As tais flores,
em sua delicada e perfeita miudeza de flor, são matizadas de um amarelo pálido
- um tom abaixo do que reluz sempre quando o pequenogrande menino sorri. Vê-se
- se bem se observar – por entre as microscópicas pétalas, escorrerem,
contidos, estreitos e regulares afluentes alaranjados. Ela deságua - rio que é
- sempre que abraça com os úmidos olhos o invisível jardim coalhado de
operárias aladas. Enquanto beijam flor a flor, num amor de enlevar o mais
carcomido e dolorido coração, ela deixa estourar no silêncio da sombra do
arbusto um soluço inesperado e bonito de esperança. O menino, seu menino de
poucos anos e muitos sonhos, há de pendurar seu sorriso mais puro na quina da
mais alta estrela. Ele terminará por regar, cuidadoso, seus medos com os pingos
da chuva, ela crê. Há de, feliz, florescer, desertar, amarelolaranjar! Para que
enfim compreenda, sem esforço qualquer – e essa é a maior das lições, não lhe
restam dúvidas - que nesse mundo de infinitas milagrosas surpresas, nada deve
ser tão rijo a ponto de não permitir-se embevecer. Para que sempre carregue
consigo, por todo o extenuante e longo caminho, as pequenas e delicadas sementes
de seu próprio e colorido jardim.
Sylvia Araujo