«Glenn Gould said, "Isolation is the indispensable component of human happiness."» [Contraponto] «How close to the self can we get without losing everything?»
Don DeLillo, “Counterpoint”, Brick, 2004.
sábado, 6 de novembro de 2010
Um Passo
quinta-feira, 22 de abril de 2010
É pau, é pedra (corrigido)
«O único romance que ela elogiava sem reservas era Meados de Março1. Porque Lily era uma criatura do mundo mediano.»Martin Amis, A Viúva Grávida, p. 42[Lisboa: Quetzal, Abril de 2010, 533 pp.; tradução de Jorge Pereirinha Pires e revisão de Carlos Pinheiro.]
«“E nunca te hei-de perdoar pela Rosamond Vincy”, disse ela [Lily] (retomando a discussão deles acerca do romance por ela preferido – Meados de Março). “Está lá a bela Dorothea, e tu vais atrás daquela cabra gananciosa da Rosamond Vincy. Que arruina [sic] o Lydgate. Badalhocas e vilões. É só disso que tu agora gostas – badalhocas e vilões.”» (p. 386)*[Correcção, 23/4 às 11:10] Fui, felizmente, alertado por e-mail para um erro de facto cometido neste texto: a primeira publicação em Portugal de Correios de Charles Bukowski é de 2002 e foi da responsabilidade da extinta editora Canguru, com tradução de Marisa Mourinha. Apesar de a referida publicação ter escapado ao conhecimento do grande público – no qual me incluo, sendo um grande admirador da obra do impetuoso autor germano-americano –, isso não invalida que não se corrija o erro (crasso) que aqui cometi, ao referir-me, de forma indirecta, ao carácter inédito da publicação de 2010 da Antígona, com tradução de Rui Lopes.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
O meu Bukowski

Nota histórica: 9 de Março de 1994, segunda-feira negra na Casa do Douro ou crash no mercado do vinho do porto. Quase catorze anos volvidos, o Paiz Vinhateiro duriense arrasta-se penosamente como um moribundo, sem solução à vista. Volta, Hank!
domingo, 6 de maio de 2007
Arte graciosa
Porque a blogosfera é um lugar de liberdades, apesar de todos os seus deturpadores, propugnadores da exclusividade opinativa, defensores do feudo difusor da sua preclara intelectualidade, há exemplos de brilho e de entrega despretensiosa na divulgação das artes através da simples exibição do próprio processo criativo e do engenho inventivo, não apenas consubstanciados no produto final.
É um exemplo de entrega sem os habituais propósitos que se costumam reunir na génese de um negócio; e mesmo que por vezes nessas acções criadoras consigamos divisar um intento propagandista do autor, tal facto, creio eu, não é suficiente para uma execração motivada pelo nosso tão subjectivo e volátil juízo sobre a intromissão do puro e selvagem mercantilismo no território da arte.
Será que a blogosfera é um lugar tão puro, que os arrivistas nela não encontrem conforto para a disseminação da sua mediocridade endémica? Claro que não.
Em suma, e agora, para algo completamente diferente [Chapman, Cleese, Gilliam, Idle, Jones & Palin vs. Araújo Pereira, Dores, Góis & Quintela], um momento Marcelo Rebelo de Sousa:
Se os há? Há.
Que são condenáveis? São.
Se os deveríamos abolir liminarmente criando um manancial de preceitos abstractos e potencialmente herméticos ou de interpretação duvidosa para regulação da liberdade de expressão na blogosfera? Nunca!
Bom, essa não é a questão essencial…
Serve o presente texto para dar a conhecer o excepcional trabalho que estes filhos da blogosfera lusa têm vindo a desenvolver nos seus respectivos blogues:
- O manuel a. domingos criou um blogue exclusivamente dedicado ao beatnik não assumido, poeta e prosador norte-americano de excepção, Charles Bukowski (1920-1994), chamado O amor é um cão do Inferno, onde o Manuel tem vindo a traduzir, de forma brilhante, alguns poemas do intrépido autor;
- O Fernando M. Dinis, no seu blogue Fico Até Tarde Neste Mundo, tem vindo a publicar poemas de sua autoria – aliás, como já vinha a fazer desde que encetou a sua actividade blogueira –, acompanhados de música que ele próprio compôs.
Querem melhor exemplo de arte graciosa!
quinta-feira, 21 de dezembro de 2006
La Fiesta del Padre Hemingway

O que diria o Pai Hemingway – como lhe chamou Henry Chinaski, alter-ego do truculento Charles Bukowski – perante os primeiros indícios de uma mudança de atitude dos espanhóis face à bárbara chacina de touros na denominada Fiesta Nacional espanhola?
Resposta mais do que provável: «Você é bom, Pai Hemingway. Não se pode vencer sempre (…) Não estoure com os miolos.»
(retirado do conto “Classe” incluído na obra A Sul de Nenhum Norte, de Charles Bukowski)
Nota: Ministra espanhola do Meio Ambiente, Cristina Narbona, propõe uma reflexão nacional sobre o fim dos “touros de morte”, dando com exemplo a festa brava portuguesa.
Segundo o Gallup (España), em 2006 apenas 7,4% dos espanhóis se considera aficionado da Fiesta, enquanto cerca de 72,1% reprova convictamente este tipo de barbárie. O Gallup faz notar que em 1971 a distribuição das respostas era diferente, apesar de já se haver verificado a superioridade do número de detractores das touradas, 22 e 42%, respectivamente.
[Ler a notícia sobre a sondagem no jornal La Vanguardia e sobre a proposta da Ministra no El Mundo.
Imagem: cartoon de autoria de Ralph Barton, “Hemingway”, (© Diana Barton Franz) publicado na revista Vanity Fair, onde Hemingway vestido de toureiro espanhol confraterniza com o próprio touro.