com os meus filhos. Outras acredito que só chegarão com esse novo degrau alcançado. Com toda a maturidade que só o tempo é capaz de esculpir e fazer realçar.


Um beijo aos 4 pares de avós que os meus filhos têm a imensa sorte de terem neste momento, os de sangue e os que a vida colocou no seu caminho: João, Ilda, Fernando, Zetinha, Titó, Tita, Leonel e Paula.

Avós que por vezes erram, que muitas vezes acertam, mas que não deixam nunca de tentar.


Um beijo ao meu avô, que ainda por cá anda, no alto dos seus 90 anos.Um beijo à minha avó, à minha luz, à minha estrela-guia. O que eu daria agora para poder pegar no telefone e falar com ela. E algumas vezes quando ainda podia, por pressa, por ter mil e quinhentas coisas para fazer, porque simplesmente não estava com paciência ou in the mood, não falei o que queria falar e até a despachei mais rapidamente do que devia. Perdoa-me também por isso. Perdoa-me por ser muito difícil para mim dizer "amo-te". Sei que o sabias, para além das palavras...mas perdoa-me, sim?


Como dizia o outro senhor, peguem no telefonem e liguem. Não deixem nada por dizer. A vida é tão transitória que amanhã é sempre tarde demais.




Feliz dia para todos os avós.




10 anos na blogosfera



Queria escrever muita coisa. Queria escrever qualquer coisa. Não se fazem 10 anos de blogosfera todos os dias.
10 anos é muito tempo.
Mas não sei o que dizer.
Este é um mundo à parte. Cheguei antes da febre dos blogs, antes da ligação com as marcas, antes de ser um negócio. Nunca escondi que achava que podia e devia ser um negócio, mas ao alcance de poucos. Para ser um negócio cheguei a deixar muitas vezes a família em segundo lugar. E a ter que pagar um preço bem alto por isso. Com juros elevadíssimos.
Continuo a achar estranho receber convites maravilhosos para as 10, 11 da manhã ou 15, 16 da tarde. Gentilmente agradeço, porque continuo a emocionar-me e a sentir-me entusiasmada por ser convidada, de ser considerada uma blogger de referência, mas quase sempre comento também que tenho infelizmente de declinar porque estou a trabalhar e que parece que esses convites são endereçados a quem tem o blog como única ocupação.
Conheci muita gente, ganhei mundo, mas também perdi muito. É um espaço ainda mais competitivo do que o universo académico, quem diria? E só não nos afecta se fizermos um esforço para não nos afectar. E foram precisos muitos anos para conseguir fazer esse movimento e ter essa percepção. 
Já escrevi para mim, já escrevi para as marcas, já voltei a escrever para mim.
Um dos maiores elogios que já me deram é que se via que era um blog real. Não tanto por contar muita coisa, mas muitas vezes por deixar nas entrelinhas que a vida não é perfeita e que não vivemos dentro de uma revista cor de rosa. Que o facto de estar vários dias sem postar também mostrava bem a realidade de quem tem mil coisas para fazer.
Por vezes sonho estar agenciada e ter uma equipa a trabalhar comigo. Por vezes sonho ser uma completa desconhecida e simplesmente escrever o que me der na real gana.
Entre mortos e feridos, o balanço destes 10 anos, mesmo assim, continua a ser muito positivo. Já deitei algumas lágrimas, já soltei muitos sorrisos.
Por causa do blog dei workshops ligados à psicologia; por causa do blog tive pedidos para terapia; por causa do blog organizei as minhas feirinhas. Por causa do blog estou a escrever um livro!


Por isso, sim, vou continuar enquanto valer a pena, enquanto achar que devo continuar, enquanto me quiserem ler.

10 anos. Obrigada a quem chegou agora. Obrigada a quem me apanhou pela metade. Obrigada a quem está comigo desde o início. Obrigada. 





quinta-feira, 25 de junho de 2015

Merde! Porque em francês soa sempre muito melhor



Nem sempre sabemos quem somos. Passamos uma vida inteira a tentar descobrir e a tentar definir, basicamente tudo, principalmente nós próprios. Ou será que nos vamos sempre só conhecer através do olhar do outro?

Sempre me disseram que era uma pessoa complexa e eu via-me como simples. Parece um pouco contraditório, eu sei, mas no fundo talvez nem seja.

Não me acomodo. Por vezes quero simplesmente acomodar-me, mas depois não consigo. Sinto que a vida não é suficiente. Sinto que há tanto para descobrir. E é esta a minha maior complexidade. Simples, não?

Quero ser simples quando me tento encaixar, aceitar. apenas viver sem levantar muitas ondas. Complexo, talvez?

