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Sunday, May 07, 2023

O CAOS PORTUGUÊS

 O pior não é o caos português, que é um causito, por assim dizer. O pior mesmo é o caos europeu, o caos norte-americano, o caos mundial. O mundo encontra-se em situação de instabilidade global que não augura nada de bom. Se os EUA deixam cair a Europa nas mãos de Putin, uma hipótese altamente provável se a guerra na Ucrânia se arrasta e os republicanos crescem, adeus Europa até daqui a cem anos atrás….

(comentário colocado aqui )


Thursday, April 07, 2022

AS RAZÕES DE PUTIN PARA ARRASAR A UCRÂNIA

O objectivo último de Putin não é arrasar a Ucrânia mas subjugar a democracia liberal na Europa e, segundo Cirilo, Patriarca de Moscovo, unha com carne com Putin, salvar a humanidade.
 

Segundo Putin, secundado por diversos comentadores políticos, em diferentes momentos no passado, é a presença da NATO nas suas fronteiras uma ameaça que Putin não pode tolerar. Um argumento ridículo que, como a foto acima mostra, são relativamente mínimas as fronteiras de países que confrontam com o extenso território russo, de longe o maior do planeta. 
O poder de atingir com elevada precisão objectivos a longas distâncias, mesmo intercontinentais, das armas de destruição, concebidas pela estupidez do génio humano, nas últimas décadas, ultrapassa a dimensão do continente europeu não russo.
Lançado de território russo ou de um submarino atómico, até o território português, o mais afastado das fronteiras russas, pode ser atingido por mísseis de capacidade altamente arrasadora.

A voracidade dominadora de Putin, que pretende recriar o Império Russo, - cf. aqui - não será satisfeita com  com a subjugação do povo ucraniano mas a de todo o ocidente europeu.
Para atingir esse objectivo conta com vários trunfos, alguns dos quais conhecidos e outros muito suspeitos.
Este ano realizam-se nos EUA as midterm elections que podem retirar aos democratas a maioria nas duas câmaras do Congresso: dos Representantes e o Senado. Se isso ocorrer, os EUA infletirão, seguramente, a ajuda que neste momento estão a prestar à Ucrânia, e, em 2024, Trump ou um herdeiro dele voltarão à Casa Branca e a posição norte-americana nesta guerra de destruição completa da Ucrânia voltará a apoiar Putin na fragmentação da mal consolidada unidade europeia.

O que está em causa, já foi dito, não é um confronto entre ideologias mas entre o poder discricionário dos ditadores e a liberdade de pensamento e decisão no ocidente democrático. Onde nem todos afinam pelo mesmo instrumento: Órban, de há muito tempo admirador de Putin, viu o seu mandato renovado e reforçado. Até em França a disputa pela presidência está mais cerrada que nunca. Provavelmente, se Macron for reeleito, Le Pen, declarada admiradora de Putin, admiração recíproca, ficará a poucos pontos percentuais de Macron na segunda volta.
Significa isto que quase metade dos franceses são putinistas?
Não sei, mas todos sabemos que o exército de Hitler desfilou em 1940 na Avenida dos Campos Elíseos aplaudido por milhares de parisienses entusiasmados com o sucesso nazi.

Hoje não há na Europa outro Winston Churchill capaz de enfrentar a barbárie.
Mas se houvesse, o que faria Churchill perante um ditador sentado no maior arsenal nuclear do mundo, capaz de, ele disse-o, de usar o poder mais destruidor de que dispõe se for necessário.
Hitler, quando se encontrava entrincheirado no bunker teria hesitado em usar a bomba atómica se os alemães a tivessem antes dos norte-americanos?


Friday, January 21, 2022

A PERGUNTA QUE AINDA NÃO FOI FEITA AO PCP

No caso de um conflito armado (mais provável que impossível) de que lado se posicionariam os comunistas portugueses?

"Os EUA e os seus aliados europeus procuram apresentar uma frente unida de apoio à Ucrânia perante a ameaça russa, mas as declarações do Presidente norte-americano, Joe Biden, expuseram as divisões quanto a uma potencial resposta a uma intervenção russa no país vizinho.

Biden participava numa conferência de imprensa na Casa Branca na quarta-feira à noite para assinalar o primeiro aniversário como Presidente quando se referiu abertamente à forte possibilidade de a Rússia poder invadir a Ucrânia. “A minha aposta é que ele vai avançar. Ele tem de fazer alguma coisa”, afirmou referindo-se ao Presidente russo, Vladimir Putin." - aqui 

Saturday, December 25, 2021

O NATAL, HOJE

A Comissária Europeia para a Igualdade provocou alarido por, além do mais, propor que se passe a designar a quadra natalícia, o Natal, por uma expressão mais englobante da diversidade de religiões que coexistem na União. Mas já recuou e propõe-se rever os termos da proposta : EU advice on inclusive language withdrawn after rightwing outcry Guidelines promoted use of ‘holiday season’ instead of Christmas.

