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quinta-feira, 27 de maio de 2021

Death Of a Giant




Dia muito triste para as Caldas da Rainha. Morreu um dos seres vivos mais importantes e mais antigos da cidade. Depois de tombar, em Janeiro de 2015, um carvalho adulto eventualmente por falta de escoramento, agora foi a vez de um pinheiro manso excepcional que, julgo, não resistiu à erosão provocada pelas chuvas de Abril.

Teriam ambos cerca de 400 ano se eram os últimos exemplares dessa época juntamente com um cedro com cerca de 300 anos.

Era um pinheiro manso com porte fora do comum (mais de 30m de altura quando em geral esta espécie não ultrapassa os 20m), situado na Mata das Caldas logo acima (nascente) da captação AC2. A idade tornava-o um caso único já que habitualmente esta espécie não ultrapassa os 250 anos de vida. Teria sido portanto, durante o Sec. XVII que este bom gigante iniciou a sua vida. Um século em que as Caldas ainda era vila e tinha apenas 193 fogos e cerca de 800 habitantes (1656), em que o Infante D. Afonso e D. João IV vinham tratar-se com as águas termais, e em que o Hospital Termal era administrado por Provedores.

No início do século XXI houve que libertar este venerável pinheiro de vários arbustos “infestantes” que tinham surgido em sua volta impedindo a sua adequada iluminação e tive ocasião para então o retratar com a dignidade merecida:

Ver os links:

http://vascotrancoso.blogspot.com/2012/07/big.html

http://vascotrancoso.blogspot.com/2009/09/um-bom-gigante.html

 

Dia muito triste também para mim em particular - que só hoje deparei com o pinheiro tomabado. Sinto como se fosse um amigo muito especial que jaz despedaçado no solo da Mata. Conhecia-o há 38 anos e visitava-o frequentemente. Apresentei-o a muita gente e sobretudo, nos momentos mais difíceis desabafava abraçado ao seu tronco tranquilo. Nessas alturas a sua presença acalmava-me e as lágrimas desapareciam enquanto observava os seus braços lá no alto como tentáculos ao vento. Imaginava as suas raízes descendo por entre constelações subterrâneas e outros mistérios na profundidade da terra. Como se ouvisse os segredos do bosque das Caldas, que transportava, e novamente o eco dos sinos da Igreja do Hospital nas manhãs que entravam pelos campos adentro.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A Morte na Mata

Morreu um dos seres vivos mais importante das Caldas da Rainha. Ao passar pela Mata constatei com tristeza que uma das 3 mais importantes árvores da Mata Rainha D. Leonor – um carvalho adulto com cerca de 400 anos tombou com os ventos de Janeiro (recordo que aqui fizemos eco que neste mesmo mês mas em 2013 e em 2014 caíram (no total) mais de mil árvores na Mata e no Parque das Caldas da Rainha). Pertencia a uma fase inicial da Mata das Caldas da Rainha da responsabilidade dos provedores do séc. XVI. Ficamos com ideia, dada a abundância desta espécie na Mata, que houve intenção de a privilegiar talvez devido às referências da sua ligação ao Sagrado.
Tinha mais de 25m de altura e uma copa muito larga, destacando-se o diâmetro do seu tronco - muito superior ao dos outros carvalhos em volta. Deveria talvez ter sido escorada evitando o peso excessivo de alguns dos seus ramos – tal como tem sido feito noutros locais com maior sensibilidade (Frades, Calvo no Minho). Note-se que os carvalhos podem atingir mais de 800 anos de idade. Os japoneses têm um provérbio que diz que o "carvalho leva 300 anos a crescer, 300 anos a manter-se adulto e 300 anos a morrer".
Como o M. Saúde diz que não tem vocação e aparentemente deixou de cuidar adequadamente da Mata e do Parque e como a Câmara ainda não tem a responsabilidade de os administrar - ficamos num limbo em que aqueles espaços se vão degradando sem ninguém intervir como seria desejável. Poderia haver um protocolo para assegurar os cuidados necessários por entidade idónea enquanto se verifica esta situação. Cada vez é mais premente saber quem cuida do Parque e da Mata enquanto a Câmara não toma posse destes espaços. Por quanto mais tempo vamos assistir a esta delapidação patrimonial? Será que no futuro a Mata será um espaço sem árvores?
Perdeu-se um tesouro patrimonial e um ser vivo excepcional que assistiu, praticamente, a toda a história desta terra.
Morreu de braços erguidos para o céu...