Sei que não sei quem sou. mas sei que não sou a preto e branco. São mais de 50 os meus tons de cinzento, as minhas sombras, as minhas nuances.

Uns estranham, outros espantam-se, outros elogiam, outros criticam. E eu entendo e não entendo. Não me revejo em nenhuma imagem que tentam criar de mim.

Tenho saudades de coisas. Algumas que não vivi. Tenho muitas certezas e a maior de todas é que sou cada vez menos orgulhosa. Chamem-me louca, mas adoro ver pessoas felizes. Sei que a minha avó deixou-me dentro do peito um pedacinho do seu coração. Um pedacinho, porque nunca vou ser como ela foi, como ainda é....algures. Gosto de me rir de coisas tolas e gostava de confiar mais nas pessoas.

Adorava chegar a esta etapa e ter um grupinho mesmo especial, daqueles loucos que são capazes de tudo para te fazer sorrir. Que te salvam quando só eles percebem que precisas mesmo de ser salva. Que aceitem os teus erros, só porque sim.

Quero chegar a esta etapa, apagar algumas páginas e começar a escrever a sério o novo capítulo. E se conseguir deixar de levar tudo tão a sério, ainda melhor. Estão a notar as minhas incongruências? São tal e qual assim. 

Tenho medo de fazer uma bucket list e de não a conseguir cumprir - tão anti-coaching, eu sei.

Tenho medo de tentar definir o que é a felicidade - não pode ser mais do que "apenas" saber lidar com as dificuldades. Porque é o mais complexo que existe. E se tentamos definir acabamos com uma mão cheia de quase nada. E penso se aos 40 se poderá começar tudo de novo?

Quando fico triste faço coisas, mexo-me, vou à luta. Quando fico muito triste fecho-me sobre mim mesma e pára tudo. Como se a vida pudesse parar, te desse a tal moratória para te recompores. Ilusões.

Antes dos 40 sabes que não mudas ninguém, mas não desistes de tentar. A partir daí tens a certeza que nunca te enganaste e finalmente começas a aceitar. Que até mudares quem és, é difícil, como um raio. 

E há dias que sabes que nem a escrita te reconforta. E sabes que vão sempre achar que estás a escrever sobre ti. E descobres, nesses dias, que não queres escrever para ninguém. Não te interessa que leiam o teu blog, que achem interessante o que escreves, nem que te dêem créditos por isso. E o reconforto vem da paz de não estares nem aí. 

E aos 40 descobres que tens ainda tanto para fazer, só não sabes por onde começar. Não aceitas nada incondicionalmente e sabes que amar é duvidar. 

Tens medos e pânicos e isso não é necessariamente mau. 

Tens de descobrir mais sobre ti e aceitar que estás disposta a descobrir mais sobre os outros. E não só sobre aqueles com quem estabeleces uma relação terapêutica, lá no teu consultório.




Tens de começar a acreditar que os 40 são os novos 30.




Merde! Aceita que tens de começar a viver. Uma vida tua. Mesmo que tenhas filhos e que sejam a razão da tua existência. Uma vida TUA.






quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Boa noite. Vamos falar de sexo?



Não, não vamos falar de sexo. Não de sexo no sentido em que nos vem logo à cabeça, apenas e só ligado à genitalidade e ao acto sexual.

Mas podemos falar de sexualidade, de intimidade numa relação a dois, de sexualidade enquanto expressão do amor.

Porque é que no nosso imaginário a sexualidade está tão associada aos órgãos genitais e tão menos à vivência saudável de uma relação?

Porque é que se insiste tanto numa educação para a sexualidade e não de uma educação para as relações?

Vivemos a sexualidade com um pé no paraíso e outro no inferno. Vivemos a sexualidade cheios de ambiguidades - é tão bom, mas é pecado; deseja-se, mas deve reprimir-se; é bom, mas pode ter consequências negativas...
Porque é que a educação sexual nas escolas praticamente começa com um "Têm de ter cuidado" e passa-se imediatamente para as doenças sexualmente transmissíveis, para os perigos de uma gravidez na adolescência, e por aí fora? Prevenir não pode ser meter medo, tornar este assunto num bicho papão, sobre o qual temos de ter pezinhos de lã e mil cuidados.

Vivemos as nossas vidas baseando-nos em mitos. Também no campo da sexualidade construímos a nossa realidade baseada em mitos e preconceitos e crenças enraizadas e muito valorizadas.

“Quando há amor a sexualidade surge de uma forma espontânea e o prazer é a consequência imediata”

“Um casal que se ama tem uma vida sexual intensa”.

