Abril, etimologicamente significa “Abrir”. A Primavera já se instalou e vai começar a sua pujança. O sol aquece mais, os dias tornam-se maiores e o céu é mais azul, embora o povo diga “Abril, de águas mil”… também acontece! As horas tornam-se mais redondas propícias ao convívio e á intimidade.
Gosto de ABRIL, não só por ser o meu mês, mas por tudo o que ele nos oferece. Apetece-me ser o jardineiro deste mês. Planto aqui, alguns sonhos, ali uns sorrisos, num gesto largo e profundo, como quem planta braçadas de flores e colhe pequeninas gotas de felicidade.
O 1º dia d Abril é considerado o DIA DAS MENTIRAS e há muitas explicações porque ficou assim determinado. Mas a que eu sempre li foi devido a uma alteração sobre o primeiro dia do ano Novo que se comemorava no primeiro dia de Abril, precisamente porque era o “abrir” do primeiro signo do Zodíaco, logo após ao começo da Primavera. Em 1564,D. Carlos, Rei de França, influenciado pelo calendário Gregoriano, determinou que o primeiro dia do Ano Novo, passasse a ser o 1º de Janeiro. Alguns franceses então por troça, fizeram do 1º de Abril o Dia das Mentiras, pregando partidas, anunciando coisas que não eram verdade para debocharem, de certa forma, a alteração que o Rei fizera e que, pelos vistos não era do agrado de todos.
Mas a mentira sempre existiu e há algumas históricas e famosas. Tenho um livro “HISTÓRIA DA MENTIRA ATRAVÉS DOS TEMPOS” que relata algumas delas e que já as vimos até em filmes… Os seus autores (Cristiano Lima e Almeida e Sousa) afirmam no seu Prefácio:
…”Não tivemos tão pouco o propósito de condenar uma mentira, por ser mentira, ou de enaltecer uma verdade, por ser verdade. Mente-se com intenção ou sem ela; mente-se, por amor ou por ódio. Mente-se, julgando que se fala verdade; mente-se por patriotismo; mente-se por falta dele…. Muitas histórias começam por ser verdade, acabando em mentiras. Há verdades eternas porque estão acima da nossa razão, da nossa inteligência.
Não há uma linha divisória que separe decisiva e definitivamente, o que é mentira e o que é verdade…há mentiras que algo encerram de verdade e, verdades que encerram parcela ou mesmo parcelas de mentira. “
Logo a seguir, parece-me que nos penitenciamos das mentiras através do tríodo Pascal. Gosto da Semana Santa e da Festa da Páscoa que é, a meu ver, uma festa pessoal. Enquanto no Natal festejamos colectivamente o Nascimento de Jesus, agora eu festejo com Cristo a minha ressurreição. “Adquiro” o meu passaporte, o meu bilhete de entrada na Casa do Pai. Como cristã, diz-me muito este Domingo!
Páscoa significa passagem para uma VIDA NOVA e toda a espiritualidade Pascal passa por uma Liturgia com vários elementos buscando aí razões para a vivência de cada dia.
A Bênção do Lume Novo – Cristo é a Luz do mundo e que essa Luz ilumine sempre os nossos caminhos. O Círio Pascal: Nele se grava uma cruz: Cristo ontem e hoje, princípio e fim, Alfa e Ómega. A Ele pertence o Tempo e a Eternidade.
A Liturgia da Palavra – recorda os factos mais importantes da salvação.
O Evangelho: Primeiro dia da semana, as mulheres como protagonistas, a pedra removida, o anúncio da ressurreição com a recordação do que Jesus tinha dito enquanto viveu no meio deles. Não deixa de ser interessante para nós, mulheres, o facto de serem elas as primeiras a receber a Boa Nova da ressurreição e terem sido constituídas como Apóstolos dessa verdade.
Liturgia Baptismal, se for caso disso, ou renovação das promessas baptismais.
Como Antífona da Comunhão é-nos apresentado um texto de S. Paulo (1 Cor 5, 7-8):
“Cristo, nossa Páscoa, foi imolado; celebremos a festa com o pão sem fermento, o pão da pureza e da verdade”. Cristo nossa Páscoa, nossa passagem da morte para a vida…foi imolado: imolou-se por vontade própria, em nosso lugar…
A celebração da Páscoa deve ser uma celebração de autêntica purificação da nossa vida.
Para quem crê, a Páscoa é a passagem de um modo de viver para outro: é a saída do Egipto do pecado e da idolatria, passagem baptismal pelo mar vermelho do sangue redentor de Jesus, caminho pelo deserto das provações da vida terrena e entrada na terra da promessa.
VIDA E RESSURREIÇÃO
Nasceste,
Envolvido em pobreza,
Diluída pela pureza
Da santa humildade!
Deste
À frágil humanidade
Ao contemplar essa imagem,
Verdade, força e coragem!
Cresceste,
Em graça, ciência e sabedoria,
União e harmonia!
Teus pais carinhosos,
Atentos, cuidadosos,
Afagaram teus sonhos reais,
Divinos, celestiais…
Mas, com maldade
Da mesma humanidade,
Sofreste,
Nesse corpo imaculado,
Maus tratos, flagelação!
No teu espírito iluminado,
Escárnio, humilhação!
Tu, luz da eternidade
Morreste,
Às mãos da impiedade,
Do ódio, inveja, traição!
E…para todos, pediste, ao Pai, Perdão!
Revolveste
A terra, mar, o céu…
Uma luz intensa, desceu
Para arrebatar o Cristo humanizado,
O próprio Deus exaltado,
O Espírito unificado!
É festa da Alegria,
Jesus ressuscitado!
Aleluia! Aleluia!
(Alda Matos)