"Deportado o Natal da escrita oficial, reescreve-se a história, banindo porventura as grandes representações inspiradas por esse nome agora proscrito, e condenando ao esquecimento, senão a fogueira póstuma, os seus autores, de Corregio a Tintoreto, de Da Vinci a Rembrandt, de Dickens a Eça e a Pessoa, de Bach a Beethoven ou a Gruber, e a tantos outros."  - aqui.

Muitas obras, muitos autores, pintores, sobretudo, inspiraram-se no poder do dinheiro e de problemas de consciência dos seus patrocinadores. Sem as encomendas desses patronos, provavelmente, a sua inspiração ter-se-ia voltado para outros temas - Da Vinci pintou, p.e.,  Madona e o Menino, mas a sua obra máxima, Gioconda, é uma figura que permanece enigmática, não é de exaltação religiosa.

O Réquiem, de Mozart e muitas obras musicais de grande inspiração espiritual resultaram de encomendas de gente com as arcas a abarrotar de ouro e de problemas de consciência.

Quanto a catedrais, abundam os exemplos magnânimos de cumprimento de promessas. O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha, pretendeu ser um tributo pago a Nossa Senhora por ter alinhado pelo lado dos portugueses. Aliás, o rei D, João I cumpriu a promessa mas tinha-se comprometido com Nuno Álvares Pereira a pagar-lhe competitivamente ... se não ele ter-se-ia passado para o lado contrário.

E hoje? 

O presépio foi substituído pelos abetos de plástico feitos na China, - a propósito, onde  se inspiram os chineses, na criação da tralha com que se trocam prendas natalícias, senão no dinheiro? -  O  Menino Jesus da minha infância é hoje um figurante icónico imaginado pelo marketing da Coca Cola nos anos 30, salvo erro, do século passado. 

Novas "religiões" crescem e multiplicam-se imparavelmente. Por esportularem uma parte significativa dos seus salários pretendem também os seus fiéis comprar a reserva de lugares nos céus. Mas, se na origem de muitas guerras, estão fundamentalismos religiosos, - e a participação das abraâmicas é muito evidente -, não podemos desconsiderar a contínua complicação do mosaico religioso nas sociedades contemporâneas.

Nos EUA, para evitar conflitos religiosos, há muito que foi estabelecido considerarem "Férias de Inverno - Winter Break - este período "natalício".

A União Europeia não pode manter-se unida se não expurgar dos seus documentos oficiais todos os termos que sustentem fundamentalismos que possam quebrar o mosaico que, quer queiramos quer não, já existe, e vai continuar a existir. 

Shalom!

Bom Natal!

Bom Ano Novo!

 

Saturday, September 25, 2021

A BESTA E O BURRO

 


London (CNN)In the week that world leaders gathered in New York City for the UN General Assembly, one person's absence cast a long shadow over what was already set to be a tense few days.

French President Emmanuel Macron was never going to be at UNGA in person. It was, however, impossible to detach his non-attendance -- even in virtual form -- from the spat that broke out following the submarine deal between Australia, the UK and US (AUKUS), which subsequently saw the Australian government ditch a multi-billion-dollar agreement with France.
French officials have been, justifiably, furious. Three of its supposed allies struck a deal behind its back with one reneging on a contract agreed years ago. For a man who has spent his presidency presenting himself as Europe's most serious leader both internally and on the world stage, it was a major embarrassment .- aqui

 

Saturday, May 06, 2017

PAÍSES DIVIDIDOS

O Financial Times de hoje publica, com destaque na primeira página, mais uma reportagem sobre as eleições de amanhã em França - France: A divided nation decides.

O título parece sugerir que a divisão é uma particularidade francesa na véspera de eleições, quando as sondagens apontam para Monsieur Président Macron no Palácio do Eliseu  por uma margem folgada de cerca de 20 pp.
Se as sondagens se confirmarem, a França não poderá considerar-se um país mais dividido do que muitos outros onde a prevalecem sistemas democráticos, bem pelo contrário. 
Mr.Trump ganhou as eleições norte-americanas de Novembro e o apoio maioritário no Senado e na Câmara dos Representantes mas perdeu o voto popular por quase 3 milhões de votos. 
O Brêxit venceu por margem mínima num referendo absurdo que vai influenciar sobretudo o futuro dos mais jovens, aqueles que ainda não tinham idade de votar ou, tendo-a, não se mobilizaram para expressar a sua vontade. 
Em qualquer dos casos, presidenciais nos EUA e em França, referendo no Reino Unido, os eleitores tinham duas hipóteses, e não mais que duas, para optar. 

A partição do eleitorado em dois blocos antagónicos de peso sensivelmente igual é a regra geral em democracia. Por que é que essa partição acontece com tanta frequência, não sei.
Há bastante tempo anotei neste caderno de apontamentos a mesma dúvida, sem resposta.