“Uma relação saudável é aquela em que não há conflitos”

“Numa relação sexual o orgasmo deve ser simultâneo”.

"Se há amor há desejo"




Se há amor há desejo? Forçosamente?

Há uma crença partilhada de que o desejo é automático em pessoas que se amam. Então se não há desejo isso significa que não há amor? 
Obviamente que isto leva a um enorme stress, no casal.
O que tem menos desejo, sente-se pressionado, sente que tem problemas. O outro sente-se rejeitado, não desejado, o que reforça o mal-estar do outro.
Esta pressão leva a que o que tem menor desejo, tenha relações sexuais só para agradar. Ou acredita que se tiver relações, o desejo vai reaparecer.


Temos, enquanto adultos, de perceber o que é que a sexualidade representa nas nossas vidas, porque são as nossas teorias, as nossas crenças que influenciam o nosso comportamento.

Sabem uma coisa? A forma como nos vemos, como achamos que o nosso parceiro cuida de nós e como ele nos vê, regula o nosso desejo sexual.

A forma como eu me vejo, a forma como eu vejo o outro, como eu penso que o outro me vê, a minha história de vida, os meus modelos internalizados, a forma como eu construí na minha cabeça a ideia do que é um casal, a forma como eu vi os afectos serem geridos na relação entre os meus pais, os meus medos, a minha confiança, a minha autonomia em relação ao outro, a minha capacidade de me entregar e até a capacidade de estar só, vão interferir no desejo. E esta é só uma parte da equação, porque existe o outro e ainda existe um terceiro elemento, que é a própria relação, que vai co-evoluindo, com respeito e compreensão, facilitados pela comunicação.


Amar o outro é não precisar dele. Algo está mal no reino da Dinamarca quando precisamos do outro para gostarmos de nós próprios, para nos validarmos, para nos sentirmos fortes e seguros.












Poderá também ler:

Boa tarde. Vamos falar de sexo?






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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Resoluções de ano novo

Faltam 8 meses para a entrada nos entas. Quem mais é que é da excelente colheita de 75? :)

Pois é, entrámos em 2015, o ano em que faço 40 anos, e espero continuar a cumprir as promessas que fiz a mim própria, de receber esta nova fase da melhor maneira possível.
Em 2014, já no modo ready for forties, tive algumas novas experiências, que me fizeram muito bem, ao corpo e à alma.
Comecei a trabalhar no meu closet e consegui ter uma atitude mais prática e despojada. Finalmente consegui separar-me de peças que estavam só à espera que eu tomasse essa decisão. Parece incrível, mas acumulamos e trazemos connosco demasiadas coisas do passado. Tralha e mais tralha. No fundo isto serve para muita coisa, não é verdade?
Comecei o meu processo de depilação a laser, com o há muito esperado laser Alexandrite (aqui) e estou a adorar os resultados. So far, sooo very good.
A minha última experiência ou última novidade - sim, parece mesmo tolice, mas nunca tinha experimentado - foi o verniz de gel. Nunca percebi muito bem o frissom e burburinho à volta deste assunto e agora que experimentei fiquei rendida. Unhas mais brilhantes, mais fortes e com aspecto cuidado durante muito mais tempo. Obrigadíssima Alda por ter insistido para eu experimentar. Assim já posso colocar mais este item na minha bucket list, não das coisas que quero ainda fazer, mas dos itens que foram verdadeiras novidades para mim ao longo destes últimos 4 meses.

Este também foi o ano em que voltei a passar o reveillon com amigos e foi o máximo. Há já meia dúzia de anos que passava com os filhos, em família e obviamente que foi sempre bom passar com eles. Mas desta vez, depois de um convite irrecusável, resolvi dividir o mal pelas aldeias e passei a festa da família, em família e brindei com champagne e comi as 12 passas com amigos e o marido. Que bem que nos soube. Também entra na tal lista, o propósito de cuidar e alimentar mais um pouco as minhas/nossas relações sociais. Muitas vezes numa vida agitada como a que levamos, fica pouco espaço e tempo para cuidar da teia dos afectos, que não se devem circunscrever à família.

E agora? O que é que este novo ano me vai trazer? A verdade é que tenho imensos objectivos para cumprir, para riscar, para viver. Espero continuar a ter novas experiências, que me vão ajudar com toda a certeza a receber muito bem o dia 5 de Setembro.
Sobretudo quero trabalhar para que passe estes 8 meses com um sorriso no rosto e um brilhozinho no olhar. De quem ainda acredita, de quem não quer deixar de acreditar, que a vida é para ser vivida sem mágoas nem rancores. E se possível a acreditar que sou feliz, junto dos meus mais que tudo e de quem me faz tão bem.

