quinta-feira, 30 de setembro de 2010

INAUGURA HOJE — Assírio & Alvim, Cotovia e Relógio d'Água na Livraria do Braço de Prata

As editoras Assírio & Alvim, Cotovia e Relógio d’Água associam-se à Fábrica do Braço de Prata para construir uma livraria especializada em ciências humanas. Os catálogos destas três editoras independentes estarão disponíveis de forma exaustiva em uma sala comum. Todas as outras salas serão ocupadas com os livros e revistas das outras editoras de língua portuguesa (nas áreas da filosofia, antropologia, sociologia, direito, economia, linguística, psicologia, ciências cognitivas, teoria da literatura ou história). Duas salas só dedicadas a saldos e livros em segunda-mão, e duas outras para seminários e cinema, garantem que a Livraria do Braço de Prata será também um lugar para surpresas, nostalgias e invenções.

A festa de inauguração será no próximo dia 30 de Setembro, quinta-feira, às 22h. Para além dos concertos de Daniel Schvetz e das Bandas Back to Bop, Filipe Melo Trio e Rodrigo Santo Anastácio Quarteto, oferecemos um cocktail e, apenas nesse dia, 15 títulos com desconto de 20%:

ASSÍRIO & ALVIM - Antonin Artaud, Eu, Antonin Artaud; Samuel Beckett, O Inominável; Walter Benjamin, Imagens de Pensamento; Gilles Deleuze, A Imagem-Movimento, Fernando Pessoa, Crítica.

COTOVIA - Giorgio Agamben, Profanações; Victor Aguiar e Silva, A Lira Dourada e a Tuba Canora; João Barrento, A Palavra Transversal. Literatura e Ideias no Século XX; Paul De Man, O Ponto de Vista da Cegueira; Paul Klee, Escritos sobre Arte.

RELÓGIO D'ÁGUA - Giorgio Agamben, Nudez; Gilles Deleuze, Diferença e Repetição; José Gil, O Devir-Eu de Fernando Pessoa; Peter Sloterdijk, Cólera e Tempo; Slavoj Zizek, Elogio da Intolerância.

A entrada é livre.

Fialho de Almeida na «Gato Maltês»

Fialho de Almeida (1857-1911) pertence àquela família de médicos que se tornam escritores porque vêem na literatura uma forma de medicina e na palavra um ácido corrosivo mas terapêutico. Fialho tomou a sociedade humana como um corpo cuja anatomia só podia ser conhecida depois de friamente dissecada a bisturi. O primeiro cadáver que ele cortou com os instrumentos cirúrgicos da literatura foi o da Ruiva (edição Assírio & Alvim, colecção «Beltenebros»), essa compleição de estátua num corpo de operária lisboeta, em 1878. Tinha vinte anos e o resultado é uma nova histologia social. Louis-Ferdinand Céline, médico como ele, escreverá depois o breviário da profissão destes novos higienistas: saturar o negro de negro, saciar o veneno de veneno, porque as epidemias só desaparecem quando os micróbios se enjoam das suas toxinas.

«Tenho vinte e cinco anos de idade, lindo talhe de letra, e dês’ que me meteram o ler e o escrever no corpo, ando mesmo hidrófobo por espatifar um desavergonhado. Contrate-me, senhor! Há em mim um sicário à altura da importância europeia deV.M. — E garantias! fui eu que atirei a bomba às janelas do rei do Porto, Correia de Barros, de combinação com ele mesmo. Sou portanto um regicida com prática na província, um regicida em segunda mão, bem conservado, e podendo mostrar abonações como o primeiro. Juro que não farei questão de preço. Somente, como apesar do meu ódio, eu não quero que V.M. morra, porque enfim pode vir outro pior, combinaremos a conspirata por forma que ela revista todas as aparências de séria, sem todavia deixar d’abexigar-se por dentro, com todas as inofensividades de jocosa.»