Se amanhã o sr. Macron superar os 60% e a srª. Le Pen não atingir os 40% poderá considerar-se que, ainda neste caso, a França é um país dividido?
Pode. Por uma razão decisiva: Entre o sr. Macron e a srª. Le Pen há um abismo que separa a democracia da protoditadura. 
Mas não se observa o mesmo nos EUA presididos por Mr. Trump, assumido suporte de Mme Le Pen?
Talvez não. Mr. Trump pode ser substituído ao fim de quatro dos de mandato, se não for antes. 
A eventual eleição de Mme Le Pen, ou a ultrapassagem da fasquia crítica dos 40%, animará os seus adoradores para uma continuada progressão das suas falácias e crescimento das suas hostes.

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Correl. - Qui est le militant pro-Trump qui a realayé les "Macronleaks"?



Entretanto, Putin continua a pescar enquanto a União Europeia continua à pesca.

Wednesday, March 29, 2017

NO PEOPLE: NO MONEY, NO GOODS

O Reino Unido iniciou hoje, formalmente, a sua saída da União Europeia.
Como se chegou até aqui, é uma história longa que o Economist conta aqui e aqui.
Os gráficos seguintes são muito elucidativos da irrazoabilidade de um instrumento democrático aplicado a uma situação tão transcendente para o futuro do Reino Unido e da União Europeia. Decidido o Brêxit por uma margem quantitativamente irrelevante, considerando a dimensão das consequências da decisão que estava em causa, constata-se que, se fosse agora, o resultado seria provavelmente diferente.  

clicar para ampliar


A propósito, no Financial Times considera-se aqui que Sunderland, uma cidade do Nordeste de Inglaterra, com uma economia que depende em parte muito significativa numa fábrica de automóveis Nissan que exporta a maioria da sua produção para países da União Europeia, mas que votou muito maioritariamente no Brêxit (61,3%) será um teste aos resultados do Brêxit. 

Brêxit, que será disputado entre o Reino Unido e a União Europeia, fundamentalmente, acerca da liberdade de movimentos de pessoas, bens e capitais. 
Muitos dos que votaram Brêxit não se devem ter apercebido, e os sunderlanders pelos vistos não se aperceberam, e muitos deles continuam a não aperceber-se, que as negociações são trocas e só se a União Europeia (a Alemanha, como sempre, à frente) se distrair o Reino Unido ganhará com os resultados das trocas. Porque este, não será, seguramente, um negócio com resultado final vantajoso para ambas as partes.

Thursday, August 09, 2012

E SE AMANHÃ HOUVESSE UMA CORRIDA AOS BANCOS NA ALEMANHA?

E se amanhã houvesse uma corrida aos bancos na Alemanha, o que diria Dona Merkel ao senhor Draghi?

É impossível uma corrida aos bancos na Alemanha? Não é impossível.
Nenhum banco, mesmo um conjunto de bancos dispostos a conceder liquidez uns aos outros, está imune a uma corrida aos bancos se o banco central que os suporta não tiver a capacidade para tornar ilimitada a liquidez do sistema. A Reserva Federal Americana (Fed), o Banco de Inglaterra, o Banco do Japão, todos os bancos centrais podem, se as circunstâncias o exigirem, emitir a moeda necessária para eliminar a hipótese de uma corrida aos bancos. O Banco Central Europeu não possui essa capacidade, daí a possibilidade (embora remota em alguns países membros da zona euro) de poder ocorrer uma corrida aos bancos.

Uma corrida aos bancos pode ser, portanto, inteiramente racional. Mervyn King, governador do Banco de Inglaterra, disse uma vez que pode não ser racional o princípio de uma corrida aos bancos mas é racional participar numa. De acordo com este princípio é normal que os depositantes gregos e espanhóis levantem o seu dinheiro dos bancos. Se, além disso, há especulação acerca da saída Grécia da zona euro, então é racional que os gregos retirem o seu dinheiros do país. (aqui)

Recentemente, a Grécia, onde a probabilidade de saída do euro não se reduziu, já não é a hipótese mais preocupante para a continuidade da zona euro. A Itália e a Espanha, mas sobretudo a primeira, pela dimensão das suas economias e a intersecção dos seus sistemas bancários com os dos outros membros da zona, nomedamente, alemães, franceses e holandeses, podem desencadear um processo de desconfiança global na zona euro que atingirá inevitavelmente a Alemanha.

Talvez por isso, certamente por isso, suponho, Dona Merkel está tão interessada em angariar tempo para os bancos alemães para se imunizarem contra as falências que venham a ocorrer em membros da zona euro.

Se, por razões incontroláveis, a zona euro vier a desintegrar-se, a confiança na moeda única europeia, mesmo que subsista no norte da Europa, esboroar-se-á. Até que ponto? Ninguém sabe. Mas a dúvida subsiste:

Se amanhã houvesse uma corrida aos bancos na Alemanha, o que diria Dona Merkel ao senhor Draghi?