E para os meus 4D? Muito amor, porque o amor vence tudo, o amor tudo supera. Muito, muito amor.


Um beijo para todos, um abraço apertado e um excelente ano. 2015 promete!




ps: este post é muito especial. É o primeiro do ano...do ano em que faço 10 anos de blogosfera.
 UAU!





quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Eu cá gosto do Natal


Não vou dizer que não gosto do Natal, porque gosto. Não gosto é de algumas coisas do Natal. Também gosto de sair do dentista com os dentes branquinhos, depois de uma limpeza à séria, mas tremo só de pensar em deitar-me naquela maldita cadeira. É mais ou menos a mesma coisa (nesta altura estão vocês a tentar perceber a minha lógica).
Gosto muito do Natal porque os miúdos vão para a casa dos avós logo que começam as férias e eu fico com algum tempo para namorar. E o que eles gostam da casa dos avós e o que nós precisamos de namorar. E depois vem a altura em que nós vamos ter com eles e passamos uma semana em família, longe do bulício dos dias. E que bom que é.
Gosto de imaginar a cara deles, felizes com os presentes - mas stresso um pouco a pensar se os mais pequenos, que querem TUDO, na altura vão adorar a infinésima parte do TUDO, ou se se vão lembrar é dos 9999 brinquedos que não receberam. O marido diz que sou tola, que claro que eles vão gostar é daqueles. Eu ainda não estou completamente convencida...o que é que querem, sou mãe!
Gosto de receber postais, e-mails, sms e até aviões com mensagens de apoio, perdão, de boas festas. Mas só dez ao todo, pode ser? Pronto, 20. Mais do que isso já não leio, confesso. Apago tudinho. Queira Deus que em nenhum desses e-mails venha escrito que também ganhei a lotaria de Natal.
Gosto de ver as pessoas bem dispostas, porque as há, elas andam aí. Não estão todas mal dispostas, a empurrar carrinhos de compras, maridos e filhos, com caras furiosas e sedentas de sangue. Tenho recebido mais sorrisos, mais palavras simpáticas, mais piadas com graça...e tenho retribuído! Sim, o Natal tem esse efeito em mim, vejam lá.
O Natal foi o mote para organizar um jantar há muito esperado. Ah e tal, podemos celebrar e estar com os amigos sempre que se quiser...mas a verdade, dura e crua, my friends, é que o Natal não pode mesmo ser quando um Homem quiser.
No Natal não gosto, por exemplo, do anúncio da Meo, nem um bocadinho. Por outro lado adoro o da Nós. Só por isso acho que devíamos aderir todos os Dont't stop me now - o Camané com ar castiço fica mesmo no ouvido.
Gosto de comprar presentes sim. Adoro. Nunca conseguiria dizer que este ano não comprei nem um presente de Natal. Mas nunca compro só porque tem de ser, mas porque quero. Não gosto se do outro lado esperarem por coisas caras, porque não as vão receber. Eu gosto mesmo é de lembranças originais, pensadas realmente para "aquela pessoa". E muitas vezes as ideias tcharan surgem-me em cima da hora. Por isso tenho presentes comprados há uns meses e outros comprados há bocadinho...e não stresso nem um pouco com isso.
Não gosto de ter de enfeitar a casa só porque sim, se a vontade não chegou. Então este ano tive uma ideia genial. Essa tarefa ficou completamente a cargo dos meus filhos, que deliraram com a possibilidade e ainda acharam que eu era a mãe mais super cool do planeta por ter-lhes confiado essa tarefa fantástica. Há que saber viver, my friends. Se está bom para aparecer nas revistas? No way Jose, mas não faz mal. Então este ano não faz mesmo nada mal. Logo se vê se para o ano fico com mais vontade.
Não gosto de ter de fazer embrulhos. Mas descobri que há lojas que embrulham, sabiam? E outras que vendem sacos e envelopes giríssimos, que é só pôr lá dentro e pronto. E mais importante do que tudo, descobri que o marido é um Ás nisso, um verdadeiro pro. E se antigamente - sim, que ainda sou do tempo de guardar lacinhos - o papel tinha de ser rasgado com muito cuidado, para ver se ainda podia servir para o ano seguinte (bom, a ideia de reciclar é importante, muito importante, mas não vamos agora por aí), agora é vê-los a delirar com o embrulho (acho mesmo que isso é o que mais os atrai) e eu a permitir que rasguem o papel sem qualquer compostura ou classe. O que a maternidade nos faz, valha-me Deus!
Gosto que haja datas para celebrar e rituais e natais que tornem estes dias mais especiais. Já imaginaram como seria passar um ano e outro e mais outro e não haver nada a marcar, a nos dar alento para continuar? Estas pequenas coisas é que nos dão força para seguir em frente. Estas migalhinhas são o ópio do povo, my friends. Fazem-nos falta. Fazem-me falta.
Por isso não me vão encontrar aos pulinhos de contentamento e a cantar Christmas carrols na rua, que sou do tipo mais contido, mas não me vão encontrar também com cara de poucos amigos, de certezinha absoluta.

