Estas propostas entram no mesmo rol das propostas de círculos uninominais e/ou de redução do número de deputados: propostas que apenas visam reduzir a proporcionalidade, reduzir o controlo parlamentar, e conseguir maiorias absolutas ainda mais artificiais que as actuais.
Se querem maiorias absolutas, têm de conquistar a confiança popular para tal. Mas nem eles se acham dignos dessa confiança e querem fazer batotas na secretaria. Aliás, esta medida é pensada "à medida" de uma suposta reeleição de Cavaco... Mas
nós não vamos deixar, com ou sem
formas criativas de apoio.
A outra parte dessa agenda de endurecimento do sistema político está no ataque às garantias laborais e aos serviços públicos, nomeadamente saúde e educação, ao nível da Constituição. O corte simples desses direitos, riscando-os das Constituição, seria complementado com a introdução do vírus monetarista na lei fundamental: limitação do défice como preceito constitucional. Limita-se o défice cegamente, depois as contas são simples: a política liberal continua o processo de redução de impostos sobre o capital, reduz-se a receita e corta-se no que for restando dos serviços públicos e da protecção social.
É mesmo por tudo isto, contra esta onda da reacção liberal, que a Esquerda precisa de derrotar a Direita nas próximas presidencias.