Brevemente na sua livraria.
ISBN: 978-972-37-1441-8 Preço sem IVA: 7,55 € / P.V.P.: 8 €.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Culinário 2011




«Um longo caminho foi percorrido desde que o primeiro antepassado, de cócoras e testunho franzido, teve o lampejo de submeter a vianda abatida a sílex à carícia fulgente da chama, até à alta escola duma lebre à la royale ou, puxando a brasa ao nosso fogão, duma perdiz à Convento de Alcântara. Dezenas de milhar de anos separam, com efeito, as noções de nutrir-comer, fome-apetite, necessidade-prazer, alimentação-gastronomia. É a passagem da biologia à história, a transição do reino da necessidade para o da liberdade. Não vem ao caso fazer-se a narração destes eventos, bastando recordar que o nascimento da culinária, isto é, a arte de transformar os elementos/alimentos em iguarias e o seu desenvolvimento progressivo até dar origem à gastronomia, representam momentos da mais elevada transcendência na evolução do homem e no seu gradual domínio sobre a natureza.
[…]»

José Quitério, Livro de Bem Comer

Um calendário para desfolhar ao sabor dos dias, e recheado de surpreendentes receitas e sugestões gastronómicas. Agora em formato encadernado.

Brevemente na sua livraria.
ISBN: 978-972-37-1537-8 Preço sem IVA: 11,32 € / P.V.P.: 12 €

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Inauguração de «Isto é Isto» e «Ex-Fotos», de Fernando Lemos



ISTO É ISTO e EX-FOTOS
desenho e fotografia

de Fernando Lemos

Inauguração e lançamento do catálogo
30 de Setembro, às 18h30
Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva

com a presença do artista



E no próximo Domingo dia 3 de Outubro, às 16h, poesia de Fernando Lemos por Jorge Silva Melo: no âmbito da exposição de Fernando Lemos ISTO É ISTO e EX-FOTOS: desenho e fotografia, Jorge Silva Melo lê alguns poemas deste artista que nasceu em Lisboa em 1926 e, em 1953, publicou Teclado Universal, o seu primeiro livro de poesia, nos Cadernos de Poesia (dirigidos por Jorge de Sena que viria a prefaciar, em 1985, a colectânea Cá e ).


Entrando mal dentro de um

quadro, por exemplo, a gente pode cair num abismo alheio que

não foi feito para as nossas quedas.


Fernando Lemos é um artista com um imaginário surrealista. Dele escreveu Haroldo de Campos:


“o fernando lemos”

que “escreve com um pincel

de riscos ferinos

não escreve

fere com seu traço

o papel”.



A exposição que vai inaugurar na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva apresenta trabalhos realizados entre 2005 e 2009, onde pesquisa e experimentação surgem a par e se revelam num singular núcleo de objectos que têm por base a fotografia mas que são na realidade pintura, desenho, outra coisa; e um primoroso álbum de desenho, disciplinadamente construído ao longo de um ano, sem outra obrigação senão a cumplicidade entre amigos artistas. A exposição contrói-se em torno de dois conjuntos de trabalhos que cruzam diferentes aspectos da linguagem visual de Lemos: uma colecção de desenhos, intitulada Isto é Isto e uma série de fotografia intitulada Ex-Fotos.
Isto é Isto é um conjunto de 154 desenhos realizados num caderno de apontamentos de capa dura, de pequeno formato (A5). Os desenhos, a lápis e caneta, foram criados a um ritmo quase diário entre 2007 e 2008, e são, na maioria, legendados com frases que lhes conferem uma carga irónica e humorística. O caderno original é exposto desmontado e disposto em vitrinas verticais transparentes, onde são visíveis os dois lados da folha.
Ex-Fotos é uma série de 20 fotografias feitas a partir de provas fotográficas rejeitadas, imagens de amadores que, no original, seriam banais fotografias de família que ficaram mal iluminadas, mal focadas, mal enquadradas. As provas foram trabalhadas por Fernando Lemos riscando, rasgando e pintando sobre o original e em seguida re-fotografadas digitalmente e impressas no formato 70x100 cm. Esta pesquisa foi iniciada pelo autor em 2005 e tem vindo a crescer como uma experiência de resgate visual do que é rejeitado, num processo que cria novas imagens e procura vestígios de estranheza na relação que se cria entre os restos da imagem original e a nova imagem. A exposição inaugura no dia 30 de Setembro e decorrerá até ao dia 23 de Janeiro de 2011.