Então entre uma coisa e outra, aqui ficam os votos sinceros (mas mesmo, mesmo, mesmo sinceros) de dias muito felizes. Bom Natal.











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domingo, 16 de novembro de 2014

Sobre a última semana e tanta coisa para contar.



Tem sido difícil arranjar tempo para descansar. E esta semana foi daquelas bem preenchidas.

Fiz um balanço da 5ª edição do 4D&Friends - e curiosamente os posts queridos continuam a aparecer. leiam esteeste. Mais uma vez feedbacks que me deixaram cheia de orgulho. E ler novamente que os meus filhos se comportam muito bem e que o mais velho é super preocupado e sociável enche-me o coração de alegria e faz-me perceber que mesmo com tanto trabalho continuo a avançar no caminho certo.

Apresentei também a Edição de Natal, muito Especial, a 6ª edição.

Para quem ainda não viu, vai ser no Palácio dos Duques de Cadaval, coladinho ao Templo de Diana. 
Não podia haver sítio mais bonito!

Vamos ter marcas de sonho. Quais?
Para já posso ir adiantando que a equipa de styling é a mesma do evento de Abril, a Design Events. Uma equipa fantástica que vai tornar esta feirinha ainda mais especial. E já sabem que a Maria João, a par com a Susana, do Simplesmente Branco, escreveram um guia fantástico para o dia do casamento? Não percam!

E vou ter a minha amiga Rita a fotografar. Já conhecem a página Add&Glance photography? Toca a ir espreitar. E porque os momentos irrepetíveis devem ser eternizados, a Rita vai estar comigo nesta edição, muito, muito especial.


E as marcas?

Para já fiquem com um cheirinho das que já foram apresentadas. para eles, para nós, para a casa. Cada vez gosto mais desta heterogeneidade que tem marcado e tornado consistente o 4D&Friends.




Meia dúzia é uma marca portuguesa de roupa e acessórios de bebé e criança dos 0 aos 6 anos criada em Setembro de 2014. Tem um estilo próprio que tenta conjugar o tradicional e o moderno, prometendo ser uma aliada dos pais na hora de encontrar soluções giras, práticas e diferentes para o guarda- roupa dos seus filhos.



Dália Vaz é mãe a tempo inteiro de 2 e trabalha em casa. A Marca surgiu em 2001 com acessórios de moda e desde então tem vindo a crescer, juntando há 2 anos acessórios de decoração. Dália faz peças únicas e exclusivas sempre a pensar em mulheres com muito estilo e arrojadas.



Já todos me ouviram falar vez após vez da Galinha Doida. Afinal é a marca que esteve em mais edições do 4D&Friends.
Com marca própria e com outras marcas, entre as quais a Little Vintage Bazaar, fez sucesso em Coimbra, no dia 2 de Novembro. Desejo-lhe o mesmo sucesso em Évora, na edição Especial Natal



Esta loja é de sonho.
Egg : Têxteis feitos à mão, mobiliário e acessórios de criança, loiça, artigos de decoração...
Peças intemporais, para crianças e adultos.




No 4D&Friends Especial Natal. Não se esqueçam: os melhores presentes vão poder comprá-los aqui 






Esta semana estive na Clínica D'epilação Laser e escrevi este post aqui.

E por falar em aniversários, a minha cabeleireira preferida (Marisa Imagem) está também de parabéns! E como é mês de aniversário as promoções são excelentes. Vejam este post e aproveitem.


E desde Setembro que tenho andado sem tempo para cumprir a promessa de aproveitar este último ano dos 30s. E se faço alguma coisa acabo por não ter tempo de falar disso e partilhar convosco as coisas engraçadas que vou fazendo. Mas quero muito voltar a escrever aqui mais amiúde, até porque tenho passatempos à minha espera...e à vossa espera também! Será que vou conseguir?


E a Conchinha andou meio adoentada durante a semana. Hoje quando percebeu que finalmente era dia de ver os avós que adora, toda ela espevitou! Vejam lá se não tenho razão.

Adoro a túnica Rosa e Azul. É tão fofa!!












Que tenham uma semana excelente.

Um abraço.

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