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sábado, 18 de fevereiro de 2012

«[...] isto visto, já não digo de Alfa do Centauro mas da Lua, é completamente risível.»

                                                                                                       Foto de Ricardo Castelo / i

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Oiça um excerto da entrevista a Miguel Esteves Cardoso para a TSF

Miguel Esteves Cardoso é entrevistado por Carlos Vaz Marques para a rádio TSF (programa Pessoal... E Transmissível). Hoje, por volta das 19h (com repetição depois do noticiário da uma da manhã).

Oiça aqui um excerto da entrevista — Miguel Esteves Cardoso fala da imprensa e dos blogues:


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Relembramos que pode ler aqui as primeiras páginas da mais recente obra deste autor, Em Portugal Não Se Come Mal.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Miguel Esteves Cardoso na TSF

Miguel Esteves Cardoso é entrevistado por Carlos Vaz Marques para a rádio TSF (programa Pessoal... E Transmissível). Segunda-feira, 6 de Outubro, por volta das 19h (com repetição depois do noticiário da uma da manhã).

Relembramos que pode ler aqui as primeiras páginas da mais recente obra deste autor, Em Portugal Não Se Come Mal.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Clara Queiroz (entrevista para a Antena 1)

Ana Aranha, jornalista da Antena 1, entrevistou Clara Queiroz, autora do livro Se Não Puder Dançar, Esta Não É a Minha Revolução — Aspectos da vida de Emma Goldman, para a rúbrica «À Volta dos Livros», transmitida no dia 26 de Junho de 2008 (5:12).



sábado, 28 de junho de 2008

Jorge Edwards (excerto de entrevista)

Excerto da entrevista de Carlos Vaz Marques ao escritor chileno Jorge Edwards*, publicada no antigo suplemento do Diário de Notícias, «DNa», em 2002.

*Editamos em Julho uma obra sua,
O Inútil da Família

Alguns críticos têm escrito que a sua obra, os romances que escreveu são romances sobre uma certa decadência da burguesia chilena. Já sei que não gosta que o leiam assim. Porque é que não se revê nesta leitura que fazem dos seus livros?


Porque não me parece muito exacta. Não sei se essa tal burguesia chilena entrou em decadência ou não. Julgo que mudou mas continua a ser muito poderosa, ainda hoje, inclusivamente. As minhas personagens são antes de mais personagens que ficam à margem, personagens que saem da ordem. Personagens que põem em causa a ordem burguesa, digamos assim.

Prefere que leiam os seus romances como a obra de um escritor das relações entre essa ordem burguesa – familiar e religiosa – e uma certa desordem?

Exactamente. Eu creio que a ordem e a desordem, a ordem e a ruptura da ordem, a ordem e a marginalidade, a saída do centro, é o tema do meu trabalho de escritor.

Porquê?

É a minha experiência vital. Porque eu saí de uma família burguesa, muito clássica e muito conservadora, e fui criado em Santiago do Chile, nos anos 30 e 40, numa velha casa cheia de gente, de personagens, de primos e de tios e de avós, onde toda a gente ia à missa e onde a ordem religiosa e social era muito respeitada. Depois, fui para o colégio dos Jesuítas de Santiago, o colégio de Santo Inácio. E a certa altura entrei em conflito com toda essa ordem e creio que o meu conflito inicial começou com as palavras. Porque a poesia e a literatura me interessaram desde muito pequeno e dei-me conta de que prestar toda aquela atenção à beleza da linguagem já era uma forma de desordem.

Foi então a linguagem que introduziu a desordem na sua vida quotidiana.

Foi, foi ela que introduziu essa desordem.

E a desordem fascina-o ou, pelo contrário, perturba-o?

Perturba e fascina, as duas coisas. A desordem perturba e cria muitos problemas – alguns ao longo de toda a vida, de forma que eu às vezes digo: os escritores, hoje em dia, dividem-se em dois tipos de pessoas. Por vezes são uns mendigos e até parece que os editores gostam que eles sejam, de facto, uns autênticos mendigos. Ou então são uns novos-ricos. E aos editores também parece que lhes convém que os escritores – quando têm muito êxito – se transformem em novos-ricos.

E o Jorge Edwards, não querendo ser – imagino – nem mendigo, nem novo rico, que tipo de escritor quer ser?

Eu acho que sou um novo-pobre (gargalhada). O meu problema é precisamente esse.

[...]

Nunca teve a tentação de participar dessa explosão literária do chamado realismo mágico que tornou mundialmente famosos, a partir dos anos 60, escritores como García Márquez ou Vargas Llosa?

Nessa altura do boom eu ganhava a vida como diplomata de carreira. Aquilo que conhecia melhor eram os aeroportos das cidades onde trabalhava. Por isso, escrevia nos meus tempos livres, nas minhas noites, nas minhas madrugadas...

Era um escritor em part-time?

Era um escritor em part-time e quase clandestino. Via todo aquele fenómeno do boom por fora, com uma certa distância e uma certa inveja.

Inveja?

Sim, também com alguma inveja. Até com inveja. Mas sentindo ao mesmo tempo que o realismo mágico não tinha nada a ver comigo. Não era a minha visão da literatura. Para mim, o realismo mágico não tinha muito sentido. Eu não via gente suspensa no ar ou que dormisse durante cem anos. Não via pirilampos de ouro nem papagaios. Eu via cães, gatos, mulas, crianças e velhos, eléctricos. E para mim a poesia era isso. Era mais depressa um eléctrico do que um papagaio. Um eléctrico onde as pessoas viajavam apertadas, conversando e rindo, para entrar depois num bar qualquer do centro de Santiago. Para mim, aí sim, havia poesia. E não havia papagaios porque eu nem sequer os conhecia. Eu era um escritor de uma cidade cinzenta como era a cidade de Santiago. Cinzenta e poeirenta. E pensava: aqui não há magia nenhuma. O que pode é haver uma certa poesia. Uma poesia do passado, da História, coisas assim.