EXPOSIÇÃO: 1 OUT 2010 23 JAN 2011
QUA a SEG 10h 18h
Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva
Praça das Amoreiras, 56, Lisboa

Diário 2011

Propostas, fragmentos para reter a passagem do olhar. Pretextos para desvendar o que os dias têm de efémero, onde somos visitas e viajantes. A imaginação exige espaço, o passo demorado que se alonga, procurando atrasar a passagem do tempo. Hoje uma sugestão, depois outra. Poder voltar atrás, sempre que se quiser.

Brevemente na sua livraria.
ISBN: 978-972-37-1539-2 Preço sem IVA: 7,55 € / P.V.P.: 8 €

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

«O Viajante Sem Sono» nas «Quintas de Leitura»

«As "Quintas de Leitura", ciclo poético organizado pela Câmara Municipal do Porto, através da Fundação Ciência e Desenvolvimento, regressam no próximo dia 30 de Setembro, às 22h00, no seu palco habitual: o Teatro do Campo Alegre.
O regresso, em Setembro, promete uma sessão plena de poesia e música, construída em torno do livro "O Viajante Sem Sono" de José Tolentino Mendonça, o nosso Poeta convidado. Samuel Úria, um dos seus amigos, junta-se à festa com as recentes canções do seu disco "Nem Lhe Tocava", num concerto a solo intimista quanto baste.» Mais informação AQUI.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

«Mensagem» e «Baldios - reedições com novidades

ISBN: 978-972-37-0436-5

ISBN: 978-972-37-0542-3

Brevemente na sua livraria, com novo grafismo.

Esta edição da Mensagem inclui um texto de apoio à leitura, da autoria de Fernando Cabral Martins, no final do livro. A edição de Baldios, tem nova organização.

«Subway Life», de António Jorge Gonçalves - Lançamentos em Lisboa e no Porto

23 de Setembro de 2010, quinta, às 18h30
Fnac Chiado [Lisboa]

24 de Setembro de 2010, sexta, às 21h30
Fnac Colombo [Lisboa]

7 de Outubro de 2010, quinta, às 21h30
Fnac Norte Shopping [Porto]

8 de Outubro de 2010, sexta, às 19h00
Fnac Santa Catarina [Porto]

Com a presença do autor, que mostrará fotografias de documentação das viagens e contará algumas das histórias dos retratados no livro. Contamos com a sua presença. Entretanto, espreite de novo AQUI.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Poemário 2011



Todos os poemas deste calendário foram retirados dos muitos livros de poesia editados pela Assírio & Alvim. Não pretende ser uma antologia. Cada poema ou autor valem por si, isolados pela duração de um dia. Desejamos apenas que, diariamente, um simples poema possa contaminar a passagem das horas. Agora em formato encadernado.

Brevemente na sua livraria.
ISBN: 978-972-37-1536-1 / P.V.P.: 12 €.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

«Livro do Desassossego» - uma edição enriquecida por alguns inéditos e dezenas de melhoramentos... disponível na sua livraria

«O que temos aqui não é um livro mas a sua subversão e negação, o livro em potência, o livro em plena ruína, o livro-sonho, o livro-desespero, o anti-livro, além de qualquer literatura. O que temos nestas páginas é o génio de Pessoa no seu auge». Estas são palavras da Introdução à primeira edição do Livro do Desassossego publicado pela Assírio & Alvim, em 1998. Com o presente volume, vamos na oitava edição desta maravilhosa e sui generis obra, agora enriquecida por alguns inéditos e, sobretudo, por dezenas de melhoramentos na leitura dos originais manuscritos, redigidos numa caligrafia notoriamente difícil de decifrar. Esta nova edição também apresenta uma articulação aperfeiçoada de alguns trechos e inclui profusas notas que vêm esclarecer praticamente todas as referências literárias e históricas. Mantém-se, no entanto, o carácter essencialmente hesitante e fragmentário do Livro, realçando assim o que o autor chamou de «o devaneio e o desconexo lógico» da sua «expressão íntima». Era, com efeito, o livro de um sonhador e para sonhadores. E era - vai sendo - muitas outras coisas para todos os que entram neste vasto e surpreendente universo escrito.