segunda-feira, 16 de junho de 2014

In the Heart of Nature

Esta foto é uma homenagem a todos quantos neste momento da Humanidade estão optando por um regresso à Natureza e ao Campo. Mormente todos os jovens que têm a coragem de romperem com a agonizante Sociedade Consumo - tentando um novo caminho para a raça humana.
Dedicado à minha filha Ágata que me ajudou protagonizando esta foto e que ela própria é exemplo do que atrás se disse. 
Yulunga (Spirit Dance) - Dead can Dance

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Entrecruzamento

Crossroads - Eric Clapton and BB King

O Mundo parece um cenário de um filme de ficção científica de uma nova Hollywood à escala mundial onde tudo é possível.
Há um rastilho de revoltas de cidadãos, nas quais há sobretudo uma cada vez maior participação da classe média, que alastram num sincronismo temporal sem aparente causa comum por vários países onde os cidadãos se pudessem demitiam os respectivos Governos. Há sobretudo um descontentamento geral assente em múltiplas queixas contra o Poder Político e o monopólio que este quer continuar a deter, como se fosse essencial para a manutenção do acesso de alguns a uma central de negócios e corrupção eventual, gerando por isso um novo sentido de cumplicidade colectiva popular que tenta pôr em causa aquele monopólio com as situações incorrectas ou injustas que lhe estão associadas - com secundarização dos interesses genuínos dos cidadãos em geral. A rigidez dos mecanismos da Partidocracia, a falta de visão e sentido de adaptação aos desafios locais ou mundiais do Presente - são sentidos como um bloqueio que provoca o desejo, aos cidadãos, em mudar o sistema reformando a democracia. As redes sociais criaram a oportunidade de fazerem nascer um dinamismo e uma autonomia inusitados na sociedade - que os políticos não têm sabido acompanhar. A lógica de Poder está a alterar-se com a percepção dos cidadãos que têm essa força e autonomia novas e que as podem utilizar contra o Poder Político que passa a vida envolvido em maniqueísmos políticos e com alienação na governação, ao mesmo tempo que sempre esteve, e continua a estar, surdo aos múltiplos apelos de senso, justiça, moral, sentido de equidade, sentido de serviço público correcto e ética numa sociedade com desigualdades evidentes e disparatadas que a generalidade das pessoas já não suporta mais.
Ao mesmo tempo a Terra estremece e é palco de um crescendo de catástrofes naturais e ambientais provocadas em grande parte pelo Homem, há um também um novo sentimento global crescendo e unindo populações distantes e díspares revoltadas contra os grandes grupos económicos que dominam o mundo através de um sistema económico estafado - ao mesmo tempo que os cidadãos comuns são cada vez mais espoliados. Como se um novo tipo de confronto Mundial já tivesse começado entre os ricos e poderosos e os pobres que apenas têm o Poder de se revoltarem contra a injustiça. Provavelmente os poderosos já chegaram à conclusão que há gente a mais e a Terra não será viável com uma população crescente. Então, parece, que decidiram secretamente exterminar os mais fracos. Eliminar os Países com economias mais frágeis. Destruir o Passado será imperioso para construir um futuro asséptico só para alguns. E insiste-se na estratégia Económica do costume - sem perceber que afinal a Sociedade de Consumo não é viável pois não é possível resolver a equação de fazer crescer indefinidamente o consumo e a produção. Ainda não se percebeu porém que há entretanto um novo tipo de Sociedade a nascer em que o Futuro será assente noutro tipo de mentalidade, valores e regras. Há que juntar os verdadeiros construtores.
Atenção “claquette”… ACTION…

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Winter flowers


Close your eyes

Love calls
Without words
Always

Listen

Blossoms in the wind - Oliver shanti 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

About Wings


A song in the last light
Before the sleep
Wings of desire
Watching the wind
Tasting the sky
Because you look like rain


