O objectivo último de Putin não é arrasar a Ucrânia mas subjugar a democracia liberal na Europa e, segundo Cirilo, Patriarca de Moscovo, unha com carne com Putin, salvar a humanidade.
Segundo Putin, secundado por diversos comentadores políticos, em diferentes momentos no passado, é a presença da NATO nas suas fronteiras uma ameaça que Putin não pode tolerar. Um argumento ridículo que, como a foto acima mostra, são relativamente mínimas as fronteiras de países que confrontam com o extenso território russo, de longe o maior do planeta.
O poder de atingir com elevada precisão objectivos a longas distâncias, mesmo intercontinentais, das armas de destruição, concebidas pela estupidez do génio humano, nas últimas décadas, ultrapassa a dimensão do continente europeu não russo.
Lançado de território russo ou de um submarino atómico, até o território português, o mais afastado das fronteiras russas, pode ser atingido por mísseis de capacidade altamente arrasadora.
A voracidade dominadora de Putin, que pretende recriar o Império Russo, - cf.
aqui - não será satisfeita com com a subjugação do povo ucraniano mas a de todo o ocidente europeu.
Para atingir esse objectivo conta com vários trunfos, alguns dos quais conhecidos e outros muito suspeitos.
Este ano realizam-se nos EUA as midterm elections que podem retirar aos democratas a maioria nas duas câmaras do Congresso: dos Representantes e o Senado. Se isso ocorrer, os EUA infletirão, seguramente, a ajuda que neste momento estão a prestar à Ucrânia, e, em 2024, Trump ou um herdeiro dele voltarão à Casa Branca e a posição norte-americana nesta guerra de destruição completa da Ucrânia voltará a apoiar Putin na fragmentação da mal consolidada unidade europeia.
O que está em causa, já foi dito, não é um confronto entre ideologias mas entre o poder discricionário dos ditadores e a liberdade de pensamento e decisão no ocidente democrático. Onde nem todos afinam pelo mesmo instrumento: Órban, de há muito tempo admirador de Putin, viu o seu mandato renovado e reforçado. Até em França a disputa pela presidência está mais cerrada que nunca. Provavelmente, se Macron for reeleito, Le Pen, declarada admiradora de Putin, admiração recíproca, ficará a poucos pontos percentuais de Macron na segunda volta.
Significa isto que quase metade dos franceses são putinistas?
Não sei, mas todos sabemos que o exército de Hitler desfilou em 1940 na Avenida dos Campos Elíseos aplaudido por milhares de parisienses entusiasmados com o sucesso nazi.
Hoje não há na Europa outro Winston Churchill capaz de enfrentar a barbárie.
Mas se houvesse, o que faria Churchill perante um ditador sentado no maior arsenal nuclear do mundo, capaz de, ele disse-o, de usar o poder mais destruidor de que dispõe se for necessário.
Hitler, quando se encontrava entrincheirado no bunker teria hesitado em usar a bomba atómica se os alemães a tivessem antes dos norte-americanos?