Edição de Richard Zenith
1ª edição: Setembro de 1998; 8ª edição: Setembro de 2009
ISBN: 978-972-37-0476-1

Nota 1: da edição, também da responsabilidade de Richard Zenith, incluída na colecção «Obra Essencial de Fernando Pessoa», neste momento estão disponíveis apenas os poucos exemplares ainda existentes nas livrarias;

Nota 2: Brevemente estreia o Filme do Desassossego, de João Botelho.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Segundas Jornadas Llansolianas de Sintra

(clique na imagem para a aumentar)

Começam no próximo fim-de-semana as segundas Jornadas Llansolianas de Sintra, este ano centradas no livro O Jogo da Liberdade da Alma, com participações de França, da Suíça, do Brasil e de Portugal, lançamento de dois novos livros, projecção de um documentário, um recital comentado, exposição de manuscritos e desenhos de Maria Gabriela Llansol e leitura de inéditos pelo actor Diogo Dória.
A entrada para o palco do Grande Auditório do Centro Cultural Olga Cadaval, onde tudo se desenrolará, é livre. Esperamos por todos os interessados, legentes e curiosos, no sábado, 25 (à tarde) e no domingo 26 de Setembro (todo o dia), altura em que se lançará o segundo volume do «Livro de Horas» de M. G. Llansol, que será comentado por José Manuel de Vasconcelos. Todo o programa pode ser consultado aqui.

Pedro Proença [n. 17 de Setembro de 1962]

INTITULADOS TÍTULOS - ISBN: 978-972-37-1426-5


«Perdoe-me desde já o benévolo leitor a ousadia da incursão de um soi-disant modesto artista no domínio celerado e rigoroso das cousas typographicas. Aminha relativa aversão, ou mesmo irritação, ao que hoje se chama, em mercantil anglicismo, design gráfico, sempre se deveu ao rigor das ferramentas, ao lado insonso dos “tipos”, à trabalhosa relação com as “gráficas”, às partidas que me pregaram nas impressões e no tratamento das imagens, aos desaparecimentos de originais e outros assuntos que não me acodem por ora. No entanto, sempre gostei de máquinas de escrever, da composição manual dos tipos, das caligrafias rebuscadas, dos livros iluminados e dos acidentes que o tempo faz nos manuscritos: manchas, carimbos, anotações, rasgões e outras desordens que por vezes perturbam a legibilidade. Cada vez mais acho que o livro, objecto de devoção algo moribundo (embora nobre e honroso!), deve ser encarado como um caderno, e que a função recriativa do leitor é a de rabiscar, contrapor, achincalhar, precisar, obscurecer, iluminar, “traduzir”, sublinhar, acrescentar, cortar, apagar, etc. Estas atitudes de remontagem terão as suas virtudes se não vierem no sentido de empobrecimento e espartilhamento de texto. Não tenho a pretensão de desautorizar o que é do autor, ou de celebrar alternativamente a recensão comezinha e as batalhas recepcionistas dos estafados exegetas ou hermeneutas. No fundo, acho simpática a ideia de que só o leitor que não é passivo é que é significativo (vai-se tornando o seu autor!), mesmo que a significação seja uma floresta de equívocos. Tento não acentuar em demasia a ideia de que são os “vedores que fazem a pintura”, se bem que a cozinhem e estufem superficialmente nos meandros da consciência — mas as imagens também exercem os seus poderes sobre os corpos, bombardeando-os com diversas afecções a que não conseguimos ser insensíveis.»

Parabéns, Pedro.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

«Subway Life» (a edição é numerada e assinada) já está nas livrarias

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

«Subway Life»

ISBN: 978-972-37-1475-3

Nas livrarias a partir de 15 de Setembro.

