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domingo, 1 de junho de 2014

A BALADA DAS FOLHAS



No crepúsculo de gaze
E ouro, anda alguém a cantar
Uma cantiga que é quase
Um choro humano, pelo ar...
Pensativo, os olhos ponho
Nas folhas, - vida que vai
A extinguir-se, sonho a sonho, 
Em cada folha que cai...

A primeira é verde e é linda.
Porque o vento a desprendeu ?
Não tinha vivido ainda,
Não tinha amado e morreu.
Vento do Destino avança,
E num soluço, num ai,
Cai um mundo de esperança
Na folha humilde que cai.

A segunda é a folha morta, 
Passado... Desilusão...
Mal o vento os ramos corta, 
Ela adormece no chão...
É a saudade, - folha da alma –
Que no tormento se abstrai
E vive da morte calma
De cada sonho que cai.

OFERENDA:

No crepúsculo indeciso
Da vida, me martirizo
Por um sonho que se esvai...
Caem folhas... Chorei !...
Há uma lágrima, um sorriso...
Em cada folha que cai.


Olegário Mariano
in 'Poemas de amor e de saudade'
1.932.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

CANÇÃO TRISTE



Vaga, sonâmbula e triste
Passa a lua devagar...
Nas noites claras existe
Muita coisa além do luar.

Muita coisa singular
Entre o céu e o mar flutua.
Não vem por certo da lua,
Por certo não vem do mar.

Vem... Quem pode acreditar?
De uma folha solta ao vento.
Uma folha é um pensamento
Que a árvore esquece pelo ar.

Vem de um passante vulgar
Que caminha pela rua.
Sua sombra não é sua,
O seu destino é passar.

Some-se ao longe a chorar...
Que saudade envolve a rua!
Não vem por certo da lua,
Por certo não vem do mar.

Na noite que continua,
Passa a lua devagar...


Olegario Mariano -
In: Quando Vem Baixando o Crepúsculo