To sleep on Angel´s wings - Kevin Kern

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

The red seeds


Perfect day - Valdi Sabev
*****

I must say humbly that during all my life I forgot many times to look through the windows of my heart. Now I´m still learning to look for the Love hidden inside it. Everyday I´m recognizing more and more opportunities to open doors bringing it to Outside and Outside to Inside.
This first morning of 2013 was sunny and I was walking as usual at forest near my house and felt for the first time, after many years, that the avenue full of fallen leaves I was crossing could be my own Autumn avenue waiting for the wind to blow the leaves away. And contrasting with all the colors all around I found some red seeds glowing and seeming as if they have some light inside. I felt it like another signal telling me it was one heart´s door open. And Love flows. Compassion for all my brothers and sisters suffering (physical and psychological) at this very moment worldwide from severe and unimaginable diseases or wounds. No party time or laughs but time to send my “red seeds” to them telling they are loved inside my heart and that´s the time to have not fear of the Fear. There´s no frontiers for Love because we are one and what we feel are reaching all the others. Let´s send more and more “red seeds” to everyone and the Love´s tree will grow on mother Earth. 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

From my window


Anoitece e a chuva cai no cinzento que sobe lá fora na melancolia de Domingo.
Tempo parado no silêncio da casa onde caiem as notas de uma velha melodia.
E as notas e as gotas cá dentro rimam na maré do dia adormecido nos meus braços.


My Melancoly baby - Ella Fitzgerald

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Selva (a propósito da Janela da Infância)

Foto colhida no Jardim Botânico em Lisboa
No jardim da nossa Infância há outras janelas de onde também sonhávamos o mundo. O sonho era possível não só à janela que dava para a rua mas também no isolamento do nosso quarto a ler um livro que trazíamos da estante dos crescidos, ou no alto de uma árvore. Umas vezes víamos o mundo “lá fora” a desfilar à janela e em outras ocasiões era o mundo “cá dentro” que passava no ecrã da nossa imaginação. Hoje, porém, lembrei-me da minha primeira árvore. Mais precisamente: sonhei com ela e, em consequência, resolvi visitá-la. Era uma nespereira que reinava num canto do quintal dos meus avós. O quintal ficava nas traseiras do rés-do-chão de uma rua lisboeta e era como um oásis rodeado do emaranhado de ferro das “escadas de serviço” unindo os prédios do quarteirão. O azul da infância inundava aquele quintal tranquilo e eu sonhava enquanto subia para o alto nos ramos da nespereira. Sonhos verdes e castanhos em direcção ao sol. Depois de uma fase de gnomos, fadas e coelhos bem-falantes, a árvore transportou-me para a selva africana. Um pouco mais crescido e influenciado pelo jornal infantil “O Mundo de Aventuras” depressa entoava o grito do Tarzan. Perscrutando montanhas mágicas longínquas, para além da savana, chamava a Chita ou os elefantes para me ajudarem a salvar o Tarzan, das lanças de uma tribo hostil, das garras dos leopardos ou de outros perigos da selva. Claro que sonhava também que um dia encontraria o Amor e a companhia de uma Jane que passasse perto da minha árvore. Como disse, hoje fui procurar a minha primeira árvore. Depois de conseguir transpor obstáculos que antes não existiam (outros prédios, muro e portões) consegui finalmente encontrar a nespereira da minha infância. Quase escondida num canto e rodeada de betão armado pareceu-me outra, mais pequena, suja e triste. Não contive porém a emoção e abracei-a como quem abraça um ente muito querido que não se vê há muitas décadas. As lágrimas soltaram-se naturalmente mas, no meio da alegria do momento, consegui no entanto perceber, como quem rebobina o filme da sua vida do fim para o início, que a selva (de onde acabava de chegar) era outra diferente da que imaginara e que, eventualmente, o menino que sonhara, no alto dos ramos daquela árvore, pretendia, ainda sem saber na altura, afinal salvar-me no futuro. Foi muito importante ter voltado aos ramos daquela nespereira e sentir que se tratava de um reencontro desde sempre previsto. A minha árvore da infância será sempre verde no sonho sonhado agora.

Llorando - Rebekah Del Rio Versão em espanhol da canção “Crying” (1962) de Roy Orbison (BSO do filme Mulholland Drive de David Lynch)