Subway Life (Vida Subterrânea) é um projecto que levou António Jorge Gonçalves a desenhar pessoas sentadas em carruagens do Metro em 10 cidades, nos 5 continentes.
Tudo começou em Londres - onde o artista residiu durante três anos — com um exercício que consistia em desenhar a pessoa que se sentasse à sua frente no Metro. Era um método aleatório de escolha de modelos que pretendia obrigá-lo a desenhar aquilo que não podia escolher. Ao regressar a Lisboa, decidiu estender o jogo a outras 9 cidades: Lisboa, Berlim, Estocolmo, Nova Iorque, São Paulo, Tóquio, Atenas, Moscovo, e Cairo.
800 horas de trabalho depois, constatou que entre os mais de 3000 desenhos registados nos seus cadernos era rara a repetição de postura. Apesar dos seus retratados se encontrarem numa mesma situação (sentados num comboio subterrâneo) a individualidade sobressaía sempre numa posição de mão ou no jeito de cruzar a perna. E se, por um lado, podia encontrar estereótipos dos habitantes de cada uma das cidades, por outro, existiam também indivíduos que poderiam encaixar em qualquer uma delas.
Em 2002, numa colaboração com os webdesigners Silikonski, foi criado o site http://www.subwaylife.com/, que conheceu uma atenção muito particular, tendo sido premiado no FLASH FILMFESTIVAL 2002 SAN FRANCISCO e sido recomendado em dezenas de sites entre os quais USA TODAY ou YAHOO PICK OF THE DAY. Este site já recebeu, até hoje, mais de 5 milhões de visitas.
O projecto mereceu ainda divulgação e entrevistas na imprensa em Portugal, EUA, México, Brasil, Rússia, França, Ucrânia, Austrália, China ou Japão. O livro que agora é publicado reúne pela primeira vez um conjunto significativo dos desenhos, complementado por apontamentos sobre cada cidade. Juntando no mesmo comboio passageiros de todo o mundo somos convidados a viajar pela mão do desenhador.

Ver apresentação AQUI.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

«Jogos Radicais»


ISBN: 978-972-37-1500-2

Nas livrarias a partir de 15 de Setembro.


A Assírio & Alvim orgulha-se de apresentar, na sua emblemática colecção «Poesia Inédita Portuguesa», o primeiro livro de Teresa M. G. Jardim. Com um discurso poético marcado pela relação estreita com o mundo das imagens, este livro é a fulgurante estreia de Teresa M. G. Jardim na cena poética nacional.


ACTO DE LER

O acto de ler reabre feridas. Nos livros
em que isso acontece, com frequência,
poderia ao menos haver um aviso na capa;
assim como se faz com as carteiras de tabaco,
embora se saiba que poucos deixam
de fumar
por isso.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

«Anthero, Areia & Água»

ISBN: 978-972-37-1493-7

Nas livrarias a partir de 15 de Setembro.

Como todos acabamos, acabaste.
Mas não acabaste como quase todos acabamos.
Sentaste-te num banco de jardim,
Separado pelo mar,
Separado de ti, separado de separações
Que te obrigassem a unir
Os ossos redimidos, os músculos mentais
Desse palácio de ideias, no dizer de Sérgio,
Que durante tanto tempo construíste

E disparaste dois tiros.

Na boca,
Exactamente,
Sem qualquer espécie de retórica.

[…]

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Repentina trovoada de Setembro...


SETEMBRO

Repentina trovoada de Setembro
e depois chuvas exaustas;
ainda na praia a corrida
juvenil das ondas;
o abandono dos medronhos caídos
e um súbito olhar grave dum filho de dois anos;
vinhas que sangram,
uvas caminhando para o seu fim;
algumas folhas que descem
e as árvores, como as flores, esperando
a partida silenciosa dos insectos
e o sopro de uma breve chegada.

António Osório, A Luz Fraterna, Assírio & Alvim, 2009, pp. 29-30.